PRIMEIRA PARTE
SÓ PRA ENTENDER COMO A PUTARIA COMEÇOU
_ Vagabunda ordinária...! Isso é o que você é! Uma puta!a vergonha! Um desgosto! Uma mancha pra família toda! Como eu vou olhar pro meu pai... heim? E meus irmãos!... Meu Deus! Nove irmãos... Nove! Cada um com três, quatro... até cinco filhos! Por que só eu ? Por que essa desgraça... Essa maldição? Por que só comigo isso foi acontecer?
_ Pai...
_ Não me chama de pai, sua desgraçada! Eu só não mato você agora porque não quero ser o responsável de manchar ainda mais o nome da família que meu pai construiu com tanto esmero! Além de ser responsável pela puta vagabunda acrescentar um assassino! Mas vontade não me falta! Sai da minha casa agora!
_ Pai... eu estou grávida! Não faz isso!
_ Pai? Paaaai? [Riso irônico]
Se aproximando da filha que estava sentada numa mureta que contornava o jardim de inverno – que decorava a ampla sala de estar – apertou seu braço erguendo-a. Ficaram face-a-face, mas ela olhava para baixo. Ele bufava... o rosto tremia, rubro.
_ Escuta aqui... garota! Escura porque eu só vou falar essa vez! Eu não tenho filha... Eu... não... sou... teu... pai! Eu... não... botei... no... mundo... uma... aberração!
As lágrimas corriam do rosto daquele homem, mas, por incrível que pareça, a voz não embargava. Era firme... potente. Ele continuava...
_ Vai procurar o bandido que você disse aqui nesta mesma sala que era “o homem da sua vida”! Não era ele que você amava? Você tinha razão! Vocês... se... merecem! Vagabunda tem que viver com vagabundo! Olha pra mim! (...) Olha... pra... mim! (...) Você vai atravessar aquela porta... agora! (...) Vou imaginar que é seu caixão que atravessa! (...) E nunca mais ouse se dirigir a ninguém que faça parte da minha família! Ninguém! (...) Vai!... Fora daqui!... Fora!
_ Nestor... Pelo amor de Deus! É nossa filha!
_ Cala a sua boca, Rosa! Você não ouviu o que eu disse? Eu... não... tenho... filha... puta! Se você tem, então pode acompanhá-la! Minha casa não é cabaré para abrigar rapariga!
_ Homem... Pensa direito! Ela está grávid...
_ Eu preciso repetir? EU... NÃO... TENHO... FILHA!... NÃO... TENHO... FILHA!
_ Deixa, mãe! Deixa... Eu dou um jeito!... Vou pegar minhas coisas...
_ Vai o quê?
_ Pegar minhas coisas, pa...
_ Daqui você não leva uma calcinha! Se dê por satisfeita levar o que você está vestindo!...
_ São minhas coisas!
_ Suas?... SUAS?... Você comprou com que dinheiro? Você trabalha? Até onde eu sei você trepava com o vagabundo mas não cobrava! Ele comeu sua boceta, seu cu, sua boca... mas nunca te deu um real por isso! Sortudo, não? Uma puta a sua disposição... sem ter que mexer na grana que roubou para comprar suas drogas! Muito sortudo! Ainda teve o privilégio de arrancar seu cabaço! [Risos] Enquanto você estava arreganhada com o cacete dele dentro da sua boceta, recebendo gala temperada com droga... Eu estava trabalhando... Suando para pagar as escolas que você não freqüentava para ir pro barraco dele receber rola! Trabalhava para comprar essas roupas, que você exigia ser de marca “X” ou marca “y”, e que você tirava com tanto gosto para aquele marginal desfrutar do seu corpo... DAQUI VOCÊ NÃO LEVA NADA! NADA! ... E saia da minha frente!
_ Nestor...
_ Calada, Rosa! Se quiser... pode ir com ela!
Eu não sabia o que fazer. Tudo começou quando eu conversava com minha prima e ela me contava sobre a gravidez. Não vimos meu tio se aproximar. Ele escutou e começou aquela cena. Eu estava constrangido, penalizado, nervoso... Nunca pensei que ele fosse ser capaz de ter aquela reação. Ele sempre foi o brincalhão da família! Era de uma cabeça tão aberta! Inclusive em relação a mim. Enquanto os outros tios e alguns primos viviam me insultando e insinuando que eu era gay, ele me defendia. Repreendia a atitude dos outros... aquele parecia outro homem... Tio Nestor deu as costas e foi em direção ao quarto. As lágrimas caiam em abundância! Fiquei preocupado com seu estado de nervosismo. Tia Rosa saiu com Mirna e ficaram abraçadas na varanda. Elas choravam muito. Fui ao encontro delas. Mirna me abraçou...
