A Cozinheira
Noite de sábado - 19:42
Dona Clarice se ocupava na cozinha, preparando um ensopado de frango, acompanhado com grande especialidade à salada de legumes recém-colhidos e torta de morango quando ouviu um som incomum. Um estalo agourado e alto. Momentos após, o ar-condicionado parou de produzir seu zumbido confortável; deixando de combinar seu som com o rádio de pilha sobre a geladeira, tocando alto o forró da estação Paraíba. Dona Clarice achou-se inconformada e, com ódio, reclamou:
- Puta que pariu! Logo na noite da reunião!
Ela desatou o avental rosa da cintura, correu apressada à caixa de controle de energía e ajeitou os fios disjuntores, um por um. Porém nada aconteceu.
Sra. Cíntia certamente ficaria furiosa. Furiosa e prepotente. Dona Clarice sabia bem o quanto sua patroa - poderosa - ansiava pela reunião semanal entre amigas, nas longas noites de sábado. A tradição da reunião era mantida desde os tempos de início de carreira administrativa, e perpetua-se ainda hoje, com o mesmo grupo de sócias - agora nas mais altas posições no mercado financeiro.
Sem o maldito ar-condicionado, as mulheres simplesmente entrariam em pânico. Principalmente Sra. Cíntia - seria capaz de tornar a vida de Clarice num inferno insuportável. É de se compreender; Copacabana, no Rio de Janeiro, mesmo horas após o pôr-do-Sol, o clima abafado prevalece à noite, não aliviando o tempo quente acumulado durante o dia.
Dona Clarice retornou à cozinha e olhou o relógio digital à parede.
19:52
Ela já podia visualizar as convidadas chegando às onze horas, juntas de sua anfitriã. Dona Clarice, por breves segundos, pensou em pegar o celular e comunicar o contratempo à Sra. Cíntia. No entanto, depois, recordou-se que a patroa estaria em importante conselho no congresso - só retornando à noite para degustar a reunião de amigas.
"A mulher trabalha como uma vaca, e eu estraguei sua única e merecida distração" pensou Dona Clarice. "Meu Deus, o que eu faço?"
Estendeu num impulso a mão à gaveta da cozinha e tirou de lá um pedaço de folha de caderno com um número absurdo de telefones. Esforçou-se para achar o telefone correto em meio àquele cúmulo de rabiscos numéricos e sinais. Por fim, achou o que procurava. Discou, pôs o gancho no ouvido e aguardou. Após cinco toques, a metálica voz da secretária eletrônica entoou:
- Boa noite. Você ligou para o serviço de Ar-Condicionados Gelo Tropical. Se deseja consultar nossa lista de produtos e novidades, tecle um; se deseja obter informações sobre regulamentos de garantia, trocas ou concertos, tecle dois; se deseja falar com um de nossos atendentes, tecle três.
Dona Clarice teclou três e impaciente disparou quando, após alguns segundos, uma voz feminina atendeu:
- Oi, minha filha. Escuta, meu ar-condicionado quebrou, e eu preciso urgentemente...
- Senhora, sinto muito - interrompeu a atendente, impassível e robotizada. - Nossos técnicos estão em serviço e indisponíveis no momento. Por favor, deixe seu nome e endereço. Seu telefone já está em nossa lista de banco de dados, e entraremos em contato assim que um de nossos técnicos estiver disponível. Você ligou para a Ar-Condicionado Gelo Tropical, obrigada.
- Alô! Alô?! Porra, qual a diferença entre você e a secretária eletrônica? Não ajudou em nada! - rosnou Dona Clarice, mas a ligação já havia sido cortada.
O suor frio escorria por sua coluna, a jogando num ar declínio ao medo e desespero, quando o telefone tocou. Uma áspera voz masculina, forçando com fracasso uma conduta formal, disse pausadamente:
- Boa noite. Nossos serviços "foi" solicitado a esse número de telefone. Pode me dizer qual é o problema?
- Meu filho, falo da residência número nove, cinco, meia, dois, na rua Barata Ribeiro em Copacabana. O ar-condicionado da cozinha parou de funcionar. Vocês TEM que mandar alguém aqui, depressa! Ouviu? Agora!
