Meu Amigo me Amava – Capítulo 53
Quando o Pedro aumenta no Orkut a foto do Jhonny ao fundo com dois amigos, e ainda por cima segurando uma garrafa de ice, fico meio que decepcionado. Saio de perto do computador e vou direto para o banheiro, não choro, apenas lavo o rosto, olho no espelho o meu reflexo, e no fundo não consigo descrever minha expressão, uma incógnita no fundo surgiu ali, naquele momento, em minha face. Não sabia mesmo o que pensar, o que falar, o que fazer, pois este Jhonny eu não conhecia, não era o Jhonny que pensava que entendia, que compreendia, que estava habituado a conversar, há expor meus problemas. Algo estranho estava acontecendo, ninguém muda assim tão repentinamente do nada, sem nenhuma explicação, algo estava acontecendo não, mas o que? Qual era o problema desta vez? Tinha que descobrir, e teria que ser hoje.
Volto pro escritório e olho fixamente pro Pedro que corresponde o olhar preocupado, sento em minha mesa e sinto meu coração bater freneticamente, mesmo assim sou duro, e cumpro minha carga horária de trabalho até o fim, saio do trabalho correndo, enfrento um buzão lotado como de costume, e chego a facul, ainda pensando no Jhonny, encaro duas aulas super chatas até as dez e meia da noite, meus olhos já estavam pesados de tanto sono. Ao terminar a aula, saio às pressas para não perder o buzão novamente. Sento no final do buzão, abro a janela e vou observando o Rio de Janeiro a noite, bares lotados, carros, pessoas conversando, movimentação típica de uma cidade urbana e diversificada como o Rio. Ao ver aquelas pessoas me perco em meio aos meus pensamentos, na minha vida, na correria de todos os dias, fico supondo se tudo o que fazia iria valer a pena, fico a questionar o por que de tantas atribulações em minha vida, e por último penso no Jhonny, um garoto que do nada apareceu na minha vida, e que com seus gestos, com suas atitudes, tanto me ensinou, tanto me ajudou. Antes era apenas um garoto indeciso, que adicionava lekes em chats, marcava encontro pelo MSN, transava e depois partia pra outra, um cara como tantos que existe por aí que fica com algumas minas, em festas, na faculdade, e que ao mesmo tempo sai com caras, e no fundo sempre estava sozinho, não se entregava, no fundo ficava com tantos, e não tinha ninguém... Ninguém que te completava por inteiro.
Fico assim, olhando a paisagem da janela e perdido em meus pensamentos, até que me viro e vejo um cara bonito, forte, um universitário também, pois está vestindo uma camisa da Universidade Estácio de Sá, o olho e depois volto a olhar para a janela, até que pelo reflexo do vidro vejo que ele me encara as vezes, de inicio nem liguei, pois estava com tantos problemas que aquilo passou despercebidamente, até que durante a viagem aquilo começa a chamar minha atenção, ele me olha, e quando o encaro, pois já estava ficando meio bolado, o cara virava a cabeça, ou abaixava os olhos, e quando olhava para janela todo o ritual iniciava. Até que o buzão para em um ponto e ele desce, porém antes de ir ele me encara novamente.
Chego em casa, minha mãe repete o mesmo ritual, levanta, vai esquentar minha comida, vou direto pro quarto e vejo o Jhonny deitado no colchão no chão do quarto e o Rick no PC, batendo papo com os amigos no MSN, vejo Orkut, e jogando, tudo ao mesmo tempo.
Rick - Aí meu Deus! Chegou o mala.
Breno - Boa noite mano querido, que saudades de você sabia.
Rick - Mentiroso, você nem gosta de mim.
Breno - Quem disse que não? Olha só Jhonny, o que eu te disse ontem lembra? Eu disse pro Jhonny ontem. Jhonny, minha alegria maior ao chegar em casa é vê meu maninho querido, o pequeno Rick.
Rick - Aí Breno você é tão chato, mentiroso, mala, aff, nem queria ter irmão sabia, ainda mais um irmão todo certinho igual a você que tira boas notas, que droga.
Breno - Aí! Que droga.
Rick - Para de me imitar seu palhaço.
Breno - Para de me irritar seu palhaço.
Rick - Oh mãe, olha o Breno me imitando. Seu babaca.
Breno - Mãe, olha o Breno me irritando, seu gostoso, seu lindão, seu fodão.
O Rick se irrita e vem com fúria pra cima de mim, me dá um soco na boca do estomago, minha sorte foi que fui malandro e cai no chão antes de acertar.
Breno - Aí Jhonny, o Rick me deu um golpe mortal de Kung Full, acho que vou morrer.
Rick - Desculpas Breno, te machuquei, desculpas. Viu você que me irritou. Mãe, liga pro médico.
Começamos eu e o Jhonny a rir muito do desespero do Rick, até que ele entende que tudo não passou de uma armação, se irrita mais ainda e sai com uma cara de choro do quarto, vai pro quarto da mamãe e se tranca, logo chega minha mãe.
Zilda - Breno, vai tomar banho meu filho, estávamos te esperado para jantar.
