Por trás daqueles olhos - 01

Um conto erótico de D.Tradutor
Categoria: Homossexual
Contém 5796 palavras
Data: 12/01/2012 02:19:35
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

POR TRÁS DAQUELES OLHOS - PARTE 1

As pequenas e claras luzes que corriam ao longo dos ramos finos das árvores iluminavam o céu da meia-noite. Pequenas mesas cobertas com linho branco alinhavam-se ao longo das paredes externas, cadeiras de madeira e ripas ao lado delas. Arcos de tafetá prateado e fino penduravam-se nas costas das cadeiras, balançando-se à brisa que flutuava no ar fresco da noite. Ela trouxe o aroma de baunilha enquanto pequenas velas incandescentes alinhavam-se no caminho que tomei, seguindo o som melódico que eu quase sentia em vez de ouvir.

Conforme eu caminhava e as árvores se separavam, deparei-me com a fonte daquela melodia hipnotizante que me arrastou até ali. A pista de dança, profunda e feita de nogueira, que aparecia diante de mim parecia convidar mistério.

Lá, ao luar e debaixo do mar de estrelas brilhantes, absorvi cada detalhe do baile de máscaras.

As garotas estavam todas usando vestidos sofisticados, ao estilo antigo, com saias rodadas e rendas, penas decorando seus cabelos. Como eu, os garotos usavam camisas brancas com botões no colarinho, com coletes negros no mesmo estilo antigo que as garotas tinham escolhido. As máscaras cobriam seus traços faciais o bastante para permitir a criação de mistério e animação.

Hoje seria uma noite mágica, eu podia sentir isso, com todo meu ser, e deixei minha mente vagar e captar todas as possibilidades... e então meus olhos se fixaram em algo que me intrigou. Estava cativando todos os meus sentidos, minha habilidade de pensar claramente, o que provavelmente explica porque eu me permiti olhar mais do que eu jamais deveria ter olhado.

Enquanto eles dançavam, cada um com seu próprio parceiro, eu podia ver apenas ele. Apesar de ele estar vestido como todos os outros, havia algo sobre ele que capturava minha atenção. Eu nem mesmo sabia quem ele era, já que seu rosto estava oculto pela máscara negra que ele vestia. Eu fiquei lá, congelado, observando aquele garoto misterioso.

Não sei quanto tempo eu permaneci naquele lugar, assistindo enquanto ele dançava com alguma garota, mas eu fui puxado de volta à realidade de repente, quando quase fui forçado em uma linha pela multidão de dançarinos. A música havia mudado e todos tinham se alinhado em duas linhas. "Vamos lá, todos juntos! Hora d'O Passeio ¹!" Eu ouvi nos alto-falantes.

Eu estava preocupado. Mais que isso, eu estava seriamente entrando em pânico. Eu não sabia como fazer O Passeio. Não queria estragar tudo, eu não podia. Eu nunca ouviria o fim daquilo. Enquanto a linha se movia vagarosamente à frente eu tive tempo para assistir enquanto cada par de dançarinos fez seu trajeto até o meio. Isso não parecia tão difícil, eu conseguiria, pensei pra mim mesmo.

Continuei assistindo os outros dançarem até que fosse minha vez de fazer o trajeto até o meio, mas quando eu olhei para cima para ver quem meu parceiro seria, lá estava ele na minha frente. Com seus intensos olhos azuis me observando, quase me desafiando, meu garoto misterioso permaneceu lá, esperando eu começar a me mover. Era como se eu não tivesse mais controle sobre meu corpo. Eu estava apenas lá, de pé, encarando seus olhos, tentando aprender tanto quanto possível sobre ele, quando ele finalmente disse, "Venha Stephen, vamos fazer isso ou não?"

Não tenho certeza do porquê, mas minhas bochechas coraram e eu finalmente assenti em consentimento. Enquanto nós fazíamos nosso caminho entre as duas linhas de dançarinos tudo em que eu podia pensar era descobrir quem era esse garoto. Nem mesmo me ocorreu naquele momento que eu estava basicamente dançando com outro garoto na frente da escola inteira. Não me surpreendia que ele soubesse quem eu era, já que todos sabiam quem eu era.

Eu era o cara que todos conheciam, e que todos queriam ter como amigo. Eu era o presidente da classe senior e o Primeiro Lançador do time colegial de baseball. Eu sempre tentei ser legal com todo mundo, tinha que deixar o exemplo como presidente de classe, mas de todas as muitas pessoas que eu conhecia, nenhuma conhecia o verdadeiro "Eu", apenas a pessoa que eu permitia que elas conhecessem.

