Além ou aquém de ninguém eu sou e tampouco estou. Permaneço um andarilho da mediocridade, em sua acepção literal: mediano! Pertenço ao meio amorfo e sem face da população. Capto a melancolia do lugar, e os anseios também. À procura de um porto seguro estou. Ilusão? Talvez. No rádio a tocar “Procissão” de Gilberto Gil. No fundo, identifico-me; ou não! Busco certezas e só encontro dúvidas.
Faço todas as perguntas, mas quem me dará todas as respostas? A hipocrisia fascista das religiões nunca me seduziu. Misticismos. Ilusões. Superstições! “Eu não vim pra explicar; eu vim pra confundir”, já dizia o outro. Evolucionista eu sou; não um criacionista! Muito prazer: sou a dúvida existencial! Perpétua. Sim, sou um homem de fé, mas na ciência, porém com a mente aberta. A ciência é meu Deus! Não sou um fundamentalista científico, radical, e fanático! Enfim, meu próprio Deus eu sou!
Para cada uma das forças da virtude há sempre uma antítese para corrompê-la. A síntese é o resultado dos princípios mentais positivos e negativos. Produto de todas as equações e de todos os processos de escolhas na vida. A síntese é a ação, é atitude, objetiva ou subjetiva!
Forças do bem e do mal conjugadas. Deus e o diabo atuando. Nos sentimentos do homem estão, não em divindades e entidades externas a ele. Colisão de conceitos ambivalentes. É o universo maniqueísta. Afinal, os deuses só existem para quem acredita neles! O que fazer?
Um aperitivo antes do antepasto. Faminto há. Com fome de viver estou! Rondo a vida. No olhar, a acuidade de um felino. À calma, elegância e majestade de um leão. Impetuoso. Sensual. Mas, não se iluda, tenho a verocidade dele! Estou à caça de almas. Sou um vampiro delas. Alimento-me de metáforas. Escaldante era o sol. Na savana, avisto um bando de gazelas. Seleciono uma em especial: a presa. Linda. É a eleita!
Meus olhos aprisionam-na. Agacho-me. Cerco-a. Espreito-a. Apertando o cerco eu vou, salivando, lentamente. O bote foi dado! Distraída, não teve reação. As outras debandaram, assustadas. Ela luta e reluta. Sob minhas afiadas garras, lanho-lhe a alma. Sob minhas pontiagudas presas, cravo-lhe o espírito. Na boca, o sabor de carne fresca, sangrando sonhos, vermelhos de paixão!
Esvaída em desejos, deita-se abatida. Antes de devorá-la, lambo-a toda, com minha grossa, quente, e áspera língua. Fatigada, sua resistência esmaeceu-se. Moribunda. Agonizante. Receptiva está. Rugindo, cubro-a. E outra vez; e mais outra... Aprazeramo-nos. Beijamo-nos. Ferozmente carinhoso fui; selvagemente delicado também. Estou quase certo! Você não acha?
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Abraços e boa sorte pessoal!