Passaram toda a noite se divertindo, e conversando como sempre. Foram dormir, programando alguma coisa para o domingo livre de ambas. Já era dez da manhã quando Raquel acordou e viu que Luiza já não estava no quarto, quase pirou pensando que ela a tinha abandonado, foi na sala correndo e não encontrou ninguém. Quando chegou à cozinha lá estava Luiza, virou-se e abriu um imenso sorriso, de orelha a orelha:
- Ah Raquel, você estragou toda a surpresa... Eu estava preparando alguma coisa pra nós comermos. Você não estava achando que eu tinha te largado e tinha saído, estava?
Um imenso alívio percorreu Raquel, ela realmente estava achando isso. Mas apenas sorriu e deu um abraço gostoso em Luiza, daqueles de quem querem proteger pra sempre, e era isso que Raquel estaria disposta a fazer. Tomaram o café que Luiza preparara e foram arrumar a casa que estava uma bagunça. Terminaram todo o trabalho e decidiram que iria fazer um almoço pra elas duas, pra não terem trabalho de sair. Pegaram tudo o que tinha na geladeira e no armário, resumindo-se em quase nada, e correram pra internet pra achar alguma receita interessante. Fizeram um molho que batizaram de “molho à geladeira” e prepararam um espaghetti. Era perceptível que a relação das duas não era só carnal, havia muito mais que isso... Um misto de amizade e amor era constantemente notado na troca de olhares. Comeram e saíram pra ir ao parque pra dar uma volta, pareciam não estar mais preocupadas com nada, sorriam e andavam de mãos dadas olhando uma pra outra e falando o quanto era bom estarem ali, e ainda por cima juntas. Foi quando Raquel mencionou Joana, a mãe de Luiza:
- Mas e quanto a sua mãe Lu? O que agente vai fazer?
- Tinha de ser você pra quebrar o clima né Raquel. Não nos preocupemos com isso agora... Podemos curtir em paz agora? E além do mais está tudo muito recente, vamos com calma. Ninguém entende isso da noite pra o dia.
Raquel compreendeu como sempre Luiza. E a puxou pra mais perto, beijou-a subitamente, que correspondeu, não demorando muito. Porque por mais que gostasse de Raquel ainda achava essa história de beijar em público uma roubada. Além de tudo os reprodutores, como Luiza chamava os heterossexuais ainda eram muito homofóbicos. Tiveram vontade de correr pra casa, e foi o que fizeram. Sabiam que essa iria ser a segunda melhor noite de suas vidas, hipoteticamente falando. Chegaram em casa rindo e deram de cara com Joana que decidiu voltar antes pra casa, não conseguiram disfarçar a insatisfação e Joana como não é boba perguntou:
- Porque a cara de assustada meninas? Iriam aprontar alguma coisa? – Riu e deixou que as duas explicassem ou pelo menos inventassem uma desculpa.
Raquel riu também, tinha de agir de modo compenetrado, e foi o que fez:
- Não tia, é que nós pensávamos que a senhora só voltaria amanhã. Nos assustamos quando demos de cara, estávamos tão distraídas com outro assunto, não foi Lu?
- Foi, foi sim. Falando nisso que meninos estranhos não... – Mudando de assunto mais uma vez.
O clima foi de brincadeira e risos até que Joana decidiu se recolher estava muito cansada do fim de semana puxado que tivera. Luiza e Raquel ficaram na sala assistindo e dando risada do que tinha acabado de acontecer. Foram tão rápidas quanto às desculpas que não acreditaram de onde tinha saído coragem pra abrir a boca. Recolheram-se ambas, sem antes de dar o beijo de boa noite claro. Que foi muito mais intenso, não fariam nada aquela noite, tinha que aproveitar a deixa que Joana deu. Como era de se esperar o clima esquentou, o clima sempre esquenta quando essas duas percebem o tesão que estão causando e sentindo. Conseguiram se separar, e foi cada uma para seu quarto.