Fila para o filme: Homem de Ferro II
Naquela tarde ensolarada, eu me encontrava dentro de um cinema no centro da cidade do Rio de Janeiro, sendo que as coisas para mim iam de mal a pior. Para complicar ainda mais a situção do meu dia, o cansaço de ficar por quase quarenta minutos numa fila, praticamente acabou com meus joelhos.
Dia perfeito.
Veja. Logo no começo da manhã, tive uma discussão ridícula com minha namorada, ela ainda fez questão de esfregar na minha cara que esqueci dela no dia dos namorados do ano passado. Depois se diz justa e que não gosta remoer o passado. Sei. Além disso, horas depois da nossa discussão, fui ao banco e descobri que meu salário não caiu na conta, verifiquei duas vezes e nada de dinheiro. Maldito estágio de jornalista! Do que adianta cair de morte em cima dos serviços, se esquecem de pagar seu mísero salário no final do mês?
Fiquei na fila do cinema com a cabeça cheia dessas preocupações. Não havia razões para esboçar um sorriso na face ou acreditar que alguma coisa boa aconteceria para dar luz ao meu dia (aconteceria sim, mas eu sequer desconfiava). O bom foi que a fila andou um pouco. Porém, só depois de um longo tempo, consegui finalmente dar meu ingresso e buscar um assento vago no escuro do cinema.
Salas de cinema são engraçadas. Sempre cheiram a pipoca e refrigerante, não importa em qual bairro seja. No entando, eu nunca contribuía para aqueles cheiros, pois jamais comprava nada nos cinemas e nem irei comprar. Doces, refrigerantes, pipocas. Tudo é sutilmente assaltado, ou diga-se: comprado. Não é? Não é exagero. É a verdade, e digo isso por bom senso. Não sou bobo de gastar quase dez reais num saco de pipocas, pelo amor de Deus!
Dei uma espiada em volta, as pessoas se espalhavam animadas conforme chegavam, o lugar espaçoso ia ficando cheio gradualmente e preenchido de vozes ansiosas, até que todos os assentos de couro ficaram ocupados por bundas vindas de todos os cantos da cidade. As luzes se pagaram e houve um silêncio.
Homem de Ferro II. Que maravilha!
Só que é simplesmente chato quando, num momento que você julga ser uma distração necessária, os problemas do dia-a-dia vêm assombrar você. Já sentiu isso? Eu ainda lembrava da briga com a namorada, o stéreo emitiu um som grave de explosão e a grande tela exibia um trailer de filme de ação, mas a voz dela ocoava na minha mente.
— Esse é o filme do moço de ferro, né? — Uma voz de mulher perguntou do meu lado direito, o que cortou meus pensamentos e apagou a imagem de uma morena linda e furiosa, discutindo comigo no nosso quarto.
Moço de ferro? Bom, foi engraçado. Mas não ri.
Não, porque estava sem cabeça para nada. Nem mesmo para o filme, mas ainda sim queria me distrair. Ficar sem alternativas de expulsar os tormentos é a pior coisa do mundo, não é? Olhei para o lado desanimado e consegui ver no escuro o rosto de uma mulher de idade. Talvez ela tivesse uns 60 anos, ou mais. Não muito velha, não que se parecesse com a atriz Susan Lucci, o cabelo dela era meio volumoso, estranho, e o rosto quadrado. Mas se querem mesmo uma referência para imaginarem quem estava do meu lado, é essa Susan.
— Sim, senhora. É Homem de Ferro. — Respondi, a corrigindo. Tentei ser simpático, mas minha voz estava ácida demais.
— É que eu vim com meu filho. Insistiu tanto para eu trazê-lo. Pelo menos não fico em casa só na novela, né? — Ela falou animada. Queria conversar. Inferno! O filho, que estava literalmente hipnotizado com o filme, era um moleque de nove ou oito anos, do lado dela.
— Que bom. — Respondi. O tom da minha voz foi tão seco, que achei que ela nem ousaria puxar outro assunto. E graças a Deus, ela não fez isso.
O filme começou o vilão principal armando um projeto num lugar escuro, eu assistia com curiosidade, bem quieto no meu canto. Por já estar incomodado na posição de braços cruzados (isso mesmo, eu estava com os braços cruzados. Note-se minha tensão daquele dia), quis descansá-los nos sustentos da cadeira, aqueles apoios prontos para isso. Porém, quando pousei o braço ali, toquei a mão da mulher sem querer. Ela sorriu e ajeitou os cabelos. Era o tipo de mulher que quer ser simpática o tempo inteiro, que acena para estranhos na rua e faz questão de esbanjar a felicidade. Mas aquele ar de jovialidade e gentileza na face dela me irritava e com facilidade.
— Desculpa, filho. — Ela sussurou e pôs a mão na boca, tapando o riso.
— A senhora estava com o braço aí, pode continuar.
Ela obedeceu e me chamou de fofo. Que saco! Tivemos vinte minutos de pura paz e atenção ao filme. Sabe quando a pessoa quer falar com você e toca em alguma parte do seu corpo? Essa senhora fez isso.
— É bom os efeitos, né? - Ouvi sua voz e quase me assustei, estava frisado demais no bendito filme. Sua mão roçou minha perna e ela continuou a falar amávelmente: — Na minha época as coisas pareciam coladas nos filmes, sabe? Mas a gente gostava, era tão divertido.
