Tudo novo de novo - Parte VII

Um conto erótico de T. Monteiro
Categoria: Homossexual
Contém 5283 palavras
Data: 16/03/2011 23:47:10
Última revisão: 20/03/2011 00:51:00

Galera, antes de tudo, quero comunicar que agora estou contando com a ajuda de uma pessoa muito especial pra escrever esse conto. Chegamos numa conclusão de que estava ficando muito igual a maneiras dos dois personagens pensar, então eu faço a primeira parte e ela a segunda, no entanto o conto agora é nosso, meu T. Monteiro e minha querida amiga Gabi A.! Espero que gostem, muito obrigado.

Capítulo 6 – SURPRESAS

Com o passar dos meses, Isadora e Tálita foram se envolvendo a cada dia mais. Intimidades, brincadeiras, segredos... e um sentimento em comum escondido. Mas isso estava por terminar. Tinha chegado o dia da formatura e a intenção das duas era que aquele segredo acabasse justamente naquele dia.

*Tálita*

“Eu não posso mais negar pra mim mesma, eu me apaixonei por Isa. A festa é hoje, e ela vai embora logo depois. Tenho que contar toda a verdade, e rápido.”, pensei, enquanto tomava banho.

Saí do banho e, enquanto me trocava, pensava em um jeito de falar toda a verdade à Isadora. Mas a cada pensamento, um frio na barriga se formava. Passei a tarde me arrumando com minha mãe. Fiquei praticamente o dia todo sem me comunicar com ninguém. À tarde, Luana me ligou dizendo que iria nos esperar no local da formatura.

Quando cheguei, todos os meus amigos estavam me aguardando. Infelizmente, não pôde vir toda a minha família: foram somente meus pais, minha irmãzinha mais nova e meu irmão mais velho, minha outra irmã estava viajando a trabalho. Fiquei ali por alguns minutos, até que Isa chegou.

Nossa, eu quase tive um treco quando a vi! Ela estava simplesmente deslumbrante com um vestido vermelho, que realçava suas curvas. Fiquei olhando por alguns minutos, e de repente meu mundo parou, parecia que eu estava hipnotizada por ela. Não tive mais dúvidas, seria naquele dia mesmo. Ela veio em minha direção e logo atrás veio um casal e um rapaz muito bem vestido, muito bonito também. Isa chegou, me cumprimentou, e apresentou-me seus pais e seu primo Henrique.

Nossos pais já se conheciam. Meu pai foi amigo de colégio do pai dela, mas minha mãe não simpatizava muito com Isadora. Ela sempre soube de toda aquela confusão e não engolia muito bem minha amizade com ela, mas nunca deixou de ser educada e de tratá-la bem.

Eu já conhecia a mãe de Isa, que era um amor de pessoa, mas nunca tinha visto o pai dela. À primeira vista, ele parecia bem sério, mas bastava um minuto de conversa pra ver que não era nada daquilo que aparentava.

Sentamos todos juntos e foi aquela bagunça. Lá pelo meio da festa, as coisas começaram a melhorar. Estavam quase todos bêbados, mas eu nunca tinha a oportunidade de ficar a sós com a Isa. Por motivos de segurança, eu não abusei da bebida, queria fazer tudo em sã consciência. Isa já tinha abusado um pouco, mas sempre que eu tentava conversar com ela éramos interrompidas.

A festa estava quase no fim e nada de eu conseguir falar com ela. Eu já estava quase perdendo as esperanças quando fui ao banheiro, com a intenção de voltar para casa logo depois. Mas algo me surpreendeu: quando estava saindo, a vi correndo em minha direção. Quando ela chegou bem perto de mim, minha reação foi retrair-me, um tanto confusa. Era um lugar afastado e não havia muita gente por ali.

Inconscientemente, me encostei à parede, quando ela disse:

- Preciso falar com você, ou melhor, preciso fazer uma coisa antes de ir embora.

- Fala logo o que é, você tá me deixando nervosa... – falei, com o coração aos pulos dentro do peito.

Ela se achegou, tão próxima a mim... fitou-me os olhos por alguns segundos, com uma profundidade que parecia enxergar-me a alma... e me beijou lentamente, parou, e disse:

- Precisava fazer isso antes de ir.

