Desejo e degradação (parte 8)

Um conto erótico de Sahid
Categoria: Heterossexual
Contém 3914 palavras
Data: 09/10/2010 17:14:45

O resgate de Helena

Ela estava saindo da casa de um de seus clientes drogados e pervertidos, sentindo asco pelas coisas que teve de fazer para garantir os trocados em sua bolsa e, caminhando apressadamente, vez por outra, respondia com palavrões algumas das cantadas grosseiras que sempre recebia na rua.

- Vai ser uma caminhada daquelas. – Disse consigo mesma, em referência aos muitos insultos que receberia e não às poucas quadras que a separavam da boate.

O motorista de Fredo, que sempre levava e buscava as meninas dos tais “programas especiais” fora do puteiro, estava em outra cidade com o patrão, obrigando-a a lastimáveis caminhadas por sobre os altíssimos saltos agulha que faziam parte de seu uniforme de guerra.

- Provavelmente “garimpando carne fresca”. – Dissera Helena ao idoso que esfregara o seu corpo asqueroso nela durante as últimas horas, quando este questionou o fato de ela vir a pé ao encontro.

O cafetão parecia mesmo ter relaxado um pouco a vigilância que mantinha sobre suas putas, mesmo assim, depois da infeliz tentativa de Helena em transgredir suas normas há pouco mais de um ano, nenhuma de suas colegas tentara passar novamente a perna no carcamano.

Pouco após o início de seus “desfiles” na passarela da boate, ela descobrira que, apesar de ser dona de cada uma das esmolas que lhe eram atiradas no palco, os programas, que constituíam de longe a maior renda, eram cobrados pela casa, que repassava apenas vinte por cento do faturado para a garota.

- Oitenta por cento são pela moradia e pela comida. – Dissera-lhe o “contador” da boate.

Inocentemente, Helena teve a idéia de marcar programas fora dos domínios de Alfredo Mancinni, porém, já na primeira tentativa foi descoberta pelos capangas de seu patrão que a espancaram cruelmente, chegando a quebrar seu braço direito um pouco acima do cotovelo.

- Na próxima vez, jogo você na sarjeta, mas não sem antes lhe quebrar uma perna e todos os dentes dessa sua boca podre. – Dizia o irritadíssimo Fredo, dirigindo o Maverick V8. – E fique sabendo que ninguém costuma pagar “una putana” banguela e coxa.

No banco traseiro, Helena chorava convulsivamente segurando o braço ensangüentado que há pouco, vira pender debilmente ao lado do corpo, mostrando a carne dilacerada de onde se projetavam as lascas do osso partido.

Logo após o selvagem espancamento, Helena foi levada até uma clínica particular e um tanto quanto obscura nos arredores da cidade, cujo dono era um conhecido charlatão, que cuidava apenas e, basicamente, daqueles problemas que não poderiam ser encaminhados às instituições públicas, tais como ferimentos à bala, overdoses, abortos e também prostitutas agredidas por seus rufiões.

Fredo, por sinal, era um de seus maiores clientes.

Helena também lembrava com revolta dos vários meses em que foi a “promoção” da putaria.

- Você só não pode dançar com esse braço bichado aí, mas de resto, continua funcional e não pode deixar de me pagar o aluguel. – Era a sentença do italiano, dada na clínica, enquanto ela ainda se recuperava da anestesia.

Devido a tais lembranças revoltantes e as constantes tentativas de pensar em algo que pudesse tirá-la dessa vida, ela nem percebia que andava cada vez mais rápido, mal enxergando o que se passava ao redor.

Foi quando um guinchar agudo de pneus a tirou drasticamente de seus devaneios.

O Monza verde, que contornava a esquina da rua que ela atravessava sem olhar para os lados, parou a poucos centímetros de suas pernas nuas e bem torneadas, porém, o susto fez com que vacilasse sobre os saltos exagerados e caísse estatelada no asfalto sujo e abrasivo.

Imediatamente os palavrões e impropérios começaram a jorrar tal como um grande dique holandês rompido.

- Seu corno, filho de uma cadela! – Gritava ensandecida.