Nós finalmente fizemos nosso trajeto de volta para o fim da linha e o resto dos casais também, mas eu nunca vi isso acontecer porque nossos olhos estavam presos juntos. Eu estava vasculhando minha memória, tentando descobrir quem era esse garoto quando a música acabou e a voz no alto-falante retornou dizendo, "E agora, hora de coroar o Rei e Rainha do Baile".

Todos se juntaram na frente do pequeno palco para ouvir quem ganharia o concurso de popularidade deste ano. Enquanto eles chamavam meu nome e as pessoas aplaudiam, subi o pequeno palco para aceitar minha vitória. Como dita a tradição, dancei com Julianne, minha Rainha, para a dança do Rei e da Rainha do Baile.

Nós dançamos juntos, balançando lentamente para frente e para trás, próximos um do outro. Ela parecia tão animada, eu não podia dizer se porque ela tinha ganhado ou porque ela estava dançando comigo. Tudo que eu sabia era que mal podia esperar pelo fim. Jules era uma garota bem legal, uma amiga de longa data, desde que éramos crianças, e quando eu descobri recentemente que ela tinha uma queda por mim, tentei agir como se não tivesse percebido.

Mesmo sendo bonita como ela era com seus longos cachos castanhos e olhos verdes profundos, ela simplesmente não era o meu tipo. Eu tinha assistido ela se tornar essa pessoa maravilhosa, e eu a amava, mas nunca seria do jeito que ela queria que eu a amasse. Nós sempre rodeávamos essa situação e os sentimentos dela por mim, mas eu simplesmente não podia ter aquela conversa com ela.

Aquilo só podia levar a problema. Eu não queria machucá-la ou iludí-la, e não queria que ninguém descobrisse meus verdadeiros sentimentos. Eu precisava mantê-los em segredo, mas estava tão preso na minha fascinação por aquele garoto misterioso. Eu precisava saber mais, e eu queria saber agora.

Tive que ficar lá até acabar e ajudar a limpar tudo. Procurei por ele pelo resto da noite mas ele parecia ter desaparecido depois de nossa dança juntos. Eu o tinha perdido com toda a comoção do Rei e Rainha e não conseguia achá-lo depois daquilo.

Tinha sido uma longa noite, e estava me perturbando enquanto eu dirigia para minha casa o fato de eu ainda não saber quem tinha sido meu misterioso parceiro de dança. Quando eu saí do carro, lá estava ele, sentado no degrau mais alto do alpendre que corria toda a extensão da minha casa. Ele estava me esperando? Aquilo parecia óbvio, mas porque ele estava aqui?

Ele ainda estava vestindo sua máscara, assim como eu. Acho que tinha se tornado tão confortável que nem mesmo tinha percebido que eu ainda a tinha. Enquanto eu andava em sua direção ele ficou lá, de pé, e eu encontrei na metade da descida. "Err, eu só queria dizer obrigado por ter sido tão legal lá hoje a noite", ele declarou simplesmente antes de passar por mim para ir embora. Eu estava chocado, para dizer o mínimo.

Qual era exatamente o grande problema? Porque ele tinha se sentido na obrigação de vir aqui apenas para agradecer? Quer dizer, era apenas uma dança em grupo, não era como se nós tivéssemos escolhido dançar um com o outro, só aconteceu.

Tirei minha máscara na esperança de que ele faria o mesmo, mas não tive sorte. Digo, ele já sabia quem eu era então o que eu tinha a perder, certo? Então, fiz a única coisa que poderia fazer naquela hora. "Sem problemas, cara" Respondi e entrei em casa.

Enquanto eu adormecia naquela noite estava determinado a descobrir quem era aquele garoto na segunda, no colégio. Eu precisava saber. Precisava saber quem ele era e porque eu estava tão atraído por ele, exceto por já saber o porquê, mas não sabia como lidar com isso tudo agora.

Eu sempre estive cercado por garotas então nunca houve nenhum questionamento a respeito da minha sexualidade. Nunca tive de lidar com os comentários ou as besteiras que outros caras enfrentavam, além do fato de que Jules e eu estávamos quase sempre juntos. Ela vivia duas casas abaixo da minha desde que me mudei pra cá quando tinha quatro anos.

Nós estávamos na mesma classe do jardim de infância e em todos os anos seguintes. Nossos pais eram os melhores amigos que dois homens poderiam ser e a mãe da Jules, Linda, tinha praticamente nos adotado como família desde que minha mãe morreu quando eu tinha sete anos. Fiquei triste por muito tempo depois de minha mãe morrer, mas Linda realmente me ajudou a ver que a vida continuava, não importa se estou triste ou feliz, então eu devia aproveitá-la... e assim fiz.

