Já estava cansado dessa história de todo mundo pôr em dúvida minha sexualidade. Desde criança! Isso já era tema constante nas rodas de conversas entre os adultos: tios, tias, pai, mãe, alguns amigos mais próximos. E a razão de tudo isso? Não me comportava como meus primos e amigos da mesma faixa etária. Enquanto eles estavam sempre envolvidos em badernas, confusões na rua, reclamações de vizinhos, reprovações escolares... eu era justamente o oposto. Mas eu mesmo não tinha dúvidas: não era gay! E nunca tive nenhum problema com quem fosse. Tinha uma cabeça legal... sem preconceitos! Sabia de muitos colegas da escola que eram, embora escondessem de quase todo mundo.
Na juventude, piorou. Todos os rapazes estavam com os hormônios a mil! Vez por outra chegava uma confusão na casa deles: comeu Fulana, tirou o cabaço de Beltrana (Vai casar na marra!), estavam no cabaré da Cissa Terremoto (Era o mais conhecido – e fuleiro – da região) sem ter idade apropriada, alugaram DVDs pornôs... Alguns deles tinham duas, três namoradas ao mesmo tempo... E eu, na minha. Nem pensava em namorar. Queria estudar, me formar, ter meu carro, meu apartamento. Sonhava em morar sozinho! E mesmo assim, não via nada de interessante naquelas garotas. Na verdade, acho que eles também não. Se pudessem, namorariam apenas com suas bucetas. Falavam mais nelas que em suas donas!
Mas aquilo foi ficando insuportável! Decidi: vou arranjar uma namorada e casar imediatamente. Pronto. Assim param de encher meu saco.
Numa festa de aniversário de uma prima conheci Sibele. Um encanto de menina. Mas a família... Meu Deus! Era uma casa de loucos. Desestruturados 100%! Só para se ter uma idéia, eram três irmãs: a mais velha tinha três filhos, todos de pais diferentes e nenhum vivendo com as crianças. Ainda assim era uma farrista! A do meio, já havia engravidado duas vezes, mas, por razões que desconheço, as gestações não foram concluídas. Ou seja, havia perdido ambos, mas permanecia com o mesmo namorado: Renato. Um canalha, namorador, briguento, e metido a fodão. Dali, só Sibele “ainda” estava sã.
Começamos a namorar. Um namoro saudável, respeitoso... o oposto daquele que a irmã estava metida. Não demorou muito para que Renato começasse a pegar no meu pé. Bastava ficar a sós comigo:
_ E aí, já pegou nos peitinhos dela. Roçou na buceta. Bucetinha lacrada... aproveita. Bicho mole!
E, como era de se esperar, ali também começaram as dúvidas quanto a minha masculinidade. Talvez a imagem de “homem” que eles tinham era como a que Renato ostentava. Eu, não! Embora fosse um moleque, sem responsabilidade, sem credibilidade por todos da família, Renato tinha algo que não me permitia sentir raiva dele. Como disse, era um molecão... não dava para levar a sério! De vez em quando até trocávamos umas palavras. Poucas, é verdade!
Certa vez, Sibele chegou a mim, transtornada:
_ Não agüento mais o Renato! Vive aos berros aqui em casa dizendo que você é bicha! Que vamos fazer “sabão” na cama! ... Basta você virar as costas para ir embora, ele começa “A bichona já foi?”, “Deve ter ido encontrar o namorado dele no 2º tempo...” Aff! Que raiva!
Enchi meus olhos d’água. Sentia-me mal por estar fazendo ela passar por aquilo! Mas era meu jeito! Não ia comer a menina, engravidar... só para dar uma satisfação.
Senti um nó na garganta. Não conseguia falar nada. Eu sempre agia assim quando a situação era referente a essa incógnita posta sobre a autenticidade da minha heterossexualidade. Nunca me defendia. Nunca brigava, revidava... Nada! Apenas escutava, mostrando indiferença. E sofria, clandestinamente. Mas do meu sofrimento, ninguém tomava conhecimento. Éramos só nós. Já éramos até íntimos, já que ele me acompanhava desde o dia em que, na sala de aula da terceira série (na época chamada “primário”) a professora chamou minha atenção em voz alta por eu estar sentado num local da sala onde só havia meninas e mandou que eu fosse pra perto dos “machos” – como ela se referiu! Quando levantei, a maioria dos “machos”, em coro e em bom volume, repetia: “Mariquinha! Mariquinha! Mariquinha!”. Até hoje consigo escutar... e sentir a mesma vergonha, a mesma angústia, o mesmo derramar de lágrimas – mas pra dentro!
