Fogo que arde sem se ver
Oi gente, nunca fui de expor meus pensamentos e anseios através de palavras, mas para tudo existe uma primeira vez. Fico pensando em como o mundo em que vivemos pode ser tão simples e o tornamos tão complexo. A causa de toda essa complexidade está talvez numa pequena palavra que muitos costumam usar sem o mínimo escrúpulo ou cuidado jogando-a ao vento, Refiro-me ao amor. E assim início uma história em memória daquele que me ensinou o que é viver, pois com certeza antes de conhecê-lo eu estava morto.
Chamo-me Giuliano tenho 18 anos. Não me descreverei fisicamente, pois ao longo da narração o leitor vai conhecer-me. Era mais uma dessas tardes insuportavelmente quentes cheias de crianças na rua e garotos sem camisa jogando bola. Claro que eu como membro sociável de uma comunidade pacata típica de cidade paulista do interior estava com minha bicicleta dando uma volta pelo quarteirão. O bairro em que vivo é cheio de esquinas e calçadas bem largas por conta disso costumo andar de bike pela calçada mesmo para não correr o risco de ser atropelado.
Então ao cruzar uma esquina topo com um garoto que vinha correndo em um skate e eu acabei caindo da bicicleta. Ralei todo o joelho e prendi o pé no aro da bicicleta que não foi nada agradável. Quando olho pra cima na intenção de agredir verbalmente aquele que quase me matou me deparo com ELE, um garoto de estatura média com certeza era mestiço de japonês, um cabelo arrepiado,olhos bem rasgadinhos.
-Me perdoa cara eu não vi você! Desculpa, deixa eu te ajudar. Porra eu sou muito burro mesmo.
-Não esquenta eu tenho tendência a sofrer acidentes mesmo. Não foi nada, mas meu pé tah doendo demais.
-Tá inchado mesmo acho melhor eu chamar minha mãe pra gente te levar no médico. Meu nome é Vinícius eu moro aqui perto. Ishi. Esse seu pé ta muito feio, já volto.
Fiquei chocado comigo mesmo, afinal o que estava acontecendo comigo. Eu deveria não ter deixado ele ir deveria ter levantado e seguido. Eu comecei a rir sem parar. Típico de minha pessoa. Em situações tensas eu tenho crises. Resumindo tenho também meus probleminhas. Acabei fechando os olhos e caindo no gramado. Dói demais fraturar um osso. Era meu calcanhar. Ouvi aquela voz de adolescente bobo perguntando qual era meu nome. Me deparo com Vinicius sem camisa tentando buscar em meu rosto alguma expressão familiar. Ele tinha uma expressão muito forte que me chamava a atenção, lábios bem vermelhos, e um corpinho nada comum pra um garoto de 16 anos. Resumindo perfeito aquele pequeno deus que me acidentou,rsrsrs.
- Meu nome é Giuliano. Chama de Giul mesmo.
-Muito prazer em te conhecer mesmo que por circunstâncias tão inesperadas. Eu achei que precisava conhecer gente nessa cidade mas não sabia que seria tão doloroso. Então vamos guardar tua bike Giul. minha mãe vai te levar pro pronto socorro.
Entramos no carro e logo uma senhora loira começou a se desculpar pedindo para que fossemos a minha casa porque deveríamos avisar algum responsável. Chegamos em minha casa minha mãe desesperada começou a perguntar o que havia acontecido eu na maior paciência expliquei e fomos todos para o hospital.
A minha sorte eh que eu só teria que usar o gesso por um mês.
- Giul já que o destino nos aproximou tão bem eu acho que devemos continuar a ser amigos. Somos amigos?
-Amigos sempre quebram a perna dos seus amigos. Hahaha. Claro que somos..
-Então, vou te levar pra casa mas você promete que vai me ligar pra dizer se está bem. Certo?
-Tudo bem.
-Você mora aqui desde quando?
-Desde sempre né. Fazia tempo que não acontecia nada de interessante nessa cidade. Vini, se importa se eu te chamar assim?
-Claro que não. Vou te chamar de Gi.
-Estou me sentindo um gayzinho com esse apelido. hahahaha
O comentário me fez rir, mas percebi que Vini não aprovou. Mesmo assim sorriu. Havia algo estranho comigo, porque era como seu quisesse apenas ficar perto dele sentir sua presença. Saber que ele estava comigo.
Ficamos em casa jogando Xbox o resto da tarde. E ele insistiu em ser o primeiro a escrever no meu gesso. Conversamos sobre tudo e parecia que eu o conhecia desde sempre. Foi incrível conhecer o Vini.
-Deixa eu escrever no teu gesso vai?
- Ta eu deixo. Pega aquela caneta na gaveta, por favor.
- Nossa Giul, você tem um monte de pelos na perna. Ahahaha. Todos são loirinhos e fininhos. Eu não tenho nenhum pelo praticamente.
-Foram vários anos de técnica para eu alcançar esses pelos. Ou então a genética fez o questão de trabalhar a meu favor. Hahahaah
-Então ela trabalhou muito bem. Fez um garoto lindo com olhos verdinhos um sorriso muito brilhante cabelo lisinho e no lugar. Agradeça papai e mamãe por mim.
Fiquei extremamente vermelho. O que estava acontecendo comigo? Por que aquilo soou como algo tão profundo e suave que penetrou minha mente e me deixou excitado? Por que eu queria a partir deste momento sair de perto dele mas também me aproximar e tocar seu rosto?
