Afinidade secreta 2

Um conto erótico de Lígia
Categoria: Heterossexual
Contém 859 palavras
Data: 01/09/2010 21:46:13
Última revisão: 03/09/2010 12:03:36

(Continuação: Afinidade Secreta)

Os finais de semana deixavam bem definidos os limites. Sempre foram dias impossíveis de mensagens ou telefonemas. Eram dias nublados, sem expectativas de boas surpresas.

Mas ela sabia que numa oportunidade possível, compensaria em cada segundo todos os abraços e beijos que guardava.

E assim foi, quando novamente o visitou no consultório e, logicamente, desta vez ele a esperava; não mais no mesmo endereço onde ela o viu pela primeira vez.

Mas como se fosse, o abraçou e beijou tão logo se viu dentro daquela sala, quase ao mesmo tempo em que ele fechava a porta. Ele sempre a afastava com calma, para que tivesse tempo de observá-la por inteiro. Depois disso a fez deitar abrindo e acariciando entre as pernas dela, o que a fazia gemer de prazer, olhando nos olhos dele e pedindo sua boca.

Eram sempre momentos de poucas palavras.

Quando não telefonava ela concluía que não sentia mais vontade em ouvi-la e isto bastava para que também silenciasse. Mas trocavam inúmeras mensagens escritas, igualmente tão excitantes que a desconcentrava no trabalho, ou em qualquer lugar que estivesse. Às vezes no carro, outras no mercado, ou entre os seus afazeres domésticos.

E qualquer que fosse o momento, aquelas mensagens se tornavam sua prioridade, embora ela nunca se sentisse tão importante, mesmo nas vezes que ele a tratava com carinho.

Ele realmente sabia como seduzi-la: não só convicto da atração física exercida sobre ela, mas também com palavras doces em datas especiais que as mulheres sempre esperam ser lembradas. Como uma vez que a mensagem dizia: “São mulheres como você que fazem a vida valer a pena”.

Ela não era ingênua, mas ainda assim adorava receber tais mensagens, mesmo imaginando que provavelmente não fosse a única em recebê-las. Mas preferia receber e entender tais palavras sem questionamentos. Importava apenas que ele era o único dos seus desejos.

Sem dúvida ela já reconheceria cada parte do seu corpo com os olhos vendados. E já sabia também quanto ele gostava de artifícios que a faziam escancarar toda sua fragilidade diante dele.

Sempre fora uma mulher considerada independente, de iniciativas próprias, decidida e forte. Mas ele a fazia sentir a delícia de não conseguir reagir contrária às suas vontades.

Vontade como essa que ele também a convenceu em atender: Ele teria um tempo livre num sábado logo pela manhã. Queria, então, que ela agisse como se estivesse trabalhando – ela era corretora de imóveis.

Inicialmente ela resistiu à ideia, mas logo se viu planejando como tudo aconteceria.

Definiu o apartamento e o local onde se encontrariam. E lá estavam eles no lugar e horário marcados.

Ele a seguiu até estacionarem em frente ao condomínio. Ela se identificou e entraram como se na verdade ele fosse um cliente.

Propositadamente usava somente um vestido jeans, daqueles que facilmente se abria todo pela frente. Andavam lado a lado trocando olhares de cumplicidade, porém atentos à simulação de uma visita comercial.

Ao entrarem no elevador, sentindo-se um pouco menos expostos apesar da câmera, ele perguntou se ela estava sem calcinha. A resposta afirmativa a fez sentir a excitação na pele úmida, e perceber o olhar dele alterado de tesão.

Saíram do elevador, e ela atrapalhava-se de tanta excitação, tentando abrir a porta. Quando entraram no apartamento, a cozinha era o local mais próximo. E foi ali mesmo de forma urgente que se abraçaram e se beijaram deliciosamente. Como das outras vezes, ele a controlou desabotoando todo o seu vestido, olhando e beijando os seus seios e agachando-se para constatar que ela estava toda bem lisinha como ele adorava.

Não podiam se demorar muito. Afinal era uma visita comercial. Então ele a fez ficar de costas, apoiada sobre a pia, colocou a camisinha e a encheu de prazer fazendo explodir o dele também.

Como se fizesse parte da cena foram ao banheiro e depois olharam as outras partes do apartamento, desinteressadamente.

Certamente, mesmo se ela não tivesse uma boa memória, não conseguiria esquecer um momento tão prazeroso como jamais acreditou ousar viver.

Mas isso ainda não colocava um fim nas suas fantasias. Começaram a trocar e-mails com imagens e mensagens, onde ele sugeria outras situações ainda não vividas por ela.

Relembrar o que já tinha acontecido e a expectativa do que ainda poderia viver e sentir

fazia dela uma mulher feliz, com memórias e fantasias.

Tudo isso há não muito tempo atrás era tão impossível de ser imaginado. Ela teve como tantas outras mulheres, o compromisso de ser feliz com aquele que fora seu marido. E agora sente como se aquele casamento fosse um filme antigo, de paisagens sombrias, figurino antiquado e estória medíocre, sem bons motivos para ser lembrado. Exceto pelos filhos que ela tanto ama e a quem sempre fora dedicada e atenta, não haveria outra feliz evidência de que outro homem tivesse tido importância. Absurdamente, um homem que ela raramente encontrava, apagara totalmente as lembranças de outro, com quem ela vivera por 18 anos. Mas ainda podia ter fantasias, sem culpa.

Agora sim, sentia-se viva, vibrante, mesmo que não pudesse dividir com outras pessoas o que a deixava verdadeiramente feliz. Provavelmente nem ele entenderia o motivo de tanta felicidade.

(Continua)

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