Caminhos da Vida III
Quando nos olhamos na sala de aula ele que sempre se sentou a minha frente, virou-se e me cumprimentou como sempre, mas dava pra ver uma angústia em sua olhar, ele somente me encaminhou um bilhete dizendo que queria conversar comigo no intervalo, que era pra eu despistar nossos amigos e encontrar com ele no fim da quadra, perto dos vestiários, um lugar bem calmo. Depois que li o bilhete acenei com a cabeça e aula começou, se bem que eu não conseguir escutar nada que a professora falava, eu somente ficava imaginando o que o Celo me falaria e se aquilo acabaria com a nossa amizade.
Esses pensamentos me atormentavam e eu tinha medo de perdê-lo, quando me percebi com esses pensamentos imediatamente me estranhei, nunca havia pensado no Celo desta maneira, pois ele era o meu companheiro de todas as horas, o que eu faria sem ele, essa pergunta ecoou em minha cabeça e comecei a ficar com medo da nossa futura conversa. Eu não podia perder o Celo, nessa instante me vem uma dor de cabeça alucinante, que mal consigo abrir os olhos, nesse tempo veio o sinal do intervalo e subitamente como surgiu à dor sanou.
Fui me encaminhando para o fim da quadra e vejo Marcelo sentado a porta dos vestiários, ele me chama e quando chego percebo seus olhos fundos e vermelhos, mais quando estamos de olhos ligados, um fitando o outro, ele se vira e olha para baixo:
_ Binho, antes de tudo quero saber se você está preparado para tudo, que haja o que houver você irá me escutar até o fim, depois eu te darei um tempo para você assimilar o que eu lhe disse e só depois iremos conversar ok?
Eu simplesmente aceno com a cabeça concordando.
_ Fábio, você sabe que nos conhecemos desde sempre, que a nossa amizade foi crescendo como uma árvore e que somos como irmãos, mas aconteceram umas coisas que eu não sei te explicar. Tudo começou quando você ficou com a Gabriela, eu via você aos beijos com ela e me sentia diferente, relaxei e pensei que com o tempo tudo passaria, só que infelizmente aconteceu o contrário, a cada dia eu senti por você uma coisa muito especial, coisa que até então eu somente definia como amizade, mas que após um certo tempo eu percebi como outra coisa.
Nessa hora a dor de cabeça surge e começo a me sentir mal.
_ Você se lembra de quando no fim de semana na fazenda eu acordei gritando o seu nome?
Aceno com a cabeça positivamente.
_ Eu ficava dizendo umas frases esquisitas, era que eu no sonho estava me conformando que eu gostava de uma pessoa e todos estavam me perguntando quem era a pessoa e eu não aguentando mais gritei seu nome.
A dor aumenta e eu levo as mãos aos olhos segurando a cabeça. Marcelo me observa e eu peço para ele que continue.
_ E só depois eu percebi que o que eu sentia por você era mais que amizade, fiquei reparando em você e em seu modo, por isso comecei a faltar nas aulas, para evitar te ver porque estava começando a machucar. E o pior foi quando você me disse que eu estava lindo, eu bebi um pouco, não tanto quanto eu aparentava, pois fiz aquilo tudo para saber se você talvez sentisse algo por mim. Não me arrependo do beijo, mas eu ...
Nisso a minha cabeça começa a parecer que ia explodir, eu dou um grito e vejo todo branco.
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Quando eu acordo, estou com uma pasta esverdeada sobre o corpo e em um hospital, dou um grito de socorro, nisso surge o doutor Eduardo, meus pais e o Marcelo, eu agitado começo a perguntar o que está acontecendo, porque aquilo está sobre o meu corpo, então minha mãe começa a chorar, meu pai também e eles através de uma indicação do médico se retiram do quarto, restando somente o Marcelo, com os olhos vermelhos e o doutor Eduardo. O doutor começa a conversar comigo e peço a ele que me deixe sozinho com meu amigo e que depois converso com ele. O doutor se retira.
_ Celo o que eu estou fazendo aqui? Porque meus pais estão chorando, meu Deus me explica...