Quando escutei aquilo de Sibele, o que senti foi decepção em relação ao Renato. Mostrou-se um falso! Naquele instante veio uma coragem não sei de onde e entrei na casa procurando por ele. Pela primeira vez iria tomar satisfações! Ele estava sentado vendo um jogo com o pai das meninas, Seu Chicão. Fui em direção à poltrona em que Renato estava. Parei do seu lado... sério...
_ Renato, preciso falar contigo.
_ Beleza. Deixa só acabar o primeiro tempo...
_ Não. Tem que ser agora!
- Vixe! Tá bom... vamos lá pra sala da frente.
Chegando na sala, ele sentou e eu fiquei em pé. E fui logo falando... firme, mas em tom baixo. Sibele estava do meu lado, cabisbaixa.
_ Cara, é o seguinte: sou maior de idade, independente financeiramente, bem instruído... em dia com minhas obrigações militares, eleitorais... enfim.
- E daí? Não to entendendo nada!
_ Posso continuar? Você entenderá...
_ Pode!
_ Desde muito cedo, Renato, aprendi a construir, eu próprio, minhas opiniões sobre as pessoas, as situações... sem me deixar influenciar pela opinião de ninguém. Criava até certos conflitos em minha casa já que, algumas vezes, eu ia contra a opinião de todos. Mas, se eu tivesse razões para ter aquele ponto de vista... era ele que prevalecia! Minhas decisões eram muito bem pensadas e realizadas... concordassem ou não...
_ To perdendo o jogo! Vai logo direto ao ponto!
_ É incrível! Você trata tudo como banal, sem importância. Estou aqui falando com você... coisa que para mim é muito séria... e você pensando num jogo!
_ Desculpe. Foi mal!
_ Pois vou direto: tudo isso que falei foi para você entender uma coisa simples e lógica: se eu fosse gay... gostasse de homem e não de mulher, que razão eu teria para estar aqui, namorando com a Sibele? Brincar com os sentimentos dela? Camuflar minha verdadeira orientação sexual? Talvez preencher um tempo ocioso?Renato, primeiro que não vejo nada de anormal em ser homossexual. Pra mim é como ser hétero. Se a pessoa gosta, ama, transa com alguém do mesmo sexo... será que ela será uma pessoa melhor ou pior? Será um profissional, um amigo... melhor ou pior? Cara... se liga! Isso não muda nada! E quanto a mim, se eu gostasse de homem, neste exato momento estaria com um. Por que não? Agora vê se se comporta como homem você! Avalie como você age, trata as pessoas, trata sua namorada... É assim que um homem deve agir? Pára para refletir sobre isso! Talvez, se você parasse um pouco e tentasse melhorar como pessoa, como homem... não te sobraria tempo para diagnosticar a orientação sexual de ninguém. E todos seriam felizes para sempre! Até mais!
Dei as costas e saí... deixando-o pensativo e perplexo.
Nas duas semanas que sucederam essa conversa, o clima ficou meio pesado entre nós. Nunca fomos grandes amigos, mas tínhamos uma boa sintonia nos momentos de papo, quando se formava um grupo na calçada da casa de Sibele. Bastava um olhar pro outro e entendia o que se queria dizer. Mas agora... estava meio estranho. Ele mal olhava para mim. Quando estava em algum lugar e eu chegasse, ele discretamente saía. Não era imediatamente! Mas eu entendia aquilo. Às vezes eu puxava alguma conversa... mas ele era monossilábico. Resolvi não forçar uma reaproximação. Deixar que o tempo arrume as coisas.
Quase um mês tinha se passado. Eu estava me despedindo de Sibele no portão e o carro de Renato rasgou num freio do meu lado. O susto foi grande! Ele desceu rindo... visivelmente bêbado. Pegou em meu braço...
_ Cara... me perdoa pelas brincadeiras! Porra, bicho, aquilo que você me falou está até agora zunindo no meus ouvidos! Você é bacana mesmo! Gente fina! A Sibelinha aí ganhou na loto!
Rimos os três.
