Quando o rapaz se vira, e minhas desconfianças se confirmam pois se trata exatamente do Jhonny, aquela tristeza, que antes dominava todo o meu interior vai embora, o que prevalece é uma alegria, um instante de felicidade que irradia todo o meu ser, sem controlar a emoção do momento jogo meu tênis no chão, e começo a correr igual em desesperado, gritando seu nome.
Breno - Jhonny... Jhonny.
O Jhonny por sua vez fica meio que sem ação, seus olhos ao aproximar percebo que está cheios de lágrimas, na verdade estava chorando. Ao me aproximar lhe dou um forte abraço, o aperto mesmo com vontade, não acredito que por ter seguido uma vontade do coração encontrei a pessoa que tanto desejei assim tão inesperadamente. O Jhonny não reage ao meu abraço, ele no fundo não estava acreditando que tinha tido a coragem de ir a Cabo Frio, uma cidade pra mim completamente desconhecida, só para encontrá-lo.
Alguns amigos dele se aproximam, uns que estavam jogando vôlei com ele, até que vem um garoto magrinho, de bermuda e camiseta, não era bonito, mas simpático, sorridente, e fala com o Jhonny.
Rapaz - Pronto cara fica feliz, viu como ele gosta de você, veio do Rio sozinho cara só pra te ver.
Fico até meio sem graça, começo a ficar envergonhado da maior bandeira que eu dei, correndo, gritando o nome de um cara, abraçando-o forte na frente de todos, quando cai a ficha, fico péssimo. Até o rapaz, aparentemente não maldando nada se apresenta.
Rapaz - Prazer Breno, meu nome é Vinícius, sou amigo do Jhonny.
Breno - Oi cara, meu nome é Breno, prazer.
O rapaz quebrando de início toda a cerimônia que se instalou no momento, fala todo descontraído.
Vinícius - Pow cara te conheço, desde que o Jhonny chegou aqui, na segunda a tarde que ouço eu nome, choros à noite, maior doideira, mas ele não fala o que houve, não desabafa. Ontem que ele me disse quem é o Breno, confesso que fiquei com inveja de você antes mesmo de te conhecer, falou tanto show, mas tanto que você faz faculdade, trabalha, ou seja, um cara legal, e tarara e tarara, ufa!
Fico sem graça, até que olho pro Jhonny e pela primeira vez depois de uma eternidade, pois pra mim esses cinco dias sem o Jhonny foram uma eternidade, o vejo sorri, aqueles dentes lindos, brancos, timidamente se mostram num sorriso discreto. Ele limpa os olhos, enxugando as lágrimas, uns rapazes vem e me entregam o tênis, fico até assustado, pois uma coisa dessas nunca que aconteceria no Rio, na verdade havia até esquecido do tênis, e me surpreendo quando dois meninos deviam ter uns 10 ou 12 anos me entregam os tênis, agradeço, e fico os segurando nas mãos. O Vinícius percebendo que tínhamos muito que conversar dar um empurrãozinho, logo me simpatizo pelo amigo do Jhonny.
Vinícius - Jhonny para de marra e conversa com o cara, sei que você tem muito que conversar, por o papo em dia. Melhora essa cara, você nunca foi assim tão pra baixo.
Vinícius vai e empurra o Jhonny que começa caminhar, vem ao meu ouvido e me dá um conselho.
Vinicius - Deixa ele começar a falar, não diz nada. Sabe como ele é, quando quer ficar calado é fogo.
Breno - Verdade, ele tem essa mania mesmo de às vezes ficar quieto, só ouvindo.
Vinicius - Isso mesmo aproveita e fica em silencio você e deixa ele falar. Boa sorte show.
