A PRIMEIRA VEZ QUE FUI NUM MOTEL
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Dois meses depois de ter começado a namorar Renan*, meu colega de faculdade, do curso de História, percebi que ele anda meio impulsivo. Seus beijos são mais calientes, seus abraços mais apertados e, sempre no impulso, passa sua mão em minhas pernas... Já não tenho impressão, mas certeza de que deseja algo mais comigo, além de passeios, idas ao parque da cidade, ao cinema, beijos e “amassos” comportados. Sinto que deseja sexo. E, pra falar a verdade, também sinto enorme vontade desde a última vez que me deitei com meu primo Roberto, oportunidade na qual não tive orgasmo e, após um surto de consciência, decidi que tinha que ser forte e acabar de uma vez por todas o meu relacionamento com ele, uma vez que, sob hipótese alguma poderíamos assumir publicamente nosso romance por mais que gostássemos um do outro, pois nossa família jamais compreenderia e aceitaria.
Foi muito forte a insistência de Roberto em não dá um fim absoluto nessa relação, mas não era isso o que eu queria para o resto da minha vida. Até porque preciso namorar, sonho em casar-me. Nunca me envolvi com nenhum outro homem que não ele, com quem me desvirginei e, até há dois meses, mantínhamos relações qual marido e mulher, correndo riscos constantes de sermos descobertos pela tia Cleonice. Sinceramente a situação a cada dia esta(va) se tornando insustentável e Roberto não percebia isto, recusando-se a aceitar os factos e concretizar a possibilidade... É fogo!
Sem dúvida, uma forma eficaz de desligar-me definitivamente do meu primo foi envolver-me mais e mais com outro homem, neste caso o Renan, e, para tanto, entendia ser necessário permitir-lhe um pouco mais de intimidades, apesar de parecer ou ser tão precoce. Daí o primeiro passo seria anunciar-lhe que não sou mais virgem para que futuramente não se sentisse enganado. Mas como fazer isso? Muito simples: ao sentarmos para conversar dizer-lhe que tenho algo para revelar e esperar sua reação. Chegada à oportunidade, assim fiz. Ele compreendeu declarando ser natural... Pois bem, eu sem graça, comecei a beijá-lo e fui correspondida. Senti-me bem aliviada por não estar a esconder nada sobre a minha vida, mesmo nada tendo falado sobre minha relação com meu primo bem antes de nos conhecermos.
O frio congelava nossos narizes, então, fomos para o carro. Lá me abraçou e pôs-se a fazer-me cafuné. Comecei a beijar-lhe na boca e passar minhas mãos em suas faces... Foi um momento bastante agradável. Beijamos-nos intensamente... O frio ficou lá fora mesmo. Mas logo me levou para casa. Já em casa, segui para o meu quarto e fiquei um bom tempo teclando com um amigo no msn, a quem fiz muitas confidências, posto que sempre me passou confiança e deu-me bons conselhos até então, demonstrando sempre interesse em ver-me feliz... Desconectei e fui banhar-me. Ao retornar para o meu quarto, mais uma vez fui surpreendida com a presença do fantasma fuçando meu computador, que se dirigiu em minha direção e me agarrou, impondo-me beijos que mesmo gostando fiz questão de rejeitar como manifestação de fidelidade e respeito ao meu namorado, bem como forma de relutar em esquecê-lo. Mas Roberto ainda se recusa em aceitar isso insistindo que me ama e não sabe me perder... Não tenho deixado transparecer, mas, para mim, não estava sendo fácil, apesar de conseguir ficar dois meses sem fazer sexo com ele. Ele puxava minha toalha tentando ver minha nudez, ai o expulsei do quarto alterando a voz, objetivando causar-lhe o medo de acordar minha tia, embora estivesse com muita vontade de entregar-me em seus braços e deixar que desfrutasse do meu corpo e assim eu, de igual pra igual, deliciar-me mais uma vez do prazer sexual que sempre me satisfez desde a minha primeira vez. Mas soube equilibrar-me, deixando, portanto, prevalecer a vontade aguda de começar uma nova fase da minha vida, onde estou a escrever novas páginas da minha história investindo num relacionamento sério, fiel e aprovado pela minha tia. Nada mais seria escondido, não mais seria sufocada pelo sentimento de erro, de culpa e assim respirar um novo ar, ar de pureza, verdade, transparência...
Roberto foi vencido, venci a tentação covarde, contudo, pensava ainda, de forma ardilosa, em todos os momentos de alegria, satisfação e prazer vivido com ele. Venci mesmo? Algo bem lá no fundo diz que ainda não, pois ainda sinto-me tentada, à sede de sua boca na minha, o desejo de sentir seu corpo colado ao meu, suas mãos em meus seios, seu membro dentro de mim é grande demais. Tão grande é que não me contive; findei o pensamento sórdido me masturbando!