_ Você me desculpa... de coração? Estava até sem coragem de falar contigo... morrendo de vergonha!
_ Deixa isso pra lá, Renato! Já tinha até esquecido!
_ Então me dá um abraço!
Quando já íamos nos abraçando, Sibele se põe entre nós e num tom de brincadeira:
_ Êpa! Sai pra lá! Esse é meu! Como vovó diz: “É de Maroca... não se vende, não se troca”!
Renato, entrando na brincadeira começa a puxar meu braço de um lado e Sibele do outro.
_ É meu!
_ Não é meu!”
_ Mas eu vi primeiro!
_ Mas eu sou mais gostoso!
Rimos muito... E fui pra casa, após um beijo de Sibele e um aperto de mão do Renato.
Certa oportunidade, toda a família ia se reunir no sítio de um tio de Sibele para uma confraternização. Todos fomos “convocados” para chegarmos na sexta pela manhã. Porém eu só poderia ir no final da tarde. Da mesma forma, Renato. Então combinamos de ir juntos, no carro dele. Às 17:30 estávamos na estrada.
O início da viagem foi uma maravilha, apesar do tempo que ameaçava chover. Conversávamos sobre umas bandas das quais ele possuía CDs no carro. E ríamos, trocávamos de música... uma descontração! Mas não demorou para ele entrar no “velho” assunto:
_ E aí brother... fala só pra mim... já tirou o selinho da Sibele?
_ Caralho Renato! Só fala nisso!
_ Ora porra! Tem coisa melhor? Tirar um cabacinho... dá uma lambidinhas numa bocetinha zero quilômetro...
_ Nem todo mundo dá essa importância toda que você dá cara. Não me importo se vou ser o primeiro, o segundo, o nonagésimo oitavo... Quando chegar a hora, quero aproveitar tudo, o conjunto... e não ficar paranóico no cabaço! Besteira isso!
_ Sei lá cara! Não fica chateado... mas eu acho que você dá valor é uma pica... é ou não é?
_ Não! Vai começar de novo, homem? Quer outro sermão?
_Não-Não-Não! Aquele ainda ta zunindo! Deixa pra lá! Mas se liga: quem guarda com fome, o gato vem e come!
_ Sim. Mudando de assunto: você está enxergando direito? A chuva está engrossando e está ficando embaçado aqui!
_ Tá de boa. Dá pra levar. Mas está forte mesmo, heim... Ruim vai ser naquelas estradas de terra. Foda! Mas esse carro é alto, não dá pra atolar. Vou acelerar um pouco mais!
_ Cuidado! Não quero apressar as coisas, mas também não quero morrer virgem!
Caímos na gargalhada!
Por um tempo ficamos em silêncio, ambos preocupados por conta do temporal que dificultava muito a viagem, mas no ponto em que estávamos, não havia alternativa... tínhamos que seguir adiante. Era necessário apenas ter cuidado.
Os vidros estavam sem visibilidade e Renato, vez por outra, tentava limpar com a mão. Procurei uma flanela. Por sorte encontrei, e passei a auxiliá-lo. Precisei tirar o cinto e tentava limpar o pára-brisas, no lado dele. Inevitavelmente, me colocava bem junto dele. Sentia algo estranho. Um frio na barriga. Ele não perdia a oportunidade:
_ Ah! Assim é covardia! Tô na secura e você fica se roçando em mim... Eu como, heim!
_ Vai à porra, cara! Eu tentando ajudar e você com esse papo!
_ Calma! Só estou dizendo que estou à perigo... Não dispenso nada!
Voltei pro meu local e coloquei o cinto. Calei-me. Isso parece tê-lo incomodado.
_ Ei, cara! To só tirando onda. Não precisa se chatear. Já acredito que você não é gay. Verdade!
_ Certo!
_ Mas se fosse... tava no papo!
Rimos.
Já começava agora o trecho de terra. Muita lama. Uma escuridão horrível.
_ Porra, que merda é essa? O carro parece que ta engasgando!
_ Ah, Renato! Nem me fala! Tem um estradão pela frente!
_ Mas vai dar!
Cinco minutos depois...
_ Puta que pariu, cara! A porra do carro vai estancar! Logo nessa lama!
_ Renato, encosta. Melhor que ele fique aqui, que é alto. Lá pra frente é só poça grande!
Não foi preciso que ele concordasse... o carro morreu de vez!