Agradeço a dica do Vinicius e vou andando em direção ao Jhonny, nem sabia pra onde, ele foi caminhando pela praia mesmo e eu atrás, não corri, apenas o segui, e ele nem pra trás olhou, de cabeça baixa vou andando. Fui reparando os prédios em frente a praia, realmente era muito lindo, olho pro mar, um azul esverdeado, muito lindo, areia branca, fofinha mesmo. Até que vamos até uma casa, na verdade nem uma casa era, era algo nas pedras, uma construção antiga no meio das pedras e que a porta, as janelas são todas viradas pro mar, se aproximando, neste momento o Jhonny já tinha entrado, vejo uma enorme placa dizendo “Bem vindos ao Forte São Matheus”, aí me toco por que o nome da praia é Praia do Forte, por conta de um forte que nela tem, um forte para proteger a cidade dos tempos ainda dos portugueses. O Jhonny entra, e eu o seguindo, já estava cansado por que andamos um bom pedaço e já estava ficando chateado de tanto que andei atrás dele, com a mochila nas costas, tênis nas mãos, calça molhada, embolada até a canela, já estava acabado, pois estava um dia de sol escaldante e mesmo assim a água era fria, mas gostosa.
O Jhonny se senta numa das pedras, era lindo por que as ondas viam e batiam nas pedras e subiam, e sempre assim ondas lindas batendo contra as pedras, fazendo algo maravilhoso. Eu vou e me sento ao lado do Jhonny que estava de costas pra mim olhando por mar. Meio exausto sento, jogo o tênis e a mochila. Fica um silêncio, ficamos os dois olhando pro mar, estava doido pra falar, até que me lembro da dica do Vinicius, não fala nada, deixa ele começar a falar, aí então me toquei e continuei a olhar pro mar, com a língua coçando, até então ele ainda nem pra minha cara olhou, vem em minha mente a imagem do sonho, ou melhor pesadelo dele me expulsando, me mandando voltar pro Rio, esquecer dele, fico tenso até, olho pro mar, respiro fundo e peço a Deus força para que tudo desse certo. Surpreendo-me depois de uns aproximadamente 10 minutos o Jhonny falando.
Jhonny - Lembra que um dia eu te disse que essa praia pra mim era a mais linda de todas?
Fico meio encabulado, a voz sai até meio sufocada por conta da emoção.
Breno - Lembro sim, você me disse uma vez na praia lá no Recreio.
Jhonny - Viu como eu não estava mentindo?
Breno - Eu sei que você não mente.
Jhonny - Veio fazer o que aqui cara?
Nesse momento ele olha pra mim, não tenho coragem de encará-lo, pois sabia que iria chorar e não queria isso, olho pro mar, seguro as lagrimas na marra, respiro fundo, e não o olho, agora sou eu que por covardia, não tenho forças para encará-lo do frente, de olhos nos olhos.
Breno - Precisava falar com você, não estava agüentando mais, eu o Rick, minha mãe, todos estamos sentindo sua falta, estamos tristes.
Jhonny - Cara por que tudo isso, parece um pesadelo. Naquele dia eu pensei um fazer uma besteira horrível, eu pensei em me jogar com a moto debaixo de um caminhão cara, eu juro que pensei.
O Jhonny começa a chorar, de soluçar mesmo, fica vermelho, eu também fico tenso, mas apenas o ouço, ele tinha muito o que falar, desabafar, e eu tinha que ouvir, era minha vez de dar conselhos, ser o ombro amigo, fazer o papel que tantas vezes ele fizera pra mim.
Jhonny - Eu não estava acreditando, não tinha o porquê acreditar naquele absurdo todo que o Estevão estava falando, mesmo vendo a cara da mamãe, do meu pai, da Estela, te juro de coração, não estava acreditando, mas quando cara olho pra você, e te pergunto e você me confirma, pra mim cara aquele momento tinha sido o fim, o fim cara, eu fiquei com ódio de você, com ódio de todo mundo ali, de todo mundo, por que minha vida toda foi uma mentira, todos me enganaram, todos.
