II
Nossa civilização, nossa sociedade é baseada nalguns poucos princípios. Não me refiro às leis, as regras de comportamento e as obrigações morais que cada um dos religiosos e não religiosos teimam em seguir, quando me refiro a princípios estou falando daquela pequena coisa que nos movimenta todo dia, os pensamentos que a grande grande maioria das pessoas pensa igual. E uma das coisas que eu sempre vi-nos outros e que em mim era, se não inexistente, muito baixa, era a autodeterminação. Todo mundo pensa do mesmo modo com relação a agir sobre determinados assuntos; sendo mais claro: Todo mundo gosta de imaginar que esta em total controle de sua vida, que sabe tudo aquilo que pode acontecer e aquilo que não pode. Eu, se não penso diferente disso quase todo o tempo, penso grande parte dele. E foi por essa noção, de falta de controle, da falta de capacidade de ordenar meu destino que não mandei Vivian embora da minha casinha. Ao contrário, quem saiu às 4 da tarde, enquanto ela dormia completamente pelada e com varias marcas vermelhas no corpo, resultado de mordidas, tapas, esfregamentos e tudo mais aquilo que manteve algumas pessoas acordadas na madrugada, enquanto ela dormia tão realizada e realeza quanto uma mulher como ela pode ser, quem saiu fui eu.
Perto da minha casa existe um bar mais sujo, um daqueles onde eu sou rosto conhecido, onde posso me sentar e ter total certeza de que nada muito horrível pode me acontecer. E foi neste bar, pequeno, de esquina, com mesas de ferro e bebidas servidas no copo americano que fui me refugiar enquanto esperava alguma atitude de Vivian. Por mais ou menos doze horas havia amado aquela mulher e agora não conseguia aceitar o sentimento contraditório que estava em mim. E como sempre faço nesses momentos de indecisão, onde não sei exatamente como agir e que normalmente pessoas normais, corretas, decidem-se pelo melhor, eu em contrapartida sento o mais confortavelmente na cadeira de metal, pego minhas duas doses e viro-as mais rápido que meu fígado consegue sussurrar “não!”.
Acabei bebendo por quase umas quatro horas naquele bar. Estava com medo de voltar em casa e ver aquele rosto que tanto havia gozado comigo irritado, bravo por não ser tão macho de dia quanto fui de noite. Sempre enchia meu copo o mais rápido do que podia beber, pedindo para o dono do bar mais uma dose, e quando percebi estava completa e totalmente bêbado novamente, não que isso fosse algo estranho na minha rotina.
Como havia dito antes, há duas coisas que consigo sem muito esforço, bebidas e mulheres, e foi assim que, lá pelas dez da noite, quando já estava claramente acabado pela bebida, que uma menina sentou-se do meu lado. Para ser sincero eu não sei exatamente quando ela a sentou-se ali, nem o que disse como desculpa nem o porquê de ter feito aquilo, mas ela estava lá, uma garota novinha, cabelos vermelhos bem curtos, pele morena e uns olhos que a cada dois minutos mudavam, na minha bêbada imaginação, de verde para completamente negros. Ela já estava com uma garrafa de cerveja na mão e ouvi pedindo mais uma, havia um copo do meu lado da mesa e ela me passava total sensação de que aquela experiência bêbada não era uma novidade, apesar da clara pequena idade.
Seu nome era Juliana. Juliana. Menor do que eu, morena, pernas muito bem torneadas num jeans, seios lindíssimos, pontudos, um pescoço genial e lábios tão lindos quanto o resto. E ela era muito mais ativa do que qualquer outra garota que eu havia saído. Talvez o fato de estar embriagado lhe fizesse sentir tesão, ou talvez tenha sido a minha barba que já estava há quase duas semanas por fazer, mas ela realmente estava a fim de se dar bem naquela noite, em questão de segundos já conversava sobre sexo, eu tentando articular alguma frase não enfadonha e ela demonstrando total interesse naquilo que falava. E então ela, com aqueles olhos que eu não sei o nome, me contava sobre suas experiências, suas vontades, suas preferências. Estávamos conversando como se fossemos pequenas almas bêbadas gêmeas, e a cada vez que concordávamos que uma boa trepada não é, exatamente, uma posição, mas a grande variação delas nos momentos oportunos e de acordo com a resposta física daquela com que se fode, sorriamos e eu pegava mais em suas pernas. Os outros bêbados nos olhavam com lascívia, inveja e vergonha, uma mistura engraçada, como ela mesma disse, daquilo que nos fazia humanos, sociedade e animal. E eu comecei a lamber seu pescoço. Mordia-o e sentia um gosto, mistura de vontade, perfume e bebida. Ela, de prazer, fechava os olhos. Eu sussurrava no ouvido:
- Não.. Não fecha.
- O que você disse?
- Não fecha os olhos. Deixa abertos.
- O.K.
E voltava a lamber aquele pescoço, passando minha língua por tudo, enquanto ela, por sua vez, agarrava mais minhas pernas, pegando no meu pau e em tudo aquilo mais que poderia conseguir. Há um mistério que começa logo abaixo do umbigo e logo acima dos joelhos, um mistério tanto masculino quanto feminino, e que sempre se repete, a cada pequeno toque, a cada pequeno respirar, e Juliana estava realmente disposta a descobrir algum segredo ali, debaixo da mesa de bar.
