(Esse conto ficou um pouco extenso e não tem erotismo, é só uma introdução a uma história de amor.)
Qual seria a melhor definição de Amor platônico? Um amor simplesmente puro ou impossível? Segundo o Wikipédia Amor platônico é: “na acepção vulgar, é toda a relação afetuosa ou idealizada em que se abstrai o elemento sexual, por elementos de gêneros diferentes --como num caso de amizade pura, entre duas pessoas.
Esta definição, contudo, difere da concepção mesma do amor ideal de Platão, o filósofo grego da Antiguidade, que concebera o Amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo em que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O Amor, no ideal platônico, não se fundamenta num interesse (mesmo o sexual), mas na virtude.”
TRADUZINDO: Um Amor Puro e Impossível. Que ÓTIMO! --‘
Meu nome é Enzo, tenho 16 anos e vivo no interior de São Paulo. Sou bem branquinho, cabelo castanho e liso, olhos verdes, 1,74 de altura, corpo mais ou menos definido – barriga tanquinho mas nada exagerado. Sempre tive um grupo digamos que seleto de amigos, amigos mesmo eu tenho no máximo 10, os outros são colegas, ou pura falsidade mesmo. Nunca fui muito sociável, me considero um chato pra falar a verdade. Sou meio tímido e muitas vezes pra conhecer alguém tem que ser por meio de outra pessoa, mas para “conquistar” amigos eu sou bom, muito bom, e eu nem sei como. Tenho um pequeno defeito que é ser muito sentimental, mas esconder estes sentimentos, até de mim mesmo as vezes, e tem um sentimento em particular que eu até prefiro esconder, mas que ultimamente vem me consumindo: o amor pelo meu “primo”.
Mia situação familiar não é uma das mais normais. A maioria da minha família é de outra cidade e eu não tenho contado, mas meus pais tem amigos muito chegados e eu os considero como minha verdadeira família. Érik é filho da melhor amiga de minha mãe e eu sempre o considerei um primo, quase irmão. Ele é mais baixo que eu, 1,64m, tem os ombros lagos por lutar Muay Thai, cabelo liso castanho e espetado, moicano, rosto meio redondo, barba bem ralinha, e olhos castanho escuros que me deixam hipnotizado. Só tem três motivos para eu não ter me declarado ainda: 1) Ele é SUPER hetero, quase homofóbico. 2) Minha falta de coragem. 3) Ele é sete anos mais velho do que eu.
Digamos que nós não somos os melhores amigos do mundo... Nós não temos muito papo, mas ele é o melhor amigo da minha irmã. Eu sempre lutei contra esse amor, pra esquece-lo, mas não consigo. Sempre que tenho a chance eu fico olhando pra ele, os olhos, o contorno da barba, as sobrancelhas, o cabelo, os braços peludinhos, as mãos fofinhas, a bundinha... e sempre tenho vontade de beija-lo de acaricia-lo e dizer que o amo e isso me mata pois é impossível.
Ele sempre foi pegador, pegava várias meninas com seu jeito engraçado e safado, comia todas que ele queria, e fazia questão de falar pra todo mundo. Então resolvi ficar com uma meninas, eu nunca ficava com ninguém porque nunca vi muita graça em beijar por beijar, mas estava revoltado com a vida e decidi que eu queria. Sai com meus amigos e procurei uma menina. Achei uma loirinha bem bonitinha. Cheguei nela e a gente ficou, o clima começou a esquentar e acabei imaginando como seria beijar o Érik e meu pau subiu na hora. E então ela pegou no meu pau e mordeu meu lábio inferior. Ela então me olhou me deu um selinho e disse no meu ouvido:
- Eu ainda sou virgem, mas se você quiser eu iria adorar perder minha virgindade com você.
- Vamos então, mas aonde?
- Vem comigo, minha amiga mora em um apartamento aqui perto, ela mora sozinha, eu peço a chave pra ela.
Ela falou com a amiga e nós fomos pro tal apartamento. Não vou mentir, foi bom, mas eu só pensava nele, a cada momento eu imaginava ele gemendo e chamando meu nome. Nós saímos de lá trocamos o numero do telefone e eu fui embora. No outro dia eu teria que contar pra ele.
- Então, como foi a festa ontem?
Nós estávamos no carro dele dando uma volta.