Meus olhos começam a descer lágrimas, tento ser forte, o Jhonny falava me encarando, me olhando mesmo e eu não tendo coragem olho pro mar, não podia dar um vacilo, não podia me deixar levar pela emoção, e acabar me atropelar, porque sei que falo demais.
Jhonny - Eu sai com aquela moto nem estava enxergando direito, chorava muito, sentir uma dor mortal no peito, não vi naquele instante mais motivos pra viver, até que vejo uma carreta cara e minha vontade foi me matar, foi de tirar minha vida, acabar com tudo, com tudo mesmo. Mas aí lembro da minha mãe, lembro do meu pai, do Rick, de você cara, eu lembro do seu desespero aquele dia que sofri o acidente de moto, do seu choro, aí mudo de ideia, pois vejo que vou te fazer sofrer demais, e que por mais que minha vida é esse inferno cara eu tenho pessoas maravilhosas, que gostam de mim, D. Zilda cara, sua mãe é tudo, abriu a porta da casa dela, me recebeu, me tratou como filho cara.
Breno - Para Jhonny... Para.
Nesse momento abraço forte novamente o Jhonny que me corresponde, o aperto com vontade, agora confirmo na prova, de que ele realmente está ali, de que aquele encontro era real, sinto seu cheiro, mesmo estando sem camisa, suado, com sal no corpo, respiro fundo e sinto seu cheiro, ele molha meu ombro com lágrimas.
Breno - Cara que bom que você não fez essa loucura. Eu não sei o que seria da minha vida sem você cara. Na segunda quando vejo seu bilhete no meu travesseiro, Jhonny eu sai correndo, peguei a bicicleta e fui igual um louco cortando carros, tudo, quando vi o ônibus pra Cabo Frio, eu lembro que te gritei o ônibus parte e vejo você cara na janela, como eu fiquei mal aquele dia.
Jhonny - Desculpas, eu não queria te ver, eu não queria ver ninguém, na verdade eu queria sumir, sumir cara. Eu te vi chorando, caindo no chão, cara eu senti uma dor tão forte, tão grande que cheguei com os olhos inchados em Cabo Frio, cheguei mal.
Breno - Fiquei doente depois, senti muito sua falta.
Jhonny - Doente de que cara?
Breno - Calma pow, fiquei estou com dengue, fiquei mal.
Jhonny - Sério cara, mas você esta melhor?
Breno - Sim pow, vim até aqui te ver, saber como você estar.
Jhonny - Cara não acreditei quando ouvir sua voz, te juro, não acreditei. Cara você vir do Rio, pra uma cidade que você nunca veio, não conhece nada nem ninguém, muito corajoso você, muito mesmo, mas até do que eu imaginava.
Breno - E quem disse que eu não conheço ninguém aqui, conheço você cara, e isso pra mim já é muita coisa. Claro que peguei o endereço com a Estela, fiquei uns 20 minutos no ponto de ônibus e nada de passar um pra esse tal bairro, deixa eu ver aqui. Caiçara, bairro Jardim Caiçara.
Jhonny - Isso, estou ficando lá na casa do Vinicius.
Breno - Então, peguei ontem com a Estela, ela disse que sabia onde você estava, não perdi tempo, peguei o endereço, coloquei umas roupas na mochila e vim pra cá.
Jhonny - Você é louco cara, que doideira, e a faculdade, seu trabalho, e sua vida cara.
Breno - Cara sem você ao meu lado minha vida não tem muito sentindo. Tu não sabe como foi meus dias sem você, pow até o Rick sente sua falta, ontem ele disse que pegou minha mãe chorando lavando suas roupas, que ela disfarçou e tudo, mas vc sabe o Rick é difícil de enganar.
Jhonny - Eu acabei magoando muita gente né, pessoas que não tem nada haver com a história. Eu vi ontem a Telinha conversando com D. Marlene, mãe do Vinicius, não queria falar com ela. Cara descobrir que sua irmã na verdade é sua mãe, cara eu nasci da Estela, tu tem noção disso pra uma pessoa, cara que viagem.