_ O que é que eu vou fazer, primo? Estou desesperada!
_ Calma... Calma... A gente vai resolver! Calma!
Minha tia pôs a mão em meu ombro...
_ Não fala pra ninguém sobre o que aconteceu... pelo menos por enquanto...
_ Nem precisa pedir, tia!
_ Fernandinho... conversa com ele! Tenta acalmá-lo! Morro de medo de ele sentir alguma coisa!
_ O tio é muito jovem tia!
_ Mas isso não garante nada! Não são só os idosos que têm AVC, infarto, derrames... Você viu o estado dele? Tenho muito medo!
_ E você, Mirna? Vai para a casa do Douglas?
_ A gente terminou!
_ O quê, filha? Como terminou? Agora que você está nesse estado? Brincadeira!
_ Eu tenho uma sugestão... Mas o tio não pode saber! Vocês ouviram ele dizer que era para ela ficar longe da família! Se ele souber que ela está recebendo ajuda... fudeu!
_ Se for para ficar na sua casa... esquece! A vó mora bem na frente!
_ Não. Até por que meus pais voltam hoje de viagem... Não daria certo. Mas na casa do Icaraí dá!
_ É mesmo, primo! Mas teus pais não vão para lá?
_ Não é para sempre, Mirna. Só até a poeira sentar. Daqui a dois dias o tio vai estar outro...
_ E como vai ser? Como a Mirna vai se virar por lá?
_ Vamos fazer isso agora! Tia, a senhora aproveita que não tem ninguém na casa da vó e vai lá em casa com a Mirna. Pega a chave que está pendurada atrás da porta da sala... Há várias lá! A do Icaraí é uma com um chaveiro de couro... uma estrela. Pega também alguma comida. A Mirna pode ir ao meu quarto e pegar algumas roupas que sirva. É de homem, mas tem calções e camisas de malha que quebram o galho.
_ Não. Esperem aqui que vou tentar pegar algumas roupas...
Tia Rosa entrou.
_ Mirna, você tem que falar sério com o Douglas! Como você foi cair nessa, prima? Eu sabia – você mesma me contou – que vocês transavam, mas eu nunca pensei que fosse sem camisinha! Não só pelo risco de engravidar... Você sabe que o Douglas usa drogas! A pessoa que tem esse tipo de vida, Mirna, está pra tudo! Ele não trabalha... Sabe-se lá o que ele faz para conseguir dinheiro!?
_ Foi um vacilo! Foi só uma vez!... Mas ele não faz nada, assim tipo sexo por dinheiro... Eu acho! Principalmente com gay... Ele é preconceituoso! Uma vez eu contei seu segredo... ele ficou meio assim... mas disse que só ia engolir porque você era “chapa”... e não “desmunhecava”.
_ E quem te garante? Você não passa vinte e quatro horas com ele! Lembra do skatista? Todo machão, todo preconceituoso... pegador... Lembra, não é?
_ [Risos] Doido! Só você Fernandinho! Fazer eu ficar escondida para ver vocês trepando! [Risos] Eu fiquei em pânico!
_ Eu dizia e você duvidava! Então... provei!
_ [Risos] Até hoje, primo, eu olho para ele e lembro. Dá uma vontade de rir! [Risos] O pior foi ver que ele era o passivo! Eu nunca pensei! [Risos] Nem eu sou tão solta! [Risos] Ele gemia, rebolava! [Risos]
_ E eu... metendo nele... [Risos] Olhava para o maleiro onde você estaca escondida... [Risos] Eu fazia caras e bocas... Batia na bunda dele! [Gargalhadas]
_ Nunca esqueci! Eu mordia uma toalha que estava dentro do maleiro! Eu juro que pensei que ele fosse escutar! [Risos]
_ Mas não dava... Tinha o rangido da cama e o som da TV... E eu falava aquelas putarias... [Risos] “Rebola minha putinha! Aguenta minha chibata nesse cuzão arrombado... hum... hum!” [Gargalhadas]
_ [Risos] A gente já aprontou, heim! (...) Primo... pensa aí! Se comigo foi esse terremoto todo... Imagina se descobrissem de você!