_ Merda! Merda! Merda!
Renato esbravejava e batia a testa na direção do carro.
_ Calma, homem! Ta muito longe?
Ele abriu o vidro. Só a escuridão.
_ Abre teu lado aí!
Abri, e avistamos uma pequena casa de taipo.
_ Olha Renato... uma casa. Vamos até lá!
_ Não... aí não tem ninguém morando. Foram embora quando se espalhou por aqui que o coroa daí comia as filhas.
_ Credo! Safado...
_ Olha lá... nem portas existem mais.
_ Vou descer. Ficar aqui enlatado não dá!
Saí correndo e fiquei embaixo do alpendre da casa. Renato também saiu, mas abriu o capô do carro e ficou remexendo. A chuva não dava trégua. Passei a observar a casa. Estava sem portas e janelas, mas por dentro não tinha aquele aspecto de casa abandonada, cheia de teias de aranha, móveis cobertos de pó... na verdade, quase não havia móveis. Uns três ou quatro tamboretes, uma enorme mesa no local onde seria a cozinha, e num dos quartos, um velho colchão rasgado. Notei umas peças de roupas de crianças... meninas... jogadas. Estavam surradas, rasgadas. Ao entrar num outro quarto, este sem metade do telhado, me arrepiei ao ler na parede: “PEDÓFILO FILHO DA PUTA”. Foi escrito com batom. Estava de costas quando Renato entrou de uma vez, me assustando:
_ Buuuuummmm!
_ Ai, merda! Quer me matar!
_ Nunca tinha entrado aqui... O coroa quase foi linchado...
_ Viu aí na parede?
_ Hum... Será que era aqui o matadouro dele? Aquelas bucetinhas novinhas... aqueles cuzinhos em forma de botão...
_ Porra cara! Crianças! Imagina o que sofreram tendo que agüentar um pênis de adulto!
_ Pior se fosse o meu... durão...
Quando olhei pro lado, ele estava com o cassete na mão.
_ Cara, não acredito que você se excita com um lance desses... Isso é doença!
_ Não bicho, to de onda. To excitado desde o carro, quando você ficou se esfregando em mim...
_ Pára com a putaria. Nem encostei em você! E guarda isso aí logo!
_ Que nada! Vou tocar uma punheta pra relaxar. Ninguém vem aqui mesmo...
_ Ta. Então vou te esperar lá fora...
E fui saindo. Pouco tempo depois escuto Renato me chamar. Ao voltar, ele está encostado na janela numa tremenda punheta...
_ Vem aqui...
_ Se manca, cara!
_ Não... é sério! Chega mais perto.
_ Pra quê?
_ Vem aqui, meu! Pensa que vou te violentar?
Fui até ele, que continuava nos movimentos.
_ Diz.
_ Tu é virgem mesmo?
_ Sou.
_ Nunca comeu ninguém... nem foi chupado?
_ Nada!
_ Vou pedir uma coisa, mas aceitando ou não... fica entre nós. Promete?
_ Prometo.
_ Sempre escutei histórias de amigos que tocavam punheta juntos. Nunca fiz isso, acredita? Toca uma aqui mais eu.
_ Não cara. Estou totalmente sem excitação.
_ Nada, cara. Fica massageando tua pomba que ela endurece.
_ Não... ta molona mesmo.
_ Pois põe pra fora aí... só pra eu ver.
_ Re... na... to. Que papo é esse?
_ Vai cara... tira aí.
Pensei um pouco e fui lentamente abrindo a calça. Desci até os joelhos.
_ Tira a blusa. Ta muito escuro... quase não dá pra ver. Chega mais perto, cara. Ta com medo do que? Se eu queimar teu filme, queimo o meu também...
Fui até bem perto dele. Tirei a camisa. Os movimentos dele ficaram mais acelerados. Desci a cueca e dei uma balançada do pau. Ele, de repente parou a punheta e fixou o olhar nele.
_ Caralho! Bicho tu é aloprado!
_ Começou?
_ Já mediu?
_ Não. Pra quê?
_ Bicho... que cassete enorme! E ta mole! Imagine duro. Fica durão mesmo? O pessoal fala que quando é assim, não fica bem ereto.
_ Isso é balela! O meu fica.
_ Deixa ele duro aí...
_ Não cara... sem clima.
