[Músicas:
* Cenas iniciais: Menos de um segundo – Rosa de Saron
* Flashback: The Only Exception – Paramore
* Cenas finais: Pensando em nós - Luka ]
- Olha Maurício, eu não posso me envolver com você. Não é por você, até por que você sabe, você tem quem quiser, sua beleza, educação, mas eu não estou pronto para me envolver com alguém, mesmo que você esteja separado. – Igor se secava, tinha aceitado receber o seu chefe, ou possivelmente ex-chefe, após pedir demissão com toda a confusão na casa de Maurício, em seu apartamento.
- Posso ter quem eu quiser? Eu quero você... – Maurício estava próximo a Igor. Seu corpo estava um pouco molhado, ele o usava na sedução, mas naquele momento ele sabia que era mais que beleza física, aquele menino ali estava ferido, desacreditado no amor, era isso.
Maurício se aproximou de fato, estendeu a mão direita ao cabelo molhado de Igor, desceu ela pela face do rapaz, e pegou-o pelo queixo e levantou a ponto que esse o pudesse olhar nos olhos e perguntou:
- O que fizeram com você Igor? O que fizeram de teu coração menino?
Aquela pergunta refletiu nas emoções de Igor de tal forma, que subitamente abaixou a cabeça, um filme passou pelos seus pensamentos, eram muitas lembranças, imagens, tanta coisa que tinha acontecido. Foi impossível conter as lágrimas, parecia que elas vinham com tanta força, não havia contenção, palavras das conversas vinham a mente de Igor como se uma represa tivesse rompido. Maurício sentou ao lado do menino no só falar e lhe abraçou, Igor não teve como expelir aquele abraço, ele precisa ficar nos braços de alguém por uns instantes, ele não se sentia seguro por tanto tempo. A traição o tinha tornado triste, e olha que já fazia tanto tempo...
- Você precisa ir Maurício? – Igor se desprendeu dos braços protetores daquele homem. – Obrigado, mas eu preciso dormir, e amanhã eu ainda preciso ir trabalhar, apesar de todo desanimo!
- Não Igor, tire o dia de folga amanhã pelo mal estar que lhe causei, mas saiba, quero cuidar de você, quero te proteger, se permita Igor, permita que eu possa te amar como você merece. Você é tudo que eu desejei encontrar, por favor. – Maurício deu um beijo da testa de Igor – Promete que vai pensar? E não se preocupe, em poucos dias estarei totalmente livre para você!
- Eu vou pensar, quando eu voltar de férias nós vamos conversar sobre isso, tudo bem? – As lágrimas de Igor emergiam em meio a um sorriso sincero que ele acabará de dar ao Maurício, era sincero o que aquele homem falava com Igor, talvez estivesse na hora de preparar o coração para o retornou a Floripa quando Matheus ficasse de vez no passado.
Igor levou Maurício até a porta, se despediram com um abraço bem aperto de Maurício em Igor, fazia tempo que Igor não se sentia tão protegido, tão amado. Ao fechar a porta, Igor lembrou-se que não tinha comigo nada ainda, foi até a cozinha, fez um chocolate quente e ficou sentado no sofá da sala, olhando pela sacada do seu apartamento a chuva que caia lá fora.
Pensativo, Igor adormeceu ali mesmo, acordou somente quando ouviu o toque do interfone do seu apartamento. O sol já havia tomado conta do céu naquela manhã, ainda muito sonolento, Igor se arrastou até a cozinha para atender ao interfone que agora chamava pela terceira vez, pelo menos a que acordado Igor escutava.
- Pronto... Bom dia... Ahm, são uma da tarde Sr João... Nada, hoje eu estou de folga, não se preocupe... Alguém na portaria que já veio aqui três vezes? É o homem que esteve aqui ontem?... Não conheço nenhum Luís Gustavo, Sr João... Dá chuva? Ahm sei, o rapaz de ontem do prédio que passei fugido... Olha Sr. João não o conheço, então o senhor pede para ele esperar que eu vou tomar um banho e desço para falar com ele... Obrigado.
