[Músicas: * Cenas iniciais: Nothing But A Song - Tiago Iorc * Cenas finais: Mais Além – Nx Zero ]
O apartamento no qual Igor morava desde janeiro de 2008, quando chegou a Floripa, assim carinhosamente conhecida a capital de Santa Catarina, era simples mas com o tempo se tornou muito aconchegante. Quando o alugou, Igor ainda tinha forças para pintá-lo, comprar alguns moveis, ainda tinha uma boa condição financeira graças a herança que receberá de seus pais e também a indenização que receberá ainda naquele ano pela falecimento de seu pai e sua mãe. Não era um dinheiro que trazia felicidade a Igor, ele o tinha como um mal necessário para viver.
Da sacada de seu apartamento localizado no 5º andar, todos os dias quando chegava do trabalho, Igor podia ver a noite que chegava, por esta de frente ao nascente, sempre via ao anoitecer o céu escuro dominar o mar e as luzes da cidade acenderam a iluminar toda orla. Muitas noites de solidão, principalmente nos dias de inverno, Igor descia até a orla da praia, fazia frio, sentava-se ali próximo ao mar, escutava o barulho das ondas e chorava bem baixinho. Os vizinhos de Igor, era pessoas bem ocupadas, as vezes encontrava um ou outro no elevador, quase nunca conversavam mais que a respeito do tempo ou das condições climática, mas foi numa das noites de abril de 2008, que Igor conheceu Hilda.
Hilda era uma senhora muito cativa, deveria ter seus sessenta anos, era bem sorridente, um semblante calmo, um olhar sereno. Igor já tinha encontrado essa senhora na portaria algumas vezes com seus netos, mas foi naquela noite de abril que eles conversaram pela primeira vez.
- Você é de onde meu rapaz? – Perguntou a senhora que trazia alguns livros em suas mãos.
- Sou de Campos, Interior do Rio de Janeiro, Dona Hilda. – Igor sempre evitava aprofundar o assunto, mas parecia que algo no rapaz havia despertado aquela senhora.
- E o que veio fazer tão longe de casa? – Perguntou a senhora muito curiosa e ao mesmo tempo serena.
- Uma longa história... Mas eu fiquei sozinho, meus pais faleceram e então eu decidi mudar o rumo da minha história, a longa história como te falei, era uma coisa que já não me fazia bem! – Igor disse olhando nos olhos da senhora, que lhe transmitia um sentimento que ele não sentia a algum tempo em sua vida, esperança.
Espírita, Dona Hilda despertou em Igor uma fé adormecida a muito tempo, falou a respeito de nossas provas, e que a fuga talvez não fosse a solução, mas já que ele já a tinha feito, que agora era o momento de se reestruturar para logo poder da seguimento em sua vida. Dona Hilda convidou Igor até seu apartamento, lhe deu um livro chamado “Gotas de Esperança” e o telefone de um bom psicólogo, seu sobrinho Eduardo. Disse a Igor que no momento em que quisesse ir ao Grupo Espírita, que ele estaria convidado, mas Igor não se sentia preparado, acreditava em Reencarnação, vida pós-morte e tinha certeza que ainda sentia a presença de seus pais no seu dia a dia.
Os meses passaram-se e agora no inicio do ano de 2011, Igor finalmente tinha tomado a decisão de seguir sua vida. Dona Hilda tinha desencarnado há alguns meses atrás dormindo. Igor ficou triste, pois a única vez que conversou com aquela senhora, ela o foi tão acolhedora.
Todas as manhãs antes de sair de casa Igor abria o livro que a senhora lhe tinha dado. Naquele dia ao sair de casa para o festa com o pessoal da empresa, Igor se sentia tranqüilo, fazia tempo que não conversava bobeiras, e que talvez fosse bom criar alguns vínculos agora, afinal, ele queria ter motivos para voltar, apesar de não saber a quantas andava a situação em campos, se seu chefe soubesse de sua intenções de quem sabe não voltou a Floripa, talvez ele não quisesse dar uma festa de despedida.
Um camaro vermelho parou em frente ao prédio onde Igor morava, era eu patrão, Maurício. Antes de descer da portaria a frente do prédio, Igor teve a impressão de ter ouvido a voz de Dona Hilda lhe chamar, mas olhou para trás e não viu ninguém, e seguiu até o carro.
Maurício estava como sempre muito bonito, muito alto, forte, agora com roupas casuais, que o deixavam com um ar de menino travesso, Igor não era de ficar reparando muito em seu patrão por que sabia que ele era casado e que era hétero, fora que Igor só o admirava em beleza, desde Matheus, ele não teve mais ninguém.