_ Posso pegar? Só de curiosidade...
Fiquei calado. Ele aproximou-se. O pau dele latejava. Pegou no meu e foi fazendo carícias. Pouco a pouco ele foi ficando ereto... Olhei para ele, e ele me encarou. Sem tirar os olhos do meu, passou a mão na língua e levou até meu pau... agora já estava duraço.
_ Cara... to besta! Nunca vi uma pica assim. Só em filme.
E continuava a me punhetar. Passou a punhetar nós dois. De vez em quando me olhava.
_ Cara, você sabe que sou comedor de buceta, não é? Mas to com vontade de fazer uma coisa aqui...
_ O que?
_ Não vai pensar que sou viado, heim...
Para minha surpresa, Renato se abaixou e deu uma lambida suave no meu pau. Dei uma gemida. Ele me olhou e vendo a aprovação, enfiou a cabeça na boca. De olhos fechados, chupava e fazia uns gemidos simultaneamente. Minhas pernas tremiam. Era a primeira vez que era chupado. Fui às nuvens. Ele chupava e se punhetava. De uma hora para outra, foi enfiando o pau todo... Eu gemia demais. Ele parou, levantou...
_ Deita na cama. É melhor.
Assim fiz, mas antes fiquei completamente nu, tal como ele estava. Deitei-me sem jeito. Não sabia direito como reagir. Ele ajoelhou-se e começou a chupar com mais vontade. Lambuzava meu pau que parecia ficar maior, mais grosso, mais brilhante.
_ Cara... não sei que loucura é essa que deu em mim... mas esse teu pau ta me tirando do sério! Que caralho gostoso! Quanto mais eu chupo... mais tenho vontade de enfiar goela abaixo...
_ Renato... que faço? Você sabe que nunca passei de beijos e abraços. Estou desconsertado.
_ Faz o que te der vontade, cara. Não pensa em limites. Se entrega ao prazer. Nunca na vida tinha nem tocado num outro cassete... e olha aqui. Sem medo! Mas porque to confiando 100% em você!
Voltou a me chupar e eu decidi corresponder. Toquei em suas pernas e num movimento ele entendeu que deveria ficar em sentido contrário. Peguei em seu pau. Ele urrou com o meu na boca. Comecei a chupar o dele também. Que sensação boa, aquela. Chupar e ser chupado. Sentia vontade de rir... de chorar,... Era muito bom. Fui até seu saco. Ele abriu bem as pernas de modo que, ao passar a língua nessa região, avistei seu cu, e tive vontade de chupar ali também. E chupei.
Renato tremia de tesão. Linguava muito. Às vezes metia a língua... e ele se contorcia. Senti sua língua em meu cu também. Foi um prazer tão intenso que parei de lamber as pregas dele e deitei de barriga pra cima. Ele levantou minhas pregas e ficou de boca no meu cu... e olhava pra mim. Seus olhos refletias uma espécie de fome... de gula.
Enquanto me chupava o cu, pegou meu pau e, ao mesmo tempo, começou, novamente uma punheta. Não agüentava mais segurar...
_ Renato... tô pertinho de gozar.
_ Então levanta.
De pé, ele agachou e voltou ao boquete. Ele se punhetava. O gozo chegava. Não tirou da boca, mesmo eu avisando.
Nunca gozei tanto! Ele segurou tudo na boca e levantou. Vi seu corpo estremecer e rapidamente me abaixei para receber o leite dele na boca. Encheu minha boca. Ele me levantou e trouxe sua boca cheia da minha porra para junto da minha. Fomos nos beijando e engolindo tudo. Durante o beijo nossos paus pulsavam e se tocavam.
O beijo foi longo. Gostoso. Parecia que ali não éramos nós. Paramos e ele olhou pra mim. Seu olhar estava diferente. Creio que o meu também.
Calados fomos apanhando as roupas e nos vestindo. Não nos olhávamos. Estava no ar a certeza de que ali aconteceu algo que jamais se repetiria. Conferi se nada havia ficado pelo chão e fui saindo. Ele veio atrás. Já no alpendre ele puxa meu braço, me olha. Seus olhos marejavam. A voz saiu com dificuldade...
_ Cara...
_ Renato... fica frio. Morre aqui!
_ Aí é que está. Eu nunca senti tanto prazer numa transa. Nunca! Nunca tinha sentido vontade, a mínima que fosse, de tocar outro homem. Só em briga.