Eu não disse mais nada. Nem precisava... somente a olhei, puxando seu corpo ao meu encontro e beijando sua boca demoradamente, com todo o desejo que estava acumulado em mim. Naquele momento, meu chão sumiu. Tive a impressão de estar sonhando... nunca havia esperado tanto por uma coisa como esperei por aquele beijo. Ela parou o beijo novamente e me olhou, dessa vez eu disse:

- Você não tem noção do quanto eu esperei por isso!

Quando ela abriu a boca para me responder, chegou a nossa turma e nos puxou para a pista de dança. Naty e alguns meninos da minha sala me puxaram pra dançar. Eu tentava achar Isa no meio do pessoal, mas não conseguia. Quando consegui me livrar de todos, fui até nossa mesa pra ver se a encontrava. Estavam somente Paulinho e Luana sentados na mesa.

Perguntei a eles se haviam visto Isa e me disseram que ela tinha saído com o primo fazia alguns minutos. Tentei ligar pra ela, mas seu celular estava desligado, estava muito tarde e não podia ir até sua casa. Deixei pra ir até lá quando amanhecesse. Quando voltei pra casa, já era quase de manhã. Tomei um banho, descansei um pouco, tentei ligar o dia todo pra Isa e nada de conseguir falar com ela.

À tarde, fui até a casa dela, e quem me atendeu foi sua mãe. Perguntei a ela sobre Isa e ela me disse que já havia ido embora pra São Paulo, que tinha aproveitado a carona do primo e ido de madrugada.

Eu não quis saber de mais nada, fiquei em silêncio por algum tempo, até que Dona Inês me perguntou se estava tudo bem, tirando-me de meus devaneios. Eu respondi que sim, e rapidamente pedi o endereço de onde ela estava. Ela me passou e eu fui direto pra casa, peguei algumas roupas e coloquei na mochila, fui até a casa de Paulinho pra pedir que ele me cobrisse no trabalho e que me levasse até a rodoviária pra pegar um ônibus.

Ele não entendeu nada, mas me levou quando eu prometi que contaria tudo a ele assim que voltasse.

Quando cheguei à rodoviária, eram exatamente 17h e o próximo ônibus saía às 17h30. Esperei meia hora, até que o ônibus saiu. Foram umas três horas e meia de viagem. Lá, peguei um táxi e fui direto até onde o endereço indicava, no bairro Perdizes.

Conversei com o porteiro e ele disse que não havia ninguém em casa e que Isa costumava chegar naquele horário, então resolvi esperar ali mesmo. Estava distraída, pensando no que poderia acontecer quando ela chegasse. Me encostei no portão, mexendo no celular e com um cigarro na mão, até que alguém se aproximou, tirou o cigarro da minha mão e jogou fora, perguntando bem pertinho ao meu ouvido:

- Está perdida por aqui?

Quando pensei em abrir a boca pra xingar o infeliz que tinha pego meu cigarro e jogado fora, reconheci aquela voz linda e quase não acreditei. Era ela. Me arrepiei inteira com a sensação de tê-la tão próxima a mim, e quando levantei a cabeça pra poder encará-la, me deparei com um sorriso imenso, lindo. E aqueles olhos verdes, me fitando com uma ironia provocante, só contribuíam pra deixar meu coração ainda mais descompassado. Retribui o sorriso e ela disse:

- Ainda não largou desses vícios?

Como se eu nem tivesse escutado, perguntei, com a menor intenção de saber a resposta:

- Como você foge e me deixa daquele jeito?

- É que...

Nem deixei que ela continuasse a se explicar. Eu a desejava demais pra querer saber de qualquer explicação naquele momento. Sem avisar, tomei sua boca com um beijo mais que intenso. Pus meus braços ao redor de sua cintura e a apertei contra mim. Eu precisava sentir aquilo outra vez, sentir o gosto do seu beijo, o seu coração palpitando, o carinho e toda paz que ele me trazia.

Parei o beijo e a olhei, tentando convencer a mim mesma de que aquilo não era um sonho. Ficamos nos olhando por alguns longos segundos, até que ela me perguntou, com um sorriso:

- O que você está fazendo aqui?

- Vim buscar o que você roubou de mim, uai. – respondi com um risinho safado.

- O quê? – perguntou, curiosa.

- Isso! – puxei sua nuca, dando-lhe outro beijo rápido.

- Vamos entrar, você precisa descansar um pouco... – falou. Não sei se foi apenas impressão minha, mas podia jurar que seu olhar estava repleto de segundas... terceiras... milésimas intenções.