_ Vira essa boca pro mar!
_ A mamãe está vindo...
_ E aí, tia?
_ Nada! Ele é horrível! Trancou o quarto dela. Está bebendo uísque no quarto! Isso não vai prestar! Vamos, filha... Consegui pegar a chave do carro! Vamos logo antes que ele sinta falta... Fernandinho, meu anjo... conversa com ele! Ele tem tanto apreço por você! Te considera um filho... Você sabe como conversar com ele... Eu vou rapidinho deixar a Mirna lá e volto. Vou tentar chegar sem ele dar por minha falta!
_ Tudo bem... Vocês entenderam bem?
_ Sim. Primo... muito, muito, muito obrigada!
_ Mais tarde eu apareço por lá, Mirna! Se cuida!
_ Certo. Até mais tarde... Vamos mãe!
Elas saíram e eu fui até onde tio Nestor estava, Eu estava muito constrangido e nervoso, pois ele, obviamente, concluiu que eu sabia e, de certo modo, era cúmplice da Mirna. A porta do quarto estava fechada. Respirei fundo e dei umas batidas. Nenhuma resposta. Fiquei preocupado. Bati com mais força...
_ Tio!?! (...) Tio Nestor!?!
Nada! Encostei o ouvido na porta e escutei barulho de chuveiro. Mas ele teria escutado! Bati, quase esmurrando a porta. Dessa vez houve resposta:
_ Oi!
_ Sou eu, tio!
_ Espera!
Ele veio e abriu a porta. Estava muito molhado e com espuma pelo corpo, com a toalha em volta da cintura...
_ Estava no meio do banho...
_ Posso entrar?
_ Entra, mas passa a chave. Eu estou quase acabando...
Eu fui acompanhando-o. Ele entrou no Box e deixou-o aberto. Fiquei na porta do banheiro. A garrafa de uísque estava no criado-mudo e no chão, um copo com uma meia dose.
_ Tio... posso tomar uma dose?
_ Claro! Aproveita e põe uma para mim!
Saí e fui â cozinha. Peguei umas pedras de gelo e um outro copo. Bebi a dose que estava no copo mas coloquei umas pedras de gelo. Uísque nunca foi minha bebida preferida... e puro... era impossível! No outro copo coloquei uma quantidade um pouco maior que a que estava no copo do chão... sem gelo. Ele permanecia no Box, mas o chuveiro estava fechado. Ele deixava a água do corpo escorrer. Ele tinha pelos pelo corpo e por isso, ficava um instante mais ali dentro. Meu tio era o único moreno – tom canela – dentre os sete filhos do meu avô. Mas os olhos eram verdes, como os dos outros irmãos.
_ Ponho gelo, tio?
_ Não! Uísque com gelo é bebida de moça! Cowboy mesmo!
_ Égua! Vou contar, viu?!? Não sei como o senhor agüenta! Não entra! Não entra! É muito forte!
_ Isso aqui é mel diante do que estou sentindo! Desgosto! Decepção! Tristeza profunda! Estou me sentindo derrotado... fracassado... humilhado... Se eu tivesse a certeza que esses sentimentos todos sairiam do meu peito caso eu tomasse uma garrafa inteira dessa bebida... numa golada... eu tomaria! Sem fazer careta!
_ Mas isso não acontece. O único meio de tirar isso daí é perdoar! E melhora ainda mais se der a mão!
_ Se você veio aqui para isso... pode voltar! Estou decepcionado com você, Fernando!
_ Então empatamos!
_ Como é?
_ É isso mesmo! Eu também estou decepcionado com o senhor! Eu esperava isso de qualquer um dos outros tios... mas do senhor... Ah! O senhor, não! Cadê o tio brincalhão, cabeça pra frente, amoroso...? Meu defensor! Quantas discussões o senhor já teve com seus irmãos e seus sobrinhos que ficavam me chamando de veado? Que diziam que eu ia ser a “mancha” da família? Tio...! Aquele que eu assisti ali na sala não era meu tio Nestor! Eu nem conheço aquele homem! Ou será que eu não conheço meu tio?
Ele virou a dose de uma vez, entregou-me o copo e em seguida pegou a toalha que estava no gancho. Enxugava-se, calado.