Ela bateu forte o telefone no gancho. Era importante que alguém chegasse logo, pois Sra. Cíntia é o tipo de mulher que se enfurece facilmente. Nos cinco anos trabalhando como cozinheira para a executiva, dona Clarice conhecera a influência e poder de sua ama. Era fascinante e espantoso; toda aquela importância e autoridade a uma mulher tão jovem. Sra. Cíntia basicamente conhecia todos os cargos-chefes da cidade. Executivos, advogados, arquietos, médicos particulares, senadores. E todos a respeitavam. Se ela assobiasse, as pessoas sentavam, deitavam e rolavam - como cachorros adestrados.
Dona Clarice teve a ligeira sensação que o ambiente estava mais quente. Alguma providência tinha que ser tomada o mais rápido possível. O técnico já devia estar a caminho. Ainda assim, não era bom o bastante. Já devia estar lá. Dona Clarice voltou ao ensopado de carne, cortando agora pequenas fatias de cenoura e cebola, a serem jogadas na palena com àgua; mas não conseguiu omitir o presentimento que a noite de sábado seria um fracasso.
E quando a campainha da sala tocou, cerca de vinte minutos depois, suas roupas eram uma segunda e indesejável pele, por causa do suor - e a cozinha se igualava a um forno. Ela correu apresada para atender a porta da sala.
Um técnico de macacão, e um assistente, desleixados, postaram-se de pé à porta a tocar a campainha pela segunda vez. O técnico era o mais alto, negro, aparentando ter quarenta anos de idade. O assistente era branco, jovem, magríssimo, com uma expressão evidente de tédio e sono no rosto. Um carro branco com as siglas da empresa solicitada estava estacionado na rua em frente.
- Já vai! - gritou Dona Clarice.
Quando a porta se abriu, o assistente sequer notara, estava apenas entediado de seu serviço à noite; o negro, por outro lado, olhou a figura grande a sua frente, por um longo momento.
Nenhum descrição minuciosa poderia dar nota às dimensões daquela mulher, segundo ele. Os seios eram duas melancias. O pescoço parecia uma torre, erguendo à forma do rosto oleoso, onde dois olhos como lagos azuis piscavam. Os lábios, sem batom, carnudos e simpáticos, atraiam admiração de qualquer observador a eles. O cabelo negro amotoava-se no topo com uma proteção de cozinheira; revelando ser longo. O vestido que usava era de igual ao tamanho de um saco de coleta de lixo. Os braços saindo do tronco eram dois pilares de aço. A pele era suave e cremosa, sem nenhum tipo de sinal ou marca, atraente. O súbto desejo que o homem negro sentira pela cozinheira o deixara tremulo.
- A senhora está com problema no ar-condicionado? - o negro indagou.
- Sim, meu filho! Meu Deus, até que enfim vocês chegaram! Precisam consertar esse negócio depressa, a reunião já vai começar.
- Sim, senhora. Onde fica a caixa de energía?
- Atrás daquela porta, na cozinha. - apontou ela. - Está um pouco escuro, mas...
- Sem problemas. Ô, Marcão! - sinalizou o negro para o assistente. - Pega uma lanterna no carro, rapidinho.
O assistendo saiu desanimado, e o técnico entrou na casa. Atravessou a luxuosa sala de estar e, passando pela mesa de mármore na cozinha, sentiu instantaneamente o cheiro da torta e fez um comentário:
- A torta parece boa. O cheiro está bom.
Dona Clarice suspirou e disse:
- Sim, será que você pode ver o ar-condicionado agora?
- Vou checar o aparelho. Só um minuto.
- Aqui a lanterna! - disse o assistente, chegando à cozinha.
- Certo - disse o negro, pegando a lanterna. - Vamos ao serviço.
Dona Clarice os conduziu a porta onde a unidade do aparelho estava, mas não entrou. Lá dentro, com a lanterna acesa, os dois homens abriram a caixa de energia do ar-condicionado.
- Esse aqui é um dos bons, Marcão - observou o negro ao assistente.
- Tanto faz - rebateu o assistente, secamente. - Vamos logo pra eu ir pra casa assistir o jogo.
- O que você acha dela? - murmurou o negro.
- Dela quem? A cozinheira?
- É.
- Ah! Ela é bonita, mas é muito gorda.
