- Vai se fuder Bruno! Fica pegando no pau dos outros, não tem o que fazer não?
- Bem que você gostou né Tutuzinho?
- PARA de me chamar assim!
- Ta bom, ta bom... pelo visto você não ta mais bravo comigo né?
- Quem disse?
- A qual é Arthur, foi mal, a culpa não foi minha.
- A claro, você não consegue controlar sua boca né? Não pode ver uma menina sozinha que ja vai beijando, nem se importa se ela tem namorado ou não.
- Não me importo mesmo, e aquele idiota do Matheus bem que mereceu!
- Com isso eu tenho que concordar, aquele filho da puta, corno dos infernos.
- Fiquei sabendo que você foi defender minha honra ontem... iiih priminho, tudo isso é amor é?
- É! Pior que é! Porque por mais que eu não queira as vezes você é meu primo e eu te amo.
- Também te amo.
Silêncio mortal no quarto e eu lembrando do sonho, meu pau não baixava nem por reza.
- me... desculpa por ontem, pelo o que eu disse.
- Por qual das coisas que você disse?
- Sobre você ser um viado, virgem.
- E era mentira por acaso?
- Até onde eu sei é? Ou vai me dizer que virou gay e não me contou?
- Bom... não... mas a parte do virgem é verdade.
- Eu sei, me desculpa, eu sei que é porque você quer e não por falta de oportunidade, ja conheço todo o discurso de hora certa, pessoa certa.
- É, então nem começa a me enxer.
- Ja que você vai esperar a hora certa, é melhor você ir tomar uma banho e dar uma aliviada no bicho, aproveita e lava esse rosto, porque ta horrível, e é melhor fazer um curativo nesse corte aí.
- Pode deixar.
Me levantei e fui em direção ao banheiro.
- Da pra parar de ficar olhando pro meu pau? Que inferno, até parece que ta querendo ele.
- Só to orgulhoso do meu primo. Com um negócio desse tamanho a pessoa certa vai ter sorte...
- Besta.
Eu devo ter ficado muito vermelho de vergonha porque ele começou a rir. Fui tomar banho e tive que bater uma punheta pensando naquele corpo, naqueles olhos, naquele sonho, naquele beijo. Gozei muito e fiquei com um peso na consciência depois disso.
Fomos dar uma volta no shopping perto de casa, a gente mora no mesmo prédio, só que eu na cobertura e ele 2 andares pra baixo.
- Óra, óra, óra, se não são meus gêmios favoritos...
- Iiiii, chegou o corno.
- Que foi quer brigar Matheus?
- Meu assunto não é com você não Bruno, a gente ja se entendeu ontem, meu assunto é com o seu priminho aí.
- O que você quer Matheus?
- Você vai me pagar por ontem Arthur.
- Eu não quero brigar Matheus, a gente é amigo.
- Amigo? Amigos não saem por aí xingando os amigos de corno.
- Eu te falei um monte de vezes que a Amanda não prestava você não quis me escutar.
- Chega! Para de falar da minha namorada! Ela ja me explicou tudo! Esse covarde do Bruno agarro ela!
- A é! Agarrei mesmo! Agarrei e ME prensei na parede.
- Foi isso mesmo!
- Esquece Bruno, pior que corno cego é corno sabido! Cansei de tentar te ajudar Matheus, mas to começando a pensar que você merece a namorada que tem!
- CALA A BOCA!
Um soco me atingiu em cheio!
- Chega Matheus! Vai embora! Ja ta bom ja! – disse Bruno – Você é um idiota mesmo.
Matheus foi embora, eu estava no chão. Estava meio tonto por causa do soco.
- Tur, você ta bem?
- To...
- Vamo pra casa.
Ele me ajudou a me levantar e fomos pra minha casa. Ele me levou pro meu quarto e falou pra mim sentar na cama.
- Senta aí Tur, vou fazer um curativo nesse corte.
- Não eu ja fiz aquela hora.
- É, mas abriu de novo. Aquele filho da puta... eu vou quebrar a cara dele.
- Para Bruno, não vai quebrar nada. Não quero mais saber dessa história.
- Desculpa a culpa disso tudo é minha.
- Esquece isso.
