Recuperando minha amada

Um conto erótico de Renata
Categoria: Homossexual
Contém 1823 palavras
Data: 17/12/2011 09:06:42

Era um calor absurdo, no verão do ano passado. Estava de férias da faculdade e, como sempre, sem dinheiro.

Havia sido um ano estressante. Como sempre, greves e mais greves. Algo comum para quem vive no cotidiano das universidades públicas nacionais, mas nem por isso menos estressante, tanto para quem é contrário quanto para quem é a favorável a ela. Some-se a isto, o fato de que era a minha primeira vez. Nunca estamos preparados para a primeira vez.

Minha namorada implorava para viajarmos a algum lugar diferente. Queria algo diferente da kitnet em que viviamos, para podermos nos curtir. Voltar para a cidade de nossos pais seria extremamente tedioso e precisavamos de tempo para nós, em algum lugar diferente. Diferente da cidade onde estudávamos agora. Diferente também da cidade onde estava o resto de nossas vidas.

Estavamos planejando a viagem havia meses, mas eu estava desempregado. Não só gastei minha mesada, como ainda me endividei, durante a greve. Ainda assim, me constrangia dizer que não poderia viajar porque passei muito tempo sem bandejão. Ela trabalhava e constantemente me dizia para fazer o mesmo. Nossas brigas, aliás, sempre foram por isso. No mais, sempre nos entendemos muito bem.

Giovanna estava intratável, quando comuniquei minha impossibilidade de viajar. Externava suas opiniões de maneira enfática, tendo 'vagabundo' como o qualitativo mais singelo empregado a meu respeito. Nunca gostei de brigar e ainda mais com ela... Mas após a terceira meia-hora de monólogo no qual o assunto em voga era meu caráter, expliquei que ser o objeto de decoração do chefe sob a alcunha de "secretária" permitia, de fato, trabalhar e estudar sem que um prejudicasse o outro. Provavelmente a segunda pior coisa que eu poderia ter feito, seguindo de perto um eventual cuspe na cara, ou uma cabeçada em seu nariz. Como não tenho inclinações para algo desse tipo, fiz o pior dentro daquilo que se poderia esperar de mim.

Após muito choro, Giovanna foi para o Rio de Janeiro curtir suas férias, enquanto eu fiquei na fossa, na casa de meus pais. Segundo ela, precisavamos dar um tempo. A caixa de continuava vazia. No mais, tudo cheio. Paredes cheias de pôsteres, computador cheio de filmes, ipod cheio de músicas, estante cheia de livros... O saco cheio. O silêncio dela, que durou quase um trimestre, encheu minha garganta também. Em meu MP3, tocava a versão do João Gilberto, de Aguas de Março, quando recebi a ligação da Gi, dizendo que queria me ver.

O brilho de seu olhar dignificava cada centavo gasto em sua viagem e era tão significativa quanto minhas letárgicas olheiras, em nosso reencontro. Quanto mais detalhes eu reparava em sua pele bronzeada, mais se acentuava minha palidez. A opressão de seus passos em minha direção me deixaram à mercê de seu beijo e de uma suspensão dos conflitos, na temporalidade. Era uma promessa de felicidade, embora não necessariamente uma realização. A possibilidade perpétua de retomar os fios interrompidos se apresentava a cada beijo que se intercalava por nossa conversa.

Eu mesmo, entendia esta promessa de felicidade como se fosse a própria. A cada beijo, estavam resolvidos provisória, mas satisfatoriamente todos os males do mundo. Um otimismo trágico, de tão inocente, mas como não sentí-lo?

Suas mãos puxavam minhas coxas contra seu rosto, enquanto me chupava. A marca deixada por seu biquini ressaltava seus mamilos rosados, e eles agora pulavam, brilhantes efeito de minha saliva. Estava, enfim, dentro dela outra vez, como nunca deveria ter deixado de ser. Seu perfume, pela manhã, se misturava com o suor já seco em meu corpo. Seus cabelos se misturavam com os meus e eu, enfim, voltei a acordar sorrindo... Por uma noite.

