Os pelos de sua nuca se arrepiaram ao ouvir isso. Será que ele ia matá-la? Ou barbarizar mais com ela antes disso? Por um segundo, passou por sua cabeça que ali ela não era menos livre do que na sua antiga vida.
O seqüestrador sentou-se em uma poltrona e colocou-a deitada de bruços sobre seus joelhos.
- Você foi uma menina levada, Graziella. Merece uma boas palmadas para te reeducar. – dizia ele apertando com força as carnes da bunda da garota.
A colocou de joelhos sobre a poltrona, com o traseiro apontado para ele. Pegou um pedaço de madeira crua, grossamente parecido com uma raquete de pingue-pongue.
- Vamos fazer um joguinho, princesa. Se você agüentar trinta pancadas com isso aqui sem gritar, e sem pedir para eu parar, te deixo ir pra casa.
Ela não podia ver a palmatória, mas sentia a madeira com farpas correndo pela sua bunda e pelas coxas.
- Está pronta? – SLAPT! Uma!
Graziella cerrou os dentes, tentando não emitir nenhum som pela sua boca. Se o primeiro golpe havia sido forte assim, outros vinte e nove seriam impossíveis agüentar. SLAPT! Duas. O homem a castigava batendo na base de suas nádegas, entre a coxa e a bunda, onde a pele da garota era extremamente sensível. SLAAAPT! Três. As carnes dela chacoalhavam a cada batida, deixando o seqüestrador cada vez mais excitado. SLAAPT! Na quarta o corpo da garota foi jogado para frente, e por dentro do capuz as lágrimas começavam a correr por seus olhos. SLAAPT! Na quinta ele pareceu colocar toda a força de seus braços, mas ela não queria dar esse gostinho a ele. SLAAPT! A partir da sexta ele batia com um intervalo cada vez menor. SLAAPT! A sétima foi a derradeira.
- Por favor, pare! Eu fico aqui, eu fico aqui! PARE! – Ela gritava ofegante, cuspindo saliva por entre os dentes, a cada palavra. Sua bunda e suas pernas pareciam estar pegando fogo.
O algoz então a colocou sobre seus ombros e a levou para outro cômodo. Deixou-a deitada sobre um chão de piso frio, enquanto ela escutava o barulho da água de um chuveiro começar a cair. A pele de suas nádegas e a parte de dentro de suas coxas minavam sangue. Ela imaginou que o prazer sádico daquele homem a colocaria sob a água mais gelada possível. Mas sua previsão estava errada.
Sentiu a água morna tocar seu corpo, e as mãos pesadas do seqüestrador a tocarem na parte ferida, surpreendentemente carinhoso. Ela nem se lembrava da última vez que um homem havia dado banho nela. O toque. Os beijos embaixo da água corrente. Mas desta vez era diferente. O capuz não a permitia saber sequer onde estava, mas sua vagina, já meladinha depois das pancadas, agora se molhava cada vez mais com os toques de seu algoz, e não era pela água agradável que escorria por seu corpo. Sentiu um pouco de dor, tolerável, quando o sabão tocou os cortes nas coxas. As mãos fortes espalhavam-no por todo seu corpo: seios, barriga, pescoço, nuca, costas, até chegar à vagina, cuidadosamente separando cada um dos lábios e tocando o clitóris com a ponta do dedo. Cada ponto de seu corpo era minuciosamente explorado causando arrepios como se aquele cara a conhecesse detalhadamente. Ela nem cogitava protestar ou resistir.
Lembrou-se então do tempo em que ela e Rodolfo já namoravam. Ele havia mudado muito, ela também, como se a união dos dois despertasse o que de melhor havia neles, mas até então estava latente. Ela freqüentava as festas e os jogos dele, era sua inspiração. Ele passou a trabalhar junto com ela no grêmio estudantil, aprendeu muito, amadureceu, e já parecia apto a levar uma vida responsável.
A brincadeira entre os dois era transar sempre nos lugares mais desafiadores da faculdade, cada vez aumentando mais o risco. No estacionamento, entre as árvores do campus, e até na ante-sala do escritório do reitor, em um fim de tarde que a secretária precisou sair. Ela gostava de ser agarrada pelos cabelos, pega com força e penetrada com estocadas fortes. Ele, por gostar justamente de pegá-la desse modo, tornava os dois totalmente compatíveis.
Tudo corria perfeitamente bem entre ambos, até a tarde em que Graziella recebeu uma ligação de seu pai, dizendo que precisava vê-la urgentemente. Ela voltou por alguns dias para Blumenau, e lá ficou a par de toda a situação, mais estarrecedora do que ela podia imaginar. O frigorífico de seu pai estava à beira da falência. Seu maior credor era Márcio Greco, estancieiro gaúcho, pecuarista e ex-senador, que propôs aliviar todas as dividas da família de Graziella caso ela se casasse com seu filho Alessandro. No inicio a garota ofendeu-se com a proposta; estava sendo leiloada por seu próprio pai, em troca de sua salvação financeira. Seu velho então esclareceu que sequer teria dinheiro para mantê-la fazendo faculdade em Florianópolis sem o acordo com os Greco, e que se ela não aceitasse o casamento nem precisava voltar pra casa após a faculdade. Estaria por sua conta. Ela praticamente estava sendo obrigada a isso.