Entramos e subimos até seu apartamento. Era lindo, muito bem decorado. Pequeno, porém muito confortável e aconchegante. Na sala, haviam dois sofás enormes, um tapete felpudo e uma estante pequena, com a TV e o som.

Ela entrou, colocou as chaves na estante e perguntou:

- Quer tomar um banho? Você deve estar cansada...

Sem perder tempo, e com a cara mais safada do mundo, eu respondi:

- Só se você for junto comigo...

- Vem, vou te mostrar onde é o banheiro. – ela disse, soltando uma risada deliciosa, seguindo à minha frente e eu a acompanhando logo atrás.

Quando entramos no seu quarto, eu não pensei em mais nada. Ela mal tinha aberto a porta quando eu, num impulso louco, a puxei pela cintura e a beijei, com toda a fome que eu tinha dela, e só dela.

Enquanto me beijava, ela tirou minha mochila e atirou no chão. Foi tirando minha blusa lentamente, botão por botão, e depois foi logo desabotoando minha calça, me acendendo um fogo avassalador. Eu, seguindo seus movimentos, tirei meus sapatos quase aos tropeços, com ela me puxando até o banheiro, sem parar de me beijar.

Quando chegamos até o banheiro, eu acabei de me despir e ela fez o mesmo, especialmente pra mim.

Entrei pra tomar um banho e ela veio logo atrás de mim, me abraçando por trás. Nossa, eu mal conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo! Era tudo um sonho pra mim, a mulher que eu tanto desejava estava ali, nua na minha frente e era todinha minha. Fiquei ali, admirando seu corpo por algum tempo, meu coração só faltava sair pela boca. Foi quando ela, interrompendo meus pensamentos, disse, toda provocante:

- Se for pra ficar só olhando, eu vou embora...

Eu soltei uma risada e a puxei pela cintura, colando seu corpo ao meu:

- Tá ansiosa, é? – sussurrei, em seus lábios.

Ela acariciou meu rosto, me olhando nos olhos e disse:

- É que você não tem noção do quanto eu esperei por isso...

Aquilo me desarmou por completo, me deixou totalmente entregue. Sem me dar sequer um segundo pra pensar, ela me puxou pela nuca e me beijou novamente, um beijo intenso, exigente, apaixonado... eu podia sentir seu coração disparado, denunciando todo o desejo que tomava conta de seu corpo.

Empurrou-me até a parede, beijando e mordendo meu pescoço, minha orelha, minha nuca... me enlouquecendo a cada toque. Desceu até meus seios, beijando e sugando delicadamente, com uma de suas mãos deslizando pelas minhas costas... logo encontrou meu sexo, que a essa altura já estava encharcado e pulsando de tesão. Quando se aproximou, eu segurei sua mão, e ela me olhou assustada, então eu disse:

- Quero você lá na cama!

Ela me olhou com carinha de piedade e fez biquinho, terminamos o banho juntas... mas logo que saímos, não aguentei muito tempo e a levei até a cama, me deitei sobre ela e comecei a beijar seu pescoço e dar pequenas mordidas. Ela abriu as pernas enquanto subia as mãos pela lateral do meu corpo, me arrepiei com seu toque... eu me movimentava sobre ela enquanto acariciava cada canto do seu corpo, desci até seus seios, e, percebendo os sinais do corpo de Isa, desci minha mão até seu sexo molhado e trêmulo. Ela apertou as coxas como um pedido para que eu entrasse nela, e eu não pensei duas vezes em aceitar o pedido. Penetrei-a com dois dedos, massageando seu clitóris... o quase silêncio do momento foi rompido com gemidos mais e mais altos. Eu intensificava as estocadas ajudando com movimentos de quadris sobre ela, enquanto lambia e chupava seu pescoço, seu queixo... quando percebi que seu corpo estava dando sinais, parei as estocadas e sorri maliciosamente pra ela, dizendo:

- Ainda não...

- Como assim, vai me deixar nesse estado? – perguntou, indignada.

- Quero que você goze comigo...

Continuei sussurrando, mordiscando sua orelha, descendo até seu sexo ensopado, beijando e lambendo sua virilha e deslizando até seus grandes lábios, alternando entre beijos e lambidas. Afastei seus pequenos lábios com os dedos e mergulhei minha boca ardente em seu sexo, empurrando minha língua, sugando a explosão do seu gozo... ela esfregava ainda mais seu sexo na minha boca, enquanto soltava gemidos que pareciam música aos meus ouvidos. Eu quase gozei, sem ela sequer me tocar. Ainda ofegante, desabei meu corpo sobre o dela. Segundos depois, ela trocou de lugar comigo, me surpreendendo de imediato.