- Foi legal, fiquei com uma loirinha linda, Érica o nome dela. (é eu sei, cômico não? Mas ainda bem porque se não acho que ela teria percebido que eu falava Érik invés do nome dela)
- Nossa que milagre foi esse! Você nunca fica com ninguém. Mas então como foi?
- Ah foi legal, a gente transou.
Ele deu uma freada tão brusca que eu até me assustei.
- Érik ta maluco?
- Foi, mal mas eu acho que eu to ficando louco... Eu acabei de escutar que você transou ontem...
- Deixa de ser trouxa! Eu transei ontem com uma loirinha. Foi minha primeira vez.
- Deixa eu raciocinar direito espera.
Ele então me levou pra um lugar mais afastado da cidade. Uma estrada.
- Acho que aqui da pra gente conversar melhor. Como foi?
- Ah! Normal ué.
- Você usou camisinha né?
- Claro! Ou acha que eu sou retardado?
- Calma só estou fazendo meu papel de primo.
- Primo?
- É não é você que vive me falando que eu sou seu primo, seu exemplo de irmão que você não teve? Então?
- Por essa eu não esperava.
- Que foi? Eu não sou mais isso tudo?
- É, mas... eu nunca pensei que você concordava com isso. Você nunca fala nada sobre isso. Sempre fala pros seus amigos que eu sou o irmão da Bia e não seu primo.
- É... Desculpa. Mas você é meio que meu primo. Mas então. Como foi? Foi tudo certinho, belezinha? Gozou na hora certa? Fez com calma com carinho?
- EEEI! HAHAHA! Sim, gozei na hora certa, ela também, foi com carinho, e na posição normal.
- Rolou um oral?
- Sim...
- Só nela?
- É. Ela não quis fazer em mim, e eu também não forcei, foi a primeira dela também.
- Bom, muito bom. Você realmente me pegou de surpresa.
- Posso saber por que?
- Eu não esperava que sua primeira vez fosse com uma menina, se é que você me entende?
- Como é que é?
- É, que dizer, eu pensei que você fosse viado. Sabe, nunca ficava com ninguém, nunca repara nas minas passando na rua.
- Aff! Cala sua boca.
- Calma, eu não queria te deixar assim, é que eu to aliviado...
- Aliviado por que?
- Porque você não é boiola!
- E isso seria algum problema pra você? Era por isso que você não falava que eu sou seu primo? Por medo de eu ser “boiola”?
- Ei porque você ficou tão bravo assim? Isso é uma coisa boa!
- Só se for pra você idiota! E se eu for gay? Você vai fazer o que? Me jogar pra fora do carro? Me espancar e me mandar virar homem?
- Por que ta me perguntando isso?
- Vai pode me bater então! Eu gosto de homem sim! Eu sou tudo isso que você falou! Eu sou boiola! Vai me espanca! Faz isso se você for homem!
- Cala a boca!
E me deu um tapa na cara.
- Eu não acredito que você fez isso!
- Me desculpa Enzo! Por favor me desculpa! Eu não queria.
- Me leva embora. Agora!
Eu comecei a chorar. Eu não acreditava que ele tinha feito isso comigo. O pior não era terem me batido por me assumir ser o que eu realmente sou, mas sim por ter sido ele. Ele chorava quieto, só me pedia desculpas o caminho todo, até chegar na minha casa:
- Me desculpa Enzo, por favor. Foi sem querer, eu não pensei direito.
- Sabe o que mais me machucou? Não foi esse tapa não. Foi quem deu. Sabe, eu te amo. Sempre te amei, e foi mais do que um amor de primo ou irmão. Eu te amei e te desejei como homem, mas agora eu sei que essa foi a coisa mais perversa que meu coração podia ter feito comigo. Me fazer amar quem me despreza. Mas o que me machucou de verdade, não foi por esse amor carnal, foi por esse amor de primo e irmão, essa admiração que eu tinha por você. Sabe aquele orgulho que eu disse que sentia em dizer pra todos os meus amigos que você é meu primo? Ele morreu com esse tapa.
Enxuguei as lagrimas, sai do carro e entrei em casa. Fui direto pro meu quarto. Quando olhei no espelho, estava com a marca da palma da mão dele no meu rosto e meus olhos estavam vermelhos. Eu lavei o rosto e desabei. Meu celular não parava de tocar. Era ele.
Continua....