Ao saber disso Rodolfo elaborou um plano arriscado. “-Vamos fugir, Grazi”. Propôs que os dois fossem para São Paulo após a faculdade. Ele poderia facilmente manter uma vida com a amada lá, e ela sabia disso. Mas e a família da garota, como ficaria? Com a empresa falida e sem dinheiro.
Entre seu coração e a razão, Graziella foi obrigada a escolher a segunda. Rodolfo e ela foram eleitos rei e rainha no jantar de formatura. Os dois já sabiam que a vida de ambos como casal estava condenada. De nada teve graça a festa. Como combinado, logo depois da faculdade ela se casou com Alessandro. Na hora de dizer “sim” teve a impressão de ver a silhueta de um homem na porta da igreja. Seria ele que a salvaria de lá também? O padre então chamou a atenção da garota e repetiu a pergunta. Graziella aceitou. Quando olhou de novo para a porta não havia mais ninguém lá. Fui a última vez que o viu. Nunca mais teve notícias de Rodolfo. Uns diziam que ele havia se tornado militar e partido para o Haiti com as tropas da ONU, outros que ele simplesmente havia saído do Brasil e recomeçado a vida em outro lugar, mas para ela todas estas informações eram incertas.
Na mesma tarde do casamento, no aeroporto Hercílio Luz em Florianópolis, Rodolfo pegava o vôo sozinho. Para onde, Graziella nunca soube.
Mais uma vez ela caiu em si. Pelos passos firmes do seqüestrador a tarde havia chegado: a hora da surpresa, como ele lhe prometera.
“Seu marido quer fazer jogo duro, princesa. Então vamos endurecer a brincadeira toda, mas sem perder a ternura.”
Ela se lembrou da frase de Che Guevara pixada em uma das paredes da faculdade. Sentiu ele abrindo suas pernas com força, deixando uma de cada lado sobre a cama. Passou a língua inteira pela vagina de Graziella, desde o ânus até o grelinho. “Por favor, não faça isso comigo. Não me estupre”. Ele sequer dava ouvidos a ela. Penetrava-a com a língua reta, firme, matando a sede em seus sucos que sem mais pudor nem orgulho lacrimejavam ensopando entre os lábios. Beijou-lhe a barriga, os seios, e foi até sua boca. Colocou sua língua deliciosamente na boca de Graziella, obrigando-a a sentir seu próprio néctar. Um beijo másculo, dominador, possante. Envolveu-a com os braços, como se quisesse determinar definitivamente sua posse sobre a mulher ali entregue e tirou-a da pequena cama, colocando-a de joelhos. Encostou o pênis na boca dela pela abertura na máscara. Era a primeira vez que ela teria que fazer algo ativamente desde que fora arrebatada para aquele cativeiro. Hesitou. Ele passou a cabeça por entre os lábios da garota. Segurou-a pelos cabelos que escapavam do capuz, e então ela o engoliu. Ela poderia mordê-lo, mas a idéia sequer passou pela sua cabeça ao sentir a tora de carne e veias tocando sua garganta. Não eram mais algoz e vítima, eram amante a amada. A língua de Graziella circulava a cabeça, e depois seus lábios o envolviam indo e vindo na sincronia mais perfeita. Sua saliva besuntava-o todo.
“Implore para ser minha, Graziella. Quer esse pau todo dentro de você?”. O algoz deitou-se no chão. Puxou-a para cima dele. Ela, ainda com as mãos algemadas era obrigada a dançar conforme a música. Ele ajeitou seu pênis, duro como um aríete, e Graziella desceu gradualmente recebendo-o todo dentro de si, até estar perfeitamente encaixada. Graziella sentiu todo o seu interior preenchido, até o útero. Ela era apertada. Seu marido certamente não estava comparecendo regularmente. O seqüestrador então transformou o que era uma pequena travessa em uma rodovia interestadual, de pista dupla. Ele segurava-a pela cintura com uma mão, a outra acariciando o seio esquerdo, puxando e beliscando lentamente a ponta do mamilo.
- Vamos agora experimentar a sua porta de trás, Graziella?
Ela parou de cavalgar, deitou-se e se apoiou no peito de seu novo dono.
- Eu nunca fiz isso. Vá devagar comigo.
Ele riu, e surpreso respondeu:
- Você é casada a todo esse tempo, e nunca fez isso?
- Meu marido nunca pediu...
Sem mais o que dizer, ele abraçou-a e ambos rolaram no colchão, deixando a garota por baixo. Virou-a de bruços, e com a língua e os dedos começou a acariciá-la ali. Dilatou-a carinhosamente com um, depois dois, até três dedos. “Se doer, me avise, Graziella”. Encostou a cabeça na entradinha de trás da garota. Carinhoso, gradual, seguro. Deslizou para dentro possuindo definitivamente sua presa. Segurou-a pelos cabelos. A outra mão acariciava o grelinho com o dedo indicador e penetrava a vagina com o médio. Seu corpo recebia e se adaptava às medidas do amante maravilhosamente bem. Ela estava sendo impiedosamente empalada, e estava achando delicioso. Segurada pelos cabelos com a cabeça apontada para cima, o que causava certa câimbra em eu pescoço, ela rebolava e se entregava.