Pela manhã, fui fazer nosso café, para oferecê-lo em uma bandeja e ao voltar para o quarto, vejo minha amada fazendo suas malas. Ela deixaria de viver comigo. Me amava, dizia, mas não poderia dividir a vida com um homem que menospreza seu trabalho. Era para poder conquistar sua dignidada que trabalhava e continuar vivendo comigo, neste contexto, seria abrir mão da própria dignidade. Enquanto ela me dizia sobre a atitude com a qual seria incapaz de conviver, eu refletia se seria capaz de viver quando a porta fechasse em suas costas.

As lágrimas, agora, eram minhas. Implorei para que ela ficasse. Exaltei sua profissão de tal maneira que um observador desavisado pensaria tratar-se da presidência de uma coorporação, ou alguma função cuja finalidade fosse demonstrar sua grande erudição. Não bastou. Sua confiança em mim estava cindida, como estava eu a respeito de minhas próprias convicções. Foi isso que eu disse, quando em meus braços a envolvi e implorei para que não me deixasse. Irredutível, no entanto, Giovanna se foi, deixando para trás as malas nas quais me agarrei.

Levou alguns dias até que eu conseguisse ficar simultaneamente acordado e sóbrio. Logo que atingi esta capacidade, entrei em contato com seu chefe, um dentista recém-formado que conhecemos quando ainda morávamos, todos, no interior. Ele, já terminava o ensino médio, enquanto nós concluíamos o fundamental. Fiz-lhe uma proposta, financeiramente tentadora. Trabalharia para ele como secretária pela metade do salário. Ele recusou, de início, mas implorei por sua caridade e acabamos selando um acordo diferente.

Traçado o plano, comecei a me preparar para a derradeira segunda-feira. O primeiro passo foi aprender a andar de salto alto. Ao menos parcialmente, pois meu pés eram dois números maiores do que os da minha amada. Vi os vídeos pela internet e treinei um pouco, pois só no dia seguinte, poderia comprar pares adequados para mim. Felizmente o restante das roupas ficava pouquissimo mais justas em mim do que nela. Ganhei tempo para treinar a maquiagem.

Foi assim que na segunda-feira, pouco após o sol nascer, eu estava no ônibus, tentando entender como era possível alguém achar adequado uma tira de pano rendado dividir-lhe as nádegas. Era uma questão, aparentemente, mais simples do que encontrar um jeito de não rebolar sobre o scarpin. Às sete da manhã, ajeitava minha curta saia-lápis e verificava a maquiagem, antes de tocar a campainha do consultório. O expediende oficial começaria às oito, mas havia assuntos a resolver antes. O Dr. Alfredo me recebeu com um sóbrio aperto de mãos e perguntou algumas amenidades, para conferir como estava a minha voz. Ela preocupava muito mais do que meu corpo, que apresentava baixo índice de testosterona e pouco se masculinizou ao longo dos anos. Foi desagradável ter que me depilar, mas os pelos eram poucos e a dificuldade era muito menor do que o de ter que forjar uma voz feminina de maneira ininterrupta.

Aceitas as características, o meu chefe indicou a mesa na qual eu seria responsável pelo turno matutino. Seguimos para sua sala, onde me apresentou o ambiente e descreveu o mobiliário, bem como os instrumentos que utilizava em seus pacientes. Em seguida, me abraçou por trás e pude sentir o volume do instrumento que usaria em mim. Fazia parte do acordo. Era uma exigência sua. Deixei.

Suas mãos percorriam meu corpo. Experimentavam a maciês de minha pele recém depilada. Olhei para trás quando tive meu cabelo puxado para o lado e vi seu rosto vindo em minha direção. Me assustei. Esse gesto não fazia parte do acordo. Nossa relação deveria ser estritamente profissional e, no entanto, cedi um beijo, enquanto minha saia era retirada. Recebi um tapa na bunda e ordem para empiná-la. Alfredo beijava meu pescoço exposto e sua mão, que me atingiu há pouco por fora, agora colocava sobre meu rosto. Encostava seus dedos em minha boca, para eu chupar. Começava a tentar me atingir por dentro. Deixei escapar um suspiro ofegante, quando o primeiro dedo, lambusado com minha saliva, começou a tirar para o lado a calcinha. Foi inevitável gemer quando ele entrou. Minha concentração estava toda em me manter de pé, sobre o salto, mesmo sem forças nas pernas que bambeavam com os movimentos de seus, agora, dois dedos que me defloravam. Virei em sua direção e instintivamente me agarrei seu corpo, para me segurar enquanto já três dedos estavam dentro de mim.