Meu pai tinha feito o melhor que pode por nós nos próximos dez anos e nós éramos muito próximos. Ele sempre tirava seu tempo para me dizer o quanto ele estava orgulhoso de mim. Ele veio para todos os meus jogos, nunca perdeu um... nunca. Ele era um grande pai e eu sabia que ele me amava, mas ele só conhecia uma parte de mim.

Sendo ele um pai solteiro, a mãe da Jules tomava conta de mim depois da escola até que eu tivesse idade o bastante para ficar sozinho em casa. Mesmo então, eu passava a maioria das minhas tardes na casa dos Maclean ao invés de na nossa grande e vazia casa. Para mim, Jules era a irmã que eu nunca tive, e por muito tempo, até uns dois anos atrás, eu tinha certeza de que ela sentia o mesmo.

Porém, as coisas começaram a mudar entre a gente. Eu estava mais ocupado com treino de baseball e conselho estudantil e nós não nos víamos tanto quanto antes. Foi aí que comecei a perceber uma mudança na forma como ela agia ao meu redor. Ela sempre me tocava, muito, e quando nós andávamos para algum lugar juntos ela agarrava meu braço. Ela ria das minhas piadas idiotas e estava sempre dando risadinhas. Aquilo me deixou tão... inconfortável.

Não havia uma forma legal de dizer que eu não a via, ou melhor, não conseguia vê-la daquela forma. Eu daria qualquer coisa para não machucá-la, para dar a ela o que ela queria de mim. Mas quanto mais tempo nós passávamos juntos, mais claro se tornava pra mim que ela simplesmente não era a pessoa certa pra mim, assim como qualquer outra garota.

Eu sabia sobre mim desde a nona série. Nunca agi dessa forma, nem uma única vez, e eu não podia contar a ninguém, especialmente Jules. Quer dizer, ela era minha melhor amiga, minha amiga mais próxima na verdade. Ela sabia todos os meus segredos. Ela sabia que eu esfregava minha nuca quando estava nervoso. Ela sabia que quando eu ficava inquieto significava que eu precisava de um pouco de espaço, de tempo para ajeitar as coisas na minha cabeça.

Eu sabia os segredos dela também. Eu conhecia seu sorriso, a forma como os cantos da boca dela se curvavam para cima quando ela estava nervosa, e aquele que ela guardava só pra mim. Ela só o usava quando estava preocupada comigo, mas era meu, meu sorriso.

Eu passei o fim de semana fazendo muitas coisas; dever de casa, obrigações, e Jules e eu fomos para o cinema, mas o tempo todo eu só podia lembrar daqueles olhos. Enquanto estávamos lá sentados um do lado do outro no cinema escuro, assistindo algum filme de mocinha que Jules escolheu, tudo que eu fiz foi pensar em todos os detalhes daquela noite. Eu me lembrava de como ele olhava para cima para me ver, por baixo de seus longos cílios.

Depois que o filme acabou, eu dirigi para o Joey's. Era o lugar que nós sempre íamos e eles fazem a melhor pizza. O time vinha para cá depois de todos os jogos, havia máquinas de fliperama e música, e eles tinham grandes TVs com todos os esportes ligados. Era noite de domingo então não havia muitas pessoas fora de casa, mas nós nos sentamos por lá e conversamos sobre a dança e comemos pizza.

Eu estava rindo dela. Ela tinha acabado de me perguntar se você ganha sete pontos por anotar uma corrida no baseball, ela podia ser bem garota às vezes. Eu estava tentando explicar para ela, de novo, quando Bobby e Sean chegaram e nos encolheram em nossos lugares. Acho que havia espaço para mais dois na nossa cabine, gostássemos ou não. Mas eu gostei, foi um jeito de diminuir a pressão sobre mim.

Bobby estava no time de baseball comigo, jogava na terceira base. Todos os caras sempre zoavam com ele, dizendo que ele nunca poderia fazer um "home base" com uma garota, já que ele estava sempre preso na "third base". Achei aquilo hilário, já que de todos os caras do time, Bobby era o que tinha mais namoradas. Ele era apenas um pouco menor que eu e tinha cabelos loiros cor de areia, não que você pudesse dizer já que ele sempre vestia seu boné de baseball.

