Era um relacionamento tóxico e viciante este que haviam se envolvido. A cada dia desafiava sua sanidade e seus desejos, que precisavam que controlar em função da relação quase problemática dele com o sexo. Ela o desejava sempre, desejava seus cabelos longos, seu nariz proeminente que lembrava-a a cada segundo de seu lindo pênis cujo gosto ela nunca poderia se esquecer. Seus cílios eram grandes e descreviam um ângulo engraçado com os olhos, olhando para baixo. Era um olhar triste, um olhar insano, um olhar apaixonante, ainda que sorumbático.
Suas conversas eram intermináveis, intermináveis demais. Onde ele via conversa e mais conversa ela o desejava. Quando ele falava de filmes de arte ela só pensava em abocanhar aquele pau. Um pau que poderia ser considerado sagrado, tamanha era a dificuldade que ele tinha de colocá-lo para fora de suas calças. Mas ela adorava, adorava cada segundo de espera e de sofrimento, cada gozo solitário que tinha pensando nele e cada sonho erótico maravilhoso onde gozava trepando com ele das formas mais variadas possíveis. E tudo caminhava bem. Até que ele despertou seus desejos mais sensíveis.
- Quero posar para você, quero que você me pinte. Mas quero que me pinta vestido de mulher.
- Você quer mesmo se vestir de mulher pra mim, você tem certeza do que está falando?
- Quero sim, e quero usar um vestido preto e uma meia arrastão, como as prostitutas. Quero me sentir uma prostituta.
- Então você será a minha mulher. Não hoje. Não agora. Mas será minha mulher.
Daquele dia em diante ela sabia que estava perdida. Ele havia ganho um novo status: aquele homem misterioso e maravilhoso desejava ser sua mulher. Ela poderia resistir a tudo, menos a um homem que quisesse se deitar com ela como mulher.
E ele sabia que tinha, desde então poder sobre ela. O que começou com uma brincadeira foi tomando forma. Com algum nível de álcool ela já dizia que queria lamber o seu cu, que se sentiria realizada ao senti-lo em sua boca desta forma deliciosa e inusitada. Não demorou muito até ela questionar se ele aceitaria dar pra ele. Ser, de fato, sua mulher por uma noite. Uma noite que seria a mais intensa de todas as suas noites juntos. E ele aceitou. Mas não aquela noite.
Andavam pelas ruas aos amassos e provocavam o mundo e um ao outro. Ele passava pelas pessoas e dizia que agora era a mulher dela. E que ela era seu homem. Dizia a todos, desafiando a razão e provocando seus desejos. Sua calcinha só não estava molhada porque ela não usava calcinha naquele dia.
Ele seria dela, um dia. Não naquela noite. Mas um dia.
(e quando acontecer Madame Saint'Ange contará a vocês).