_ Tio Nestor, eu sei, tanto quanto o senhor, o terremoto que isso provocará na família. Quero logo dizer que não será por mim que ficarão sabendo. O senhor me conhece... Sabe que eu não revelo segredos nem sob tortura! Já dei provas disso quando vi o senhor na casa de um colega meu e descobri que o senhor tinha um caso com a mãe dele, há anos! Nunca toquei nesse assunto... até hoje! Nem falei de um lado e nem do outro! Fiz de conta que não o conhecia... E nunca pedi uma explicação... nada! Nada! O caso acabou, o senhor ficou na sua... E o segredo continua comigo... e vai comigo pro caixão!
_ Eu sei, Fernando. E se eu gostava de você, meu sobrinho, minha admiração aumentou muito. Não por você ter ficado calado e evitado um problema na minha vida. Mas por entender o rapaz decente que você é! Seu caráter... Sua maturidade... Sua discrição!
_ Então... Agora eu pergunto: se eu tive essa postura com o senhor, por que eu não teria com a Mirna? Eu sou um só, tio. Com qualquer um. Errado ou certo... Não é da minha conta... Se não posso ajudar, atrapalhar ou prejudicar eu não vou! Eu sabia? Sabia! Desde o início. Mas não falei, e nunca falaria! Se o senhor não tivesse escutado... por mim, o segredo ia ficar guardado! Eu estava começando a aconselhá-la a conversar com vocês... Era o mínimo que eu podia fazer... Mas chegar e contar... Nunca! Se o senhor se decepcionou por essa razão... sinto muito! Mas eu acho que essa decepção deveria ter surgido desde aquele episódio da casa do meu amigo! Não acha?
_ Você tem razão. Vocês sempre foram tão unidos... Nada mais natural que ela confidenciasse as safadezas dela. Aquela...
_ Pode parar, tio! O senhor já descarregou tudo o que podia e o que não podia diretamente para ela. Era um momento de raiva... O senhor foi pego de surpresa... Tudo bem. Eu até entendo! Mas não esqueça que ao afirmar que sua filha é puta, o senhor atribui parte da responsabilidade ao senhor próprio! Foi o senhor que a criou, deu educação... Então o senhor criou uma puta! (...) Mas eu sei que isso não é verdade!
Ele passou por mim atravessando a porta e chegando a cama, serviu outra dose e sentou na cama. Segurava o copo, olhando-o fixamente. Tremia um pouco. Fui junto dele e pousei minha mão em seu ombro, ele apenas levou sua mão até a minha e deu dois tapinhas.
_ Tio, eu sei o pai carinhoso, dedicado, amigo que o senhor sempre procurou ser!
_ Eu fui seu pai por dois anos, não? Parece que com você eu acertei!
_ O senhor não errou com a Mirna! Eu ainda sinto o senhor como meu pai! E a Mirna como minha irmã! Por isso somos tão ligados! Ela é uma moça adorável... doce... amiga... mas é humana! E erra! E sofre! E não é culpa sua! Todo mundo é assim! O senhor acredita mesmo que os outros da nossa família não erram? Erram! Mas escondem! O senhor não escondia uma amante? Então? A diferença é que uma gravidez é meio impossível de esconder!
_ Grávida! Meu Deus... Grávida!
_ Sim... grávida! E... [Risos] Se prepare para ser chamado de vovô... vovô Nestor!
Ele levantou de supetão.
_ Ele não é mais minha filha! Portanto, não terei neto nenhum!
Tio Nestor ia se abaixando para pegar a garrafa de uísque mas eu fui mais rápido e segurei, afastando-me um pouco dele.
_ Anda... me dá essa garrafa!
_ Que maravilha seria, tio, se um filho fosse, assim, como essa TV aí. Apresenta um defeito, então você não quer problemas e joga fora... “Não quero mais essa TV!” “Essa TV não é mais minha!”. Aí, joga na calçada para ser levada pelo coletor de lixo... Mas uma TV é substituível! Joga fora... compra outra! Filho, não!
_ O uísque, Fernando... por favor?
_ Tio... são duas vidas! Daqui a pouco vem seu neto!
_ Neto... Ahhh...! Vou esperar você me dá um neto!
_ Eu?
Entreguei a garrafa, peguei meu copo e estendi a mão. Ele serviu...
_ É para colocar gelo, é?