Ao lado de Jules sentou-se Sean. Ele sempre teve uma queda por ela, e parecia encontrar um jeito de estar onde quer que estivéssemos. Ele era bem quieto, e parecia estar com Bobby em todo lugar, mas se você realmente tirasse tempo para conhecê-lo, teria o mais leal amigo. Ele era mais reservado, acho, porque era menor que a maioria dos garotos da nossa idade, mas ele era realmente uma visão agradável. Ela sempre disse que ele nunca me alcançaria.

Aquilo era um fato, porque eu tinha 1.88m e ele apenas 1.79m. Mas além da nossa diferença de altura, havia muitas outras coisas diferentes entre nós. Ele era mais do tipo acadêmico, eu acho, ele estava no jornal da escola e no livro do ano. Ele era o editor de esportes então sempre tinha uma desculpa para estar ao redor, 'arranjando sua história', ele sempre diria. Mas eu realmente gostava dele, e se eu tivesse de arranjar alguém bom o bastante para namorar a Jules, seria ele.

Aquela noite, depois de deixar Jules em sua casa e dirigir duas casas rua acima para a minha casa, eu estava desejando que ele estivesse lá de novo, me esperando, mas ele não estava. Depois de revolver cada memória que eu tinha daquela noite, eu ainda não tinha ideia de quem era aquele garoto. A necessidade de saber, de encontrá-lo, estava me tirando do sério. Como eu iria achá-lo, e se eu conseguisse, então o que? O que eu faria? Nada. Não faria nada, porque eu não podia.

Este segredo que eu tenho, que eu carrego comigo para todo lado, nunca pareceu um problema antes, quer dizer, claro, eu tenho olhado os vestiários depois do treino, quem nunca fez isso? Eu pude ver muitos e muitos caras bem bonitos, semi-nus ou nus por completo, e aquilo sempre parecia ser o bastante. Então por que agora? Será que este garoto mudou minha capacidade de simplesmente deixar pra lá?

Eu não conhecia a resposta pra esta pergunta, mas uma coisa que eu conhecia era aqueles olhos. Eu os reconheceria em qualquer lugar. Eu esperava que enquanto ele tinha olhado nos meus olhos, quando dançávamos juntos, ele não tivesse visto dentro da minha alma, em meu lugar mais secreto. Eu esperava que ele não tivesse descoberto meu segredo.

Ele sabia quem eu era, ele tinha usado meu nome na dança, e sabia onde eu morava. Eu esperava que ele não soubesse TUDO agora, já que eu tinha me permitido ser capturado por aqueles olhos, ser observado por aqueles olhos.

Eu estava com medo, nervoso, enquanto me arrumava para o colégio segunda de manhã. De repente decidir o que vestir era uma tarefa dificílima e eu simplesmente não conseguia deixar meu cabelo de um jeito que parecesse certo. Já estava na minha quinta tentativa quando Jules entrou no meu quarto.

"E aí bonitão", ela disse. "Tá bem legal hoje".

"O mesmo que nos outros dias, certo?" brinquei com ela. Ela deu uma risadinha... de novo. Eu não sei como ela faz isso. Digo, o jeito que ela parece ser capaz de se divertir simplesmente estando perto de mim. É algo que eu nunca iria entender, como alguém pode ser entretido tão facilmente? Eu não acho que agiria desse jeito alguma vez na vida, é tão... falso, e idiota.

"Pronto? Vamos, eu não quero chegar atrasada hoje", ela me apressou.

"Certo, acho que não posso ficar mais bonito apenas ficando aqui me olhando no espelho, posso?", perguntei de volta.

Ela me olhou através de seus olhos verdes bonitos e depois de uma pausa pensativa ela disse, "Isso seria impossível".

Bem, se alguma coisa iria me apressar, seria aquilo. Aquela pausa inconfortável. Aquela em que eu devo descobrir tudo, fazer meu movimento. E aquilo não iria acontecer hoje, e nem nunca.

Eu peguei minha mochila e rumei para a porta sem nenhuma outra palavra para ela naquele assunto. Ela seguiu atrás de mim até minha caminhonete. Eu tinha uma pickup Chevy cor castanho-avermelhada. Era ótima para transportar equipamento de baseball e coisas para Pep Rallies², e era enorme. Quer dizer, que tipo de cara gay dirige uma caminhonete enorme? Eu, este tipo, mas não que alguém soubesse disso.

Eu abri a porta para ela e ela subiu enquanto eu esperava ela se sentar e ficar confortável para que, então, eu fechasse a porta. Meu pai tinha me ensinado boas maneiras e o que um cavalheiro devia fazer. Segure a porta, fique em pé na mesa quando uma dama chegar ou sair, e abra a porta do carro. Acho que estava gravado no meu cérebro agora.