- Ai meu Deus! Ai meu Deus! – O motorista descia do veículo com as mãos na cabeça em completo desespero. – A senhora está bem?

- Vai tomar no cú, seu veado!

Enquanto se agachava tentando ajudar, o motorista teve uma breve visão da calçinha que a moça exibia sob a curtíssima saia lantejoulada, ao se levantar trôpega do chão.

- Vou levar a senhora ao hospital. – Disse, vendo também os joelhos ralados da bela jovem.

- Vai se foder, seu merdinha do caralho! – A moça ainda gritava histérica. – E senhora é a puta que te pariu.

Já no hospital, a atendente de enfermagem que fazia a assepsia dos ferimentos, tirando o pouco sangue ressequido das pernas de Helena com uma gaze embebida em água oxigenada, comentou em tom jocoso.

- Seu namorado ficou bem preocupado.

- Ele não é meu namorado, é o imbecil que me atropelou.

- É bem bonitão também. – Disse a enfermeira olhando de soslaio pela porta entreaberta da sala de curativos.

Helena acompanhou o olhar dela e encontrou o jovem motorista sentado na área de espera, esfregando nervosamente as mãos. E um discreto sorriso insinuou-se nos seus lábios pintados de vermelho.

- Desculpe por ter xingado você lá na rua. – Disse saindo da enfermaria.

- Na rua, no carro, entrando no hospital... – Brincou ele, percebendo que a moça já estava mais calma.

- Sou Helena. – Sorriu lindamente com a mão estendida.

- Muito prazer, Cláudio.

As cartas que ele lhe escrevia quase que diariamente, logo se transformaram no namoro que o jovem e inexperiente Cláudio sempre desejava. Estava perdidamente apaixonado por aquela que seria a coroação para o rumo perfeito que sua vida tomava.

Recém formado em engenharia, e com um emprego estável e bem remunerado, Cláudio insistia em Visitar Helena, que morava numa cidade duzentos e poucos quilômetros distante da sua, em todos os fins de semana, ao que ela se negava terminantemente, dizendo morar com os avós muito conservadores e que jamais admitiriam um namorado em casa.

- Não vejo motivo para essas cansativas viagens de ônibus quando eu poderia buscá-la com meu carro novo. – Dissera ele ao apanhá-la na plataforma da rodoviária na terceira vez que Helena o visitava.

Helena passara dias “quebrando a cuca”, tentando encontrar uma maneira de se encontrar com aquele que seria seu futuro esposo, sem que o mesmo descobrisse seu passado nada louvável, e tampouco, sua profissão vergonhosa. E ainda por cima, tinha de arranjar um meio de evitar a fúria de Fredo pelos dias que estaria ausente.

Quanto à Cláudio, sua inocência e seu coração apaixonado o cegavam a ponto de acreditar em qualquer coisa que a namorada lhe dissesse; e com Fredo, por incrível que pareça, foi tudo ainda mais fácil. Helena precisou apenas falar que sua mãe estava em seu leito de morte, e que iria visitá-la. Descobriu então, como os italianos, por mais sanguinários que sejam, eram matriarcais e respeitosos em tudo o que era relacionado à instituição “família”.

Em várias ocasiões, teve de conter o riso ao perceber lágrimas se formando nos olhos do implacável mafioso, quando ela lhe contava sobre o terrível sofrimento da mãe em seu câncer terminal.

Na cidade de Cláudio, Helena construía uma vida paralela, à qual se lançaria dentro em breve, deixando de vez o velho Mancinni, que nunca mais a encontraria, para trás.

A jovem nem se incomodava por ter de transar com o namorado, após sacolejar durante três horas dentro de um ônibus lotado, ao fim de uma semana inteira dançando e sendo cavalgada por um homem atrás do outro, pois Cláudio ficava no máximo cinco minutos em cima dela. Quatro deles, depois de ter gozado.

No mais, ela estava tomando gosto pela vida boa ao lado do futuro marido. Já se via como a madame que sempre quis incorporar. Morando numa casa grande e confortável, com empregados à disposição e muito dinheiro no bolso, para comprar as roupas e sapatos de grife que nasceu para usar.

