Coração Otário
Capitulo: Aceitação? (5)
Estas alegrias violentas têm fins violentos, falecendo no triunfo,como fogo e pólvora, que num beijo se consomem. - William Shakespeare. Faz sentido? Quanto mais apaixonados ficamos, mais as coisas que antes tinham sentido, perdem o
mesmo, e as coisas sem sentidos, ganham um novo.
Se por um lado, ultrapassar as barreiras construídas por mim me fazia sentir tão bem, saber que eu devia isso a Benjamin, me fazia sentir mal. Eu devia ligar e falar com ele, mas eu sempre fui orgulhoso.
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_Então, como começaram as coisas entre vocês? - Perguntei pra eles baixando o tom conforme as palavras saiam.
_Ah, isso é uma longa história! - Parecia ser uma história engraçada, porem constrangedora.
_Garanto que posso acompanhar, tenho bastante tempo se vou mesmo dormir aqui. - Falei e ri, aparentando estar melhor do que estava.
_Não seria melhor você ligar pra sua mãe, sei lá. - Não, não seria.
_Quando eles me ligarem, eu aviso... Deixa comigo. - Minha mãe surtaria. Eu não avisei ela com antecedência, e falar com eles seria complicado, talvez o horário vago seria apenas pro mês seguinte.
Me virei para os olhos verdes ainda mais belos que os da professora de artes. Ele riu e eu disse "contem pra mim, please".
_Começou no inicio do verão, quando meus pais iam se divorciar, pra mim não participar da briga, e ficar traumatizado, eles me mandaram pra um acampamento de verão. Eu achei péssimo, não era criança. Mas não teve como protestar, eles decidiram e na semana seguinte eu já estava estava partindo. - Ele disse e então olhou pra Alencar, parecia que agora a história começaria de verdade. O olhar ansioso de Alencar denunciava isso também.
_Já eu fui pra lá pra passar o tempo, tipo férias. - Ele disse e seus olhos começaram a brilhar. Continuou - Lá nós nos conhecemos.
_Ahhhhh seus olhos, tão brilhando. - E era verdade, aqueles círculos, a janela pra alma, brilhavam mais que uma esmeralda.
_Amor a primeira vista é? - Eu acreditava nisso, só não acreditava que era possível saber que estava apaixonado.
_Não é como se fosse amor à primeira vista, na verdade. É mais como… ação da gravidade. Quando você se dá conta, de repente não é mais a terra que está te segurando aqui. É a pessoa, ela te segura. E nada importa mais do que ela. Você faria qualquer coisa por ela, seria qualquer coisa por ela… Você se torna qualquer coisa que ela precisa que você seja, seja o protetor dela, ou um amante, ou um amigo, ou um irmão. - Eu me identifiquei com cada palavra que ele disse.
Pela janela, me concentrei nas pequenas gotas de chuva que caiam. Era possível enxerga-las, mas era preciso muitas daquelas pra molhar algo. Lembrei do passeio de guarda-chuva, e senti como se tivesse sido apunhalado no peito.
_Não fica assim Zack, você vai encontrar alguém, seja ele quem tiver que ser. - Eu estava ainda vislumbrando a chuva, em meu mundo, agora vazio.
_Obrigado gente, - ri com o turbilhão de emoções e lembranças - Olha só, tudo que aconteceu hoje. O que tiver que ser, vai ser. Eu passei a acreditar em destino. - Eu disse, e então Vinicius continuou contando.
_Isso ai. Então, no ônibus, fizeram a listagem de passageiros, e eu fiquei sabendo o nome do garoto extremamente lindo que estava sentado do outro lado. Era Alencar. Eu observei ele por alguns instantes, tão distraído, olhava pro
relógio e voltava a mexer no celular. Ele estava tão perfeitinho, com um boné verde, com uma estampa "exército", sabe aquelas de farda? Realçava seus cabelos escuros e lábios vermelhos, pele branca. Um moletom de um verde escuro aberto,
camiseta preta (parecia ter um corpão) - disse ele se interrompendo - calça jeans, All star. - Enquanto ele falava, parecia que as lembranças estavam intactas em sua mente, ele não precisava se esforçar para recordar.