Breno - Realmente se contar a alguém ninguém iria acreditar, eu nunca ouvi uma história parecida, nem em filmes, nem em nada.
Jhonny - Cara sempre gostei da Estela, ela foi a primeira que eu contei sobre minha opção sexual, ela me abraçou, me ajudou cara com meus pais. Sempre foi uma pessoa que eu gostei muito... muito mesmo.
Breno - E não gosta mais?
Jhonny - Não sei cara, eu não sei. Eu não consigo nem pensar direito. Minha cabeça chega doer tentando entender tudo. Estava tudo tão bem na minha vida cara, mesmo depois de ter passado por tudo aquilo, o lance do Estevão, mas tendo você ao meu lado eu me sentia forte, sabia que tipo poderia contar com você sempre, estava me sentindo capaz de superar tudo, qualquer coisa entende.
Breno - E Você pode cara, você sabe disso, tudo o que vc quiser você pode.
Jhonny - Breno como entender isso cara, como digerir essa história toda. Minha irmã na verdade é minha mãe, e meus pais na verdade são meus avós, que história é essa, parece terror.
Breno - Cara não vim aqui pra te fazer entender, pra colocar na sua cabeça pra você aceitar, perdoar ninguém. Eu vim aqui te ver, estava com saudades e preocupado com você. Olha D. Nuancy ontem me contou toda a história, na verdade ela contou pra minha mãe e eu ouvi. Jhonny a Estela engravidou ainda na escola cara, com 15 anos, o primeiro namorado dela, ela se entregou, e aconteceu. D. Nuancy disse que em nenhum momento ela pensou em te abortar, eles ficaram chocados, mas aceitaram, saíram da cidade onde moravam, uma tal de Ribeirão Pires, uma cidade do interior de São Paulo. Vieram pra Cabo Frio, pois seu pai parece ter parentes aqui.
Jhonny - Sim meu pai tem uns tios, primos aqui.
Breno - Não sei bem. Então eles vieram você nasceu D. Nuancy e seu Henrique decidiram te registrar, colocaram a Estela para terminar os estudos, como sua mãe mesmo falou, há 24 anos, uma menina grávida, mãe solteira, não era bem vista pela sociedade, hoje em dia já é complicado você sabe. Então essa ficou como a verdade absoluta, e iria ficar assim cara até o fim. Jhonny eu não quero fazer você os perdoar, nada disso, você uma vez me disse que cada um tem o seu tempo. Você vai ter o seu tempo, se vai perdoar ou não, se você vai entender ou não isso não vem ao caso. Só quero que você entenda que eles te amam, só quiseram seu bem. Cara olha o homem que você é, cara tu não existe, você é bom, amigo, sincero, você não existe cara.
Jhonny - Tudo isso aprendi com minha família, mesmo com todos os nossos problemas.
Breno - Mas que família não tem problemas cara, a minha tem, a de todo mundo tem.
Jhonny - Você acha que eu devo fazer o que?
Breno - Primeiro quero saber se o que você falou foi verdade, você acha minha boca nojenta, você acha que sou falso, você não confia em mim, quero saber se isso tudo é verdade?
O Jhonny vai, se aproxima de mim e me dá um abraço forte, respiro aliviado olhando pro mar, pras ondas batendo nas pedras, percebo que dei um importante avanço, e que não perdi, mesmo depois de uma terrível revelação, a amizade do meu melhor amigo. Logo aparece o Vinicius que sorrindo se aproxima.
Vinicius - Pow desculpe interromper a conversa de vocês, mas Jhonny estamos indo, você vai agora pra almoçar ou vai continuar aqui na praia. Breno se for continuar me dá suas coisas que levo pra casa, não é nada confortável vir pra praia de tênis, calça Jens, mochila, essas coisas neh.
Damos uma risada eu o Jhonny, até que o Vinicius solta a piada.