Tomou uma ducha rápida, colocou uma roupa e escovou os dentes, espalhou um pouco de gel nos cabelos, e penteou com os dedos mesmo e desde no elevador. No hall do prédio, lá estava o rapaz de ontem, hoje com um óculos escuro, cabelos escuros, os olhos azuis que havia sido o único detalhe que Igor havia observado a noite passada estavam escondidos, mas o sorriso era lindo.
- Bom dia... Quer dizer, Boa tarde! Vim saber se você estava bem, fiquei preocupado com você naquela chuva toda ontem? – Luís Gustavo aperto a mão de Igor.
- Não precisava se incomodar, eu sobrevivo sempre Luís Gustavo – Igor apertou a mão do rapaz que agora reparava mais nos outros detalhes além dos olhos azuis, era um rapaz muito bonito, apesar de não parece com as belezas convencionais de sarado, modelo de revista, era um rapaz muito bonito, uma beleza natural. Mais alto que Igor uns 15 cm, encorpado, mas parecia ser definido, branco, cabelos escuros, barba, era um homem bonito. Mas Igor ainda não compreendia o que ele fazia por ali, havia sido um encontro tão casual, tão inesperado, nem achava que veria novamente aquele homem.
- Só Gustavo, por favor! Está ocupado? – Gustavo tirou os óculos e olgou para Igor.
- Não, estou de folga hoje! – Igor olhou nos olhos de Gustavo, mas fugiu por alguns instantes.
- Pensei que você estivesse pedido demissão, mas tudo bem, você vai me contar isso agora, claro se aceitar dar uma volta na orla comigo! Vamos aproveitar esse dia tão lindo depois da chuva de ontem? – Gustavo já descia as escadas que davam para a avenida e Igor o acompanhou.
Caminharam, conversaram, acabaram voltado para casa, fazia tempo que Igor não falava com alguém, mas só falava sobre banalidades, não havia entrado no assunto que tanto evitava, a causa de sua vida para Floripa, a traição de Matheus. Acabou convidando o seu novo amigo, Gustavo, que tem 26 anos, solteiro, morava em Florianópolis a oito anos, tinha vindo fazer faculdade, era de família humilde do interior, e acabou ficando na capital e arrumando um bom emprego numa multinacional, para almoçar.
- Você não me falou muito de você Igor! Pode se abrir, eu juro que entenderei, e mesmo que não entenda, não vou te julgar – Gustavo e Igor estavam sentados a uma pequena mesa que tinha no apartamento de Igor.
- É meio difícil falar sobre mim, até mesmo com o meu psicólogo eu não consigo. – A voz de Igor suou num to triste, melancólico, como quem tivesse sobrevivido de muitas decepções.
- Começa se apresentando, falando sobre você! – Gustavo tentava ser o mais espontâneo e alegre possível, apesar do clima na voz de Igor, e de perceber os olhos no mesmo encher de lágrimas, Gustavo queria conhecer Igor de verdade.
- Bom, Bem... Me chamo Igor, - Risos tanto de Igor, quanto de Gustavo após Igor estender o braço para dar um aperto de mão em Gustavo. – Sou de Campos dos Goytacazes, tenho 22 anos, moro em Florianópolis a 3 anos, cheguei aqui no meado deAonde ficar Campos, Igor?
- Eu esqueço que as pessoas aqui não conhecem minha cidade. Campos fica no estado do Rio de Janeiro, no noroeste fluminense, é próximo a divisa do Espírito Santo, é uma cidade de uns 500 mil habitantes. Lá eu estudava psicologia, cheguei até o 2 período, mas meus pais faleceram num acidente de carro e apesar de ter uma irmã, ela tinha vida dela, casada, com filhos, eu fui viver minha vida. No meio disso tudo, ainda na faculdade, conheci uma pessoa, mas no fim estou aqui, por causa dessa pessoa. – Igor estava achando engraçado como se sentia a vontade com Gustavo, com seu psicólogo Eduardo, havia demorando três sessões para falar sobre os motivos de ter fugido para Floripa.
- Essa pessoa, esse alguém, é um rapaz? – Gustavo surpreendeu Igor com aquela afirmação. Igor ficou meio sem graça, mas Gustavo insistiu: Não precisa ter vergonha, eu não tenho preconceitos, e se for como to supondo, não somos muito diferentes. – Gustavo piscou para Igor.