O negro agachou-se e abriu com dificuldade a pequena porta de aço da unidade de ar, segurou a lenterna com a mão esquerda, deitou-se no chão de barriga e estudou o interior da caixa. Levantando rápido, ele disse:
- Aqui está tudo bem. O problema deve ser em outro lugar.
Os dois saíram e, na cozinha, o negro avisou a cozinheira:
- Dona, o problema não é ali.
- Onde, onde, pelo amor de Deus, é o problema, meu filho?
- Alguma saída deve ter entrado em curto. É provável que todo o sistema tenha parado por isso. A senhora sabe quantas saídas passam pelo sistema de ar-condicionado?
- Acho que... Acho que cada cômodo abriga uma. Talvez umas cinco ou seis. A mais perto fica no sotão.
- Excesso de energía contínua - Diagnosticou o assistente.
- Verdade - Concordou o negro. - Vamos olhar as saídas.
Os três passaram em retorno ao corredor que leva à sala. Ao chegarem na sala, o negro comentou:
- Linda casa. Quem é o dono?
- É uma jovem de negócios. Podemos ver as saídas agora?
Os dois seguiram a cozinheira até o sotão poeirento; o teto era sujo e coberto de tubulações; não havia canto na parede sem que neste não houvesse teias de aranha. O assistente tomando a dianteira, examinou a caixa elétrica na parede, estudou os fios e, ironicamente com alívio, disse:
- Hum... O problema é aqui. Mas a senhora vai ter que trocar a fiação.
- Ah, não! Não, meu Deus do céu... - Gemeu dona Clarice. - Minha chefe vai... vai...
A cozinheira sentiu o início de uma vertigem. Abaixou a cabeça e o chão começou a girar.
- Caralho, ela está passando mal? - Cochichou o assistente.
- Senhora? Senhora, tudo bem? - Perguntou o negro.
Dona Clarice não ouvia nada. O mundo vinha desabando em carga total. A tontura aumentara, e suas pernas tremeram - o sotão parecia encolher e já não lhe era possível respirar como antes. Começou a ofegar. O negro passou o braço em volta dela, recostando-a em sí.
- A senhora está bem?
Dona Clarice não conseguia responder. O desespero da situação e a imagem de sua patroa enfurecida fazia doer-lhe a cabeça. De repente, pontadas no estômagos tiveram início.
- Fica aqui com ela! - Ordenou o negro, saindo do sotão.
Retornou cinco minutos com um frasco de pílulas azuis e um copo d'água. Levou duas pílulas à boca da cozinheira.
- A senhora vai ficar bem.
Ela com a cabeça latejando, engoliu as pílulas. O negro mostrou o copo com água, e ela bebeu sem hesitar.
- Tome, tome! - o negro dera outra pílula. - Ficará melhor agora.
Eles a carregaram com dificuldade ao quarto e a deitaram na cama. Ela, movimentando-se em lentidão, começou a sentir calor corporal. As pílulas começaram a excercer seu efeito. O negro, estranhamente, fechou a porta; porém o assistente não notara.
Dona Clarice se sentia melhor. Depois de cinco minutos a tontura e dor de cabeça começaram a desvanecer. O negro, pensativo e sem tirar os olhos dela, começou a rodear a cama como um cachorro inquieto.
- O que está fazendo? - perguntou o assistente.
- É... o que... está fazendo... o que... - Balbuciou a cozinheira. De repente, ela começou a rir. Rir de forma tão exagerada que chorou de tanto rir. - O que é isso?... Essas pílulas?...
- Para mal-estar e dores de cabeça, meu amor.
- Cara, que porra você deu a ela? O que é isso? - O assistente estava inconformado.
O negrou se inclinou sobre dona Clarice e deu afago a suas coxas e seios. Levantou-lhe o vestido, apressado, e passou massageá-la entre as pernas. A sensação daquilo era maravilhosa, e o excitamento fez, de repente, que a cozinheira quisesse que o homem a penetrasse.
- Vem, seu idiota. Aproveita!
- Nem pensar - negou o assistente. - Isso é loucura, cara. A mulher estava passando mal! Vamos sair daqui antes que alguém chegue.
- Ela está bem. Bem melhor, na verdade...