_Eu nem vi o Vinicius no ônibus, no primeiro dia nós nos organizamos, visitamos os locais... Eu era distraído demais. Não tinha conversado com ninguém. Enquanto eu colocava minhas coisas em um dos quartos, meu celular tocou. - Ele deu a deixa pra Vinicius continuar.
_E eu entrei no quarto e vi ele ali... - ele foi interrompido.
_Ahhh não mente, você ficou me cuidando. Queria ficar no mesmo quarto que eu! - Gargalhamos alto e o Vini continuou.
_Sim. Seu convencido. Colocando minhas coisas lá o celular dele tocou, a música era do Say Anything, uma banda que eu amo. Eu larguei minhas coisas pensando em sair do quarto e dar privacidade. Escutei ele falando "Sim, cheguei bem, também te amo, beijo". Imaginei que fosse a namorada dele, podia até jurar ter ouvido voz feminina. A ligação foi rápida, não deu tempo de sair, então eu disse "Say Anything?" e ele disse "Você curte?" eu pensei "Muuuuuuuuitoo garoto. A banda? Também". Só respondi um "E como!".
"Legal. Qual seu nome?"
"Vinicius, e o seu?" - Mesmo eu já sabendo o nome, eu perguntei.
"Alencar, legal te conhecer Vinicius."
_E então nós nos cumprimentamos, e ele saiu. Mais tarde, pouco antes do jantar, nos explicaram o cronograma, e vários detalhes, mas eu não prestei atenção em nada. Só tinha olhos pra ele, que estava do outro lado do circulo, também me olhando.
_Depois da parte chata, tinha as apresentações, eu detestei, é que eu sou tímido, e falar de mim... Ah sei lá, iam rir... Imagina se falassem de meninas, eu não gostava delas, pelo menos eu também não gostava deles... Naquela época eu achava que era coisa da idade, que eu não era tão afim de sacanagem como meus amigos porque eu era envergonhado demais. Voltando, na hora das apresentações, pra variar, eu era um dos primeiros. Eu observei o que o garoto antes de mim disse.Então eu respondi do meu jeito. - Ele finalmente fez uma pausa para respirar. Ele podia ser calado, mas quando resolvia falar, Deus me livre.
_O que você disse? - Perguntei mais ansioso para saber onde estaria a resposta para minha pergunta inicial.
_Eu disse meu nome, quantos anos tinha, o que mais gostava de fazer, que no caso é escutar as minhas músicas... - Nós éramos extremamente parecidos. Eu também tinha uma habilidade desenfreada para falar, e das minhas atividades favoritas, a que eu mais pratico é escutar música, e consequentemente cantar. Sem falar nas inseguranças.
_Ele nem mesmo falou pra fora, o coordenador repetiu o nome dele e o que ele disse, porque ele só mexia no relógio... Não falou alto e claro... Tímido demais, fofo demais. - Disse Vinicius fazendo piada da timidade cativante de Alencar.
_É interessante, como ele não desgrudava os olhos de mim, não é Zack? - Revidou bem cara! Gargalhamos.
_Quando chegou minha vez, um dos últimos eu disse o que mesmo Alencar? - Disse Vinicius, parecia que ele sabia a resposta, mas queria ouvir da boca dele.
_Hmm não lembro! Brincadeira, eu nunca vou esquecer o que você disse! Ele disse "Eu me chamo Vinicius, tenho 14 anos, completo 15 mês que vem, meu passatempo preferido é escutar "Say Anything" e tô apaixonado". - Disse Alencar,
todo bobo enquanto lembrava o que parecia ser a primeira declaração de amor entre os dois.
_Surtiu efeito nele na hora, ele começou a rir fazendo desenhos na areia. O garoto do meu lado queria saber se eu já havia ficado com a menina, e eu disse "ainda não". - Disse Vinicius.
_Nossa, eu morria com uma declaração dessas... - Eu disse, adivinha em quem eu pensei?