É evidente que não parávamos de beber. Como pude descobrir logo depois de darmos um tempo nos amassos, ela tinha muito interesse no mundo dos bêbados, no mundo daqueles rejeitados por todo o resto. “Diga o que quiser de viciados de drogas, eu os respeito muito, mas pelo menos eles são levados em consideração pela sociedade. Qualquer crime, qualquer ato ilógico é logo creditado ao “ele estava drogado”. Um bêbado é simplesmente uma figura patética, sem controle de sua vida e sem hombridade para direcionar seus atos. E eu os amo por isso” foi isso o que ela dizia enquanto quem massageava sua buceta por debaixo da mesa era eu:
- Você faz faculdade, não é?
- Sim.
- Imaginei.
Por mais local que era aquele bar, conseguia ver nos olhos do dono que toda aquela putariazinha não estava lhe agradando, e enquanto masturbava-a delicadamente, sentindo os pequenos espasmos molhados de sobrevinham, sugeri que fossemos a outro lugar, outro bar ou coisa parecida. Ela piscou, apalpou meu pau com força, lambeu os lábios e se levantou do bar. Fizemos questão de pagar cada um metade da conta de bar, costumo não pagar nada quando consigo alguma garota, mas sabia já instantaneamente que ela, a Juliana, não seria tão pró-feminista assim, preferindo que nos encarássemos como seres humanos com tesão. E daí corremos direto para a rua.
Enquanto andávamos perdidos, o problema rebateu em minha bêbada cabeça. Vivian poderia estar em casa ainda. Não tinha tido coragem de mandá-la embora e ela, com alguma certeza, ainda esperava que eu retornasse de onde quer que tivesse ido, e se chegasse com Juliana ali as minhas chances de ter um ménage à trois eram bem pequenas, devo admitir. Apenas uma vez fiz um sexo a três, num carnaval há muitos anos atrás, e foi apenas porque era o único de todo o carnaval que vestia uma camisa da banda Nirvana e as duas garotas acharam aquilo uma graça. As garotas sabiam trepar muito mais que eu, devo admitir, mas foi maravilhoso.
Mas não poderia comer Juliana em casa, tinha que ter esperanças que ela tivesse residência própria, pronta para qualquer possível sexo, e fui meio deixando claro que em casa não seria possível. Por sorte nos dávamos extremamente bem, uma comunicação mental ótima, e ela logo percebeu que havia algo em casa que ela não deveria ver.
- Não se preocupe meu bem. Pegamos um ônibus e vamos para minha casa. Moro numa pensão há uns vinte minutos daqui.
Eu lhe coloquei contra um poste, agarrei sua cintura e dei-lhe um longo beijo. Um daqueles que você não costuma dar em garotas que acabou de conhecer, por não saber bem como agir. Mas essa moça era diferente, bem diferente de Vivian, e eu podia esfregar minha língua sem receio com esta garota, apertar-la bem forte e esfregar todo o meu sexo no dela. Fomos caminhando para o ponto de ônibus lentamente, parando a cada dois minutos para fazer tudo àquilo que um jovem casal já bêbado costuma fazer quando caminha numa noite quente. Chegamos ao ponto de ônibus, havia umas quatro pessoas, duas velhas e um casal trabalhador, e mesmo com eles ali não tínhamos a menor noção de limite ou pudor. Continuamos nos agarrando, beijando, apertando, massageando e mordendo. Uma velha subiu num ônibus que não nos servia, e alguma luz em minha mente apitou falando “foda-se tudo!”, parei de beijá-la, olhei dentro de em seus olhos mutantes de cor, levantei-me e levei-a para trás do ponto de ônibus. Ali era um bocado mais escuro, mas nada realmente furtivo, podíamos ver o ônibus que se aproximava dali e tínhamos certeza de que todo mundo na parte da frente, iluminada do ponto sabia exatamente o que tínhamos em mente. Eu botei-a novamente contra a parede, beijei-a e apalpava seus seios. Mas ela percebeu claramente que tinha algum outro plano maléfico, malévolo em mente. Fui baixando minha língua, no pescoço, nos seios (por cima da roupa mesmo) na barriga, e quando cheguei em sua buceta comecei a lhe fazer sexo oral. Sentia que era algo que seus olhos verdes pediam, e que os negros imploravam desde o inicio. Retirei sua calça, havia uma calcinha rosa singela, muito mais singela do que esperava duma amante de bêbados, o que me deu vislumbres de outra Juliana meiga, amorosa, sem nenhuma das safadezas que me disse, e isso só me deixou mais excitado. Retirei sua calcinha e comecei a chupá-la ali mesmo, dando voltas e mais voltas em sua buceta sem muito pelo, mas que ela claramente depilava, brincava com seu clitóris, e dava voltas e mais voltas respondendo claramente aos espasmos que suas coxas me transmitiam, aos seus gemidos, a sua mão em meus cabelos. E ela gemia e gozava um gozo diferente, um daqueles que pedia pra ser fodida e que fodia com os conceitos petrificados da sociedade que ela tanto tinha asco. Era uma garota de faculdade, sabe como é, uma daquelas intelectuais. E eu a dava toda a inspiração física pra tais declamações filosoficas-sexuais. E os outros, do ponto de ônibus e os que estavam nos ônibus que chegavam e nos viam, só podiam se sentir sozinhos naquela noite quente.
O ônibus chegou, entramos e fomos para a casa dela.