- Peter, acorda, você tem que se arrumar, o Matheus falou pra nós ontem lá na fogueira, que era pra todo mundo estar às 8h na cantina para tomar café.
- Que preguiça... Queria ficar o resto do dia com você, aqui. – Falei com a voz carregada de sono.
- Eu também queria passar o resto do dia com você, bem abraçadinho, – Andrew deitou ao meu lado já vestido, e me envolveu com seus braços de amor, dando-me um abraço caloroso e gostoso. – mas se você está com preguiça, eu vou ti fazer levantar, com a minha super, ultra, mega, hiper arma secreta anti-disposição.
- Ata... Como se isso fosse funcionar.
- E vai. – Andrew levou suas mãos até minha barriga e fez cócegas até eu chorar de tanto rir.
- Tá, tá! Entendi, você tinha razão, ela funciona mesmo.
Levantei rindo daquele momento feliz, Andrew ria também e enquanto eu me vestia ele me olhava e sorria sem parar, me perseguindo com seus olhos de caçador e seu sorriso de lobo mau, parecia que ele ia me comer com os olhos, de tão maliciosos que eram.
- Espero que você não me engula. – Disse me virando para guardar minhas roupas na mochila.
- Por que você acha isso? – Ele chegou por trás de mim como um raio e me deu um beijo energético no pescoço que me fez arrepiar.
- Andrew... – Falei baixinho. – Alguém pode nos ver e, já ta na hora da gente ir.
- É tem razão, alguém pode ficar com inveja por que eu tenho você só pra mim, já que você é lindo... Cheiroso... Gostoso... – Ele me beijava no cangote a cada palavra que falava.
- Droga, não consigo resistir a isso...
Quando ia beijar Andrew na boca e me deliciar com aquele momento, alguém gritou:
- Hei! Vocês não vão vir?! O café acaba em 15 minutos – Disse uma voz vinda de fora.
- Já vamos sora Ana, já estamos indo! – Disse falando alto. – Viu seu bobo, quase que alguém nos pega. – Falei agora sussurrando.
- É, quase que eu te pego... – Andrew disse olhando pra mim com um olhar de malicia.
Depois de estar pronto, fomos para cantina, tomamos café e fizemos todas as atividades propostas naquele dia quente. Diana ficou super feliz por nós sermos amigos de novo, mas ficou mais feliz ainda por nós estarmos juntos agora. Ela falou para mim e para Andrew não demonstrarmos muita intimidade em público, pois as pessoas poderiam desconfiar que rolava algo entre nós, o que tornaria com certeza nossas vidas difíceis e complicadas.
O dia tinha sido super bacana e a noite estava sendo melhor ainda, estávamos todos na cascata dando um mergulho, Diana e eu estávamos sentados no chão, conversando perto da margem e Andrew estava nadando com os outros na cascata.
- Que bom que vocês dois se entenderam, estava ficando preocupada com você...
- Pois é, também estou feliz por isso, Andrew é uma ótima pessoa, ele é muito diferente do que parecia ser Di, ele é tão fofo, tão carinhoso, atencioso, resumindo, ele é perfeito, às vezes acho que tudo isso é um sonho e que eu posso despertar desse sonho a qualquer momento.
- Por mais que não pareça, isso é a realidade Peter, aproveita esse momento especial que vocês estão vivendo, curta ao máximo, vocês merecem. – Depois que Diana falou aquilo, sorri para ela e encostei minha cabeça em seu ombro.
- Então... Rolou alguma coisa entre vocês ontem?
- Claro que sim, nós nos beijamos.
- Peter! Para de agir como se você fosse ingênuo, você sabe do que eu estou falando. – Dei uma risadinha, então Diana também riu.
- Sim, rolou.
- Tá e como foi?
- Foi incrível, foi mágico, sabe? – Diana assentiu. – Não tenho palavras pra descrever como foi, por que... – Então Diana me interrompeu falando.
- Peter, você não acha perigoso o Andrew estar subindo aquela pedra cheia de limo para dar um mortal, ele pode cair.
- É verdade, tem razão, vou dizer pra ele sair.
- Nããoo! Piro?! Alguém pode desconfiar, é melhor eu dizer pro Guia falar algo para o Andrew.
- Tá, mas vá rápido.
Quando Diana falou para Matheus repreender Andrew por estar subindo naquela pedra perigosa, Andrew escorregou e bateu a cabeça na pedra ao lado, caindo inconsciente na água. Meu coração pulou para fora da boca, meu mundo caiu junto com Andrew e eu não conseguia sentir mais nada além de dor e desespero ao ver aquela mancha de sangue na água se fromando. Todos foram em sua direção para socorrê-lo, mas Matheus disse a todos para deixar que ele retirasse Andrew, Diana me segurou para não entrar, mas mesmo assim, me soltei dela e fui em direção a ele.
- Peter! Se afaste! Deixa que eu tiro ele, se quer ajudar chame uma ambulância agora! Já!
- Tá, eu faço isso!
Longe de todos, quase chegando à recepção para pedir ajuda, começo a chorar sem conseguir controlar as lágrimas que escorriam pelo o rosto, Diana surge correndo logo atrás de mim, pedindo para que eu a esperasse, mas no estado de nervos que eu estava, continuei correndo até encontrar alguém para pedir ajuda. Quando vi a professora Ana indo para a Cantina, gritei a ela dizendo que Andrew havia batido a cabeça em uma pedra, ela tirou rapidamente o celular do bolso e ligou para o pronto-socorro. 20 minutos depois, a ambulância chega e pega Andrew na enfermaria, a imagem de Andrew sendo levado em uma maca com a cabeça cheia de faixas banhadas pelo sangue, marcou a todos, alguns choraram, outros apenas encheram os olhos de água, mas todos ficaram tristes por Andrew.
Naquela noite, todos quiseram voltar para casa, ninguém tinha mais ânimo para ficar no acampamento, em razão daquele terrível acidente. No caminho para a cidade, todos estavam ligando para os seus pais, avisando o porquê da volta repentina. Com o coração triste e a mente nervosa, me obriguei a tomar vários calmantes, estava inquieto, queria notícias de Andrew, queria que alguém dissesse a mim que Andrew ficaria bem, voltaria dentro de alguns dias a sua rotina normal e ficaria ao meu lado pra sempre.
- Peter, se acalma! Você está péssimo, os pais do Andrew estão indo para o hospital e a sora Ana está com ele lá.
- Eu sei, mas eu queria ter ido com ele, ter segurado a mão dele em todo o trajeto até o hospital.
- Mas não da, não deu, os paramédicos não permitiram e ainda bem que não permitiram, se não, o que os outros iam pensar?
- A essas alturas, não to nem pensando no que os outros iam achar disso, Andrew é mais importante. – Falei preocupado.
- Vou ligar pra sora, talvez ela tenha notícias.
Depois que Diana desligou o telefone, olhou assustada para mim, com uma expressão amedrontada no rosto.
- Diana! Diga logo o que a sora Ana te disse! Não me deixa ficar mais preocupado!
- Peter... Sinto muito em te dizer isso... Mas...
- Fala logo!
- Ela disse que os médicos acham que o Andrew não vai sobreviver a batida na cabeça que levou.
Continua...