Cláudio, o pai
Cláudio era um engenheiro rico e bem sucedido, trabalhava em uma multinacional de grande porte onde era muito respeitado por sua competência. Os funcionários do departamento que ele gerenciava formavam um grupo homogêneo, seguidor ferrenho de suas ordens, não por medo, pois Cláudio não era um tirano como os outros diretores e gerentes, mas por admiração e lealdade.
O engenheiro, que era também especialista em alta tecnologia, na verdade gostava mesmo da vida simples no campo e sempre dizia que, quando conseguisse juntar dinheiro suficiente, trocaria sua belíssima casa no centro da cidade por um sítio um tanto retirado, onde não haveria telefone nem internet, nem mesmo as operadoras de celular deveriam conseguir emitir seu sinal até lá.
Ele gostava mesmo é de ar fresco, água límpida brotando da terra e de ruidosas cachoeiras, por isso compraria um sítio grande, com muito espaço para construir o haras que tanto sonhava e para a plantação de milhares de palmeiras reais que cultivaria com suas próprias mãos.
Quem não gostava muito dessa idéia de mudança era a sua única filha Sabrina, agora com dezesseis anos, e que não parava de trocar de namorado.
Cláudio cansou de chegar em casa e, todos os dias, ver um carro, uma scooter ou mesmo uma bicicleta diferente em frente a residência. E antes mesmo de abrir a porta, já ouvir os gemidos e gritos da filha adolescente em êxtase, montada no pinto duro de algum amiguinho de escola.
Certo dia, ao voltar exausto do trabalho, teve de deixar seu carro na rua, pois a entrada da garagem estava bloqueada por um Chevette caindo aos pedaços, com alguns dos vários rombos da lataria cobertos por adesivos de famosas marcas de “surf ware”, numa espécie de toscos curativos automotivos.
No teto do carro, amarrada ao retorcido e enferrujado rack, havia uma prancha de surf num estojo de cores berrantes. Cláudio conhecia bem o tipo de goliardo que rodava pela cidade, que fica a mais de 100 quilômetros da praia, com uma prancha daquelas sobre o carro.
Ao passar pela porta do hall de entrada, ele notou a música que vinha do andar superior. Era uma dessas “músicas faladas”, como ele costumava dizer aos colegas de trabalho, um rap americano por sinal. Deveria ser um CD trazido pelo novo namorado da filha.
Devagar, passos leves e silenciosos, ele começou a subir a escadaria de mármore até o andar de cima. Percebeu que a porta do quarto da filha estava entreaberta e de lá, saía a névoa proveniente do chuveiro há muito ligado, e que transformava o quarto inteiro numa sauna.
A cada passo, os gemidos de prazer da filha eram mais e mais audíveis, e ao atravessar a entrada da suíte, Cláudio pôde ouvir também o ritmo intenso e compassado das penetrações, que sob a água que caía da ducha, faziam um ruído parecido com o bater de palmas.
Ele continuou avançando, e pela porta aberta do boxe, vislumbrou as costas de um jovem negro, muito magro e com no máximo um metro e setenta de altura. Seu cabelo era curto e pintado de loiro, o que debaixo da água, dava-lhe a tonalidade de um amarelo sujo.
Da filha, encostada na parede pelo namoradinho, Cláudio via apenas uma de suas pernas que enlaçava a cintura do rapaz e suas mãos, cujas grandes unhas vermelhas arranhavam vorazmente as costas do mesmo.
Sabrina, que herdara a altura do pai e já contava com um metro e setenta e cinco de altura naquela tenra idade, estava quase uma cabeça acima do rapaz, mas não notou Cláudio chegar por estar de olhos fechados numa expressão de intenso prazer.
De sua boca entreaberta, de lábios carnudos e dentes perfeitos, saíram palavras que um pai jamais deveria ter de ouvir de uma filha.
E foi apenas quando ela abaixou seu rosto angelical para mordiscar uma orelha cheia de brincos, que percebeu a presença do velho.
Sabrina, a filha
- Pai! – Exclamou ela, saindo de seu torpor turgescente.
Wellington, o surfista parafinado, quase desmaiou, soltou Sabrina e, imediatamente encolhido, saiu engatinhando atrás de suas roupas, mas não chegou a ver o pai da moça, pois o mesmo, sem saber como agir e sentindo um misto de ódio, vergonha e revolta, seguiu pelo corredor e entrou na elegante suíte que dividia com a esposa, batendo violentamente a porta.
Duas horas depois, durante o jantar, Sabrina devorava avidamente sua comida enquanto a mãe, Helena, apenas mordiscava umas poucas folhas de alface com arroz integral.
- Não consigo imaginar como você consegue manter seu lindo corpo comendo como um peão de obras. – Brincou dona Helena, fitando a bela filha, que simplesmente adorava e venerava.
- Deve ser por causa da atividade física exagerada. – Bufou Cláudio, que até então apenas revirara a comida em seu prato.
- Sabe mãe, é que minha vida é, tipo assim, muito corrida sabe?
- Sabemos que você gasta muitas calorias. – O pai agora a fuzilava com seu olhar mais severo, deixando o garfo cair ruidosamente no prato.
- Está acontecendo algo aqui que eu não saiba? – Perguntou Helena.
- Pergunte a sua filha! – Respondeu Cláudio levantando-se da mesa. – Vou ao clube e voltarei tarde.
Depois que ele saiu, sem gravata, de camisa desabotoada até a altura do peito e paletó nos ombros, Helena exigiu explicações de Sabrina, que começou sua dissertação com o costumeiro “tipo assim”.
A mãe ouvia atentamente toda a história; a filha havia deixado o curso de francês e foi com algumas amigas até um barzinho da moda, lá chegando encontraram alguns rapazes, entre eles o surfista desocupado Wellington, que já a conhecia de outros carnavais e que sempre a chamava pra sair. Disse que aceitou a carona que ele ofereceu e, chegando em casa, o convidou a entrar.
- E daí então, tipo assim, a gente bebeu mais algumas “ices” e ficamos namorando um pouquinho.
- E...? – Encorajou a mãe.
- E daí o pai chegou e pegou a gente no maior amasso.
- Só por isso ele ficou assim? – Helena parecia incrédula. – Só porque pegou a filha aos “amassos” no sofá?
Sabrina corou e mostrou um sorriso maroto.
- Ou não era no sofá que vocês estavam?
- Ah mãe, tipo assim, começou no sofá né? Mas quando o pai chegou, já estávamos no chuveiro.
Helena deixou o corpo pender para trás até o encosto da cadeira de espaldar reto, com uma expressão de severa incredulidade no rosto. Mas depois de alguns instantes, inclinou-se em direção a filha, que mordia sensualmente o lábio inferior e esfregava as mãos entre as pernas, tal como uma Lolita exibicionista fingindo constrangimento, ao ver descoberta toda a sua volúpia, perguntando num quase sussurro, que já revelava o também aparecimento de leve sorriso igualmente safado:
- Diga-me filha, esse tal de Wellington... é bonito?
CONTINUA...