Helena sabia que veio ao mundo para brilhar, e enfim, o universo estava conspirando para que isso acontecesse. Iria agarrar com unhas e dentes a oportunidade que se deslindara naquele dia em que quase fora atropelada pelo rapaz ingênuo e de bolsos abarrotados. Ele seria a escada que a levaria ao topo da sociedade.

Um pouco mais sobre Cláudio

A idéia de estar sendo traído pela esposa sempre o apavorou. Chegava a ter pesadelos, onde via Helena nua sobre um pequeno altar, cercada por todos os seus amigos e colegas de trabalho que faziam fila para penetrá-la de todas as formas possíveis enquanto ela se contorcia de prazer.

A certa altura do sonho, os homens nus e excitados do grupo davam passagem ao seu padrasto que, com o seu imenso membro em riste, se colocava por trás de Helena e a penetrava com selvageria, olhando o enteado com uma expressão zombeteira em sua cara de fuinha.

- Viu só Cláudio? – Dizia o padrasto em seu pesadelo. – Sua esposa também gosta muito disso.

Antes do casamento, Cláudio tivera o mesmo sonho inúmeras vezes, mas até então, a protagonista da orgia era outra mulher, sua própria mãe.

O pai dele havia falecido há poucos meses quando a mãe lhe apresentou o seu “novo pai”. Um rico agricultor, referência no cultivo de bananas e que também era viúvo.

Cláudio sabia que a mãe era uma pessoa extremamente dependente e que procurara outro companheiro apenas para ter um pouco mais de conforto e estabilidade financeira e social. Era o tipo de mulher que precisava ser guiada e amparada. Ela era uma daquelas pessoas que nascem para seguir, e que muitas vezes fazem isso de maneira magistral, não para tomar a frente em qualquer espécie de empreitada, muito menos no comando de uma família.

- Não gosto dele. – Disse Cláudio, na época com seis anos. – Ele tem os olhos muito juntos e parece uma fuinha.

- Ele é um bom homem meu filho. Um homem honrado e trabalhador que nos dará uma vida muito boa e tranqüila. – Consolava-o a mãe. – Ele até já disse que vai pagar todos os seus estudos. Isso não é ótimo?

Mas Cláudio simplesmente o odiava, e sempre tinha de tapar muito bem os ouvidos para não ouvir os gemidos da mãe, nem a cabeceira da cama batendo na parede durante as visitas noturnas, cada vez mais freqüentes, de seu novo namorado, pois o menino dormia numa pequena cama ao lado da cama dela, no mesmo cômodo da humilde residência.

Foi, porém, na espaçosa e moderna casa do padrasto que nasceram os pesadelos do jovem Cláudio.

Já moravam ali há alguns meses e a mãe estava, de novo, oficialmente casada, quando certo dia, ao voltar mais cedo da escola, o menino a viu deitada nua sobre a mesa da cozinha; suas pernas estavam ladeando o pescoço do padrasto também nu, que se colocava de pé na ponta da mesa e realizava movimentos espasmódicos com o quadril, fazendo os grandes seios dela chacoalharem com as arremetidas.

O pequeno Cláudio, imóvel sob o caixilho da porta, estava fora do campo de visão da mãe, mas não do padrasto que, ao vê-lo, sorriu debilmente e, piscando um olho para o menino tirou uma vara comprida e grossa da sua nova esposa, batendo com ela sobre a barriga da mesma e enfiando-a novamente, de uma só vez e com toda a força.

O grito agudo que a mãe proferiu, tirou Cláudio de seu estado cataléptico e o lançou em desabalada carreira de volta a rua, donde voltou apenas uma hora depois para ir direto ao seu quarto.

Mais tarde, durante o jantar, o jovem praticamente só remexeu na comida, e mesmo sem levantar o olhar uma vez sequer, sentia a postura zombeteira do padrasto lhe queimando a tez.

- Viu só Claudinho? – Sussurrou o velho numa risadinha nojenta, quando a mãe deixou a mesa em direção à cozinha com uma pilha de pratos nas mãos. – Sua mãe gosta “muito” mesmo daquilo que fiz hoje à tarde com ela. Você não concorda?

