- E ai primo! Quanto tempo!
- Gabriel!
Sai correndo quando vi meu primo no portão da chácara, dei um abraço bem forte nele:
- O que você ta fazendo aqui? Alias, por onde você andou?
- Eu fui viajar, dar umas voltas. Voltei hoje, e sua mãe me disse que vocês estavam aqui. Lugar bacana hein?
- Pois é, é nosso, meu e do Érik.
- Oi Gabriel.
- Fala ai Érik, beleza?
- Beleza... posso saber o que você esta fazendo aqui?
A cara do Érik era de raiva misturada com desconfiança, o ciúmes também estava claro.
- Calma, eu vim em paz. Só vim pra saber como vocês estão.
- Muito bem obrigado.
- Érik! Gabriel, porque você não fica aqui com a gente o resto do fim de semana? A gente mata um pouco a saudade e você me conta da sua viagem...
- Eu não acho uma boa ideia, eu não quero atrapalhar vocês...
- Que isso a gente..
- Ele não quer Enzo. Você não ouviu?
- Ele não falou que não queria, ele disse que não quer incomodar. E não vai! Gabriel você fica.
- Não fica, a casa é minha?
- COMO É QUE É?
- Quem compro isso fui eu, e pra gente.
- Gabriel seu quarto é lá dentro, 2ª porta a direita, vai entrando que eu ja vou.
- Ok, obrigado, desculpa eu...
- Não precisa se desculpar não primo, pode ir.
- Valeu.
Olhei pra cara do Érik enquanto Gabriel entrava em casa com suas mala:
- Como é que é? Essa casa é sua?
- Não amor, não foi isso que eu quis dizer, eu...
- Pode para. Você me disse que esse era NOSSO lugar, que você me comprou de presente pra ficarmos JUNTOS aqui.
- Eu sei e foi pra isso mesmo, eu...
- Tem horas que eu não acredito em certas coisas que você fala.
- Você não confia em mim?
- Sabe que eu não sei mais? Eu não sei mais quando você ta falando a verdade ou não.
- Enzo!
- Eu to falando sério! No mesmo dia, eu vejo uma mensagem muito suspeita no seu celular e você da piti com o MEU PRIMO e ainda joga na minha cara que foi VOCÊ que comprou a casa.
- Você sabe que eu não gosto dele! E que eu não tive nada como o Anderson!
- Você não tem motivos pra não gostar dele! Você nunca nem conversou com ele como gente?! Vocês só brigaram, e você quer mesmo continuar brigando por uma coisa ja resolvida e acabada?
- Não, mas ele...
- Érik! Eu to com você! Com você! E você que eu amo! Não ele.
- Me desculpa, eu sei que eu sou o pior namorado do mundo... eu nem sei se eu te mereço.
- Ei! Pode parar por aí. Você não é o pior, é o melhor, mas seu ciúmes me mata as vezes, é só você se controlar mais. E você me merece sim, eu é que não te mereço as vezes. Você sempre faz tudo por mim, tudo o que eu quero e eu te trato assim as vezes, eu sei que sou grosso, e um chato. Nem sei como você me aguenta.
- Eu te aguento porque te amo.
- Eu também te amo. Agora me promete que vai esquecer essa história? Eu esqueço a mensagem e não falo nada pro Anderson também.
- Prometo.
Ele pegou na minha mão e deu um beijo na minha aliança, colocou seu rosto na palma da minha mãe e depois sua mão esquerda na minha nuca, foi chegando mais perto até ficarmos bem próximos, ele começou a mexer a cabeça ao redor da minha, cheirando meu pescoço. Deu um beijo no meu pescoço e foi subindo até meu ouvido onde sussurrou:
- eu te amo. Sabia que você me deixa louco?
E beijou minha boca. Segurando meu rosto, ele me beijava ternamente, estávamos em perfeita sincronia. Eu poderia ficar beijando aquela boca por horas...
- esse... foi o nosso melhor beijo... to até sem ar.
- Pra provar que eu te amo a cima de tudo.
Entramos em casa e fomos ajudar o Gabriel. Érik parecia mesmo que tinha esquecido toda a minha história como o Gabriel, um sorriso estava estampado naquela boca linda e rosada, sua simpatia até estranhou meu primo, e a mim também. Eles conversaram durante horas naquela tarde, e uma hora quando fui pegar bebida na cozinha, quando voltava escutei uma parte da conversa, eles estavam na varanda.
- Eu to feliz por vocês, ele te ama de verdade e eu sempre soube disso.
- Eu o amo mais que tudo. Eu fico feliz que você aceite isso numa boa.
- O que mais eu posso fazer? Meu amor de primo é bem maior do que o amor que eu pensava que sentia por ele...
- Eu tenho medo sabia?
- Do que?
- De ele um dia chegar e dizer pra mim que acabou, que ele não me ama e que tudo não passou de uma faze...
- Ele nunca vai fazer isso.
- Mas ele é muito novo ainda. Eu sou só o primeiro, sem contar você, ele nunca mais teve ninguém. Como ele vai ter certeza de que me ama? Como ele vai saber se o amor que ele sente por mim é forte o suficiente se ele nunca se apaixonou por mais ninguém?
- Érik, ele te ama desde sempre. Ele sempre foi apaixonado por você. Eu ja tinha percebido isso anos atrás. O jeito que ele te olhava, e ainda te olha, com brilho nos olhos, reparando em você... ele te ama mesmo.
- Quando você reparou nisso? E porque não me falou, você sempre soube que eu tinha uma queda por ele.
- Foi na época que a gente tava namorando, faz muito tempo.
- A gente você quis dizer você e ele ou eu e você?
- Você e eu, daquela vez a uns 3 anos atrás. Eu morria de ciúmes ele olhando pra você.
- Mas isso não te impediu de me trocar não é mesmo? Por aquele cara.
- Mas você sabe que eu te amava.
Meu mundo caiu quando eu escutei aquilo. Os dois tinham namorado? E não me contaram? A garrafa de água na minha mão caiu no chão, e por ser de vidro se espalhou em mil pedacinhos pela sala molhando todo o tapete. Acho que eles ouviram e quando o Érik abriu a porta da varanda eu saí correndo e chorando:
- Enzo! Enzo volta aqui! Enzo não é iso! Enzo!!!!!!!!
Ele vinha atrás de mim e gritava, eu corria, corria, e não conseguia ver o caminho direito por causa das lagrimas. Eu corri pelo campo fugindo dele, fugindo do meu amor, da pessoa que eu mais amei no mundo e que me escondeu uma coisa muito importante e que teria feito toda a diferença. Quando não tinha mais forças pra correr eu tropecei em uma pedra e cai, tudo começou a girar e ficar branco e eu apaguei.
Continua