_ Certo... foi uma aventura. Passou... foi no momento...
_ Não foi! Desde que você começou a freqüentar a casa das meninas que alguma coisa estava diferente em mim. Até hoje, pensava que era cisma... até inveja... Mas ali, durante aquele momento... tive a certeza que aquilo era o início de uma paixão. Pra você ter uma idéia, já me peguei transando com alguma garota e na hora de gozar, você vinha a minha mente. E o gozo era louco... louco. Tentava esquecer... achava que era bobagem. Mas não quero mais fugir.
_ O que você quer dizer?
_ Que eu te amo! E quero ficar com você... te dar amor... receber amor... To numa tara louca de te sentir dentro de mim... de me sentir dentro de você... Eu te quero demais cara! E sei que pra você isso que rolou foi definitivo... Você falava que não era gay, mas no fundo nem tinha certeza. Estou certo?
_ Está. E...
_ E?
_ No fundo eu já gostava de você também. Quando chegava na casa da Sibele, procurava mais te ver, do que a ela. Sentia um pouco de ciúmes quando você contava suas aventuras...
_ Que depois do que aconteceu aqui... não valeram nada! Só você me importa...
_ E os outros?
_ Que me importa? Eu te amo! Te amo! Quero você da mesma forma que quero viver! Preciso de você do mesmo modo que preciso do meu espírito para viver. Sou teu... desde os meus pés até o que me escapa!
Ele me abraçou forte. A chuva caía. Nossos lábios se tocaram. Era um beijo fantástico. Parecia que um queria entrar dentro do outro. De repente uma sensação estranha. Apesar de estarmos de olhos fechados, percebi um brilho forte. Ao abrir os olhos, nos viramos e percebemos que o farol do carro do Seu Chicão estava nos iluminando e quem estava dentro dele assistiu àquele beijo. Não havia como negar. Apertando minha mão:
_ Calma. Não tem mais jeito... agora é encarar!
_ Quem está no carro? Você consegue ver?
_ Não. Vamos continuar aqui. De todo modo está chovendo!
Os faróis fora apagados e a porta se abria. A escuridão impedia que identificássemos quem vinha em nossa direção. Só dava para ver que era um homem.
_ Será que deu pra ver?
_ Claro, Renato! E bem visto!
A cada passo que a “testemunha ocular” dava em nossa direção, meu corpo tremia com mais intensidade. Embora naquele temporal, eu suava. Renato não parecia muito nervoso...
_ Calma! Não cometemos nenhum crime! Amar é crime?
Não resisti àquelas palavras e sorri. Olhando em direção à pessoa que se aproximava, Renato dispara... em tom de alívio:
_ É o Nandinho! Graças a Deus!
_ Teu irmão? O que ele faz com o carro do Seu Chicão? Ele está trabalhando na gráfica. É o braço direito do nosso “ex-futuro-sogro”!
_ Renato... tudo contigo acaba em piada, não é?
_ Não! Nós, por exemplo, acabamos numa gostosa transa...
Rimos. E Nandinho foi se aproximando e, numa mistura de surpresa e repreensão:
_ Que porra foi aquela que vi? Eu tive uma alucinação ou vocês estavam num romântico beijo, estilo novela das 8? Vocês entraram na “comunidade”?
Renato deu uma estridente gargalhada! Eu estava um pouco sem entender... Nandinho parecia brincar com a situação...
_ Somos os mais ilustres novos membros maninho. Quem confecciona as carteirinhas? O Clodovil ou a Vera Verão?
_ Bem... nesse caso você precisa desencarnar porque os dois já estão dando close nas nuvens Pink-Chock...
_ Caramba... é mesmo... os caras já bateram as botas!
_ As plataformas... você quer dizer!
:Rimos os três. Agora eu começava a entender... Nandinho era gay! Caramba! Nunca tinha reparado. Resolvi esclarecer:
_ Nandinho... desculpa, cara... mas só para me situar: você é gay?
Renato nem esperou o irmão responder, foi logo fazendo uma de suas piadas:
_ Só desde o dia que o obstetra deu uns tapinhas na bundinha dele. Ao invés de chorar ele gemei e disse: “Ai doutor... bate que eu adoro sexo animal!”
Rimos novamente.