Nos dias atuais, o gerente ainda se sentia constrangido e envergonhado com seu próprio inconsciente, principalmente ao acordar de madrugada, depois de um desses pesadelos, e masturbar a sua então, vigorosa ereção, por debaixo das cobertas que dividia com a esposa adormecida ao lado.

Já lera, em artigos na internet, e também em algumas publicações “proibidas”, sobre estranhas variações do complexo de Édipo, mesmo assim, recusava-se terminantemente a acreditar que sofria de qualquer anomalia psicológica ligada a tais estudos.

Porém, a cada dia que se passava, provas físicas lhe saltavam aos olhos, gritando para que aceitasse o fato de que, nem Helena, e tampouco Abigail, lhe proporcionavam a magnífica ereção que atingia quando lembrava de sua voluptuosa mãe sendo fodida pelo satírico padrasto.

Hora extra na casa de praia

Em seu coração partido, Cláudio tinha a certeza da infidelidade da esposa, mas precisava constatar com os próprios olhos. Rodou a cidade inteira, sem rumo, apenas para se manter em movimento.

Em suas mãos, ainda doloridas pelos socos desferidos em Henrique, ele segurava o minúsculo telefone que chamava, pela milésima vez, o número do setor de trabalho da esposa.

- É claro que ela não está trabalhando! – Bradou para si mesmo, esmurrando o volante revestido que couro que vibrou com o impacto.

O celular dela, lógico, também dava fora da área de cobertura ou desligado, pois Helena sempre fazia questão de lembrá-lo de que as normas éticas da firma condenavam o uso do aparelho durante o expediente.

Naquela altura, sua mente borbulhava com perspectivas e possibilidades. Pensou até em fazer campana de fronte a alguns motéis da cidade, apenas para ver se via o New Beetle rosa da esposa saindo ou entrando em algum deles. Foi quando teve a idéia de ir até a luxuosa casa de praia que raramente usavam, mas que Helena insistia em manter a todo custo.

O jipe Mercedes Classe M, naquela hora da noite, com a estrada praticamente deserta à frente, cobriu a distância até o litoral em pouco mais de quarenta minutos, voando baixo tal como uma besta que rasgava o breu com seus olhos de xenon, por trás dos quais rugiam quase quatrocentos furiosos cavalos vapor a mais de 7000 giros.

Prolixo, o motorista não pôde deixar de especular quais seriam os próximos limites que atingiria naquela noite infernal, sendo que já estreara o seu boxe amador numa briga de rua e, pela primeira vez na vida, passava dos duzentos quilômetros por hora ao volante de um carro.

Ao percorrer a orla, já na pequena cidade litorânea, com as ondas do mar arrebentando invisíveis à sua esquerda, Cláudio pôde perceber ao longe, as luzes acesas da enorme casa nos limites da enseada, trazendo a estranha sensação de uma onda de choque que, também invisível, rompia-lhe as vísceras.

Estacionando algumas dezenas de metros antes do início dos muros que circundavam a residência, ele nem notou o pneumático dianteiro direito raspar o alto meio-fio e subir pelo mesmo, deixando o carro com o chassi parcialmente torcido.

Ainda segurando fortemente o volante, o ofegante motorista sentia o ar chegar com dificuldade aos pulmões; seu peito parecia querer explodir, mas dentro não havia nada, apenas um vácuo que crescia vertiginosamente.

Sua respiração descompassada, que teria feito qualquer passante chamar o atendimento de emergência, hiperoxigenava suas artérias tal como num atleta que se prepara para bater um recorde de apnéia, e lhe causava uma tontura levemente dopada.

Cláudio abriu a porta do Mercedes e, no mesmo instante, sentiu um calafrio percorrer-lhe a barriga, revirando suas tripas em espasmos que prenunciavam uma daquelas típicas diarréias relâmpago; malcheirosas, barulhentas, líquidas e ardentes.

Ficou ali durante mais alguns instantes, sentado e imóvel, com o suor brotando de sua testa alta e ouvindo o sinal de alerta de porta aberta, que era emitido de algum lugar abaixo do painel, misturado aos ruídos pútridos de sua própria flatulência.