Quando nós chegamos no colégio ela estava me contando alguma história sobre a noite do pijama que as garotas fizeram após a dança na sexta à noite. Foi na casa da Rachel. Animada, engraçada e cheia de energia algumas vezes, esta era a Rachel. Ela era a melhor amiga da Jules, e geralmente elas eram inseparáveis, exceto no meu caso.

Nós saímos da caminhonete e entramos no colégio. Colégio John F. Kennedy, o palco para o maior ato da minha vida. Eu acompanhei Jules até sua primeira aula e depois de deixá-la dizendo que a veria no almoço rumei para o escritório principal. Como presidente do conselho estudantil era meu dever entregar os anúncios diários para o corpo estudantil cada manhã lembrando-os de datas importantes e encontros de clubes, etc.

Foi no caminho do escritório enquanto estudantes corriam para suas salas para não chegarem atrasados que eu comecei a procurar. Eu não tinha certeza do que exatamente eu estava procurando, ou quem, mas continuei tentando fazer contado visual com todos que passavam por mim. Seus olhos eram a única coisa que eu reconheceria, e eu tinha certeza de que iria quando eu finalmente os visse de novo.

Governo e Inglês tinham durado uma eternidade e agora eu estava sentado no meu terceiro período, aula de matemática, e eu não conseguia nem começar a me concentrar no que o Sr. Peters estava tentando nos ensinar. Tudo que eu podia pensar era em encontrá-lo, olhar nos seus olhos novamente. Eu estava começando a pensar que nunca iria encontrá-lo. Digo, quais eram as chances, realmente?

Aqui, neste colégio com 15 centenas de estudantes, ele estava em algum lugar, e eu preso aqui aprendendo ângulos.

Apreensivo, foi assim que eu me senti. Eu não podia me sentar direito, ficava balançando os pés. A garota na minha frente tinha acabado de se virar, de novo, já que eu acidentalmente chutei seu assento... de novo.

Eu precisava agir. Estava sendo um completo inútil. Por que eu não podia simplesmente esfriar a cabeça e esperar o horário do almoço? Aquilo me daria uma oportunidade de procurá-lo. Me sentiria como se estivesse fazendo algum progresso, no mínimo. Acho que o fato de saber que ele era um garoto excluía metade das pessoas no colégio, mas eu não podia simplesmente sair por aí encarando todos os caras do colégio, não seria uma boa ideia.

O sinal finalmente tocou me libertando da tortura da geometria. Normalmente eu amava matemática, mas hoje eu não queria ficar confinado numa sala de aula. Eu já tinha me sentado por três períodos olhando cada garoto da minha sala tentando encontrá-lo sem sorte, e ainda recebi alguns olhares estranhos em retorno. Eu teria que ser mais cuidadoso.

Quarto período era o conselho estudantil, então pelo menos eu teria aquilo para ocupar minha atenção pela próxima hora até o almoço. Nós discutimos o Pep Rally que teríamos na sexta para o próximo jogo de futebol, a próxima doação de sangue, e o novo programa de tutoria que eu tinha começado após as aulas na biblioteca.

Eu achei que seria uma boa ideia para dar uma ajuda extra para os estudantes e reuní-los. Até agora, no entanto, o programa só tinha sido bem sucedido em me trazer para a biblioteca depois da aula todos os dias. Pelo menos eu tinha um lugar tranquilo para fazer meu dever de casa antes do treino. Era apenas o início da segunda semana, acho que teria de esperar um pouco, para que o programa fosse bem sucedido.

Finalmente era hora do almoço. Aqui estava minha chance, e eu ia fazer bom uso desse tempo. Encontrei Jules sentada em nossa mesa lá fora nos pátios. Os jardins ficavam do lado da lanchonete do colégio e havia muitas mesas e bancos alinhados a árvores verdes de sombra. Ela estava com Rachel e algumas outras garotas e elas estavam todas dando risadinhas sobre algo quando cheguei. "Olá garotas", eu disse, e todas elas riram de novo. "Umm, Jules, eu poderia falar com você um segundo?"

Claro bebê", ela respondeu se exibindo para as garotas. Ela se levantou e andou comigo, segurando meu braço como se fôssemos um casal. Eu simplesmente caminhei junto com ela esperando acabar com isso o mais rápido possível. Eu sabia que ela ia ficar chateada.

"Então, o que foi?", ela me perguntou.

"Eu só queria te lembrar que não vou poder te levar pra casa hoje de novo porque tenho a coisa da tutoria antes do treino", respondi.