_ É.
_ Bebida de moça! [Risos]
Recebi e dei um gole. Ele me olhou, mostrou seu copo pela metade e virou de uma vez... Voltou ao assunto...
_ Netos... só quando os seus filhos nascerem... Poderia até ainda ter outra chance, mas não vingou!
_ Como assim?
_ Aquela outra... Lourdes... engravidou. Mas perdeu!
_ Olha aí, tio! Está vendo... o senhor também foi irresponsável! Desculpe falar assim! Além de ter um relacionamento extraconjugal, ainda ia ter um filho – ou até mais! O seu erro é menor que o da Mirna? Pense bem!
_ Fernando... você não sabe o que acontecia! É fácil julgar quando se estar de fora!
_ Eu não estou julgando, tio. Estou sugerindo que o senhor julgue suas atitudes... e não eu! O senhor também desconhece o contexto, o que estava envolvido na situação da Mirna! Ela nem teve a chance de falar... explicar... O senhor não deixou!
_ Explicar o inexplicável? Sabe o que é mais intragável? Aquele vagabundo, marginal ordinário, viciado, criminoso... ser o pai! Isso eu não tolero! Eu conversei, pedi, expliquei... tudo direitinho. Sem alterar a voz! Do jeito que você conhece... “Filha, que futuro esse rapaz pode te oferecer? Presta atenção! Ele pode até te meter numa fria... Eu amo demais você para, pelo menos, sonhar que algum mal poderá te acontecer...”. Adiantou? Um criminoso!
_ Pois é tio... um criminoso! A propósito, o senhor tem notícias da sua ex amante?
_ Não. Faz mais de dois anos que acabamos tudo! Nem quero ter! Mas por quê?
_ Eu tenho!
_ Mas não me diga... Nem quero saber! Não duvido que tenha outro amante... tem mulher que faz disso um meio de vida!
_ Não tio! Por coincidência, assim como o namorado da Mirna, ela também é criminosa. A única diferença é que está no presídio! Estelionatária!
_ Que conversa é essa?
_ Para o senhor ver! O senhor também poderia ter entrado numa fria! Criminosa!
_ Se isso for verdade, deve ter começado depois que terminamos...
_ Não foi não... Ela era baiana, não era?
_ Era.
_ Pois é... A quadrilha da qual ela era uma das cabeças era de lá. Começou lá. E aqui, ela “trabalhava”... o senhor me entende. Eles atuavam no Nordeste todo! Há mais de cinco anos! Incrível, não?
_ Meu Deus!
_ Pro senhor ver!
_ Olha no que a Rosa me meteu!
_ A tia Rosa? Como assim?
_ Tudo culpa dela! Aliás... a melhor coisa que poderia acontecer era ela acompanhar a filha! Enquanto uma tem um fogo no rabo... a outra tem neve! A Rosa deveria mijar pedras de gelo! Nunca vi uma mulher como ela! Eu modéstia a parte, tenho tesão para agüentar um dia fodendo! A contrário dela! A Mirna ter nascido, foi um milagre! Você é homem... sabe do que eu falo! Um casamento sem trepar não existe!
_ Que é isso, tio?! Estou besta!
_ Por que você acha que tinha amante? E você pensa que a Rosa não sabia? Fingia que não sabia! Eu fazia tudo para ela descobrir e se tocar... Começar a agir como uma verdadeira esposa! Mas ela fingia que não via... Até que desisti! Se eu te disser o que ela alega... [Risos] Até piada!
_ O quê?
_ O tamanho da minha pica! Vê se pode! Como se eu fosse um jumento! A Lourdes agüentava na boceta, no cu, na boca... Se duvidasse, pedia mais!
_ Mas tio... pode ser verdade. Às vezes, se for realmente acima da média, incomoda, causa dor!
_ Fernando... eu sou um homem experiente. Tenho só trinta e nove anos, mas em matéria de sexo meu currículo é de dar inveja! Esse meu cacete já entrou em bocetas de todas as cores, tamanhos, idades... já tirou cabaços que nem conto! Em cuzinhos... há... ele adora! De preferência se for virgem! O danado já arrancou muitas pregas por aí! Então... chegar pra mim e dizer que não trepa porque meu pau é muito grande! Vai pra puta-que-pariu! Não gosta? Certo! Tudo bem... eu trepo fora! Mas seja sincera, caralho! Não teve uma só transa comigo que a comadre não quisesse repetir! Se fosse esses exageros... eu teria que viver na punheta... Como estou a mais de quinze dias!