_Depois de alguns minutos haviam acabado as apresentações, e no outro dia nós deveríamos acordar cedo, então era hora de dormir. Claro, muitos nem dormiram, era o dia de fazer farra... Do quarto do lado, os dois meninos deviam estar
com mais amigos, porque haviam gargalhadas altas.
_A gente nem converso antes disso, só quando o sono não parecia chegar, eu perguntei pra ele a música preferida do SA, e por coincidência, ou destino, era a mesma que a minha. Fala de um garoto que vive em sofrimento, chama-se "Woe". - Destino, ou coincidência?
_Nós começamos a conversar e descobrimos alguns gostos em comum. Até que um dos monitores passou nos quartos avisando para dormirmos e acabou com a brincadeira do quarto ao lado. Então me virei pra parede e dormi. - Ah pensei que fosse acontecer alguma coisa agora!
_E quando vai acontecer alguma coisa?! - Perguntei impaciente.
_Calma... Durante a noite... - Ele foi interrompido quando Alencar se jogou pra cima dele impedindo de continuar.
_Pula isso cara, não fala... Vou ficar com vergonha. - Ele disse segurando Vinicius no chão.
_Eu vou falar! Me ajuda aqui Zack! - Eu resolvi puxar ele, mas ai rolou um beijo, e eu achei melhor não desgrudar néh?
_Não fala! - Ele insistia. Vinicius pediu minha ajuda novamente, e eu tirei Alencar de cima dele, que já relutava, agora havia se tornado uma brincadeira. Vinicius levantou-se e foi até onde antes eu estava sentado, e ameaçou segura-lo contra seu corpo, escorado na cama.
_Mas qual o problema? Lembra o que aconteceu hoje no colégio, naquele reservado? - Realmente, eu havia presenciado a cena, apenas ouvi-la não seria nada demais.
_Tá, fala então. Se vocês rirem, eu juro... Você sabe o que tem a perder néh Sr Vinicius? Zack, não ri hein! Ou eu vou embora. - Era tão ruim assim?
_Durante a madrugada, eu resolvi ir até a cama dele, com a desculpa que meu colchão estava me matando. As camas não eram pequenas, nós caberíamos. - Disse Vinicius. Muito esperto...
_Eu achei melhor nós colocarmos os colchões no chão e fazer uma cama mais macia. E foi o que nós fizemos... Só que ele tinha outras intenções néh... - Disse Alencar.
_Então, basicamente, a noite, nós nos esbarramos muito, e acabou que agente transou.
_Ahhh pensei que você fosse detalhar! - Disse rindo.
_É simples, a gente se esfregou um pouco, e acabou rolando, ele foi passivo, foi nossa primeira vez. Perdemos a virgindade juntos.
_Esqueceu a parte que você parecia querer me estuprar... Você esbarrava de propósito em mim safado! - Disse Alencar gargalhando enquanto cutucava Vinicius para provocar risadas. Belo jeito de aplicar um castigo.
