Bom, este é meu primeiro conto aqui no site e o nome dele é: Mais do que Paixão.
Para começar, meu nome é Peter, sou estudante e Curso o ensino Médio. Estou no segundo ano e meu sonho é ser um desenhista industrial bem sucedido. Moro em uma cidadezinha pequena perto de Porto alegre e fico durante semana na cidade onde eu estudo, junto com minha tia e meus primos e passo os fins de semana com meus pais, em outra cidadezinha (a que eu morava diariamente antes de vir pra cá), onde eles têm um mercado.
Minha história começa em uma segunda-feira. Depois de almoçar, a topique que me leva pra escola chega e, minutos depois logo estou no colégio. No canto do portão, uma garota com 1,60 de altura, olhos castanhos claros e um olhar de reprovação olha pra mim e diz:
- Pensei que não vinha mais Peter, por que demorou?
- O cara esqueceu de passar na casa de uma garotinha, foi por isso que eu acabei me atrasando Diana...
- Ok, ok, vamos indo então, a aula já vai começar.
Depois de cada um dos meus colegas retardados sentarem em seus lugares, a Professora Luciana, de matemática, entrou e falou:
- Bom dia turma, eu gostaria de contar uma novidade pra vocês antes de começarmos a aula. Bem, tivemos conselho de turma semana passada e nós professores chegamos à conclusão de que vocês estão conversando de mais, então por isso, passarão a sentar em espelho de classe em todas as disciplinas a partir de hoje, eu sei que isso é coisa de criança de ensino fundamental, mas é assim que vocês estão se comportando, então tomaremos atitudes que se encaixem com o comportamento de vocês, combinado?
Ninguém gostou da notícia, claro, todos gostavam de sentar perto de quem tem mais afinidade e, eu claro, queria ficar perto de Diana, além de termos muitos gostos em comum, pensamos de maneiras parecidas e isso é uma das principais coisas que nos faz sermos melhores amigos. Logo após o anúncio, a professora começou a dizer os lugares que foram determinados para sentarmos, começando pela fila direita da sala, então disse:
- Felipe, Fernanda, Peter, Andrew, Marcos e Patrícia, a próxima fila é...
Quando procurei pela sala para ver as pessoas que estariam na minha fila, olhei para Andrew e, logo senti um desânimo tremendo ao saber que um dos palhaços da sala sentaria atrás de mim. Andrew era alto, tinha um tanquinho esculpido perfeitamente em seu abdômen, tinha cabelos pretos e olhos castanhos, apesar de ser um babaca, ele era bonito e tinha um sorriso simpático, mas mesmo assim ainda era visto por todos como o idiota brincalhão. Sentei no meu lugar e logo ouvi ele falar atrás de mim:
- Eaí.
- Oi.
- Que pena que você ficou longe da sua melhor amiga né? Agora está sentado entre a loira burra e o palhação.
- Pois é... - Falei com ar de desprezo.
- Vem cá, você é sempre assim? Tipo, idiota e nerd ao mesmo tempo?
Virei pra ele para dar uma resposta, mas quando meus olhos encontraram os deles senti um arrepio e, notei que o rosto de Andrew não possuía espinhas e cravos, seus traços eram bem definidos e seu olhar era misterioso, o que me deixava muito incomodado. Desde a sétima série eu estudava com o Andrew, mas nunca havia notado muito ele, nunca havia reparado no seu jeito, ele parecia ser diferente de perto, talvez fosse diferente por dentro também. Tentei recuperar a fala, mas só o que consegui dizer foi:
- Cala boca.
Depois disso, me virei de volta e parei para pensar no quão eram idiotas as palavras que tinha acabado de dizer para ele. Segundos depois ouvi um riso vindo de trás, sabia que era de Andrew, não fiquei surpreso, até eu riria daquilo que havia dito.
Quando cheguei em casa, cansado da aula, peguei meu notebook e entrei no MSN, após 5 segundos uma janela começa a piscar, clico e vejo que Andrew havia dado “Oi”, então disse:
- Oi
- Sabe aquele tema de física?
- Sei... O que tem?
- É para amanhã?
- Não, é para Quinta-feira.
- Ta certo. Você Já fez?
- Sim. Por quê?
- Por que Você fez o tema uma semana antes sendo que ele é para quinta? Nunca vou entender essa raça nerd certinha e organizada...
- Vem cá Andrew, o que você quer?
- Nada eu acho... Posso te contar uma piada?
- Não!
- Ok, Tinha duas impressoras "conversando" e tals quando uma delas vira para a outra e fala: Essa folha no chão é sua ou é "impressão" minha?…
- hehehe, até que não foi tão ruim...
- É claro que não, fui eu quem contou XD.
- Engraçadinho...
A partir dali, fiquei conversando durante bastante tempo com Andrew, ele parecia ser diferente do que todos achavam que ele era, ele era gentil de um jeito invisível, era estranho pensar assim, mas nossa longa conversa provou que tínhamos algo em comum do que achávamos que não tínhamos. Durante aquela semana me aproximei mais de Andrew e o conheci melhor, assim como ele me conheceu melhor também.