- Agora é minha vez... Quero sentir você inteira! – disse ela, beijando-me com volúpia.

Meu sexo estava completamente ensopado, assim como o de Isa. Rocei meu sexo no dela, liberando gemidos roucos de Isa, excitando-me ainda mais. Ela sugava os meus seios, beijava minha barriga, até descer no meu íntimo. Fez de mim o que bem quis, eu me tornei seu objeto de desejo, e gostei tanto que, em questão de minutos, já estava me desmanchando em espasmos.

Ficamos abraçadas por muito, muito tempo. Enquanto eu acariciava seus cabelos, olhando em seus olhos, profundamente, ela retribuía o carinho, acariciando minha barriga. Sabíamos que havia muita coisa a ser dita, mas parece que as palavras fugiram naquele instante. Talvez elas fossem totalmente dispensáveis, diante do brilho ofuscante daqueles olhos verdes, que enchiam de luz o meu mundo.

*Isadora*

“Eu não aguento esperar mais um segundo sequer. Preciso dela, preciso tê-la, não importa como, não importa onde. Apenas preciso.”

Pensamentos como esses povoavam minha cabeça dia após dia, desde quando a reencontrei. Como o destino foi me pregar uma peça dessas? Como eu fui me apaixonar por ela, justo por ela? Bem, eu não sei. Mas o fato era que eu me perdia toda vez que, mesmo sem querer, os meus olhos encontravam os dela.

Perdi as contas das chances que desperdicei, ora por medo, ora por vergonha, ora por qualquer outro motivo idiota que me impedia de chegar até ela e dizê-la tudo o que eu queria dizer.

Mas havia prometido a mim mesma que daquela noite não passaria. A noite da formatura era minha última chance. Depois disso, eu voltaria para São Paulo, e a partir daí, nem sei mais como seria. Estava tentando não pensar em como seria o “depois”. Só me importava o “agora”. Ou melhor, o “hoje à noite”.

Estava ansiosa como nunca estive antes. Eu mal sabia o que vestir, muito menos o que fazer quando estivesse lá, com ela, frente a frente. Depois de horas e horas experimentando uma infinidade de vestidos de festa, optei por um modelo vermelho, que valorizava minhas curvas e meu tom de pele. Algum tempo depois, eu estava linda. Linda como deveria estar, linda para a noite, linda para ela.

Fiquei algum tempo sozinha em casa, esperando por meus pais e meu primo. Por um momento, pensei em ligar para Talita, só para ouvir a voz dela, e quem sabe falar tudo aquilo que estava engatado em minha garganta há tanto tempo, mas achei melhor não. Por volta das 23h, meus pais chegaram, e junto deles estava meu primo Henrique. Sem perder mais tempo, seguimos para a festa.

Ao chegarmos lá, inconscientemente, meu olhar buscou por ela. Por todos os cantos, em todos os rostos. Até que a encontrei ali, rodeada de amigos, como eu sempre costumava vê-la. Estava tão linda! Trajava um vestido preto, simples e discreto, mas de um bom gosto indiscutível. Fui em sua direção de imediato, quase esquecendo de meus pais e de meu primo, que me seguiram logo atrás.

Quando a alcancei, pude vê-la de perto. Meus olhos a percorreram de cima a baixo. Eu podia sentir o coração batendo descompassado, as mãos suando, as pernas bambas... a ânsia de tê-la era maior do que tudo o que havia em mim. Não sei de onde arrumei forças para me conter e não agarrá-la ali mesmo. Me contentei em sorrir e cumprimentar os que estavam na mesa, educadamente.

Algum tempo depois, a festa começou a ficar bastante animada. Todos bebendo, rindo, conversando, alguns dançando... tudo muito bom. Mas algo ainda me faltava, para que a noite se tornasse perfeita. De vez em quando, eu olhava para ela, disfarçadamente, imaginando como seria quando estivéssemos a sós. E o que teria de fazer para que ficássemos a sós.