Quando as primeiras contrações se foram, ele achou que poderia procurar um banheiro depois, pois o assunto que tinha a resolver não tomaria muito de seu tempo. Deixou o habitáculo, caminhando apressadamente até a parte de trás do utilitário, de onde retirou uma chave de rodas niquelada.

Gostou imediatamente do peso da ferramenta em suas mãos e, ajustando uma empunhadura firme, deu alguns golpes no ar, abaixo da linha de seu umbigo. Caminhou em seguida pela calçada, deixando para trás, na rua deserta, o carro importado com as chaves na ignição e o porta malas aberto. Deu uma olhadela em volta apenas para confirmar sua solidão e com um movimento plástico, transpôs o muro de um metro e cinquenta, caindo por sobre o gramado úmido do outro lado.

A primeira coisa que viu, ainda agachado como um corredor de cem metros esperando o sinal de largada, foi o automóvel da esposa parado em frente a porta da garagem fechada.

Quando iniciou a corrida trotada, parcialmente recurvado como um caçador das cavernas empunhando sua moderna e brilhante clava, o desejo de descobrir que tudo fora apenas um mal entendido, já estava praticamente extinto. Meses, semanas, dias, horas e minutos antes, ele ainda alimentava a vã esperança de que, nas escapadelas da esposa, ela estaria sozinha ou com as amigas, talvez em algum clube secreto e inocente ou fazendo um trabalho voluntário qualquer.

Tais conjecturas eram apenas aquilo em que ele desejava de todo o coração, acreditar, e não o que seu inconsciente sabia e inexplicavelmente já aceitava.

Cláudio iria entrar pela porta dos fundos, pois sempre deixavam uma chave escondida no prato de um dos muitos vasos que ali ficavam, mas ao passar pela janela ampla, aberta e sem cortinas da sala íntima, teve a visão que finalmente acabou com todas as suas dúvidas.

Diante de seus olhos, Helena cometia um ato inquestionavelmente voluntário, mas de maneira alguma, inocente.

Ela estava deitada de costas sobre o macio e felpudo tapete de etiquetas iranianas, cravando suas unhas bem tratadas nos dorsais musculosos de um homem que, acomodado entre suas pernas, movimentava ritmadamente o quadril.

Os dois estavam banhados em suor e Helena gemia baixinho, sorrindo de olhos fechados ao toque da língua de seu macho no lóbulo da sua orelha.

Lá fora, a poucos metros, porém oculto pelo diferencial de luz, seu marido não pôde deixar de pensar em como foi ingênuo ao ter dúvidas quanto às noites de sexo com a esposa, quando se perguntava se ela teria ou não, tido um orgasmo com ele. Olhando agora para ela, sob aquele outro corpo que a comia num ritmo que ele jamais conseguiria impor, teve de encarar a dura realidade de que nunca a fizera nem suar, quanto menos gozar.

Ainda se sentindo o mais impotente dos homens, o “voyeur” percebeu que o casal sobre o tapete mudava de posição e, quando o homem ergueu o tronco, passando os braços por baixo dos joelhos da mulher, buscando a posição do frango assado, Cláudio reconheceu o rosto que até então estava oculto pela cabeça de Helena.

- Mas que filho da puta! – Balbuciou para si mesmo, enquanto a chave de rodas pendia de um braço relaxado ao lado de seu corpo.

Lá dentro, Helena, de pernas para o ar e olhar sério, com o queixo erguido em atitude de desafio encarava o amante com os lábios contraídos e sem piscar os olhos.

Rodolfo, por sobre ela, lançava-lhe um meio sorriso zombeteiro, enquanto acelerava ainda mais o ritmo, chegando a um martelar ensandecido que fazia seus seios pularem freneticamente como se quisessem desprender-se do corpo.

Também arfante, apesar de imóvel, o marido observava a expressão de desafio no rosto da esposa ser substituída por uma caricatura chorosa, criando rugas em sua testa ao apertar os olhos enquanto Rodolfo continuava metendo impiedosamente.

De olhos arregalados ante o espetáculo que se deslindava à sua frente, Cláudio chegou a prender a respiração quando Helena finalmente abriu os lábios num grito intenso, que não era de dor nem angústia, mas se repetiu tantas e tantas vezes que o assustou.