A noite não demorou quase nada ou meu sono não foi justo. Não recordava o que havia sonhado, se sonhei. Levantei-me, contemplei meu pequeno jardim logo abaixo da janela e segui pro banho, onde o frio me aqueceu e deu leveza ao sentimento que julgava meu pecado. Liguei o computador e verifiquei alguns mail’s. Fui para a cozinha. Cinco minutos depois, soa a campanhia... Era Mary, irmã de Flávio, meu colega da faculdade que lhe mandara para entregar-me uma cesta. Que vergonha! Não fui ao seu aniversário. Na cesta: refrigerante, doces, pãezinhos de queijo e bolo (um convite sensato para engordar).
À tardezinha, uma vez cumpridas as tarefas, nada me restara para fazer. Então, escrevi algumas fracassadas poesias que não ouso publicá-las até cansar... Deitei-me e adormeci. Sono leve. Pequeno complemento à noite que penso mal dormida. Não tenho o hábito de dormir pelo dia, mas deu-me bem mais disposição assim que acordei para auxiliar minha tia no cuido da janta. Minutos depois, tomei banho e peguei o material da faculdade. Roberto já se achava pronto para seguirmos pra faculdade. Já no prédio da Universidade, no corredor 2, de acesso à minha sala, inesperadamente encontramo-nos com Renan, que me cumprimenta com um selinho. Neste momento Roberto se retira irritado e senta-se em fileira distante da minha. Melhor assim. As aulas transcorrem naturalmente, mas o irritadinho decide ir embora antes da última aula queixando-se de dor de cabeça. Como nunca voltei para casa sozinha, acreditei ser melhor segui-lo. Já no carro foi que as luzes acenderam: talvez Roberto tivesse inventado esse incômodo para que não me reencontrasse com Renan. Não trocamos uma palavra sequer. Penso que foi bem melhor assim...
Quando chegamos em casa, antes de sairmos do carro, decide quebrar o silêncio:
- Clécia, olha o que você está fazendo comigo! – disse-me ele, sem me olhar.
- O que estou a fazer contigo? – revidei.
- Ora, está me fazendo sofrer! Há mais de dois meses rejeita meu carinho, meus beijos... Não temos mais intimidades e não mais fizemos amor.
- Desculpe-me, mas não quero conversar sobre isso. – tentei encerrar o assunto para evitar um possível fracasso. Em vão...
- Por favor, repense teus atos... – apelou – Sou o único que pode te fazer feliz!
Não consegui me conter:
- É o único que podes fazer-me feliz? Em quê? Na cama? Relacionando-nos carnalmente, às escondidas? Aventurando-nos todo momento? – desabafei – Sinceramente, não vejo isso como felicidade. Pelo contrário, sinto-me sem liberdade, nunca tive um namorado, jamais me relacionei com outro homem... Até quando vou viver assim? Desse jeito será que um dia vou me casar?
Silenciou por uns segundos, como se estivesse a refletir e questionou-me:
- Sente-se feliz agora, com o imbecil do Renan?
- Não duvides que sim. Não é plena, todavia, a fase é de construção e propensa a isso. E, depois, diga-me: qual o teu conceito de felicidade? Desde que pus um fim em nosso romance secreto você não tem me deixado em paz. Invade meu quarto, tenta me agarrar, confisca meu celular, ameaça falar para minha mãe dos meus deslizes contigo como se o facto tivesse se dado com outro, não vós caso volte para minha terra...
- Perdoe-me! – interrompeu-me – Foi uma tentativa desesperada de mantê-la perto de mim... Vou devolver-te o celularNão precisa. Não quero mais.
- Mas faço questão... Por favor, me perdoe. Imploro-te por apenas mais uma chance... Eu te amo!