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Estava calor, eu não conseguia dormir. Sentia como se não estivesse conseguindo respirar. O colchão ruim triturava minhas costas, enquanto eu observava a escuridão. Não ouvia-se nenhum barulho, além da minha própria respiração, e isso me atordoava. Após algum tempo pensando na vida, e no dia em si, especialmente naquela frase de Vinicius, eu ouvi uma voz me chamando. Ele perguntou se meu colchão era bom, pois o dele estava o machucando. Afirmei que o meu também era ruim, e sugeri que nós juntássemos eles e os colocássemos no chão, assim dividindo. Uma parte de mim, até desejava estar ali com ele. Enquanto conversávamos antes, eu estava sentado escorado na parede, apenas com uma bermuda, usando o travesseiro para esconder meu corpo claro. Ele fazia questão de exibir o corpo trabalhado com tanto cuidado, uma cor alguns tons mais escura que a minha. Queria estar perto dele, e toca-lo. Era a primeira vez que eu sentia isso, e o medo me fazia sentir remorso por pensar tal coisa. Decidi me levantar e tomar um ar fresco, mas meus reflexos se tornaram meus inimigos. Acertei a cama ao lado, que rangeu mais que os portões de um cemitério abandonado, denunciando ainda mais meus movimentos. Levantei me calmamente, seguindo em linha reta, até a porta, me dirigi pé por pé até quase dar de cara na parede. Calmamente comecei a procurar pela maçaneta. Estava trancada. Resolvi voltar para a cama, comecei a tatear no escuro procurando pelo lugar onde deitar. Achei seu corpo, e comecei a tentar me posicionar, pra não acabar me deitando por cima dele. Ele estava deitado de lado, percebi isso encostando nele. Me deitei devagar, mas após alguns segundos ouço a voz dele perguntando qual o problema. Fingi não ter escutado, até que ele repete e me empurra. Disse pra ele que tentei dar um passeio na rua, mas a porta estava trancada. Após algum tempo, que parecia não passar, senti um frio na barriga, quando ele encostou seu corpo seminu ao meu. Podia sentir sua respiração perto de meu pescoço, seu pênis por cima da bermuda, não estava excitado. Pensei em sair dali, mas ele colocou um braço por cima de mim, e continuava com a cintura grudada a minha. Fiquei imóvel, até que a vontade foi maior. Resolvi empurrar meu corpo contra o seu. Estava muito excitado com a situação, e não ter como ver nada, tornava ainda mais excitante. Quando eu coloquei minhas mãos para trás, seu braço caiu, eu senti sua mão mexer. Ele me segurou e beijou meu pescoço, me dando um chupão. Logo estava excitado e começou a esfregar- se em mim. O empurrei e fiquei por cima dele, nos beijamos um pouco, e eu desci minhas mãos até sua bermuda, arrancando-a enquanto ele alisava meu tórax e abdome. Ele estava sem cueca, e eu comecei a masturba-lo. Depois de um tempo, ele disse que queria transar comigo, sem rodeios, e eu ainda não respondia nada, só agia com o tesão e a adrenalina. Ele começou a me masturbar enquanto tentava penetrar seu pênis em mim. Lembro que eu estava com as pernas pra cima, e após finalmente nos localizarmos corretamente, começamos. Eu não tinha ideia do risco que estava correndo por fazer sexo sem camisinha, mas foi assim nossa primeira vez. Após a dor inicial de ter aguentado tudo, ele começou a tentar me excitar novamente, e algumas caricias depois, começou a balançar o corpo, ainda sem jeito e me machucando muito. Mesmo sendo tão simples, e repentino, foi muito mágico. Foi um momento de puro tesão, não havia amor. E justamente por não saber o que fazer, as coisas tornaram-se tão boas. Claro que mesmo sabendo o que fazer, no escuro era um pouco complicado. Mesmo assim, foi bom. Tinha gostinho de proibido, tanto para nossa idade, quanto para nossos sexos.
_________________________ Baseado em fatos reais.
_Hmmm... E no dia seguinte, como foi olharem um para o outro? - Perguntei.
_Foi complicado, eu estava feliz, e acordei ele com um beijo. Ele levantou num pulo e disse "isso não podia ter acontecido". Logo após o cronograma começar a ser cumprido, lá estava ele, com uma cara de raiva misturada com vergonha. Eu fui tentar falar com ele, mas ele nem me cumprimentou. Fizemos as atividades, até mesmo algumas brincadeiras, mas ele não conseguia olhar pra mim. Após o almoço, a chamada foi feita, e ele saiu logo após seu nome ser anotado. Eu o perdi de vista. Nós tínhamos duas horas até começarmos uma caminhada pelo local, era um tipo de reserva natural, protegida por lei. Um espaço enorme, cheio de animais. - Ele comentou sem entusiasmo, triste.
_Resolvi procurar por ele e após um tempo, encontrei ele sentado a beira de um rio. Havia uma pequena corredeira. Um lugar lindo, a água era extremamente atraente. Ele não me viu chegando, e então eu escorreguei e cai sentado, sendo empurrado pelo chão escorregadio pra dentro da água. Não era fundo, mas eu não sabia nadar! Por sorte, eu tinha o nadador mais lindo do mundo a alguns metros de mim. Ele puxou meu braço,e eu mantive minha cabeça erguida enquanto ele me puxava até o outro lado, onde haviam pequenas pedras e terra.