Vinicius – Caramba Jhonny seus dentes são branquinhos cara.
Jhonny - Que bobeira cara, sempre foram.
Vinicius - Pow brother há 5 meses você saiu daqui, e quando tu vem me visitar chega de cara amarrada, chorando a noite, não fala nada. Agora te vendo sorrindo, minha mãe vai saber.
Jhonny - Otário mesmo.
Vinicius - Cara não tenho mais inveja de você, pelo contrário, agora eu gosto de você, por que você fez meu amigo de infância voltar a sorrir. Tu é bom mesmo hein cara, depois me conta o segredo, olha que te ajudei hoje hein. Jhonny passa mal, minha mãe fez bobó de camarão, você sabe né uma delícia.
Vinicius vai e pega minhas coisas, o Jhonny sorri, enxuga ainda os olhos, estava chorando muito e eu também. Ficamos ali olhando pro mar, mas admirado estava eu com tanta beleza, fiquei intrigado com o azul esverdeado das águas, as fotos da internet eram bem mais inferiores do que ali na realidade, a beleza que estava vendo.
Breno - Cara que lugar lindo, e eu que achava que o Rio já era o máximo.
Jhonny - Você estava chorando ontem né?
Breno - Sim, você me ligou não foi?
Jhonny - Liguei, pensava muito em vocês, pensava muito em você, queria ouvir sua voz. Fiquei mal ouvindo você chorando no celular.
Breno - Por que você não me respondeu, não respondeu minhas mensagens no Orkut, meus e-mails, torpedos nada cara.
Jhonny - Desculpas. Perdão cara.
Breno - Para de pedir desculpas, esquece. Vamos esquecer tudo isso vamos.
Jhonny - Se fosse tão fácil assim Breno, chegar, apertar um botão e deletar, esquecer, a vida de muita gente iria ser bem mais fácil. Breno ta com fome?
Breno - Um pouquinho por quê?
Jhonny - Vamos comer?
Breno - Pow vamos, mas o que é bobó de camarão, acho que eu nunca comi isso.
Jhonny - Camarão você sabe o que é né?
Breno - Daãaããã... Claro né palhaço, vocêjá comeu camarão com chuchu lá em casa.
Jhonny - Camarão com chuchu é gostoso, agora bobó de camarão da mãe do Vinny é show de bola, vamos.
Breno - Legal esse seu amigo cara, se conhecem há muito tempo.
Jhonny - Estudamos juntos desde o primário.
Breno - Ele é também?
Jhonny - Ele é o que Breno? De novo com isso cara, pow cara você é muito preconceituoso sabia. Ele é meu amigo assim como você, um cara legal, que eu gosto muito.
Breno - Desculpe, foi mal.
Jhonny - Breno até quando você não vai se aceitar, até quando você vai ficar se escondendo, fingindo pras pessoas. Cara quem mais sofre é a gente.
Breno - Não quero falar sobre isso Jhonny, não quero brigar entende.
Jhonny - Tudo bem, mas falo pro seu bem.
Breno - Eu sei. A Alessandra chorou muito sabia, passou mal, ela ficou triste por tudo.
Jhonny - Você contou pra ela?
Breno - Não, falei que foi um problema familiar e tal, deixei pra você explicar tudo.
Jhonny - Ela é uma mulher especial sabia Breno. Tem aquele jeito dela, todo agitado, mas ela tem sonhos, é guerreira, me anima.
Breno - Ta gostando dela cara?
Jhonny - Breno eu sei o que eu quero cara, eu sei qual é a minha, sempre soube.
Breno - Então por que fica com ela cara?
Jhonny - Ela gosta de mim, me diverte, me põe pra cima, ela me faz bem Breno.
Breno - Entendo. Pow legal então.