Eu comecei a sentir algo inédito até então. Passei a ter curiosidade de ver o pau dele duro, pois nunca tinha visto..., e ao mesmo tempo, nasceu um desejo louco por ele... A bebida ajudava nessa fantasia. O tio (pai) agora era o homem! E ele favala aquelas coisas, sempre dando um apertão na pomba ao se referir a ela – tanto que ela já estava um pouquinho mais tomando corpo.
_ Me dá outra dose, tio!
_ De moça?
_ É.
Ele me entregou e bebeu uma também.
_ E isso é desde o começo, tio?
_ É. Naquele tempo que você ficou conosco... lembra?... Já era assim! Você lembra como me chamava?
_ Lembro. [Risos}
Ele vei rindo, brincando, me abraçando, e eu fugindo...
_ Fala... Vai fala... Fala, só uma vez...
_ Não... pára! Eu tenho vergonha! Não...
_ vergonha! [Risos] Anda, fala! Vergonha de mim? Até parece! Você tomava banho comigo! Lembra não?
_ Lembro... vagamente. Sai, tio!
_ Tio, não! Como era? ... Naquela época você não tinha vergonha de lavar meu pinto, não era?
Ele se afastou, rindo.
_ Hã?
_ Ora “hã”! Quer dizer que não lembra? A gente ia tomar banho... Você sempre esperava para ir comigo... E te lavava todo e depois você pedia para lavar meu “piu-piu” [Risos] Depois ficava brincando enquanto eu tocava uma punheta... Mas essa parte você não via! [Risos] Você era uma criança... Eu não era louco! Mesmo o pinto, você lavava enquanto estava mole. Quando queria ficar duro, eu parava! Lembra ou não lembra?
_ Eita! Que perigo eu corri! O senhor na secura, heim! [Risos]
_ Se você fosse um pouquinho maior, bichinho... [Risos] Eu tinha papado! Na hora que eu passava sabonete naquela bundinha... [Risos] Eu me segurava!
_ Pára de falar isso... Depois bate saudade! [Risos]
_ Mas essa saudade já bateu muitas outras vezes! Oh, rapaz... Imagina... você em pé na minha frente passando sabonete no meu pau, no meu saco... ali, na altura da tua boca... Eu olhava assim... pensava só comigo “Mama aí, vai! Chupa o tiozinho! Faz o leitinho sair pra você beber!” [Risos] Era uma tortura!
_ Safado! [Risos]
_ Só de lembrar... Olha o estado do trambolho!
_ E o senhor chama isso de normal! É grande mesmo, cara! E o senhor imaginava um negócio desses sendo chupado por mim? Com aquela boquinha?
_ Imaginava, não... Imagino! Vem aqui... Eu sei que você também quer...
_ Tio...
_ Só uma chupadinha... Depois, com mais calma a gente faz o resto... Vem! Quero ver você beber minha gala! Vê se a porta está trancada mesmo...
Conferi a porta e fui, meio envergonhado, para junto dele que estava de pé ao lado da cama. Peguei no pau dele. A grossura é que era o diferencial, não o tamanho. Era pesada e macia. Soltava uma gota de babinha. Eu espalhei com o dedo pela cabeça...
_ Fica pelado também!
Tirei a roupa e sentei na cama. Meu tio apontou o pau para meus lábios e olhando para seu rosto, abri a boca e dei uma só chupada na cabeça que estava com o gostinho salgado da baba. Ele fechou os olhos e sussurrou:
_ Chupa, Fernando! Engole a pica do teu tio! Chupa... Ahhhh...! Isso!
_ Que rola gostosa! Hum... Hum... Hum...
_ Então sente bem muito o gosto dela! Ahrrrrr...! Que vontade eu tinha naquela época e você está satisfazendo agora! Ahhh...! Chupa nenê... Mama no meu pau! Ahhh...
_ Hum... Hum... Fode minha boca tio! Hum...
_ Vou fuder... Engole o máximo... Isso! Ah...delícia! Vou meter no teu cuzinho assim... Ahr... Ahr... Ahr... Ahr.. .Ahr...
_ Hum... Hum... Hum... Hum... Arhhh... Ai! Assim o senhor me mata! Mais uma vez! Fode!
