( Para melhor entendimento, leiam antes as partes I,II e III )
IV
Duas!...
Sim, meus caros: duas mulheres, sedentas de sexo...
Até já tinha saído com duas mulheres uma ou duas vezes antes, mas apenas era um atendimento duplo, em que uma me assistia fazendo sexo com a outra, aguardando sua vez.
Mira e Lana separadamente eram mulheres muito quentes. Juntas, parece que o tesão de uma potencializava o da outra.
Saímos do clube na Mercedes de Mira. Ela dirigindo com uma mão – ainda bem que o carro era todo automatizado... - enquanto a outra me bolinava. No banco de trás – naquela época não havia ainda a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança – Lana debruçava-se à frente, beijava minha nuca, mordiscava minha orelha, sussurrava-me obscenidades tórridas em inglês.
Creio que este prólogo deve dar ideia de como foi aquela sessão...
Chegando perto do motel, Lana começou a se despir no banco de trás. Vendo que a amiga fazia isso, Mira também foi abrindo botões da blusa, tirando uma manga, depois a outra. Começou a tirar a saia. Eu vendo tudo aquilo – entre excitado e preocupado com um acidente iminente – segurava o volante para que ela pudesse fazer o que queria.
Duas loucas...
Ainda bem que era um sábado, fim de tarde, início de noite. A Raposo Tavares estava quase vazia. Ao chegarmos ao motel Lana estava totalmente nua, Mira só de calcinha.
A moça da portaria, que já me vira várias vezes por lá, olhou para dentro do carro espantada. Incrédula, encarou-me e não segurou um comentário, sugerindo um certo respeito e admiração:
- Como é que o senhor consegue?!!!
Bem, já podem imaginar, não é? Nenhuma das duas era de ficar passivamente aguardando a sua vez...
Era beijar uma e outra revezadamente. Chupar uma e ser chupado por outra, simultaneamente.
Penetrar uma – de todas as formas... – beijando a outra, com suas mãos guiando as minhas a seus seios, seu sexo, todas as suas entradas. E olhem que naqueles anos não havia Viagra...
Não vou conseguir descrever para vocês tudo que houve. Mas imaginem as duas se revezando nos boquetes. Uma chupando meu pau, outra beijando-me, colocando os seios na minha boca.
Depois me botando deitado de barriga para cima. Uma então cavalgando meu pau, outra sentando na minha boca para uma chupada na buceta.
Sempre trocando as posições.
Depois as duas de quatro, oferecendo os rabos para serem sodomizados.
Gemendo, gritando muito.
Meus caros: não sei como consegui. Só mesmo o profundo poder de sedução dessas duas mulheres calientíssimas para me inspirar...
Pouco entendo de biologia humana, mas sei que nossos fluídos corporais demoram um certo tempo para serem produzidos, pelas glândulas específicas. No caso, as duas mais que esgotaram minha cota de seiva masculina naquela noite. Meus últimos orgasmos foram secos, pois as duas já haviam me consumido tudo.
Dito em bom português castiço: cheguei em casa sem porra nenhuma...
Eu havia pedido que Mira me deixasse em casa. Exausto, achei mais prudente não dirigir e deixar meu carro no estacionamento do clube.
Na porta de meu prédio, por mera formalidade e cortesia perguntei a elas se não gostariam de subir para um café.
- Olha que a gente topa... - responderam em coro, com um olhar de quem prefere outras opções. Ainda bem que tinham que retornar aos excelentíssimos maridos. Afinal, os cavalheiros que me leem bem o sabem: somos apenas meros seres mortais. Temos nossas limitações...
Leka me tirou da cama, ligando-me logo pelas 8 e meia. Cobrou um relato detalhado. Como sempre ela adorava isso, em geral tirava de cada aventura minha ideias para realizar com ela depois. E não era difícil notar que se tocava enquanto me ouvia. Quando termino ela lamenta:
- Meu tesudo que pena! Estou toda taradinha aqui, mas não vou poder ir aí te agarrar. Estou indo para o Rio daqui a pouco e só volto na terça. Mas prepare-se: vou te querer todo quando voltar...
Conversamos mais um pouco e nos despedimos. Sempre adorei estar com Leka. A sintonia que tínhamos - não apenas o sexo - era algo raro. Mas dessa vez não lamentei. Estava exaurido das duas da noite anterior...
Era um domingo. Como a maioria absoluta das minhas clientes via de regra é casada, esse é o dia em que ficam às voltas com seus compromissos familiares. Tal como é para os demais trabalhadores, esse é também meu dia de descanso...
Fiquei em casa, arrumando uma coisa ou outra e botando a leitura em dia.
Na segunda fui ao clube. Fiz ouvidos de mercador ao encarregado do estacionamento que reclamou do carro abandonado dois dias ali. Fui à sauna.