Confesso que isso estava bastante complicado. Toda vez que eu pensava em chegar e falar com ela, alguém aparecia do nada, e interrompia. Aquilo me deixava tão nervosa que eu passei a tomar mais algumas doses, caso contrário explodiria de tanta tensão.

Até que, talvez como um sinal, eu a vi se levantando. Nem pensei duas vezes: virei a taça de champanhe que tinha na mão, e, pouco tempo depois, fui atrás dela. Àquela altura, a festa estava lotada. Eu comecei a procurá-la desesperadamente, meu olhar percorria todos os lugares, e nada de encontrá-la. Quando a vi, saindo do banheiro, corri feito uma louca em sua direção. Ela me olhou assustada, completamente confusa. Naquela hora, nem mesmo eu sabia direito o que estava fazendo. Demorei alguns segundos para organizar as palavras na mente:

- Preciso falar com você, ou melhor, preciso fazer uma coisa antes de ir embora.

- Fala logo o que é, você tá me deixando nervosa... – ela falou, com os olhos meio arregalados.

Num impulso, me aproximei de seu corpo. E a olhei, inteiramente, intensamente. Talvez meu olhar pudesse me poupar algumas palavras. E aos poucos, seu olhar assustado se tornou cálido, sensual, provocante. Eu via naquilo uma provocação clara. Ela me desejava tanto quanto eu a ela. Segurei seu queixo e beijei sua boca, lentamente, ainda com uma leve pontada de medo de que ela não correspondesse, de que não gostasse, de que me achasse uma bêbada maluca...

- Precisava fazer isso antes de ir... – falei, um pouco tensa, passando a mão pelos cabelos.

Ela olhou para mim e sorriu um risinho fofo, que me livrou de todo o nervosismo daquele momento. E me puxou pela nuca, colando seus lábios aos meus, de um jeito envolvente, alucinante, me deixando sem ar. A partir daí, não tive mais dúvidas. Eu era dela, e ela era minha. Quando interrompi o beijo, para respirar um pouco, ela me olhou nos olhos e disse:

- Você não tem noção do quanto eu esperei por isso!

Aquilo era tudo o que eu queria ouvir. Era tudo o que eu sonhava em ouvir dos lábios dela. A noite já estava ganha para mim, sem dúvidas. Nada poderia ser mais perfeito!

- Talita, eu te am... – no exato momento em que abri a boca para dizer que a amava, chegaram alguns amigos, e nos puxaram para dançar. Ai, que raiva que me deu naquela hora! Por quê sempre tem que ter alguém para atrapalhar numa hora dessas?! Tenho quase certeza de que foi ideia daquela idiota da Natália, que morre de ciúmes da Talita. Quando as vi dançando juntas, quase morri. Não aguentei ficar ali por nem mais um segundo. Aproveitei o fato de meus pais já estarem querendo voltar para casa, avisei a Paulinho e Luana que estava me retirando e peguei uma carona com meu primo.

Chegando em casa, tirei os sapatos e o vestido, e me joguei na cama. Foi impossível conter as lágrimas. Chorei de raiva, por ter sido interrompida, justo naquele momento tão especial. Gritei, urrei, esmurrei o travesseiro, na tentativa de amenizar o ódio que estava me corroendo. Após derramar quase um rio de lágrimas, me senti mais calma e resolvi tomar um banho quente. Aquilo me deixou bem mais relaxada...

Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, eu repassava em minha mente tudo o que havia acontecido naquela noite. Imediatamente me veio a lembrança do toque, da voz, do beijo dela... e tudo nela me excitava ao extremo. Desejei como nunca que ela estivesse ali, ao alcance de minhas mãos, naquele momento. E acariciei meu corpo inteiro, imaginando serem dela as mãos que me tocavam, exploravam e invadiam.

Caí no sono, completamente exausta, depois de ter me tocado a noite inteira, pensando nela. Na manhã seguinte, saímos cedo, meu primo e eu. Agradeci a mim mesma por ter arrumado as coisas com antecedência, pois eu estava sem vontade alguma de arrumar malas, àquela hora da manhã. Adormeci no banco do passageiro, durante toda a viagem até São Paulo. E acordei com meu primo beijando-me os lábios levemente, dando-me um baita susto:

- Hã!? O que você...

- Chegamos, prima! – disse ele, sorridente, interrompendo minha fala.

- É, eu percebi. – disse, indiferente.

- Precisa de ajuda com as malas? – ofereceu-se.