O negro abriu a bragui-lha e puxou o pau duro para fora. Parecia uma coisa descomunal, cheia de veias, torta e vibrante, com a cabeça inchada e roxa. Ele logo levantou por completo o vestido dela e puxou a calcinha de renda para o lado.
- João, seu safado... - Ela disse, sorrindo, com notável ar de delírio.
A cozinheira olhou para o membro do negro e abanou a cabeça em movimentos longos e lentos, parecendo durar uma eternidade para completar o gesticulação do "sim".
- Viu? Ela está querendo, seu idiota. Vem, viado...
Ele começou a se masturbar, provocando-a. Clarice estava sem nenhuma inibição, não tirava os olhos do pênis dele, o friccionar rápido da mão subindo e descendo naquela piroca dura a fazia suspirar de desejos.
- Quer que eu coloque dentro de você? - Ele perguntou, abrindo suas pernas lentamente.
- Sim, João. Me fode toda!
- João? Quem é esse? - Perguntou o assistente.
- Quem se importa, filho da puta? Vem, porra, pra gente não perder tempo!
O negro começou a dizer algumas coisas no ouvido dela, e Clarice sorriu. Ele estava prestes a penetrá-la quando ela objetou:
- Amor, tem um homem ali.
- Ele já vai embora, mulher. - Garantiu o negro. - Tome mais uma.
Deu-lhe outra pílula, e Clarice a engoliu seca. Desse instante à diante, o ambiente para ela pareceu um nevoeiro. Clarice sentiu João tirar seu vestido e lhe dizer palavras de carinho e afeto. Seu corpo forte e nu se aproximando do dela. O assistente abriu a braguílha, receoso.
- Ai, inferno... Isso é loucura...
O negro a virou de bruços e a colocou de quatro na cama. O assistente, pelo outro lado, pôs lentamente o caralho na boca dela, tão aveludada e úmida. Ela, com muita ternura, começou a sugá-lo e a passar sua língua em torno do pau. Enquanto isso, o negro pressionava a cabeça do cacete contra a abertura do cu em meio àquelas duas bandas de massa enormes. Ele nunca tinha traçado uma gorda antes.
- Isso, João! - Ela gemeu alto e com a voz embolada, com o pau melado do assistente atolando sua boca. - Fode o meu cu!
O negro mergulhou de uma vez o membro inteiro dentro dela, e sentiu que sua carne densa e apertada o dilacerava, a dor foi inevitável. A cada arremetida e giro, ele enfiava a pica mais profundamente e sentia ainda mais dor que antes.
- Caralho, ela é muito apertada...
Ele segurou mais forte seus quadris flácidos, metendo e saindo sucessivamente, com urgência e firmeza. Depois de um tempo, o pênis se já mergulhava com facilidade. De súbito, ele sentiu o estremecimento rápido e, dois segundos depois, retirou seu pau de dentro dela, lambusado de gozo e meio amolecido.
Enquanto negro se sentava exausto no chão, Clarice se deliciava com o pênis do assistente, massageando-o com a língua o fazendo contorcer de tesão. A sugação começou a ficar insuportávelmente excitante, e o assistente apertou firme o rosto de sua escrava drogada, exigindo-a em movimentos mais bruscos, até que sentiu que finalmente estava vindo. Gozou por completo em sua boca, gemendo como um menino feliz.
Um murmúrio incessante vinha de alguma parte da casa, enchendo o quarto com sensações de medo e alerta aos homens.
- Porra, tem alguém vindo aí! - disse o assistente.
- Vamos logo sair daqui...
Os dois, táo apressados como gatos nos telhados, se ajeitaram e saíram pela porta dos fundos. Deixaram a cozinheira jogada nua na cama, adormecida. Pegaram o carro com o logotipo da empresa e voltaram para o escritório, não antes de certificarem se não foram vistos por alguém. No dia seguinte, souberam que dona Clarice fora despedida do cargo de cozinheira, pois o boato de uma mulher de meia-idade ninfomaníaca se espalhou rápidamente por todo o bairro. O assistente chegou a sentir arrependimento e uma certa pena. Porém, o negro não se permitiu sentir pena dela, apenas relembrava que tivera a melhor noite de serviço, que de serviço nada teve. Somente o prazer.