"Ahh, qual é Stephen, ninguém veio semana passada", ela gemeu.

"Eu sei Jules, mas isso é importante pra mim, me desculpe", eu disse esperando que ela fosse entender. Eu iria dar uma chance a essa ideia nem que isso me matasse.

Eu acompanhei uma Jules muito infeliz de volta à nossa mesa. Sentei com as garotas por alguns minutos para manter as aparências antes de dar alguma desculpa sobre ir ao banheiro e então sair à procura do meu garoto misterioso. Onde é que eu iria começar a procurá-lo? Gastei o resto do período do almoço vagando por aí olhando os caras e tentando ser totalmente imperceptível, o que é realmente difícil de fazer quando você tenta dar uma olhada nos olhos de alguém.

O sinal tocou e eu estava frustrado. Não tive sorte em encontrá-lo. Andei para minha próxima aula. Esperançosamente esta seria mais fácil de suportar já que Bobby estava na aula comigo, então havia esperança. Ele era sempre uma boa distração já que estava sempre cercado por garotas e, por isso, sempre sabia das últimas novidades.

Nós tínhamos Artes no quinto período então poderíamos conversar um pouco. Nossa professora de Artes era bem legal, aliás. Ela iria apenas passar o exercício e então nos deixar em paz para fazê-lo. Ela estaria sempre por perto caso precisássemos de sua ajuda, mas isso era desenho avançado então nós já éramos muito bons agora.

Eu estava esboçando uma figura da minha casa, o jeito que ela parecia quando eu cheguei e ele estava lá me esperando. Quem era ele? Eu tinha certeza de que seria impossível encontrá-lo. Acho que eu já devo ter olhado metade dos caras da escola e ainda não tinha encontrado. Isso era realmente uma merda.

"Ei cara, o que está acontecendo contigo hoje?" Bobby perguntou enquanto empurrava meu ombro um pouco para chamar minha atenção.

"Ahn?" Perguntei.

"Eu estava te contando a história sobre a Rachel tentando soltar pra mim de novo que a Jules gosta de você, e você não ouviu uma palavra do que eu disse. O que você tem hoje?" Ele disse.

"Merda. Não sei cara, acho que só algumas coisas na minha cabeça", Eu disse, esperando que ele não fosse me perguntar aquilo.

"Certo, me conta, quem é ela?" ele me perguntou depois de alguns minutos.

"Do que você está falando?" perguntei de volta.

"Você ficou num planeta completamente diferente a aula inteira, então quem é ela?" ele pressionou querendo uma resposta. O que eu devia dizer? Que eu estava ficando louco procurando um cara que eu provavelmente nunca iria encontrar. Naa, acho que não.

"Que isso Bobby, você sabe que se tivesse alguém eu iria te contar, mas não tem ninguém então só esquece", Eu declarei firmemente esperando que ele acreditasse e que isso fosse o fim do questionamento.

"Ok cara, se você diz", ele disse e continuou conversando sobre alguma líder de torcida com quem ele deveria sair na sexta à noite depois do Pep Rally.

Quando a aula terminou nós fomos em caminhos separados fazendo o cumprimento usual³. "Até mais tarde cara", eu disse.

"É, te vejo no treino", ele falou sobre os ombros enquanto caminhava para sua próxima aula.

Eu fui até a biblioteca para começar a segunda semana do programa de tutoria que eu tinha começado. Estava um lindo dia lá fora. O sol estava brilhando agradavelmente e havia uma brisa fresca de outono soprando através das árvores cujas folhas eram todas sombras de brilhantes vermelhos e alaranjados.

Nossa biblioteca ficava no lado da escola perto do estacionamento e do ginásio, o que era bom pra mim já que eu teria que me apressar para me vestir para o treino depois de terminar o programa às quatro e meia. O treino começava às cinco mas eu tinha de me aquecer primeiro já que eu tinha de lançar.

Entrei na biblioteca e instantaneamente apreciei a quietude e a solidão. Eu precisava pensar, arrumar algumas coisas na minha cabeça. Disse oi para a bibliotecária, Sra. Shoemaker, e avisei que estaria na minha mesa usual no canto de trás em caso de alguém aparecer para o programa.

A biblioteca era como todas as outras. Livros, mesas e cadeiras, e silêncio. Fui e me sentei no meu lugar de costume e deitei minha cabeça na mesa. Tinha que clarear minha cabeça, ter foco. Eu tinha dever de casa, no mínimo, e esperançosamente alguém iria aparecer para a tutoria.