Ela não parou de falar e nem de sorrir. É sério o que direi agora, confesso ser um homem que tenta manter o controle apesar das circunstâncias em que me encontro, mas qualquer graciosidade exagerada me tira a calma. O sangue subia no meu rosto, a raiva crescia forte dentro de mim e a vontade que tive foi de mandar ela calar a boca. Só que ela falava mais. Falava, falava e falava, e no fundo seria inútil mandá-la calar. Provavelmente chamaria minha atenção com um sorriso carinhoso e acharia graça na irritação.
No entando, depois de um tempo ela finalmente parou de falar. Penso que se cansou ou perdeu os assuntos. Ninguém havia escutado a "conversa", ela falava baixo demais e sua voz era suave feito o vento. Uma coisa que não notei de imediato, foi sua mão que ainda estava na minha perna. Só quando fui me ajeitar que senti o peso de sua palma.
Virei o rosto e a encarei cerrando os dentes de raiva. Ela percebeu que eu a fitava e devolveu o olhar, esboçando um sorriso branco e inocente, deu dois tapinhas na minha coxa, mateve a mão ali e voltou a assistir o filme.
Agora vem a parte estranha, o fato contraditório. Hoje eu entendo perfeitamente que deveria ter acontecido aquilo. A mão dela me fez ficar excitado. Sim. Mesmo que eu não quisesse e mesmo que eu ainda sentisse raiva, foi o que aconteceu. A cueca parecia encolher lentamente, meu cacete ia ficando cada vez mais grosso e duro, até que chegou o ponto de eu apertá-lo sobre a calça.
Caralho! Eu estava com tesão por uma estranha. E no cinema!
Só que, óbviamente, também sentia certa surpresa. Embora tenha ficado feliz por ter esquecido a raiva por alguns minutos, não acreditava que aquela coroa misteriosa tinha me deixado naquele estado crítico e prazeroso. Meu pau estava pulsando seus desejos dentro da calça jeans, e eu sequer prestava a atenção na cena da briga do Homem de Ferro e o Máquina de Combate.
Não dava.
A mão dela ainda estava sobre minha coxa como uma pena solta. Não sabia o que fazer. Havia medo e surpresa se misturando em meu interior. Apenas me paralisei na cadeira e mexia a perna ora ou outra. Aí finalmente - se bem que no fundo eu desconfiava - ela começou a alisar minha coxa (sem exagero, com leveza); e eu não suportava o tesão que eletrizava cada canto do meu corpo e o suor frio escorrendo pela testa.
Comecei a suspirar, de meneira impensada e bem impulsiva, recaí pesadamente com a mão sobre a dela. E o que fiz? Conduzi suas carícias com mais vontade. E ela continuava. Safada do caralho! Não parecia estar supresa ou com medo do meu abuso. Simplesmente prosseguia e deixava se levar pela "brincadeira", como se fosse algo normal de se ter num cinema (se bem que poderia mesmo ser normal). Então, ela virou o tronco brevemente para mim, agiu assim para ficar mais à vontade, e depois jogou os dedos por sobre ele. Meu cacete. O apertando sobre o pano, o endurecendo mais, e eu me contorcendo de tesão. Porém, enquanto ela apalpava meu pau com os dedos, olhava para o filme. Não para mim. Fez isso para enganar o filho, talvez.
Naquele ponto, eu nem precisei pensar. Não fiz questão de medir nenhum problema que eu poderia ter ou nada do gênero.
Abri meu ziper apressadamente, meu cacete logo saltou, latejando de tesão, grosso, ela o segurou na hora e com força, no que pareceu também estar com pressa. A masturbação foi lenta e demorada, ela me desligou de tudo no momento e eu não gostaria de estar em outro lugar. Os dedinhos subindo e descendo no cacete já doendo de tão duro, a cabeça inchada e trêmula já com fluídos de sêmem escorrengo. Admito que estava delicioso, ela me punhetando forte, mas bem quietinha do meu lado. Vadia!
Depois a mulher acelerou a velocidade e batia forte elevando o prazer, os dedos descabaçavam meu cacete duro com violência, com vontade de querer alguém gozando. Caso não fosse o som grave do cinema, as pessoas ouviriam meus gemidos baixos e o estalo da base do meu pau, devido a força que ela me tocava.
Me segurei bem na cadeira, abri bem as pernas para dar mais liberdade a ela e deixei que aquela estranha desse carinho ao meu pênis. Sentia meus fluídos escorrerem pelos dedos dela, o anel gelado do dedo do meio até roçava o metal na pele do pau fervento, mas estava deliciosa demais a nossa brincadeira secreta. Quando gozei, gozei muito. Foi um gozo que jorrou forte, uma sensação boa e estranho. Ela apenas retirou a mão melada do meu mel, e voltou a ficar de frente à grande tela. Tive a felicidade de vê-la lambendo os dedos e sorrir. Ninguém notou nada. Nem o filho e nem a mullher do meu lado.
Continuei vendo o filme, atordoado como você deve suspeitar, afinal não é sempre que alguém te masturba num cinema. Bom, mas não importa. No final das contas, as luzes se acenderam e ela já ia saindo com o moleque, mas infelizmente eu não consegui ver seu rosto de novo. Voltei duas vezes no cinema dias após aquele ocorrido, mas somente para assistir o filme. Juro. Porém, nunca mais encontrei aquela mulher safada e misteriosa. E posso dizer que, mesmo se eu a visse, não a reconheceria. Não mesmo.