- Sim, é um rapaz. – Era tão difícil para Igor falar sobre isso. Nunca tinha entrado naquele assunto durante todos esses três anos. Sentia seu coração bater mais forte, as lembranças lhe vinham a cabeça.
- O que aconteceu Igor? Você está estranho. Acho que falar sobre isso não te faz bem, desculpe insistir. – Gustavo parecia um pouco envergonhado, pois ao tocar no assunto Igor havia ficado branco e parecia tremer, os olhos marejados.
- Não... Acho que é a hora de falar sobre isso, eu nem te conheço direito, mas se você sumir, pelo menos eu pude contar para alguém tudo que aconteceu, afinal logo eu vou enfrentar tudo isso de frente. – Igor engoliu o choro e olhos para Gustavo e antes de começar a falar, tomou um pouco da água no copo que tinha sobre a mesa. – Não me interrompa, vou contar tudo, mas só me escuta, pode ser?
Gustavo concordou com a cabeça. Igor Limpou a garganta.
- O nome dele é Matheus, eu o conheci em agosto de 2006, vivemos uma história de amor muito intensa, quando meus pais morreram no início de 2007, ele quem me ajudou e foi quando aconteceram muitas coisas, mas eu o amava e achava que era amado, até tudo acontecer como aconteceu... Era Setembro de 2007, fazia algumas semanas que ele estava estranho, distante, começou a não me procurar com tanta freqüência, até que aconteceu o que vou te contar naquela festa...
FLASHBACK
- Igor, está tudo bem, eu não estou bêbado.
Matheus e Igor estavam numa boate, numa festa de aniversário de um amigo de Matheus. Igor tinha percebido que Matheus tinha bebido bastante e não era de seu costume, havia algumas semanas que Matheus estava estranho, calado, distante, parecia que o relacionamento tinha esfriado.
- Você está muito estranho Matheus! Você não é de beber assim! O que está acontecendo? – Igor tinha levado Matheus até um canto da boate bem reservado, ele não queria chamar atenção.
- Vai começar tudo de novo! Que saco Cara! – Matheus estava bêbado de fato, seu comportamento era estranho, ele se esquivava de Igor, na verdade ele não o queria trazer a festa.
- Cara? É assim que você me chama agora? É isso que sou pra você, Matheus? Um cara? – Igor, olhou nos olhos de Matheus e esse riu, gargalhou.
- Igor, vamos curtir! Somos muitos novos, a vida é muito curta! Para de história, e eu não estou diferente, talvez só curtindo a vida! Deixa de ser chato e mimado, e vamos aproveitar! – Matheus estava num tom irônico, falava alto, Igor estava totalmente confuso com aquilo.
Em silencio Igor se retirou com cara de poucos amigos.
- Você é assim Igor, se não gosta das coisas foge! Quer saber, foda-se você! Vou viver minha vida! – Matheus falou num to muito puto ao ver Igor lhe dar as costas.
Igor sentou-se numa mesa do bar e viu Matheus voltar para pista e tirar a camisa e continuar bebendo, talvez fosse a hora de Igor ir embora, mas algo o impedia de ir, ele precisava ficar, sentia que algo ainda iria acontecer. Seu coração estava apertado e triste, sua garganta seca.
Do outro lado da pista, um rapaz branco, olhos verdes, cabelos loiros, tipo físico bem parecido com o de Matheus, forte, olhava descaradamente o namorado de Igor dançar. Aquilo foi dando uma agonia de Igor, em menos de três minutos o cara estava bem próximo, quase junto, Matheus estava percebendo o que estava acontecendo, ele não era bobo.
Foram frações de segundos para o cara chegar perto de Matheus o suficiente para lhe falar palavras ao ouvido e logo depois dançarem juntos. O coração de Igor batia muito forte, Matheus parecia nem lembrar que ele estava ali, Igor não sentia seu corpo.
Beijaram-se, Matheus e o rapaz estavam se beijando na pista, beijavam-se sem puder, as pessoas a volta nem ligavam, Igor sentia lágrimas correr de seus olhos, via a cena parado, sentando em uma cadeira. De mãos dadas, Matheus e o rapaz se retiraram para um canto da boate.
