Aconteceu em Lisboa – Parte I.
Os automóveis encostaram quase sem fazer nenhum ruído na porta do Hotel Ritz Four Seasons, na Rua Rodrigo da Fonseca, Lisboa.
Primeiro um Audi estilo A 6. Sedan 3.0 V 6 T F S I, depois um QV 8 F S I, ambos negras, como negros eram os vidros.
Vestido como um marechal do exército do Czar de Todas as Rússias, o solicito e sorridente porteiro correu para abrir a porta do primeiro sedan e dele saiu um homem de mais ou menos sessenta anos, vestido um terno de linho branco, gravata papillon vermelha, chapéu de panamá, apoiado em uma elegante bengala de cabo de prata, exclamando:
“Não me acostumo com o Four Seasons, para mim será sempre o Ritz do Doutor Salazar”.
O homem sorriu, pois sabia que receberia uma polpuda gorjeta do Senhor da Morada do Conde, como era conhecida a personagem que chegou ao Hotel,
Dito e feito o secrétaire personnel lhe entregou um envelope com o magnífico ex-líbris do Professor Doutor mais do que recheado de notas de Euro, ...”sempre fora assim desde da época do saudoso escudo, aquilo sim é que era moeda...”, pensou o homem ainda com seu sorriso petrificado.
Do outro carro os quatros protégé's desceram ‘não imaginado a sorte que tinham’, pensou o carregador de bagagem aquém eles entregaram as mochilas tinindo de novas de uma grife famosa, para a seguir alegremente como galinhas num galinheiro adentrarem ao luxuoso hotel.
Como não precisava fazer o chek-in, depois de cumprimentar todos os funcionários que estavam na conciergerie em alto e bom som, o Velho Senhor foi conduzido pelo gerente-geral a uma das confortáveis poltronas do Hall.
Sentou e agradeceu ao jovem executivo pela atenção.
Um magnífico sorriso aflorou em seu rosto, refletia a satisfação dele estar sentido o cheiro daquele ambiente refinado.
Os óculos escuros Armani encobria os olhos semi cerrados, com uma das mãos, fina e muito branca, onde sobressaía o anel de sinete, brincava com seu elegante chapéu, enquanto admirava seus pupilos preenchendo as fichas, eram jovens escolhidos a dedo, lindos, saudáveis, elegantes, adquirindo cultura dia-a-dia, promissores em suas carreiras e pensava:
“Quem será? Quem será?”
Conforme o ordenado eles ficariam acomodados nos “Moderado Roons” e ele a Imperial One-Bedroom Suíte.
Resolveu convidá-los para tomar um chá gelado, pois só os viria no jantar.
Havia mandado que o secrétaire personnel fornecesse a cada 1 mil euros para suas despesas pessoais - “dinheiro de bolso” como se referiu o Velho Homem no bilhete dentro de cada envelope - desse final de semana, pois na realidade só vieram a Lisboa para assistir uma partida de Futebol entre o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal, como dizem os brasileiros Sporting Clube Lisboa, pela decisão do Campeonato.
O jantar foi magnífico.
O Velho Homem deu tudo de si e alcançou o objetivo, pois estava esplendido.
Sua cabeça a mil por hora era um prodígio de ditos e de historias.
Os moços estavam encantados.
No ponto da noite em que os mais velhos viram bruxos ,olhou discretamente para o seu Vacheron Constantin :
“Vou me recolher. Vocês que são jovens descubram as belezas de Lisboa essa noite. As belezas nos dois sentidos”. E riu de seu próprio gracejo.
Todos se levantaram e lá foi ele muito pimpão para o elevador.
Continua....
FIM DA PARTE I