- Vou agradecer a sua mãe por me trazer um amigo tão bobo pra perto de mim.
-Pelo menos eu consigo ficar de pé!!
-Eu não e tudo graças a você! Falei num tom sério que deve ter deixado Vini um poko sem graça. Mas logo mudei de assunto.
- Vamos assistir a um filme. Tem uma locadora aqui na rua! Pega minha muleta ali em cima.
- Claro que não, você é meu paciente e não posso te deixar ir seria um crime contra o amigo que eu quase matei.
-E qual você vai escolher?
- Eu dou um jeito. E tente não correr atrás de mim!!
Aquilo soou hilariante e começamos a rir muito.
-Já volto Gi.
Ele fez de propósito e queria me provocar, pois então conseguiu.
Ele me aparece depois de meia hora com uma pizza, uma barra de chocolate e uma com uns filmes.
- Só tinha filma de terror, lançamentos aqui são bem raros hein?!
-Então né, eu moro aqui há 17 anos e já me acostumei.
- Sabia que você agora é uma das razões pelas quais não vou deixar esta cidade?
- Nossa não sabia dos meus poderes de convencimento. Sou foda.
Assistimos EspíritosII, Mano tenho muito medo então como estávamos no mesmo sofá eu sempre me agarrava nele. Até que ele olha bem nos meus olhos e eu com muito medo de olhar de volta foquei na televisão. Mas como a cena era muito pior acabei me abraçando com ele mesmo. HAUSAHSAHS.
- Giul, tu tah com medo cara? Relaxa eu to aqui.
Eu olhei de volta com uma cara de cachorrinho sem dono. Reparei naquele rosto, naquelas covinhas que ele tinha. Contorno daqueles olhos bonitos bem pretos que refletiam nada além de um brilho que saltava ao encontrar com meu olhar.
- Giul, hora do teu remédio, o medico falou que você ia sentir muita dor se não tomasse o analgésico.
- Tah bom meu enfermeiro particular.
- Giul parece que eu já te conheço faz muito tempo. Valeu por me deixar ser teu amigo mesmo eu quase matando você. Desculpa de verdade por isso mas se isso não tivesse acontecido eu não estaria aqui com você.
- Valeu por me atropelar Vini. E meu remédio?
- Tava tudo indo rápido demais e eu estava perdendo o controle da situação já que agora quem mandava era meu coração. Será que eu sou diferente mesmo? O que vai ser agora? Será que ele está mesmo gostando de mim? Nos conhecemos a muito pouco tempo e parece uma eternidade, e parece amor a primeira vista.
- Giul?
Eu estava meio grog por causa do remédio que era muito forte, ele acabou deitando minha cabeça em seu colo enquanto eu imóvel e praticamente drogado tentava não cair no sono. Acordei já era meio dia e meia. Nada do Vini. Mas ele deixou no meu celular seu número e me mandou um sms pra que quando eu acordasse que ligasse pra ele.
-Filho você está melhor? A mãe ficou preocupada. Graças a deus o Vinicius te ajudou e ficou com você ontem. A mãe dele e eu fomos melhores amigas de colégio.
- Sério mãe? Ele não me disse isso.
-Verdade lembra as fotos que a mãe guarda no sótão que tem uma moça magra ao meu lado? É a Ju a mãe do Vinicius. Só por isso eu deixei ele ficar aqui com você. Acha que eu iria trabalhar e largaria meu filhinho com um estranho qualquer?
- Ah mãe como a senhora é dramática!
- Daqui a pouco eu vou sair com a Juju porque ela está precisando comprar umas coisas na cidade vizinha. Desacostumou com A vida de cidadezinha pequena e tediosa. O Vinicius é um ótimo garoto e tem uma família incrível. Espero que você seja legal com ele.
- Claro que sim Mãe.
Meu celular começou a vibrar. Era o Vini.
-Acordou o belo adormecido?
- Bobo, bom dia pra voce também senhor Vinicius. Fazes o que?
- Pensando em como é coincidência nossas mães se conhecerem. Mundo minúsculo esse nosso.
- Concordo!! Topa vir aqui me ajudar a fazer qualquer coisa já que somos praticamente primos neh.
-Claro, um primo loiro e lindo e outro japa e feio.
- AFF, para Vini vc é lindo também.
Até eu me surpreendi em ter falado aquilo, como assim eu estou gostando dele?
- Vini chaga aqui logo!
- To indo primo!
E esse rapaz me aparece com uma camisa regata vermelha da Echo, um boné de lado e a franjinha pra baixo da aba do boné.
- Oi primo justin!
- Engraçado você.
- Para de graça e entra vem comigo que eu preciso arrumar umas coisas no meu quarto.
Entramos em silêncio e para minha surpresa já estava arrumado. Aquele pé me incomodava, mas o meu enfermeiro continuava do meu lado. Deitou na minha cama e me chamou pra perto.
- Giul?
- Oi meu filho,
- Você tem olhos lindos. Cabelo lindo corpo lindo.
- Fratura linda. Hahahaha.
- Eu gosto de ser seu amigo.
-Eu também uai. Vamo descer vai Vini seu bobo.
Continua...
ESSE FOI O 1º DE MUITOS RELATOS QUE EU CONFIAREI A VOCÊS MEUS AMIGOS. Comentem e se quiserem trocar ideias...
gil_bf@hotmail.com