Sai do carro antes de desfalecer... O facto concreto é que não posso voltar atrás. Preciso seguir em frente! Entrei em casa, segui para o meu quarto, pus os livros na escrivaninha e liguei o computador. Tirei a roupa, peguei a toalha e fui tomar banho. No banho, não consegui não pensar na voz dele, branda, pedindo para que eu deixasse o Renan e, como se tivesse entrado em transe, relembrei algumas passagens de cinco anos atrás, quando tinha apenas dezesseis anos e brincávamos juntos, de quando juntos fazíamos as lições e até mesmo íamos à padaria... E pergunto-me por que permiti que ele estivesse sempre tão perto de mim, que me provocasse vontades, me fizesse carícias... Que me beijasse e assim iniciássemos um namorico às escondidas... Pergunto-me por que não parei por ai e, entre uma pergunta e outra, termino meu banho, sigo para o quarto, ponho a camisola e vou ao meu pequeno jardim, ali abaixo da janela, onde, mais uma vez volto ao passado. Desta vez já estou com dezessete e recordo-me que dormimos juntos pela primeira vez, quando minha tia precisou viajar e não havia tempo de retornar no mesmo dia, apesar de que não tivemos nada, apenas dormimos juntos. Então, fui regredindo até chegar aos dezenove anos, quando, enfim, me rendi aos desejos da carne e, depois da festa de aniversário de dez anos da Roberta, Roberto e eu, no silêncio da noite, namoramos. A atração entre nós foi tão forte que nos deparamos cheirando o perfume um do outro, aproximando cada vez mais nossos corpos, momento em que trocamos beijos voluptuosos e, esquecendo dos receios e medos das possíveis conseqüências, permiti que passasse suas mãos em todo meu corpo, tirasse minha camisola e metesse as mãos em minha genital, que me levou a tirar a calcinha e, conseqüentemente, sem precaução alguma, iniciamos o ato sexual, mesmo em meio a certa timidez. Foi um momento que reluto em esquecer, mas penso que não me será possível, visto que foi a primeira vez que pude sentir um homem “me possuir” e não era um homem qualquer, era bonito, cheirava, me atraia, me excitava e, agora, sentia ejacular dentro de mim, sentindo prazer, dando-me prazer e assim quase explodi em êxtase... Cansados, suados e ofegantes, paramos. Descansamos. Depois, separamo-nos. Separamo-nos para encontrarmo-nos mais vezes um ano depois. Foi assim que tudo transcorreu. Depois que transamos pela primeira vez, apesar de estarmos sempre presentes um na vida do outro, não mais repetimos o ato. Não por que não gostamos, porque não tínhamos intenções, e, ainda que tivéssemos, faltava-nos a oportunidade. Somente no dia seguinte, ao relembrar a extraordinária experiência, fui tomada pelo medo suplantado da possibilidade de engravidar, mas nada aconteceu.
Passados alguns meses, sentia desejos intensos de estar novamente em seus braços e sentir mais uma vez a expressão do seu corpo, tremia, ansiava e não havia chances. Os espaços de “fuga” eram suficientes apenas para saborear da sua boca e sentir seu abraço firme e, de excitação, molhar um pouco. Essas “fugas” foram quase que contínuas...
Após exatos um ano e dois meses surgiu outra oportunidade de senti-lo, tê-lo mais uma vez em minhas entranhas, entretanto, desta vez, a maturidade estava mais presente em mim e achei por bem não abusar da sorte, pois, como da primeira vez, não estávamos providos de preservativo, uma vez que nada fora arquitetado, embora a insistência de Roberto fosse tão excessiva que decidi ceder aos impulsos do desejo e deixei que me despisse completamente, ficando acordado entre nós de que não haveria penetração. Acordo quase não cumprido porque me implorou para deixar pôr só a glande e acabei cedendo. Não foi satisfatório, mas pude sentir sensações prazerosas. Apesar de bom o clima, decidi parar naquilo mesmo e irmos dormir. Assim fizemos. Vinte e um dias depois fizemos minha festa de aniversário de 20 anos. Vimos nela mais uma oportunidade de nos amarmos e, assim sendo, pudemos planejar, e, planejamos. Desta vez ele havia providenciado preservativos.
Embora tudo tivesse sido planejado, nada saiu como esperávamos porque, lamentavelmente, depois de bastante excitada ele pôs o preservativo e o mesmo causou-me incômodo. Não sentia absolutamente nada, além de uma sensação estranha, desagradável de modo que nem sei explicar. Ele retirou a “borracha” e introduziu seu pênis em minha vagina e, só então senti a sensação esperada. Estava claro que o preservativo impedia-me de sentir prazer. De qualquer modo, acabamos aquele momento frustrados. Não tivemos relações sexuais. Eu estava decidida a não correr risco algum novamente em detrimento de prazer algum. Uma semana depois Roberto cria situações e oportunidades arriscadas para termos momentos a sós na expectativa de “me possuir”. Todas tentativas frustradas. Jamais correria novamente o risco de engravidar por transar sem adotar método algum que impossibilitasse uma gravidez indesejada, colocando assim nossos pescoços à força. Mas a obsessão em transar comigo o levou a pesquisar contraceptivos eficazes, encontrando êxito descobrindo assim o “adesivo subcutâneo” que, inicialmente, causou-me uns incômodos, mas os superei. Desde então, ganhamos tranqüilidade.