Estava na hora. Apoiei minhas mãos na maca e empinei a bunda. Olhei para trás e vi Alfredo terminar de colocar a camisinha, antes de vir em minha direção com o pau na mão. Ele encostou a cabeça em meu buraquinho e eu fechei os olhos. Não pude ver tudo aquilo me rasgando. Mordi os lábios para não gritar. O som de minha dor saiu na forma de um longo e alto gemido. Sem piedade, meu chefe continuou a colocar tudo dentro de mim, até nossas coxas encostarem. Quando finalmente aconteceu, enrolou meus cabelos em sua mão e, com a outra, prendeu minha cintura. Começou a me comer com força. Eu sentia uma dor extrema, mas de alguma maneira meu penis discordava de mim, mesmo oculto, preso para trás dentro da calcinha.

Com o cabelo preso por sua mão, meu rosto era forçado a olhar o seu, enquanto me comia. Seu olhar era o de um animal e, como presa rendida, comecei a rebolar no pau do Alfredo, arrancando-lhe um sorriso. Sorri de volta, diminuida um pouco a dor e ele soltou meu cabelo. Sua outra mão percorria meu corpo, enquanto meus olhos se fixaram na saia da Giovanna, que há pouco eu vestia e agora estava no chão. As estocadas se tornavam cada vez mais violenta, até um ponto em que as duas mãos se fixaram em minha cintura e meu chefe urrou, com o dever cumprido. Mais um tapa na bunda e eu fui liberada para começar minhas funções. Ajeitei a calcinha e vesti a saia preta com o máximo de dignidade que pude. Fui ao banheiro retocar a maquiagem e limpar o suor, antes de iniciar o expediente. Embora meu cu latejasse e fosse difícil andar, não seria tão problemático, pois eu trabalharia sentada.

A cada cliente que chegava, eu indicava a sala de espera e, no restante do tempo, atendia as ligações. De fato não era um trabalho difícil. O difícil foi ver a Giovanna chegar à tarde para cumprir seu turno e me ver com suas roupas. Ninguém me envergonhou tanto quanto ela. Em nossa cidade natal, eu seria execrado, mas na cidade grande as pessoas parecem ser invisíveis, umas para as outras. Os poucos que eventualmente percebiam eu ser um homem, ignoravam totalmente tal fato. Foi assim que conversamos; como Giovanna e Renata, num bar próximo.

Não contei a ela sobre tudo a que precisei me submeter, mas ela entendeu que eu estava tentando demonstrar que respeito tanto o seu trabalho, que poderia, eu mesmo, realizá-lo. Consegui, com isso, que voltasse para casa, sob a condição de que eu permaneceria no emprego, ao menos, até o final das férias da faculdade, o que só viria a ocorrer em março. Aceitei sua crueldade. Minha vingança seria beijá-la usando o mesmo batom vermelho que me ajudava a passar de manhã, sem saber que se destinava a borrar o pênis de nosso chefe.

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Comentários

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Xiquim, cada conto representa uma história diferente, de uma personagem com personalidade, passado e contextos diferentes... Não me sentiria bem em usar o mesmo pseudônimo para todas.

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Fofura, só gostaria que tu me explicasses uma coisa: por que é que em cada conto teu tu usas um pseudônimo diferente? Ainda não te acertaste com nenhum deles? Eu gosto dos teus contos. Sabes manejar razoavelmente bem o Português.

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Me falta tempo para publicar mais. Aos poucos vou fazendo mais.

Desculpe a demora e obrigada pelo elogio!

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Eu gosto do seus contos, mais porque demora tanto a publicar novos contos?

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Oi Renata.. Gostei do teu conto. Nota 9. Gostaria que entrasse em contato conosco na Fantasy Island para publicar seus contos e ler os nossos que vem com fotos/video. Mande um email pra mim. Beijo. MOD - Fantasy Island - Email: fantisland@gmail.com

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Poderia ser mais específico sobre o porquê de não gostar, dmm.

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