Jhonny - Eu te amo, mas você não sabe o que quer, não sabe se fica com o Pedro, se assume pra sua família, não quero cara forçar a barra, fazer você assumir, isso é contigo, e eu respeito. Mas não quero me sentir um criminoso, tendo que ficar com você escondido, inventando histórias, entende isso é horrível. Não estou fazendo nada de errado, apenas quero ficar com o cara que eu gosto.
Breno - Mas nem todo mundo vê assim cara.
Jhonny - Tem muito preconceito eu sei, eu também cara fui assim como você por isso te entendo. Mas não nunca fui de me vestir pra chamar atenção, por brincos, ficar afeminado, cada um é cada um, mas acho isso desnecessário entende. Eu sei que curto caras, gosto de estar com homens, e isso é tudo. Eu sou homem cara, jogo bola, me visto como tal, nada haver querer chamar atenção, por tipo uma placa na testa escrito “Eu sou gay”. Desnecessário.
Breno - Se você não me fala aquele dia na praia, eu nunca desconfiaria sobre sua sexualidade.
Jhonny - Nunca te falei, mas naquele dia mesmo você que te contei a noite na praia, eu já estava mexido com você.
Breno - Sério cara, mas nem fiz nada. Não entendo como você começou a gostar de mim.
Jhonny - Aquele sábado que você nos ajudou na mudança, que colocamos tudo dentro de casa lembra?
Breno - Lembro claro, você com maior cara fechada. Parecia que estava com raiva de tudo e todos.
Jhonny - Então, estava mesmo, com muita raiva, mas achei legal sua atitude de ajudar, você fazendo maior esforço, colaborando com pessoas que você nunca viu na vida, tinha maior preconceito sobre as pessoas do Rio, a gente via aqui dos jornais tanta violência, tanta coisa, eu pensava que todo mundo era assim entende.
Breno - Sei como é.
Jhonny - Você me mostrou exatamente o contrário, me amarrei.
Breno - Bom vamos comer cara, estou com fome, já está esfriando, e estou com essa calça toda molhada.
Jhonny - Obrigado por ter vindo sabia, estava me sentindo muito mal mesmo.
Breno - Eu que tenho que agradecer por você ter aparecido na minha vida.
Jhonny - E você e o Pedro, como estão?
Breno - Por que perguntando pelo Pedro cara, você nunca foi disso?
Jhonny - Maior marca de chupão aí no seu pescoço, tenho certeza que foi dele.
Fico muito sem graça quando o Jhonny fala isso.
Jhonny - Breno até quando você vai ficar dividido cara, você nunca responde, nunca para pra pensar, já te fiz essa pergunta várias vezes, e talvez esse seja um dos principais motivos deu ficar com a Alessandra. Cara o Pedro é sincero, gosto dele, independente de nossas indiferenças e você sabe. Ele gosta de você, te ama, eu também te amo, e você cara, quem você ama, quem você gosta, cara tu tem que pensar, escolher, o que você quer pra sua vida, tu tem 23 anos, sei que não é nada, mas você é um cara inteligente, sabe o que quer, um exemplo pra muita gente, mas sua vida pessoal são esses vários pontos de interrogação, o que você é Breno, bi, gay, hetero? De quem você gosta, de mim, do Pedro, daquela menina da boate a Julia?
Breno - Cara não quero falar sobre isso, por favor.
O Jhonny vai e me dá um beijo, na boca, beijo de amor, de paixão, um beijo que de certa forma confortou meu coração que ficou gelado com a pressão do Jhonny. Depois que terminamos de nos beijar fico olhando pra todos os lados, receoso se alguém havia visto. O Jhonny começa a sorrir, notando no ato meu desespero.
Na minha cara de tensão.
Continua...
Galera fiquei sem net, PC deu pau, maior doideira. Forte abço, e espero que vocês entendam. Obrigado pelos e-mails, comentários, isso que me anima sempre e vocês sabem.
Multiplosex@hotmail.com
Segue em anexo o link com todos os contos, aproveitem e se emocionem assim como todos nós.
http://www.casadoscontos.com.br/perfil/134415