_ Sou sim. Me descobri pelos 16-17 anos. Não tenho nenhuma pinta, né? Mas lá em casa todo mundo sabe! Eu, na verdade não faço nenhum esforço para esconder... só não saio pelas ruas vestido de Carmem Miranda ou de Madonna. Vivo na minha. Quem Sabe, sabe. Quem não sabe, um dia, se for necessário, saberá. Não me grilo! [...] Mas me digam... que babado foi esse entre vocês? Esse meu irmão nunca me enganou! Desde quando vocês estão nesse pega-não-pega?
Meio sem graça, eu olhei para o Renato. Para ser sincero, não sabia nem como dizer pois o que havia acontecido ainda não me dava certeza de nada: nem quanto a uma mudança, ou melhor, uma identificação da minha verdadeira orientação sexual... o que confirmava os questionamentos que me acompanhavam há anos; e nem mesmo quanto ao que estaria acontecendo e o que iria acontecer entre mim e o Renato. Ele é tão inconsistente, tão “fogo-de-palha”! Era provável que, caso emplacássemos num relacionamento, o destino seria semelhante aos demais que ele viveu. Mas resolvi dar uma resposta:
_ Desde a pouco mais de duas horas...
_ Que? Mentira! Um beijo global daqueles que vi! Isso ta com cara de coisa antiga...
Renato deu continuidade:
_ Verdade, Nandinho. Coisa maluca, cara! Aconteceu assim... do nada!
_ “Do nada” não pode ter sido, Renato. Deve ter rolado alguma coisa antes. Embora tenha sido individualmente... e hoje tenha aflorado.
_ Pensando bem... você tem razão. Estava a algum tempo sentindo uma coisa diferente em relação ao Renato... mas não identificava isso como uma paixão, uma atração...
_ Eu também sentia. Chegava até a ter ciúmes da Sibele! Mas não via como uma vontade de namorar, transar. Mas era bem forte!
_ Mas me digam, pombinhos... como farão a partir de agora?
Respondemos quase numa só voz:
_ Sei lá!
_ Vocês tiveram muita sorte! Quem vinha era Seu Chicão com a Sibele. Pense na cena! Ia ser o babado do século! Vamos, vamos... estão preocupadérrimos com vocês... já estão arrancando os cabelos do cu com uma pinça de sobrancelha!
A gargalhada foi forte entre nós. Já caminhando Renato me puxa e com um jeito todo dengoso fala:
_ Não vai me dar nem um beijo antes de irmos?
Fiquei encabulado. Nandinho, que caminhava a nossa frente, se volta e diz:
_ Ah... essa eu quero assistir de camarote vip.
Renato pega meu queixo, me encara, dá uma bitoquinha na ponta do nariz e encosta seus lábios. Que beijo especial... esquecemos até que Nandinho estava ali! Depois de um tempo, ele nos interrompe:
_ Chega... chega... Se não vou já procurar um boiadeiro por entre esses matos para me atracar também.
Rimos e fomos ao carro.. Já se aproximando do sítio, Nandinho nos surpreende:
_ Um momento histórico como aquele merecia um registro para a posteridade...
_ Pois é maninho, porque você não contratou uma equipe de gravação do Fantástico...
_ Pra quê? E eu sou fraco?
Em meio a gargalhadas, Nandinho nos mostra o celular, no qual se via, nítidamente, nosso romântico beijo. Fazendo-se parecer uma vilã de novela, Nandinho dispara:
_ Agora vocês estão em minhas mãos! Preparem-se para sofrer... Vou ameaçá-los até o último capítulo, quando ficarei pobre, louca, presa ou morrerei! Não é assim que toda vilã termina!
Renato alertou:
_ Nandinho... é mais prudente apagar. Vai que alguém pega.
_ De jeito nenhum! Ficará aqui só até eu chegar em casa e passar para o PC! E outra: é mais fácil eu me separar da minha trouxa, que do meu celular. É como um órgão do meu corpo! Ninguém verá... fiquem relax!
Enfim... chegamos. Estavam todos na varanda, preocupados, nos aguardando. Descemos do carro. Ainda chovia. Eu estava desconfortável. Minha vontade era dar meia volta e ir para casa. O que havia acontecido foi um terremoto dentro de mim. Estava tão aéreo que só notei Sibele quando já me abraçava.
_ Amor... tava morta de preocupada! Que houve... você está estranho!