Breno - Mãe, vocês não jantaram ainda, já são quase onze e vinte da noite, o que houve?
Zilda - Fizemos macarrão ao forno, do jeito que você gosta, com carne moída, queijo, presunto, e requentado é horrível, achamos melhor te esperar, e você sempre janta sozinho na mesa.
Breno - Ahh mãe nem precisava, vou conversar com o Rick e depois tomar rapidinho o banho pra jantarmos ok?
Vamos eu e o Jhonny no quarto da minha mãe. Peço pro Jhonny bater na porta pois se eu insistisse o pentelho não abriria, ele é teimoso, assim como eu.
Jhonny - Rick, abre a porta muleke, vamos comer.
Rick - Não, você e o mala me fizeram de babaca de novo. Odeio vocês, não quero ver ninguém.
Jhonny - Beleza então, olha o Breno foi comprar sorvete na padaria, napolitano cara, tudo bem então, vamos comer tudo.
Não demora muito e o pentelho abre a porta. Entro no quarto e agarro meu irmão, dou um abraço nele, ele começa a me bater e minutos depois caímos na risada.
Breno - Bobão, para de palhaçada você.
Rick - Pensei que tivesse te machucado e você me zoa, e o Jhonny ajuda ainda.
Jhonny - Calma Rick, você ainda tem que treinar muito, mas o soco foi de lutador mesmo.
Ficamos um pouco no quarto, ate que tomo um banho e vamos jantar. Nesse dia foi bem legal, família toda a mesa, comemos, bebemos coca cola, rsrs, sorvete, parecia até final de semana. Até que minha mãe e meu mano se levantam e ficam eu e o Jhonny a mesa, reparava que mesmo com toda descontração do momento, as risadas pelo meu mano ser tão pentelho, no fundo dos seus olhos eu via uma preocupação, olhava fixamente para seus olhos e ele não me encarava, foi a comprovação para meu coração, alguma coisa estava acontecendo.
Estávamos nós dois ali, na cozinha, a mesa, porém mesmo com a proximidade, em nosso íntimo a distancia era exorbitante, aquela amizade, cumplicidade de antes sumira derrepente, e tinha a certeza de que da maneira que estava não poderia continua.
Vou ao banheiro, escovo meus dentes, e logo em seguida o Jhonny vai. Me sento em seu colchão, o espero ali, ao entrar ele não disfarça o susto, e fica parado encostado na porta.
Breno - Jhonny, senta aqui. Precisamos conversar.
Jhonny - Algum problema cara?
Breno - Não... Nenhum problema. Só quero conversar com você. Pode ser?
Jhonny - Não pow, pode falar.
Pego nas mãos do Jhonny, olho em seus olhos, bem no fundo mesmo, nesse momento ele não consegue desvencilhar o olhar e me encara.
Breno - O que está acontecendo, qual é o problema?
Jhonny - Nada cara, não está acontecendo nada.
Repito novamente a pergunta, sou firme sem ser grosso.
Breno - O que está acontecendo, qual o problema?
Jhonny - Para com isso Breno, vamos dormir, meia noite já cara, não está acontecendo nada pow.
Nesse momento as lágrimas começam a escorrer dos olhos do Jhonny, ele fica vermelho, suas mãos começam a soar, meu coração nesse momento gela com o medo do que poderia vir, o que poderia ser, no fundo estava mais tenso, mais ansioso do que ele, mas saberia que naquele momento, eu saberia de alguma coisa, descobriria o que fez o Jhonny mudar drasticamente nos últimos dias.
Breno - O que está acontecendo, qual o problema.
O Jhonny cai aos prantos, chora... chora muito, aquele rosto de criança que ele tem, chorando estava me matando, porém, maior era minha curiosidade. Até que depois de alguns minutos ele se recupera, toma fôlego em começa a me contar, nesse exato momento sinto que meu coração para, não consigo descrever o que senti.
Jhonny - O médico falou que eu posso morrer Breno, voltei depois daquele dia em que machuquei a cabeça ao hospital e o medico havia pedido um exame por conta da minha pressão, fiz um eletrocardiograma, e o cardiologista descobriu que tenho uma doença grave, que em poucos dias, meses, começara a dar sinais.
Breno - Que problema é esse?
Jhonny - Múltiplas falências cardíaca.
Breno - O que?
Jhonny - Isso... meu coração cara está morrendo, e meu tipo sanguíneo é AB NEGATIVO, um sangue raro. Se for pra fila de transplantes cara irei demorar muito, e esse problema só se resolve com um transplante.
Breno - Que isso cara, você só pode estar brincando.
Jhonny - Eu vou morrer Breno, daqui há poucos dias eu vou morrer cara. Eu vou morrer você entende morrer.
No choque, silencio, no frio em que senti em meu corpo ao ouvir e ver o Jhonny em lágrimas me dizendo isso.
Continua...
Galera, desculpem a demora, sei que estou os deixando ansiosos demais, porém minha vida está uma correria tremenda, vocês não tem noção, espero que entendam. Forte abraço,Breno.
Multiplosex@hotmail.com
Obs: Entrem em contato, mande e-mails, aguardo vocês.