Ele foi no banheiro e pegou o kit de primeiros socorros. Ele limpou o corte e colocou aqueles curativos. Eu olhava seu rosto, estava bem próximo do meu, seu olhar concentrado no corte em minha sobrancelha esquerda. Seus olhos me hipnotizavam. Ele fazia o curativo com carinho, com cuidado. Ele foi se aproximando, e nossos olhares se encontraram. O único som no quarto era o de nossas respirações, eu podia sentir seu álito fresco, meu coração disparou e eu congelei, faltavam apenas alguns centímetros pra nossos lábios se encontrarem.
- É melhor você ir. Eu acho que vou dormir um pouco e tenho trabalho pra amanha.
- É...
Ele, meio encabulado, se levantou e foi embora. O que estava acontecendo comigo? Por que aquele sonho, por que essa vontade de beija-lo? Eu fiquei mal o resto do dia. Queria ligar pra ele, mas não conseguia. Nem consegui dormir direito. Fui pra escola no outro dia morto de cansaço, o mal humor estava estampado na minha cara, estranhei o fato do Bruno não ir pra escola comigo. Pra minha surpresa eu o encontro no pátio da escola, aos beijos com a Patrícia. Minha cara fechou mais ainda quando eu vi, entrei na sala e sentei na ultima carteira, a que eu normalmente sentava quando estava de mal humor e ninguém, nem mesmo o Bruno tinha coragem de mexer comigo, porque se tem uma pessoa que fica extremamente chata, grossa e insuportável de mal humor sou eu. Passei o dia inteiro lá, não saí nem no intervalo. Ele sentou no seu lugar de sempre, mais pra frente, e agiu como sempre. O ódio e a incerteza me consumiam por dentro, eu só não sabia se era ódio de mim mesmo, por estar me sentindo daquele jeito, ou dele por se atracar com aquela garota. O sinal tocou e todos saíram, eu ainda enrolei um pouco pra guardar minhas coisas. Saí da sala e quando estava saindo da escola ele estava no portão, com ela, se beijando. Meus olhos se encheram de lágrimas, eu estava morrendo de raiva, dele, dela e principalmente de mim.
Sai com raiva da escola e fiz questão de dar um esbarrão nos dois na saída, entrei no carro e coloquei meus óculos escuros pra ele não ver, ele entrou depois. O motorista ia buscar a gente todo o dia.
- Quer conversar?
- Não.
- Por que você ta assim?
- Assim como?
- Assim, chato.
- Eu sou assim, se você não sabia é sinal que você não me conhece.
- Eu te conheço, te conheço tão bem que sei quando você não está bem,
- ENTÃO ME DEIXA EM PAZ QUE EU MELHORO!
- Ta! Desculpa.
Eu me segurava pra não falar nada que eu pudesse me arrepender depois, nem chorar. Sai do carro e ja entrei no elevador, nem esperei ele entrar e ja apertei o botão, fui direto pra casa e me tranquei no quarto. Chorei um pouco mais de raiva, até que fiquei com raiva de tanto chorar e parei. Acabei dormindo. Acordei com meu celular tocando.
- Fala Bruno.
- O que você tem?
- Nada.
- Não vai me falar?
- Não.
- Eu vou ai!
- Não, não vai!
Desliguei na cara dele. Menos de 5 minutos depois ele abre a porta do meu quarto, dava pra ver na minha cara que eu tava chorando.
- Não sabe bater não? E eu falei que não era pra vir.
- Mas eu vim do mesmo jeito, e agora você vai me falar, querendo ou não!
- Não! Eu não tenho nada pra falar!
- TEM SIM! Vai Arthur! Fala logo! Por que você ta assim?
- NADA!
- É por minha causa!
- Não!
- Fala!
- Não! – eu ja chorava desesperadamente – NÃO VOU FALAR NADA!
- É por causa do que aconteceu ontem?
- Nã...ão.
- Então porque você ficou daquele jeito quando me viu com a Pati?
- Porque ela é uma biscate!
- Só por isso? E desde quando isso te importa?
- Desde sempre!
- MENTIRA!
- Não!
- Me fala logo! Por que?
- Não!
- FALA!
- PORQUE EU TE AMO!
Continua