Helena tremia e se contorcia, enquanto chorava lágrimas que também não eram de tristeza, ao tempo em que pronunciava algumas palavras entrecortadas pelas estocadas que Rodolfo lhe aplicava agora em ritmo pausado, porém, ainda profundo:

- Ai... meu... Deus! Ai... meu... Deus! Estou... no... Céu...

O amante saiu dela e ficou de pé a sua frente estendendo-lhe a mão para ajudá-la a se levantar. Helena continuou esparramada no chão da sala, ofegante e esgotada, passando a mão pelos cabelos encharcados de suor.

De perfil para a janela, mesmo sem saber, Rodolfo exibia toda a sua ereção ao sogro que, de tão abismado que estava ante ao enorme falo cheio de veias salientes, não de deixou de pensar que a filha, durante todas aquelas noites, não gritara à toa em seu quarto no fim do corredor.

- Vem aqui. – Ordenava Rodolfo, ainda de mão estendida à mulher prostrada a sua frente. – Não vá pensando que comigo é fácil como com o corno do seu marido.

Helena ficou de joelhos com certa dificuldade e, segurando-o com ambas as mãos, abocanhou a glande intumescida que mal cabia entre seus lábios escancarados.

- Quero ver ele todinho na boca. – Dizia Rodolfo forçando o quadril em direção a ela enquanto a segurava firmemente pelos cabelos.

Quando Helena engasgou, ele a soltou apenas por tempo suficiente para lhe dar um forte tapa no rosto.

- Nada de vomitar sua putinha. – Ordenava enquanto a forçava novamente ao violento sexo oral.

Do jardim, seu marido assistia incrédulo à cena, ao notar a reação mais e mais excitada da esposa que chupava o amante com redobrada gana a cada vez que era estapeada pelo mesmo.

Helena ainda tentava engolir Rodolfo em sua melhor forma quando este, de súbito, a puxou pelos cabelos em direção ao divã perto da janela.

Com medo de ser descoberto, Cláudio deu um passo para o lado e se postou por detrás de uma das lâminas fixas de vidro. Estava então, a pouco mais de um braço de distância do quadril largo da mulher que se sentava sobre o genro.

Sobre o divã, Rodolfo e Helena estavam tão absortos em seu ato, que viam apenas um ao outro, transformando o restante do ambiente em um borrão indefinido e branco, mas mesmo que olhassem para a janela, veriam apenas o reflexo das lâmpadas do lustre aceso da sala íntima inundada pelo cheiro de sexo, e não o homem que, ali postado, sentia os ímpetos de acariciar o enorme traseiro da esposa que iniciava um frenético movimento em cima de um pau que não era o dele.

Beijavam-se avidamente, entrelaçando suas línguas num furor compulsivo, como dois exploradores tentando se sobrepor um ao outro em suas descobertas, e quando Rodolfo a abraçou firme na altura da cintura impressionantemente fina em relação a bunda, limitando drasticamente a mobilidade dos dois corpos, Helena iniciou uma louca dança de quadril, no qual sua boceta engolia todo o membro dele até ficar sentada sobre o seu escroto, e subia em seguida num movimento de rotação, até deixar parte da cabeça intumescida exposta. Assim acelerou progressivamente, gemendo e também arrancando gemidos do amante.

Cláudio viu, por outro ângulo, a posição que a esposa tentara algumas vezes com ele, mas que nunca chegara a atingir tal velocidade devido à rapidez de sua própria ejaculação. Ele pensou que até mesmo a coordenação motora da esposa era perfeita, pois parecia incrível alguém manter todo o corpo imóvel, mexendo apenas o quadril naquele ritmo.

Enquanto Cláudio, com o rosto rubro, observava a bunda gorda da esposa que se deformava com a estonteante rapidez de movimentos, a mesma deixava de beijar Rodolfo e assumia novamente a expressão chorosa que indicava mais um orgasmo espasmódico à caminho, mas desta feita, os dois, homem e mulher, explodiram juntos em tremores, urros e gritos, que fizeram o lascivo observador oculto olhar em volta, como que procurando mais alguém que pudesse ter ouvido o êxtase gutural e primitivo que presenciara.

CONTINUA...

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