_Você quer morrer? - Alencar
_Foi um acidente. Obrigado por me ajudar. - Vinicius
_O que você quer aqui? - Alencar
_É um lugar muito bonito, vim dar um mergulho. - Vinicius
_Nós acabamos de comer, você ta mentindo. - Alencar
_Eu vim falar com você, eu agradeceria se você parasse de bancar o infantil. - Vinicius
_O que nós fizemos é errado. - Alencar
_Só se você achar que é. Eu tô afim de você. Me inclinei e passei minha mão em seu rosto, beijando-o em seguida. - Vinicius
_Fica comigo, cara. - Vinicius
_Nós fomos em direção a água, e começamos a nos molhar, sem mergulhar, da cintura pra baixo. Apenas jogávamos água um no outro. Começamos a beijar. Percebemos que o tempo havia passado quando o relógio apontou 13:45.
_Decidimos ir até os dormitórios, e trocar de roupa. No quarto, nós escutamos algumas músicas do Say Anything. Pode parecer precipitado, mas ele estava deitado sobre meu peito, enquanto escutávamos a música Woe, uma música no meu ponto de vista, romântica. Eu estava amando aquele garoto.
_Depois disso, nós sempre que podíamos, íamos em cinemas, baladas, como dois grandes amigos. No ano seguinte, ele trocou de colégio, e aqui estamos nós. - Disse Vinicius, finalmente terminando de contar a história.
_Não esquece como foi difícil conseguir ficar na mesma turma... - Disse Alencar.
_Eu tenho mais uma pergunta... Dói? - Sibilei pra eles, com vergonha.
_Ahhh, depende. Na minha vez, foi bem tranquilo. A gente se preparou, se informou. É só fazer direito que a dor não é mortal como dizem por ai. - Disse Vinicius, rindo como se tivesse sido uma piada minha pergunta.
_A história de vocês é linda. - Eu estava emocionado. Eu os invejava. Mas eu ainda não havia conhecido o amor... Nem mesmo a dor que ele traz.
Eu me senti em casa pelo tempo que se seguiu. Nós estávamos ainda muito entretidos ouvindo musica e conversando, rindo. Eu estava feliz por simplesmente, não ter de lidar com a dor. Mas conforme o tempo ia passando, eu ia me sentindo feliz, por ter encontrado dois grandes amigos. Eu não precisava mentir, esconder. Eles eram compreensivos, e não repreensivos. Após muita conversa, a chuva havia parado. Eu pedi para abrir a janela, e fui contemplar as estrelas. Incrível como esses pequenos atos nos fazem sentir tão bem, quando estamos apaixonados. O que é um grão de areia nesse universo? O que eu era e onde me encaixava? Não tive muito tempo pra reflexões filosóficas, nós decidimos armar uma barraca na rua e acampar. Claro, seria A barraca pra nós três cabermos, mas eu sabia que os dois não ocupariam muito espaço.
Descendo as escadas, nós vimos a mãe de Vinicius largar seus pertences em cima do sofá e ir para a cozinha.
_Hmmm porque eu não estou surpresa de ver o Alencar aqui num final de semana? - Provavelmente eles haviam esquecido de avisar. Ihh agora daria problema, isso se ela fosse como a minha mãe.
_Ahhhhhhhhhh mãe, você sabe, ele é de casa. - Ele disse dando um abraço em Alencar, não pareciam nada assumidos. E então ela me viu, com um semblante extremamente curioso.
_Óh, olá! Eu não havia visto você... - Ela olhou para Vinicius como quem diz "Quem é ele? Você não me apresentou".
_Meu nome é Izaque, sou colega dos dois. - Tive de me apresentar, diante do constrangimento.
_Prazer Izaque, eu sou a mãe do Vinicius. Pode me chamar de tia Mari. - Ela abriu a geladeira, a procura de alguma coisa. Enquanto Alencar e eu rumávamos a sala, deixando mãe e filho conversarem.