_ Gostou da pica do tio, não é, safado! Toma! Ahr... Ahr... Ahr... Ahr... Boca gostosa do caralho! Chupa meu saco…
_ Hum... Humm...! Delícia! Cheiroso! Ahrrr...!
_ Põe as duas bolas na boca! Issss...! Ohh...! Deixa bem melado... Fico doido! Hummm...!
_ Então deita aqui…
Tio Nestor deitou e abriu as pernas. O cacetão estava em riste e bem vermelhão com as veias pulsando. Era uma senhora rola! Minha tia era uma retardada! Subi na cama e fiquei entre suas pernas. Peguei com gosto seu pau e iniciei outra série de chupadas. Passava a língua do saco até a cabeça. Engolia o máximo que podia. Chupava o saco. Lambia as virilhas, a região entre o saco e o cu... Ele gemia, segurava minha cabeça...
_ Delícia demais! Como você faz isso bem, Fernando! Ahrrrrrrr.....! Assim eu vou gozar, cara! Vem cá... Fica de quatro! Não vou te comer hoje... mas quero sentir o gostinho desse carretel!
Isso... Empina bem a bunda... Pisca pro tio ver! Uhhhh...! Que cuzinho! Hummm...! Hummm...! Safado esse cuzinho, heim? Pisca... Pisca... Isso! Hummm... Hummm...!
_ Ohhh... Tio! Que gostoso! Aiii...! Delícia! Meu tio gostoso... Tarado! Isssssssssssss! Ahrrrrrrrrrrrrr...! Ahrrrrrr...! Ahrrrr....! Delícia! Mete essa língua! Ahrrr...! Mais...!
_ Pede... Pede, safado! Ahrrrrrrr...! Pisca! Ahrrrrrrr...! Pisca! Ahrrrrrrrrrrr...! Vem me chupar.... Quero gozar em cima dessa bunda! Isso bate a rola na cara! Safado do tio!
_ Rola gostosa! Tanto tempo sem trepar, deveria ter me chamado! Humm...! Hummm...! Hummm...! Cacete gostoso! Hum... Hum... Hum...!
_ Issss...! Vontade não faltou! Hummm...! Ahrrrr...! Mas daqui pra frente! Hummm...! Ahrrr...! Você vai agüentar muita rola no rabo! Ahrrr...! Tá pertinho! Vou gozar na tua bunda! Vira... Vira! Ahrrr... ! Ahrrrrrrrrrrrr...! Caralho! Ahrrrrrrrrrrrrrr...! Calma aí!... Vem... Vira! Abre a boquinha! Isso bebe o leite do titio!
Depois que gozou muito sobre minha bunda, ele foi passando o mão de modo a fazer a gala escorrer entre as nádegas. Ele aparou com a mão uma boa quantidade e despejou em minha boca. Depois lambi alguns de seus dedos.
_ Agora deita aqui! Você também tem que gozar... Uma punhetinha caprichada com minha gala...
_ Ahhhrrrr...! Delícia, tio!
_ Bom, não é? Goza gostoso... vai!
_ Ahrrr...Ahrrr... Ahrrr... Ai, tio! Vou gozar! Uhrrrrrrrrrrrrrrr...! Uhrrrrrrrrrrrrrr...!
_ Isso! Eita que é porra! Ahrr...! [Risos]
_ Ah... A melhor gozada que já dei!
_ Melhor será quando minha rola estiver socada todinha no seu cuzinho! [Risos] Vamos tomar uma ducha?!
Depois do banho, tomamos mais uma dose de uísque.
_ Passou mais a raiva, tio?
_ Só um pouco! Mais uma chupada dessas e passa um pouco mais! [Risos]
_ [Risos] Passou, não é? Já está fazendo piada!
_ Fernando, o golpe foi profundo! Imagina a vida dessa menina daqui por diante. Um filho pra criar... que provavelmente quem vai criar somos eu e Rosa! Um vagabundo daqueles que hoje está solto, mas amanhã pode estar num presídio! Não é fácil! Uma filha que eu criei com tanto gosto... Com tanto amor...
_ Não é fácil... Mas é possível e é necessário! Agora é que é o momento de mostrar o seu amor! Amar quando tudo está perfeito é muito fácil! Quero ver amar é numa turbulência. Aí sim... Se for amor mesmo ele permanece e supera tudo! E eu tenho certeza que é amor! Não há dúvidas. Mas faça assim... tire uns dois dias para refletir. Ela está bem... Não se preocupe.