Como se saísse de transe, extremamente tarde, porém, sem sono, retomo a realidade e tomo consciência de que estou em pecado e que podem esses pensamentos meus perdidos em lembranças constituir - sem em traição ao Renan. Entrego-me ao sono... No dia seguinte, acordo-me mais branda, contudo, pensativa e sentimento de fragilidade emocional. Não deixo ser tomada por esse sentimento, tomo banho e, em seguida, como se no horário programado, recorro ao meu pequeno jardim, converso com minhas flores e plantas, regando-as delicadamente, e vou à cozinha. Não me demoro e retorno ao meu quarto. Ligo o computador e faço algumas pesquisas para complemento de atividades. No msn, entra Renan, que me convida para sairmos à noite. Aceito. Folga da faculdade. Chegado o horário combinado ele chega e eu ainda me arrumando, ou “me produzindo”, como as minhas amigas costumam falar. Fizemos um programa legal. No carro, o clima é bem harmonioso e quente; chegamos à troca de carícias (estou totalmente decidida a envolver-me de tal forma com outra pessoa acreditando ser a fórmula ideal para esquecer-me de Roberto, afinal, entre nós [entre mim e Renan] rola “química”, como se diz), me excito e não escondo esse facto. Diante do meu comportamento Renan propõe irmos a um motel. Naquele momento de euforia, concordei subitamente, lembrando que seria a primeira vez que iria a um motel, bem como a primeira vez que teria relações sexuais com outro homem. Estava curiosa e apreensiva. Já no motel, entramos abraçados no quarto. Ele me envolve em seus braços, parecendo querer proteger-me, enquanto isso dou-lhe beijos quentes e molhados. Sinto seu corpo apertar o meu e sinto também sua ereção... Vagarosamente tira minha blusa cor-de-rosa clara e meu sutiã branco. Também tiro-lhe a camisa preta e a calça jeans azul... Nossa! Cueca preta... Adoro excitante! Enquanto ele me beija desvairadamente, tiro a saia branca e fico apenas de calcinha de mesma cor... Ele respira fundo e me joga na cama. Por alguns instantes, me come com os olhos e vem em minha direção. Deita-se por cima de mim, me acaricia e me beija como se estivesse sedento e eu fosse um copo d’água, então, perco o controle sobre o meu próprio corpo e libero sussurros, “ais” ainda desconhecidos por mim mesma! O perfume no corpo dele ajudava ainda mais em meus “ais” descontrolados, mas comportados. Acariciei seu corpo, massageando-lhe nas costas, nos braços, sentindo seus bíceps e fui descendo a mão direita a “saborear” suas pernas mais ou menos grossas, palpando-lhe o bumbum, terminando no pênis ainda por cima da cueca. Parece que, querendo fazer o mesmo que eu, Renan passava as mãos em meus seios tão delicadamente como se tivesse medo de machucá-los e pega neles exactamente do jeito que eu gosto. Parecia ter o poder de ler meus pensamentos, enfim, invadiu minha calcinha e encheu sua mão (não sei dizer se com a direita o a esquerda) e pegou minha vagina de modo que preencheu o vazio de sua mão, momento em que a melequei com meu líquido. Então, levantou-se, tirou minha calcinha e logo após sua cueca. Seu pênis latejava. Não demorou quase nada e partiu para cima de mim novamente e me fez cair em desvario absoluto. Cheguei rápido ao orgasmo. Continuamos de forma cada vez mais intensa. Parecia que tínhamos tomado banho de tão molhados de suor... nossos corpos quentes, suados, deslizavam um no outro e assim, senti ele ejacular e, em seguida, tive momentos que não sei como descrever, então, digo que foi alucinante: tive um segundo orgasmo! Jamais tinha me ocorrido isto antes. Foi um momento fantástico! Confesso que depois de tudo, senti minhas energias esgotadas, minhas pernas tremiam excessivamente, meu coração disparado se acalmava lentamente e minha respiração ofegante. Não conseguia falar, só soprava sussurros.
Alguns minutos depois, tomamos banho. Nos vestimos e fomos embora. Ele queria passar na pizzaria antes, mas pedi para seguirmos direto para casa. Prontamente me atendeu e deixou-me em casa, antes se despedindo de mim com beijos mais comportados desta vez. Entrei, Roberto estava no sofá assistindo TV e me encarou com olhar feroz, mas logo desfez a pose e seus olhos brilhavam incessantemente. Segui para o meu quarto, peguei minha camisola, pus sob a cama e fui tomar banho. Lavei os meus cabelos com medo de tê-los sujado com o suor (sem dúvida absorveu muito suor). Estava exausta. Terminado o banho, vesti-me e fui tomar um ar e contemplar meu pequeno jardim, tomei um ar, me sentia mais leve porque jamais pensei que fosse conseguir transar com outro homem por estar tão acostumada ao meu primo e a sensação foi de “liberdade”. É bem verdade que este não foi o único sentimento, tive outras sensação, além de uma leve preocupação de ser entendida como “mulher fácil” pelo facto de ter transado com o namorado num curto espaço de tempo de namoro, que ainda não tinha nem três meses completos! E, justo num motel. A primeira vez que fui num motel. »