Agora que eu tinha reagrupado, coletado meus pensamentos, e estava pronto para me concentrar, tirei meus livros da mochila e comecei meu dever de casa. Eu já tinha desperdiçado o dia inteiro sonhando acordado sobre encontrá-lo então tinha muita coisa para recuperar.

Eu estava trabalhando por mais ou menos uma hora quando alguém andou até minha mesa. Minha cabeça estava enterrada no meu livro de matemática tentando descobrir o que o Sr. Peters tinha explicado mais cedo, quando eu não estava prestando atenção, então não olhei para cima imediatamente.

Ouvi uma voz dizendo, "É aqui a tutoria? Digo, umm, você é o único tutor?"

Sem olhar pra cima do ângulo em que estava trabalhando no desenho eu disse, "Sim, até agora. Sente-se e eu vou terminar isto aqui em um segundo e então podemos começar a lhe arranjar uma ajuda".

Ele não tinha feito nenhum movimento para se sentar e quando eu finalmente olhei para cima ele estava de costas para mim folheando algum livro que ele tinha pegado na prateleira. "Está pronto?" Perguntei para ele enquanto me inclinava para pegar minha mochila e começar a guardar minhas coisas.

Ele tinha decidido finalmente se sentar e quando olhei para cima ele estava tirando seu livro da mochila. Eu o reconheci. Era Jesse Green. Eu meio que olhei em volta, tentando parecer indiferente nisso, para ver se alguém mais estava perto de nós na biblioteca, mas nós estávamos sozinhos.

Eu acho que aquilo chamou minha atenção no momento porque eu tinha alguns assuntos com os quais eu tinha de lidar. Um era que Jesse era esse cara abertamente gay e eu estava sentado com ele, sozinho, no fundo da biblioteca, e o outro era que ele era LINDO!

Eu tinha assistido ao Jesse de uma distância segura muitas vezes antes, nunca chegando muito perto. Eu não sabia o que iria fazer, como iria lidar com isso, se alguém decidisse dizer alguma coisa para mim sobre ser gay, então eu ficava longe dele.

Ele era quase da minha altura, mais ou menos 1.83m e o corpo dele não era nem perto de tão definido quanto o meu, mas ele definitivamente não era um garoto magricela. Ele tinha cabelos loiros que ele usava um pouco mais longo no topo e meio que caíam na frente dos seus olhos.

Ele tinha o melhor sorriso, do tipo que faria você imediatamente esquecer seus problemas, ou até seu próprio nome. Eu tinha visto ele antes, rindo com seus amigos. Ele parecia tão despreocupado, como se não ligasse para o que os outros pensassem sobre ele. Ele parecia apenas ser feliz e seguro dele mesmo.

Aquilo me impressionava totalmente porque eu não podia nem imaginar contar a alguém meu segredo, nunca. Eu não sei o que estava pensando exatamente. Digo, eu tinha aceito completamente o fato de que eu era gay, mas dar essa chance a qualquer outra pessoa parecia loucura para mim. Ele estava tão a vontade com a situação toda, como se ele estivesse orgulhoso de quem ele era. Eu queria saber como ele fazia isso.

Eu olhei para o meu relógio enquanto ele pegava seu dever de casa e percebi que o tempo já estava acabando. Eu teria que ir para o treino em pouco tempo. "Então, eu só tenho quinze minutos sobrando hoje. Eu tenho treino, mas vou fazer meu melhor para te ajudar. Se você chegar aqui mais cedo amanhã, teremos mais tempo juntos", consegui dizer. Será que eu soei nervoso? Será que ele pensaria que eu queria que ele voltasse, que eu queria passar mais tempo junto com ele?

Que é que eu estava pensando? Precisava parar de me preocupar. Ele estava aqui apenas para ter alguma ajuda no seu dever de casa, fácil o bastante de explicar para alguém se eu precisasse. Ele olhou para mim, franzindo um pouco a testa, e disse, "Oh ok, desculpe, eu acho que vou só tentar resolver isso sozinho então".

Eu tinha tirado o olhar do meu relógio e olhado para cima, e vi a expressão no seu rosto. Era como se alguém tivesse acabado de dizer a ele que seu cachorro morreu. Sabe, aquele olhar triste, desapontado, como se estivesse ferido, mas que para a segurança de todos os outros você vai apenas agir como se estivesse bem. Tenho certeza que ele pensou que eu estava apenas dando uma desculpa para que eu não tivesse de ser visto com ele.