Mesmo com a televisão ligada, eu pudi ouvir claramente a conversa deles.
_Ele sabe? - Disse a mãe de Vinicius. Como prova de que ela disse alto demais, a resposta um tanto cômica veio de Alencar.
_Ele sabe sim tia Mari. - Ele riu descontroladamente, e então disse baixinho - Cooooooooomo sabe... - Eu gargalhei.
O que se seguiu foi a explicação de Vinicius sobre como os acontecimentos da tarde se sucederam. A mãe dele não parecia ter problemas com a opção do filho, e o dava liberdade pra ficar sozinho com o namorado em casa. Eu fiquei envergonhado por ele ter contado pra ela que eu havia flagrado eles (mas ele afirmou ter sido um beijo, num canto do colégio) e que eu estava muito confuso comigo mesmo. Ela o alertou sobre beijos no colégio, principalmente por que eles poderiam sofrer muito. Parecia que ela não tinha problemas com a opção do filho, contanto que ele não sofresse. Como eu invejava eles... Mas naquele dia eu encontrei uma segunda mãe, uma pessoa que me ajudou muito com coisas que aconteceram no futuro.
_Fica tranquilo, ela não tem neura com isso não.
_Como ela descobriu? Seu pai sabe? - As palavras saíram como balas de um revolver.
_Calma, eu contei pra ela quando eu me apaixonei pelo Alencar. Meu pai não sabe... Mas ninguém vai ficar sabendo de você. - Ele disse calmo.
_Meninos, acho melhor agente pedir pizza então, olhando a geladeira... Não tem muita coisa não... E como tem visita em casa, o que vocês acham? - Ela disse cruzando os braços e escorando-se no balcão, olhando para nós.
_Óooooooooootima ideia mãe! - Disse Vinicius.
_É tia, boa ideia. - Disse Alencar, enquanto eu ria do entusiasmo deles. Ainda estava um pouco timido. Seria normal, se como bônus ela não soubesse meu segredo.
Permanecemos na sala olhando televisão, Alencar estava deitado no colo de Vinicius que o fazia carinho, eu estava em outro sofá com o controle do xbox, agora instalado na sala. Eu estava jogando contra o modo de Zumbis de World At
War, quando a mãe de Vinicius, quer dizer, a tia Mari sentou-se no outro sofá e pegou o controle. Ela disse que jogaria comigo, já que eu estava perdendo. Eu apenas ri, e ela tomou como um desafio. Os dois apenas me olhavam e riam baixinho.
Para minha surpresa, ela mandava muito bem. Eu não era acostumado com os controles do jogo, mas peguei o jeito rápido. Em meio a uns rounds e outro, tia Mari gritava quando tomava algum susto, assustando a todos nós que riamos. Com uma televisão grande, e aquela escuridão, não era difícil se assustar.
Finalmente as pizzas chegaram, e Vinicius foi atender a porta. Eu estava faminto, apesar de uma leve dor de cabeça. Quando eu avistei a pizza de calabresa, com algumas cebolas, eu lembrei de Ben. Ele as odiava. Só de pensar ele
sentia-se mal. Eu era justamente o contrário. Alguns momentos mais tarde, eu senti meu celular vibrar, era uma mensagem. Será que era ele? Meu coração veio até a boca, num impulso peguei meu celular, aparentando estar desesperado. Olhando no visor eu vejo de quem era a mensagem...
Algumas correções no capitulo 4, como datas.
Esse capitulo demorou, porque essa foi uma semana péssima, eu tinha intenção de postar antes, mas eu quase não tinha tempo para escrever.
Um muito obrigado para quem gostou e está acompanhando.
Abraços a todos!
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Removido por enquanto
Outros capítulos!
Coração Otário - Capitulo: Prólogo
(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Destino (1)
(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Olhos Mistériosos (2)
(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário: - Capitulo: Ironia (3)
(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário: - Capitulo: Montanha Russa (4)
(http://www.casadoscontos.com.br/texto/