Itopodexa, a rã lasciva

Um conto erótico de Magnus Barbado
Categoria: Heterossexual
Contém 575 palavras
Data: 03/10/2011 08:29:52

Itopadexa, a rã lasciva

Há milhares de gerações que entre os anuros as fêmeas repartiam seus machos com outras da mesma espécie. No harém dos batráquios o macho era um sultão dono de suas oito fêmeas, as quais fecundava sem lhes dar prazer e com alguma dor.

Sem dúvida quando Erzahlung, mãe de Itopadexa recebia o abraço de seu macho adúltero passou por sua cabeça, como um lampejo, que havia algo de injusto naquela pressionar, na arranhadura que o macho lhe causava no ventre entumecido que expelia ovos. Certamente o esperma do macho deveria ser morno, e se perdia sobre os ovos sem aquecer-lhe o corpo. Já vazia dos seus ovos Erzahlung caiu em si, ao sentir que o macho a abandonava, saltava do lago deixando-a como um ser sem função, para ir coaxar chamando outra fêmea. Eram pensamentos impuros, absurdos...

Mil e um ovos foram colocados, todos fecundados. Um deles era sem dúvida diverso dos demais, avermelhado, oval e não redondo como a os outros. O criador guardou-os todos... aguardando que todos se transformassem em girinos, em rãs reprodutoras.

No entanto, de toda a ninhada um dos filhotes se destacava, uma fêmea que foi chamada de Itopadexa. Seu rabo era maior e mais irrigado do que a das demais. Sua cloaca era maior, mais carnuda. Feita a metamorfose ela quase nunca estava junto com as outras, permanecia longos períodos sozinha ou a observar as fêmeas produtivas a se relacionar com os machos.

Itopadexa se colocava no lugar das fêmeas que estavam sendo abraçadas pelos machos, a ponto de sentir que ovos estavam saindo de sua cloaca. Esfregava então lentamente a cloaca numa pequena pedra arredondada, até que esta entrasse dentro do seu orifício e a expelia com vagar, sentindo o roçar da pedra na pele de sua cloaca. Se esquecia as vezes até de ir a água molhar a pele que quase ressecava. Seria a morte, mas morreria usufruindo do prazer, que as outras não conheciam.

Cresceu mantendo o corpo magro, o que quase a excluiu do ranário, pois não parecia própria nem para o consumo nem para a reprodução. Os machos estranhavam aquela fêmea que atingiu a maturidade um mês antes das outras da sua ninhada. Um dia ela coaxou no lago que servia para a reprodução...era uma fêmea chamando um macho para a cópula! Uma perigosa inversão de valores. O "coaxatório" foi geral, nenhum macho poderia se rebaixar a ser escolhido por uma fêmea. Mas o coaxar era irresistível, como o canto das sereias.

O primeiro macho que entrou na água se sentiu ridículo quando sentiu uma fêmea lhe segurando por trás, invertendo a posição milenar, como se ele fosse botar os ovos. Ela se esfregava, o espremia a barriga, escorregava por seu corpo, até que ele percebeu a boca quente da fêmea em sua cloaca, percebeu a fina língua de Itopadexa a lhe penetrar, e sem saber porque um "frenesi" lhe percorreu o corpo e ele soltou seu líquido seminal como se infinitos ovos estivessem a sua espera. Só a boca de Itopadexa recebeu o líquido morno, e ela o guardou em seu papo. Silente se afastou até uma margem, colocou alguns ovos sem a auxílio do macho, como fazia com sua pequena pedra, regurgitou sobre eles o esperma que guardara como se fosse uma abelha rainha, e fecundou-os.

Seu macho nunca mais amou outra fêmea. Daqueles cento e um ovos surgiu uma nova geração de batráquios, monogâmicos... e lascivos.

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