- Não, muito obrigada. Eu sei me virar sozinha. – falei, retirando o cinto de segurança e abrindo a porta para sair.

- Se precisar de qualquer coisa... – sugeriu, descarado.

- Só preciso que você abra o porta-malas, pra que eu tire as minhas coisas. – cortei.

- Tudo bem... – tirou as chaves do contato, descendo do carro.

Abriu o porta-malas, tirou minhas malas lá de dentro e perguntou:

- Isso tá pesado... tem certeza de que não quer que eu as leve pra você?

- Ok, pegue aquelas de lá... – apontei para as maiores e mais pesadas. – Que eu levo essas daqui... – duas nécessaires, com roupas íntimas e sapatos.

Ele esperou que eu ocupasse minhas mãos com as maletas menores, para agarrar-me pela cintura e roubar-me um beijo.

- Que pensa que está fazendo? – perguntei, indignada.

- Só estou fazendo o que já deveria ter feito há muito tempo...

- Para com isso! Eu, eu tenho namorado! – menti.

- E quem disse que eu sou ciumento? – sorriu safado, me roubando outro beijo.

- Já chega, não quero nada com você!

- Tem certeza? – sussurrou em meu ouvido, agarrando-me.

- Tenho. Agora vá embora. Obrigada pela carona. Pode deixar que eu me viro com as malas.

Ele fitou-me por um instante, com aquele sorriso irritante escancarado no rosto. Se ele achava que me faria de besta de novo, estava muito enganado!

- Tudo bem... – consentiu. – Não vou forçar a barra com você, mas não pense que estou desistindo. – sorriu, irônico, roubando-me um selinho.

Saiu andando, entrou no carro e de lá, me jogou um beijinho. Fiz que nem vi. Peguei as malas e fui em direção à portaria, para pegar as chaves do apartamento. O porteiro ofereceu ajuda para levar as malas, e eu prontamente aceitei. Pouco tempo depois, eu estava em casa novamente.

Desfiz a bagagem, arrumei minhas coisas, e depois de tudo pronto, resolvi pegar o carro e dar uma volta. Estava completamente inquieta, imaginando como Talita estaria, com quem estaria, se sentia minha falta... por um momento, pensei em voltar para Minas, só para vê-la novamente. Dizer tudo o que não foi dito, esclarecer as coisas entre nós, beijá-la, e beijá-la, e beijá-la de novo... acho que, desde então, seu beijo havia se tornado um vício, uma droga para mim. E eu não ousava reclamar.

Quando peguei o celular para ligar para ela, vi que estava descarregado. “Que merda!” – pensei. “Melhor voltar pra casa, de lá eu ligo...”. Já eram quase 22h, quando peguei o caminho inverso. Ao chegar com o carro à garagem do prédio, o porteiro me avisou:

- Dona Isa, tem alguém lá fora, à sua espera.

- Alguém? Como assim? É alguém conhecido, seu Antônio? – indaguei.

- Nunca a vi por aqui antes, dona Isa. Acho melhor a senhora ir até lá e conferir quem é... – sugeriu.

- Ok, obrigada.

- Por nada.

Fiquei por alguns segundos tentando imaginar quem estava me esperando. Estacionei o carro e fui ver quem era. Quase morri do coração ao avistar de longe aquela coisinha pequena, toda linda, encostada no portão. Ela estava absurdamente sexy, com as pernas cruzadas e um cigarro na mão, mexendo no celular.

Fui chegando por trás, devagarinho, sem fazer barulho... e só para provocá-la, tirei o cigarro de sua mão, joguei no chão e pisei em cima. Juro que pude ver labaredas saindo de seus olhos, quando ela se virou furiosa, para me encarar.

- Está perdida por aqui? – perguntei, com um sorriso cínico.

Ela não disse nada, só ficou me encarando por alguns segundos. De repente, me sorriu aquele sorriso bobo que eu tanto amava.

- Ainda não largou desses vícios? – tornei a perguntar. Na verdade, pouco me interessava a sua resposta. Tudo o que eu queria era beijá-la ali, naquele exato momento.

- Como você foge e me deixa daquele jeito? – perguntou-me, como uma criancinha manhosa.

- É que... – ainda tentei me explicar. Tentei dizer o quanto tinha ficado chateada ao vê-la com Natália, dizer o quanto a amava, tentei dizer tantas coisas...