_ Nada... Estou... Estamos bem...
_ E o carro do Renato? Houve algum acidente? Fala!
As perguntas de Sibele, sua voz, sua preocupação despertaram em mim uma reação estúpida, grosseira, para espanto geral.
_ Pra que tanta pergunta? Pára! Não houve nada, você está vendo alguém machucado? Que coisa!
Sibele mostrou-se magoada, e Renato tentou amenizar.
_ Não, Si. Não houve nada demais. Só ficamos atolados, e a chuva... Não liga... a situação deixou a gente estressado, nervoso... é melhor a gente entrar e descansar...
Olhei para Sibele e, sem esperá-la, fui entrando na casa. Já na sala, perguntei sua mãe onde iria dormir, e ela me levou até o último quarto.
_ Separei este para vocês.
_ Vocês?
_ Sim. Você e Renato.
Um frio correu pela minha espinha. Entrei num banheiro que havia no quarto – precisava de um banho. A água caía sobre mim, e meu corpo parecia estar anestesiado. Minha mente recaptulava cada movimento, cada palavra, cada sensação dos momentos passados com Renato. Às vezes eu ria. Sem querer meu pau começou a endurecer e eu toquei uma punheta embaixo do chuveiro. Quando saí do quarto, Renato estava sentado na cama.
_ Cara, não precisava tratar a Si daquele jeito... que está havendo?
_ Ah, Renato... Pelo amor de Deus... Que que ta havendo? Ora...
Ele pegou no meu braço e me puxou para bem perto dele.
_ Já entendi. Se arrependeu, né? Vamos fazer o seguinte: apaga tudo. Faz de conta que não houve nada. A partir de agora somos os mesmos e vamos agir como agíamos antes, ok?!
Dei um puxão no meu braço.
_ Ok.
Renato saiu do quarto. Apaguei a luz, me deitei e comecei a chorar. Um choro que começou por dentro e saiu, silenciosamente. Estava com medo. Estava me desconhecendo! Adormeci.
_ Amor... amor...
Sibele estava me acordando.
_ Vem comer alguma coisa.
_ Que horas já são?
_ Quase meio-dia.
_ Vixe... dormi demais. Cadê o pessoal?
_ Foram todos para o açude. Só o Renato que ficou arrumando as coisas... disse que ia embora resolver umas coisas. O Renato tem cada coisa...
_ Ele ta indo embora?
_ Já foi andando... Ia encontrar o carro, dar um jeit...
Saí da cama correndo.
_ Vai pra onde correndo assim?
E corri pela estrada para encontrar o Renato. Corri, corri... mas não conseguia avistá-lo. Avistei um garoto montado num cavalo e perguntei se ele tinha visto um rapaz assim... assim... E o menino disse que ele tinha pedido uma carona e o garoto tinha o levado até o carro. Pedi que ele fizesse o mesmo por mim... e ele fez.
Assim que pude ver o carro, desci do cavalo, agradeci, e continuei andando. Ninguém estava lá. Logo imaginei que ele tivesse resolvido continuar a pé até o asfalto. Me bateu uma dor tão profunda! Olhei pro lado e vi a velha casa abandonada. Resolvi entrar e relembrar aqueles momentos. Fui entrando devagar e notei que alguém estava naquele quarto. Só podia ser ele! Fui bem lentamente e escutei ele pensando em voz alta:
_ Porra... como é que pode? Até antes de ontem eu era o garanhão, o raparigueiro... aí descubro que tenho tesão em outro cara, e quando tenho contato físico com ele, tenho certeza de que é muito mais que tesão... Eu amo aquele porra! Nunca amei ninguém, só queria fuder, curtir... Agora eu amo... e o cara não dá a mínima... Como é que pode? Por que esse amor só nasceu em mim... Por quê?
Entrei no quarto...
_ Quem disse que esse amor só nasceu em ti?
Renato saltou do colchão onde estava deitado e, com um largo sorriso, se pôs face-a-face comigo.
_ Não acredito! É sonho!
_ Eu te amo, Renato! Te amo muito...
_ Eu também...
As lágrimas rolaram de nossos olhos e íamos sentindo o gosto salgado delas à medida que nos beijávamos. Fomos nos deitando naquele velho colchão e nos despindo, um ao outro. Eu parecia não me sentir no mundo...