Passaram-se alguns meses e as férias de inverno haviam chegado, Havia feito muitas coisas com Andrew antes das férias, Havíamos olhado filmes, dado umas voltas no centro em alguns fins de semana e, (não em todos, por que na maioria das vezes eu havia ido para cidade dos meus pais ajudar no mercado deles) toda vez que voltava de topique para casa, me pegava pensando nele, no jeito em que expressava a sua opinião, no sorriso largo e caloroso que dava quando ria de algo, no jeito de pensar, de olhar, de agir, de tudo. Será que eu estava ficando apaixonado por ele? Andrew, o palhaço da turma, que agora se mostrava outra pessoa e, estava me conquistando pelo seu jeito levado e moleque? Fiquei confuso ao pensar sobre isso, não imaginava que isso pudesse acontecer, ele tinha algo de diferente que os outros garotos não tinham, tinha algo dentro de si que me atraía sem eu perceber. Cheguei à óbvia conclusão de que eu o amava, a cada segundo que passávamos juntos fazia com que eu sentisse mais a sua falta. Infelizmente, não podia me declarar para ele, pois ele era heterossexual e eu não havia contado a ninguém ainda que gostava de garotos, mas eu não aguentava mais ficar escondendo meu amor por Andrew, aquilo me fazia sentir péssimo por dentro.
No segundo dia de férias, fui à casa de Diana para fazermos alguma coisa, quando saí pela porta para ir embora, olhei para rua e vi que estava chovendo muito, mas tinha que ir pra casa, pois já estava escurecendo e não tinha outro jeito de ir. Passei pelo portão e comecei a correr para chegar rápido em casa, de repente, alguém gritou chamando meu nome:
- Peter!- Me virei para ver quem era.
- Andrew? o que está fazendo aqui?
- Acabei de sair do treino de futebol, aí vi você correndo e pensei que gostaria de ir para casa sem se molhar, - Ele ergueu o guarda-chuva, mostrando que queria dividir comigo - se esqueceu que eu treino perto da casa da Diana?
- Verdade, tinha esquecido, mas eu aceito o seu convite, valeu cara – Falei surpreendido e sorri para ele.
- Você vai fazer o que depois?
- Eu? Acho que nada, talvez irei terminar de ler meu livro, Água...
- Para elefantes...
- Como você sabe que estou lendo esse livro?
- Na quarta passada olhamos filme na sua casa, quando você foi tomar banho, vi em cima do sofá o livro, aliás, é livro de que? Aventura, Auto-ajuda, Educacional?
- Não – Ri e tentei dar um tapinha em suas costas, mas ele desviou e riu também, então continuei. – É de romance Andrew.
- Hum... – Depois de ele ter falado, fiquei vermelho em pensar que poderia pular nos seus braços e beijar sua boca com o silêncio que havia feito no ar, mas logo fui interrompido em meus pensamentos a o ouvir falar:
- Você já se apaixonou alguma vez na vida Peter?
- Bem, acho que sim – Falei corando as maçãs do rosto – Você não?
- Também não sei ao certo...
De repente Andrew resbala e cai em uma poça de água, o guarda-chuva se solta de sua mão e cai na calçada, olho para ele com um olhar de repreensão e um sorriso no rosto, estendo minha mão para ajudá-lo a levantar do chão molhado e frio. No momento que toco sua mão quente e carinhosa sinto ela me puxar em sua direção e quando me dou por conta, me pego olhando em seus olhos, com meu corpo levemente definido pela academia sobre o seu corpo molhado e caloroso, sinto seus músculos dos braços se contraírem, sua respiração fica ofegante e seu abdômen fica rígido contra o meu, minhas pernas ficam bambas e meus pensamentos esquecem-se do mundo. Ele me olha com um olhar de quem achou o que procurava a vida inteira, mas logo seu olhar é desfeito por seus pensamentos, ele levanta-se oferece sua mão para mim levantar e diz:
- Desculpa... Eu não quis que você se machucasse, nem que se molhasse - Senti sua voz falhar ao falar comigo, enquanto ele olhava para o chão encabulado diante daquela situação- eu só estava fazendo uma brincadeira...
Diante daquilo tudo vi que ele gostava de mim, então soube exatamente o que fazer. Aproximei-me de Andrew e rapidamente tentei beijá-lo, mas ele virou a cara com um olhar triste e disse:
- Acho melhor não sermos mais amigos Peter, isso ta ficando errado, até...
Não deixei ele completar o que ia dizer, saí correndo não acreditando naquilo que eu havia feito, era óbvio que ele iria se esquivar, ele gostava de garotas, como pude achar que ele gostava de mim, por que eu fui tão burro? Mas agora estava claro, nossa amizade havia acabado e tudo deveria ser esquecido. Meus olhos estavam vermelhos, prestes a soltarem rios de lágrimas, entrei correndo em casa e, minha prima que estava na sala, olhou para mim perguntando me por que eu estava daquele jeito. Não querendo responder, entrei em meu quarto e tranquei a porta. Escorado nela, começo a deslizar lentamente soluçando por aquele terrível incidente.
Continua...