_ Onde ela está?
_ Está bem! Deixe que eu cuido dela. Ela não vai pra casa do rapaz... Amanhã eu volto para conversarmos... Tudo vai estar mais claro, o senhor vai ver!E quando a tia Rosa chegar... não discuta! Não aumente mais ainda o problema... Posso confiar?
_ Obrigado, Fernando. Você se tornou um rapaz maduro... Deve ser um grande orgulho pros teus pais. É para mim! E agora, mostrando-se essa putinha! Melhorou! [Risos]
_ Ahhh!
_ Eu prometo! Vou pensar bastante! Vem cá, deixa eu te dar um beijo! (...) No rosto não, rapaz! Na boca, porra! [Risos]
Ele me beijou forte mas breve... Fiquei um pouco sem jeito... Ele era incrivelmente piadista, levava tudo na brincadeira e não perdia a oportunidade de fazer um comentário engraçado...
_ Eu beijei a boca de baixo... por que não posso beijar a de cima? [Risos]
_ Aff... O senhor me mata!
_ Isso porque eu ainda não fiz estrago nenhum! Vai ser banda de cu pra todo lado! [Risos]
_ Até parece!
Ao sair da casa, tia Rosa foi estacionando. Veio ao meu encontro...
_ Deixei-a lá! De tudo certo! Obrigada meu filho! Serei grata pelo resto da vida! E ele?
_ Tia, conversei muito com ele. Acho que consegui muita coisa... Ele está mais tranqüilo e me prometeu pensar sobre a situação da Mirna. Tenho certeza que ele vai reconsiderar... Mas eu preciso que a senhora evite confrontos. Se puder, deixe-o no quarto... Nem entre lá! Vai dar certo...
_ Deus te ouça! Deus te ouça! Vou seguir seus conselhosDeixei meu celular com ela. O dela ficou no quarto! Você tem o número... Se quiser ligar... Ela ficou bem! Fiz ela me dar o telefone desse tal Douglas... Vou falar com ele!
_ Não tia! Não faça isso! Deixe que eu falo... A senhora chegar assim, sabe? Sei lá! A gente não sabe como ele pode reagir...
_ E você promete que liga? Em você eu confio! Sei que saberá o que dizer...
_ Deixe comigo! Farei isso agora mesmo! E ela... será que não vai cair na besteira de ligar para ele?
_ E eu sou boba? Deixei sem créditos... Só recebe. E ele não tem meu número!
_ Mas isso não quer dizer nada! Ela pode ligar a cobrar e ele retornar...
_ Ih... É mesmo... Então eu sou boba! [Risos]
_ Então eu vou indo... mais tarde eu ligo dizendo como foi o papo...
_ Certo... beijo!
Em casa, liguei para o rapaz:
_ Alô, Douglas?
_ Quem é?
_ É o Fernando... primo da Mirna. Tudo bem?
_ O que é que tá pegando?
_ Eu queria muito conversar contigo. Olha, ela nem sabe que eu estou te procurando... Se você quiser falar para ela, não tem problema. Mas depois que conversarmos, certo? Por enquanto, deixe só entre nós...
_ E qual é o assunto?
_ Prefiro falar pessoalmente... pode ser? Mas, claro que é sobre vocês... Creio até que você já imagine o que seja...
_ Olha brother, ela ta embaçando a parada com esse bucho! Por mim, ela tirava e pronto, ficava tudo na legal... Mas eu não posso forçar, né! Ela sabe que sou bicho-solto! Vivo de bico... Mal consigo me sustentar! Ela sabe! Ela sabe! Fala aí, onde vai ser o papo?
_ Pode ser aqui em casa. Eu estou só. Mas teria que ser agora...
_ Tá de rocha! Estou com uma mobilete de um chegado aqui... Dá pra ir agora, na limpeza... Manda o endereço...
Falei o endereço. No fim, as últimas palavras dele me deixaram com uma pulga atrás da orelha...
_ Sei chegar aí... Tá sozinho sozinho é?
_ Estou.
_ [Risos] Sei. Chego já por aí... Vou só tomar um banho, falou?... Chego já, heim! [Risos]
_ Estou esperando...
_ Hum!
Desliguei o telefone e pensei: “Será?”