Já mencionei antes: era, e é ainda hoje a melhor sauna de São Paulo, certamente do Brasil todo. Equipamentos de primeira, projeto bem elaborado, com manutenção perfeita.
Início da tarde, começo, como sempre, pela sauna seca. Ao entrar vejo que há 4 cavalheiros sentados nos quatro níveis de uma bem construída arquibancada de madeira escandinava.
Um deles levanta-se, passa por mim a caminho da saída, enquanto vou entrando. Mas ao invés disso, retorna. Grita para os outros:
- Pessoal, tem carne nova no pedaço!...
Num golpe rápido arranca a toalha que me envolvia deixando-me nu. Aponta-me ao outros:
- Olha aí: não é que ele é gostosinho!...
Olho em volta: os 3 sentados me encaram. O que me arrancou a toalha postou-se entre mim e a saída, barrando minha rota de fuga.
Dou as costas à parede, ergo os braços e cerro os punhos, para defender minha honra ante o ataque de um provavel bando de homossexuais agressivos.
- O Nando, para de assustar o garoto...
Os quatro olham-me e riem muito. O que acabara de falar estava sentado no degrau mais alto. Cabelos grisalhos, na toalha branca que o envolvia tinha o ar de tribuno do Senado Romano.
Todos em forma, corporalmente falando, mas todos homens maduros. O “tribuno” já estava na faixa dos 50. O mais novo, o que me arrancara a toalha, no mínimo uns 38. O “tribuno romano” fala-me de novo:
- Senta aqui com a gente, menino. Você é carne da nossa carne...
Ricardo Santana, o Rico, era o “tribuno”. Junto a ele estavam Lázio Cerqueira, o Zio e Hermes Rigault, o Éri. O Ladrão de toalhas era Fernando Villares, popular Nando.
Todos colegas de atividade, que mantinham o clube como escritório de contatos. Estavam ali na sauna – ou a piscina ou o bar – quase todos os dias. Antes ou depois de alguma cliente.
Vendo aqueles cavalheiros maduros ainda dedicados à mesma atividade que eu mantinha, fui percebendo que o que eu achava como sendo uma simples fase seria algo mais duradouro.
Os quatro se apresentaram, começaram a conversar comigo. Passaram-me inúmeras informações. Ensinaram-me cuidados a tomar, normas e regras a observar. E a sempre pautar todas as atitudes por uma ética.
- Essa é a diferença entre nós e os aventureiros que sempre surgem por aí. As mulheres chutam esses, e ficam conosco porque sabem que somos confiáveis, que sabemos reverenciá-las em toda a sua feminilidade.
Nando interrompeu um instante o discurso algo poético de Rico, e acrescentou:
- Vai aprendendo: a gente não é garoto de programa: somos maridos de aluguel...
- Marido o cacete, meu! – retruca Zio – Já viu marido fazer o que a gente faz?
Todos rimos. Rico me falou mais depois disso, e fui descobrindo aos poucos que estava conhecendo um colega mais vivido, com um profundo entendimento da arte de viver.
Com eles fui evoluindo em algo que por certo já existia em mim. Essa coisa de se encantar, de reverenciar, como sempre dizia Rico, todos os mistérios da sensualidade feminina. De jamais esquecer que cada mulher é universo único.
Ao sairmos juntos da sauna, eles me levaram ao bar. Ficamos por lá até que Argemiro, o gerente do pedaço, depois de empilhar todas as cadeiras, depois varrer em volta de nossa mesa, nos suplicou para sairmos, para que pudesse fechar.
Eu havia não apenas encontrado colegas, mas amigos de toda a vida. Meus melhores amigos.
Uma coisa que eu sem saber, já intuía, eles foram me ensinando: podemos ser gigolôs, sim. Mas jamais poderemos deixar de reverenciar, amar as mulheres. Essa é a nossa diferença.
Vivemos muitas estórias saborosas juntos. Mais tarde talvez conte algumas... Tais como as festas no apartamento de cobertura de Rico, onde cada um levava suas clientes preferidas – sem taxas nessas noites - e se bebia e comia do melhor.
Até que as luzes se apagavam e ninguém – heterossexualmente falando, claro – era de ninguém. Ou melhor: todas eram de todos e vice-versa.
Quantos casamentos ruiriam se aquele apartamento falasse...
Leka voltou para mim na terça à tarde. Pressentindo como viria não agendei nada naquele dia, no que estava certíssimo. Leka me veio faminta!
Na quarta pela manhã, depois que Leka foi embora, apanhei meu diploma universitário, que a família sempre cobrava que o mandasse emoldurar, e guardei-o numa gaveta. Está lá até hoje.
Assumi de vez que era, e continuaria sendo pelos anos que viriam até hoje, nada mais que um gigolô.
Muito dedicado...
( A continuar...)
LOBO
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