Durante todo trajeto, enquanto o homem puxava assunto, Igor viajava olhando a vida se movimentando lá fora, tudo era tão rico, colorido, como tudo tinha perdido a graça. Quando presto atenção a sua volta, estava em uma casa muito grande, Igor poderia considerá-la uma mansão. Desceu do carro e acompanhou Maurício. A casa estava bem silenciosa para uma festa e Igor achava bem estranho não haver movimentação nenhuma pelo jardim, mal talvez a festa foi bem intimista, e seria no sala da casa, que com certeza seria bem grande para caber tantas pessoas. A festa de fim de ano da empresa tinha sido na piscina da casa de Maurício, mas se Igor ficou meia hora naquele dia ali, fora muito.
- Bebe algo, Igor? – Perguntou Maurício, que estava muito cheiroso, calça jeans, peitoral bem delineado pela camisa bem justa ao corpo.
- Eu não bebo. – Igor estava sem graça, não havia mais ninguém além dele e do Maurício.
- Bom Igor, não sou homem de rodeios. Como você bem sabe, eu te disse que o dia de hoje seria uma festa, mas eu quero me desculpar por ter mentido, pois eu queria lhe convidar pra sair comigo, para jantar, nos conhecermos melhor... Sinto você uma pessoa tão solitária, fechado e sério. Quando olho pra você, dá vontade de abraçar e dar muito carinho, menino... Você não tem noção!
Igor ficou muito vermelho, abaixou os olhos, nem sabia em que ponto fixar seu olhar, seus pensamentos corriam em ritmo acelerado, então, em sua agilidade mental, ele abriu a boca, finalmente falando algo, mas ainda sem olhar nos olhos de Maurício:
- Maurício, você é casado... E eu, sou assim, calado, sabe eu não era, até um tempo atrás, mas agora estou comedido, tenho medo de me magoar, sinto como se eu estivesse aprisionado em mim mesmo, eu tenho medo de tentar, tenho me permitido tão pouco... Eu estou viajando nas minhas férias, para me permitir, voltar a Campos não é um simples retorno para rever velhos amigos, eu posso reencontrar uma grande paixão que tive em minha vida, sabe, não que isso possa mudar qualquer coisa, pois eu sei que ele seguiu a vida dele, e que não vamos ser amigo ou camaradas, e por tudo o que aconteceu, eu nem quero qualquer tipo de comunicação ou envolvimento com ele. Desculpe por falar tudo assim tão rápido e aqui e agora. Desculpe. – Igor virou as costas e seguiu em direção a porta de saída.
- Aonde você vai Igor? – Maurício parecia ainda meio atordoado com o grande fluxo de informação e a rápida retirada que Igor fazia. – Meu casamento é só uma fachada, eu e a minha esposa, nem nos amamos, nunca nós amamos, ela só casou comigo para me desfilar para amigas e eu casei com ele para provar que era, algo que não sou.
Igor parou próximo ao patamar que dava para porta:
- Seja sincero e fiel até o fim, e antes de estar com qualquer pessoa, seja sincero com aquela que te jurou fidelidade. Sabe, as pessoas tem um péssimo hábito de não deixar claro aquilo que sente, talvez fosse mais fácil se você seguisse em frente, mas de fato livre pra voar, para encontrar alguém, mas não engane alguém, mesmo que considere que esse alguém não te ame, que seja egoísta, que só quer desfilar com vocês... Termine antes de seguir em frente.
Enquanto Igor falava Maurício se aproximava e assim que o menino terminou de falar, num toque brusco e ao mesmo tempo sensível, Maurício virou Igor e o beijou.
Para Igor, era um gosto muito estranho, tinha algo de bebida, uma pressão de fome que o homem tinha ao beijar, talvez estivesse totalmente despreparado para ser beijado, talvez estivesse esquecido como era ser beijando por alguém, sem quer, seu corpo rumou ao ritmo do momento e correspondeu ao beijo e ao jeito firme com o qual aquele homem grande, forte e viril o segurava. Mas sua mente o despertou para o que acontecia.
Com forças que não o pertenciam, Igor empurrou Maurício, que caiu no chão, olhos em seus olhos, e disse em um tom mais alto, mas que não chegava a ser gritos:
- Você não deveria ter feito isso! Pense em tudo que eu disse, não traia a ti mesmo!
Antes que Maurício pudesse se levantar, Igor saiu porta a fora para o jardim da casa. Maurício, ao se recompor, saiu pela porta enquanto ligava para alguém em seu celular. Em um tom bem firme, ele disse assim que atenderam do outro lado da linha:
- Ellen, eu quero o divorcio, quando voltar não estarei mais em casa, e é definitivo, AcabouQUER CONHECER OS MENINOS MALVADOS?
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