Mas ela simplesmente calou minha voz com o beijo que eu tanto desejei, por todo aquele tempo. Praticamente devorou meus lábios com os seus, me puxando para perto, colando seu corpo ao meu. Me enlouquecia tê-la ali, tão perto, tão minha...

Talita parou o beijo de repente, na tentativa de respirar um pouco. Ficou me olhando, me encarando, com sua expressão indecifrável na escuridão da noite.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei, para quebrar o silêncio. A pergunta mais idiota que já tinha feito na vida, sem dúvidas.

- Vim buscar o que você roubou de mim, uai. – respondeu-me, com um sorrisinho e aquele sotaque mineirinho que era a coisa mais linda do mundo.

- O quê? – perguntei, me fazendo de desentendida.

- Isso! – puxou-me pela nuca, dando-me um selinho.

- Vamos entrar, você precisa descansar um pouco... – sugeri. Porém, minha real vontade era bem diferente do que havia sugerido a ela...

Eu a peguei pela mão e seguimos até o elevador. De lá, paramos no oitavo andar e nos dirigimos ao meu apartamento. Quando finalmente entramos, eu pus as chaves na estante e perguntei a ela:

- Quer tomar um banho? Você deve estar cansada...

Como se percebesse a toda a malícia por trás de minha pergunta, ela me respondeu:

- Só se você for junto comigo...

- Vem, vou te mostrar onde é o banheiro. – sorri nervosa, tentando me controlar para não devorá-la ali mesmo.

Porém, todo o meu esforço de tentar impedir que as coisas acontecessem rápido demais de nada adiantou. Foi só abrir a porta do quarto que ela me puxou pela cintura e me empurrou contra a parede, me agarrando e me beijando, faminta, deliciosa...

Eu correspondia da melhor maneira possível, tirando a mochila de suas costas e despindo seu corpo lentamente. Cada pedacinho de pele que eu descobria era como uma trilha para a perdição, e eu tudo o que eu queria era me perder inteiramente nela. Quando dei por mim, já estava arrastando-lhe para o banheiro e arrancando-lhe as últimas peças de roupa que ainda restavam. Ela se encostou na pia, de frente para mim, enquanto eu tirava minhas roupas lentamente para ela.

Tentei agarrá-la, mas ela foi direto para o chuveiro, esquivando-se e sorrindo cinicamente para mim. Ignorando, eu abracei seu corpo por trás e grudei nela. Senti seu corpo se arrepiar com o contato... ela se virou para mim e começou a me encarar, observando cada detalhe do meu corpo com uma luxúria desmedida. Eu já não me aguentava de vontade de tê-la, quando provoquei:

- Se for pra ficar só olhando, eu vou embora...

Ela sorriu, me puxando pela cintura:

- Tá ansiosa, é?

- É que você não tem noção do quanto eu esperei por isso... – confessei, olhando em seus olhos, profundamente.

Vi seus olhos negros brilharem como resposta. Não dava mais para resistir, eu a queria tanto! E seguindo meus instintos, eu puxei sua nuca e beijei seus lábios, com toda a vontade e desejo que eu tinha dela. Apertei seu corpo contra o meu, empurrando-lhe contra a parede, e passei a devorar cada pedaço de pele que estava ao meu alcance... seu pescoço, sua nuca, seus seios... eu a queria inteira, e mal sabia por onde começar...

Escorreguei uma das mãos pela sua barriga, alcançando seu sexo. Ela me interrompeu de imediato, e eu lancei-lhe um olhar confuso.

- Quero você lá na cama! – ela me disse, toda sem vergonha.

Não consegui esconder o meu desapontamento. Sem querer, baixei os olhos, lançando-lhe um olhar pidão. Eu a queria ali, naquele instante. Não queria esperar mais. Ela sorriu para mim, levantou-me o rosto pelo queixo e me beijou com toda a delicadeza. Logo em seguida, começou a ensaboar-me o corpo devagar, me enchendo de tesão novamente. Eu mal pude me segurar quando ela abraçou meu corpo por trás, mordiscando levemente meus ombros e minha nuca, enquanto a água quente escorria sobre nós. Virei-me, e fiz o mesmo com ela, ensaboando cada centímetro de seu corpo nu. Ela enlouqueceu quando eu comecei a brincar com seus seios, massageando-os, deslizando os meus dedos por entre os biquinhos, sugando-os com meus lábios...