Mas então eu vi seus olhos, aqueles olhos, aqueles que eu tinha visto naquela primeira noite, e de repente eu senti como se tivesse de consertar isso, e consertar isso agora! "NÃO!" Eu devo ter dito um pouco mais alto do que pretendi porque ele tipo pulou no banco. "Digo, uh, bem...", eu parei. Puta merda! Era ele, ELE! Como podia ser ele? Como podia ser Jesse, gay Jesse, meu garoto misterioso?

"O que?" ele perguntou. Eu não sabia o que dizer a ele. Aqui estava minha chance e eu não conseguia nem falar. Eu só fiquei lá sentado, encarando-o. Estava petrificado. Finalmente ele suspirou e disse, "Olha, se isso vai ser um problema eu vou apenas ir embora". Ele pegou sua mochila e continuou, "Digo, eu pensei que você estava de boa com isso. Acho que estava errado".

Ok, como eu pude deixar ele pensar que eu tinha um problema com ele ser gay? Quer dizer, eu não tinha um problema com isso, realmente. Eu só não sabia o que fazer. Ele estava empurrando seus livros na mochila e o sorriso bonito que ele geralmente tinha foi substituído por um olhar de verdadeira dor e lamento. Foi a primeira vez que eu o vi daquele jeito.

Eu era o responsável por aquele olhar, eu causei aquilo. Ele estava se levantando para ir embora e eu agarrei seu braço para pará-lo. "Não, olha, eu só estava surpreso. Digo, não é um problema, de verdade," eu disse, desejando que ele fosse reconhecer a verdade na minha voz.

Ele parou e levantou o olhar para mim por baixo de seus longos cílios e eu pensei ver um minúsculo lampejo de esperança passar pelos seus olhos. "Você pode me encontrar depois do treino? Vou estar pronto às seis e meia" eu perguntei a ele.

Depois de um momento ele me perguntou, "Por quê?" vasculhando meus olhos pela verdade.

"Bem, você veio aqui procurando por ajuda, e eu quero te ajudar", eu disse esperando que ele acreditasse em mim. "Digo, eu estou me sentindo mal por ter que ir e você não ter sido ajudado".

O que eu realmente queria dizer era que eu queria vê-lo de novo, estar perto dele, mas eu não podia. Eu esperava que minha resposta fosse o bastante. Ele olhou para baixo por um minuto para a minha mão segurando seu braço e então, procurando meus olhos de novo, disse "Tá, ok. Onde vai ser?"

Agora isso era uma coisa em que eu não pensei. Não é como se eu simplesmente pudesse aparecer no Joey's. Com todas as pessoas passando por lá alguém iria nos ver. Pensei por um minuto e disse, "Que tal na sua casa?" Achei que seria seguro lá. Ninguém que eu conhecesse estaria por lá e Jules não iria simplesmente aparecer como ela fazia na minha casa.

"Tem certeza" ele me perguntou hesitante.

"Sim, sete horas?" Eu disse, tentando soar sério. Ele assentiu e me deu as direções para a sua casa. Nós nos separamos na porta da biblioteca, eu seguindo para o treino e ele para casa. Ele provavelmente pensou que eu não apareceria, mas eu tinha toda a intenção de ir.

¹ The Stroll: uma dança usual, caracterizada por passos pré-ensaiados. Tradução livre.

² Pep Rally: um encontro de pessoas, geralmente estudantes, antes de eventos esportivos, para animar as pessoas e dar suporte aos jogadores, promovendo o espírito escolar.

³ Bumping Fists: bater punhos, literalmente (o cumprimento normal do tipo 'toca aqui', se alguém tiver uma boa tradução para isso por favor me avise, gastei um tempão tentando descobrir, hahaha).

Se alguém quiser acompanhar a história original no inglês, aqui está o link:

http://www.gayauthors.org/story/viv/frombehindthoseeyes

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Comentários

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Cara quando falei que o conto era grande e muito detalhado não era uma crítica pelo contrário, pois os escritores que mas admiro nesse site são exatamente aqueles que têm contos tão longos e detalhados quanto este.

Alem do mas sempre critiquei contos pequenos e com poucos detalhes prova esta que esta escritas em vario cometários meus.ok.

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Continua logo vai , ñ liga pra que os outros falam.

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Se você também curte uma boa sacanagem entre machos de verdade, não perca tempo. Clique no meu nome e leia meus contos. Não deixe de comentar. Para o pessoal de Campinas que se interessar, meu e-mail está no final. Curto uma boa pegação com outro macho de verdade. Até mais.

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DUAS HORAS DEPOIS KKKKK que conto logo e bem mais bem detalhado. Mas um belo conto.

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