O corpo de Igor tremia tanto, era raiva, decepção. Estava num ambiente estranho, não conheci aquelas pessoas, não conhecia ninguém, ele nem conhecia mais Matheus. Num impulso de coragem, Igor levantou-se e foi até a direção onde Matheus tinha seguindo com o outro rapaz. A cada passou seu coração batia mais forte, em sua boca um gosto estranho, talvez esse fosse o gosto da decepção.
A cena de beijos e amassos se seguiam ali no mesmo canto onde Igor tinha discutido a poucos com Matheus. Os dois pareciam nem perceber a presença de Igor, nem de qualquer pessoa. Igor tocou o ombro de Matheus.
Matheus virou-se e olhou para Igor, ele parecia não ter percebido, nem lembrado dele.
- Sai daqui Igor! Isso não tem nada haver com você, eu gosto de você, mas eu preciso viver! – As palavras de Matheus cortaram a expressão de choque de Igor em uma reação de segurar o choro.
- Era isso! Eu sabia! Todas essas semanas. – Igor falava pouco, lhe parecia falta o ar.
- Não quero me distanciar de você, mas amanha conversamos sobre isso. Vai pra sua casa, amanhã eu te ligo. – Matheus estava bêbado e o outro homem, estava colado a sua cintura.
- Você ainda não contou para ele? Eu pensei... – O homem colado a cintura de Matheus foi interrompido por um ato inesperado.
Um tapa na cara rompeu o ar e a mão de Igor acerto ao rosto de Matheus em cheio.
- Canalha! Mentiroso! Safado! Acabou Matheus. Esqueça que eu existo!
- Igor! Você esta doido? – Matheus soltou o rapaz e olhos nos olhos de Igor. Os olhos de Igor refletiam muita raiva, mas a tristeza tomava conta de seu coração, por dentro Igor sentia-se ferido, abandonado.
Igor virou as costas, saiu correndo, em meio às pessoas, esbarrava em muitas, a emoção, a tristeza transbordava de seus olhos, não imaginava que seria assim. Ganhou à saída da boate, Matheus corria atrás dele, e logo o alcançou.
- Para de bobeira! Ele é só um passatempo! – Matheus estava segurando o abraço de Igor.
- Acabou Matheus, me esquece! ACABOU! – Igor gritou. – Me solta! Não me procure mais!
Matheus o soltou:
- Eu não vou insistir! Estou bêbado, mas vou te dar uns dias para pensar, três dias, e depois eu vou te ligar, e vamos conversar!
- Boa sorte pra você! – Igor falou em resposta e virou-se seguindo o caminho.
- Como é? Boa Sorte? Eu vou atrás de você Igor. Eu te amo!
- Você nem se ama Matheus! Sujo, você é sujo! Me esquece!
FIM DO FLASHBACK
- ... Assim, vim parar em Floripa. Nesses três dias agilizei minha mudança pra cá. Deixei meu apartamento que comprei com a herança de meus pais para vender, e dois dias depois do acontecido estava viajando pra cá. Descobri mais tarde que Matheus estava tendo um caso com esse rapaz há algumas semanas, eles haviam se conhecido na faculdade como eu o conheci pessoalmente. Desde que soube essa informação, me isolei de qualquer informação sobre as pessoas de Campos, e assim, três anos se passaram.
- Que história! Não se sinta abandonado Igor, agora você tem a mim! – Gustavo se levantou e estendeu os braços em direção a Igor como quem espera um abraço. - Posso te dar um abraço?
Igor se levantou e eles se abraçaram. Fazia anos que Igor não se sentia tão leve, livre, talvez não devesse voltar a campos agora.
Mas tinha a formatura, e ele já havia prometido. As lembranças havia se tornando menos dolorosas agora que havia repartido com alguém, com alguém que o entendia. Chorando muito, as lembranças se tornavam distante. Deitou a cabeça no ombro de Gustavo e sentiu seus cabelos serem afagados pelo rapazQUER CONHECER OS MENINOS MALVADOS?
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