Os joelhos de Graziella amoleceram e ela soltou seu corpo semi desfalecida. A garota então entende perfeitamente todos os sentimentos de submissão. Reações e excitações que simplesmente surgem sem serem convidadas. O prazer em se sentir degradada, mas de certa forma confiando em quem faz isso. Ela mesma se surpreende com a resposta de seu corpo. Nunca havia sentido tanto prazer em sua vida. Rebaixada. Humilhada....Amada. Qualquer palavra de seu algoz agora seria arrasadora.
Os gemidos de Grazi, ao ser enrabada por aquele marginal eram os mais espontâneos, vindos de sua alma. Gemidos de quem cede, se resigna, desiste de alguma coisa e se sente possuída. Quando a excitação transgride qualquer limite imaginável, não há questionamentos. “A puta mais devassa do mundo é uma lady perto de você agora, Graziella”. Ela pertencia ao seu algoz agora. A casca de mulher forte e decidida caía seca e dura, dando lugar à dócil e obediente menina vulnerável.
- Fode meu cuzinho! Ahhh...caba comigo. Eu sou sua!
Ele despejou todo seu leite dentro dela. Ela gozou contorcendo-se e gemendo, entregando-se ao tesão sem nenhum controle do seu corpo.
Um “paraíso do avesso” fora mostrado para Graziella naqueles momentos. Seu sexo estava ávido por mais contato, mas seu seqüestrador fazia questão de deixá-la querendo mais. Pequena e possuída, ela era um nada. Mas ser um nada passou a ser delicioso. Graziella deu sua buceta e cuzinho naquela noite tantas vezes que perdeu a conta. Sem nenhuma vergonha e com toda entrega possível. Ela não era mais uma vítima. Era linda, especial. E seu algoz agora era dono de sua alma e de seus desejos.
A experiência foi surrealmente forte para Graziella. O homem que a dominara deita-se na cama. Ela se aninha acomodando a cabeça em seu peito, demonstrando que a entrega absoluta a que fora submetida surtira efeito. Ele a abraça, envolvendo-a. Ela, ainda com os braços atados, sente o esperma escorrendo por seu ânus e implora:
- Me solta agora?
- Ainda não – ele responde.
A garota simplesmente aceita. Qualquer resquício de civilidade da sua antiga vida foi varrida com aquela trepada. Ela era agora puta e escrava de seu mascarado misterioso.
- Você quer voltar para a sua casa, Graziella?
-(Silêncio)...
Tudo para ela se resumia naquele momento. Aquele homem, aquele cativeiro. Ela sequer se lembrava do conforto de sua antiga vida. Nada havia a preparado nem protegido para dias como aqueles. Já o seu mascarado a ampararia sempre e a protegeria de tudo.
- Então...quer?
- Não. Quero ficar com você.
* *...*
Seus braços então foram soltos e o capuz retirado. Ela então pode ver o rosto de seu captor. Naquele momento passado e presente convergiram. “- Eu ainda vou voltar para você, Graziella” – as últimas palavras que ouvira dele dez anos atrás. Pensou no que a garota idealista e revolucionária daquela época faria se tivesse a chance de enfrentar um político corrupto como aquele com quem fora casada até então. Sua vida agora seria dali em diante.
Depois que Alessandro Greco deixou as duas maletas com quinze milhões dereais debaixo do banco do último vagão no trem urbano que cortava Porto Alegre naquele fim da tarde, Graziella e seu parceiro no crime partiram para de lá. “Ladrão que rouba ladrão...” – como dizia o ditado. Com um pedaço de pano ela limpou a maquiagem roxa que simulava um hematoma ao redor do olho. Artimanhas do plano ao qual ela agora era parte. Estava claro naquele momento para ela como na vida sempre há escolhas, certas ou desastrosas, mas que se deve sempre aproveitar o privilégio de se ter uma segunda chance.
Notas de cinqüenta e vinte, não marcadas, como Rodolfo havia ordenado por telefone. As gravações das conversas com o deputado durante a negociação, reveladoras, em breve seriam entregues em um pen-drive para toda a imprensa, que as divulgariam e colocariam Alessandro onde ele merecia.
“-Quinze milhões. Dez voltarão à quem realmente pertencem. Os outros cinco serão a indenização do deputado Alessandro por nos manter distantes tanto tempo”.
Dias depois, à beira da piscina do navio de cruzeiro Grand Mistral, rumo à Barcelona, uma bela garota de biquíni caminhava com dois copos na mão. Senta-se na cadeira ao lado de seu companheiro, o eterno garoto loiro de olhos castanho esverdeados, e passa uma das bebidas para ele. Brindam juntos, ao novo capítulo de suas vidas que começava ali.