Pouco tempo depois, ela desligou o chuveiro e me puxou contra seu corpo. Me levou até a cama, totalmente faminta, se atirando sobre mim. Mordia-me os lábios, o pescoço, chupava-me a língua... eu abri minhas pernas, encaixando meu corpo no seu, enquanto ela rebolava os quadris feito louca, se esfregando inteira em mim. Ela gemia, gritava, urrava de tesão. Eu não sabia o que fazer, estava desnorteada... apenas me deixei levar pela onda de prazer que arrebatava o meu corpo, a cada toque, a cada beijo dela. Quando ela alcançou meu sexo, absolutamente encharcado, eu praticamente implorei para que ela me penetrasse. Apertei as coxas e gemi, num sinal claro de que ela poderia fazer comigo o que bem quisesse.

E assim ela fez. Enfiou-me os dedos com fúria, enquanto massageava meu clitóris. E me beijava, lambia, mordia... enquanto fodia-me com mais e mais empenho. Eu estava me derretendo inteira em seus dedos, quando, de repente, ela parou. Lancei-lhe um olhar incrédulo. Ela estava de sacanagem comigo, só podia...

- Ainda não... – ela me disse.

- Como assim, vai me deixar nesse estado? – perguntei, irritada.

- Quero que você goze comigo... – gemeu.

Por mais puta eu que tivesse ficado naquela hora, não resisti quando ela desceu a boca até meu sexo, e começou a me chupar deliciosamente. Senti seu hálito quente, sua língua áspera, seus lábios macios, me envolvendo, me devorando... não pude aguentar. Meu corpo inteiro tremeu sob o seu, e eu gozei com força em sua boca, encharcando-lhe com meu mel. Enquanto ela sorvia, gota por gota, eu me esfregava inteira, querendo mais e mais. Gemia e gritava, completamente desesperada. Ela me fez sentir como nunca havia me sentido antes.

Ofegante e satisfeita, deslizei uma de minhas mãos até seu sexo. Me surpreendi ao sentí-lo totalmente encharcado, com seu mel escorrendo por entre as coxas... seu prazer parecia não ter mais fim! E aquilo me deixou completamente deliciada.

- Agora é minha vez... Quero sentir você inteira! – falei, virando meu corpo por cima do seu.

Toda safada, ela se esfregava contra mim, roçava seu sexo no meu, chupava meu pescoço, mordia, gritava... estava descontrolada!

E aquele seu descontrole só fez excitar-me ainda mais. Minha vontade de comê-la tornou-se irresistível. Enlouqueci, junto com ela. Suguei-lhe os seios, mordi, beijei-lhe a barriga... quando cheguei ao seu sexo, o devorei, com meus lábios, com meus dedos, com minha língua... dei a ela tudo o que havia em mim. E pouco tempo depois, lá estava ela, se derretendo, tremendo, gritando meu nome... gozando deliciosamente para mim. Quase que gozo novamente, só de vê-la assim, tão entregue, tão minha.

Totalmente exausta, ela me envolveu, num abraço de corpo inteiro. E me fez sentir completa, amada, protegida. Naquele momento, eu entendi que o que havia entre nós já estava traçado, fadado a acontecer. Nos pertencíamos, não havia dúvida. E eu me fartei em olhá-la, simplesmente. Seu olhar fazia com que as palavras se tornassem completamente desnecessárias. Eu podia enxergar sua alma. Eu podia ver em seus olhos que ela era toda minha.

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Comentários

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Amei toda a historia queria que tivesse continuação, bela dupla vcs formaram, esta de parabens. Bjs e muito lindo o conto.

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Ahhh queria q tivesse continuaÇão =/,mais gostei mto

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Nossa, muito... mais muito bom mesmo, só agora li essa parte do conto, pois não apareceu no tema lésbicas, achei no perfil da autora, mas valeu a pena esperar, conto simplesmente maravilhoso, será que haverá a parte VIII?... bom o que importa é que fiquei extasiada com a história de amor de Isa e Tatá, bjs e parabéns!

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Quando vem os proximos capitulos? Já to anciosa!

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Ja acabou.....

Vontade de mais...

Merece mais continuação uma bela história....

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Um beijo pra melhor parceira de contos, T. Monteiro :*

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Ótimo o seu conto. Foi muito bem escrito, idéias claras, personagens psiclógicamente formadas, erotismo em dose certa e sem vulgaridade. Já estou esperando o próximo...

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