Marcelo coloca seus dedos em meus lábios:
_ Binho, eu estava conversando com você na escola, quando de repente você deu um grito e desmaiou, eu fiquei assustado chamei a pedagoga e ligamos para a ambulância te buscar. Você não reagia e os médicos te encaminharam para a cidade vizinha, liguei para seu pai que passou na escola, me pegou e pegou sua mãe. Chegando aqui o médico fez vários exames e contatou que você está com um ...
_ Fala Marcelo, anda fala logo.
Marcelo começa a chorar.
_ Binho você ... tem um câncer raro e muito agressivo. Esta doença te fez dormir por dois dias, o resto eu não me lembro direito.
Celo vem em minha direção e me abraça com muito carinho e força. Peço para que ele chame o médico e meus pais. Quando todos entram o Dr. Eduardo logo começa a me explicar que eu possuo um tipo muito raro de câncer, que infelizmente está destruindo todos os meus folículos capilares, por isso a mistura de babosa em meu corpo, que segura a destruição dos folículos capilares, só que infelizmente a doença já havia se espalhado pelos membros superiores e inferiores de seu corpo. Os folículos que foram destruídos infelizmente não crescerão mais pelos. Por isso o seu cabelo, cílios e sobrancelhas estão bem engomados com a babosa.
_ Mas doutor, onde o câncer passou meus pelos não mais cresceram?
_ Isso mesmo Fábio, e a nossa preocupação é que após a destruição dos folículos capilares, a as células cancerígenas comecem a destruir s células da pele e depois de seus sistemas e órgãos. Então esses dias que você ficar aqui serão decisivos. Se a doença após três dias não invadir as suas células saudáveis ela desaparece, conforme estudos de outras pessoas nos Estados Unidos. O melhor a fazer é relaxar, orar e esperar que isso se encerre até amanhã.
Minha mãe se acaba em lágrima e eu lhe peço pra parar, afinal existe uma chance, assim Celo se chega perto da minha cama e aperta a minha mão, me sorrindo docemente, o que faz com que eu sinto uma enorme vontade de abraçá-lo, meus olhos começam a focar marejados e dou um suspiro e me recupero.
_ Bem ainda estou vivo, certo? Então doutor eu posso comer de tudo não é mesmo? Existe alguma restrição
_ Fábio, você pode comer de tudo, só evite caminhar para que a babosa em seu corpo se mantenha. Você tomará um banho por dia, se lavará e depois vamos novamente passar a babosa em seu corpo. Só mais uma coisa. Para facilitar a absorção e preservar seu cabelo, teremos que raspar seu cabelo, sobrancelha para a babosa penetrar melhor nos bulbos capilares.
Como não há jeito mesmo acabo cedendo. Meus pais conversam comigo e eu os animo, fazendo perceber que há uma chance. Meus pais vão para casa se alimentarem e tomarem um banho, para depois retornarem para o hospital comigo deixando apenas o Celo comigo. A enfermeira entra no quarto com uma máquina de cabelos e navalha para me retirar os únicos fios de cabelo que me restam. Ela me coloca sentado e antes de começar o Celo pede para que ele mesmo faça aqui comigo, eu aceno com a cabeça permitindo, a enfermeira se retira e pede para que após terminado comuniquemos q ela para efetuar a limpeza do quarto.
Diante do espelho Celo começa a cortar meu cabelo, conforme meus cabelos caem no chão e na toalha que cobre meu corpo, caem lágrimas silenciosas de meu amado amigo. Ele continua até que meu cabelo esteja quase que totalmente raspado, não aguentando mais, lágrimas começam a brotar em minha face, então Marcelo se virá em minha direção me abraça e diz para eu não me preocupar que ele estará sempre ao meu lado, nesse momento nos fitamos em olhos e depois me inclino e faço a coisa que eu menos esperava em minha vida. Meu corpo se entrega e eu finalmente acabo por dar um beijo no Celo.
Foi o melhor beijo da minha vida, um beijo molhado, carinhosos, com muita paixão. Um beijo que percorreu com a língua o infinito de nossas bocas. Finalmente eu estava aceitando o beijo e o amor que meu amigo havia me declarado, percebendo que em mim havia a mesma chama que fluía em meu amigo. Neste momento de entrega mútua a porta do quarto se abre e ...
Queridos leitores esta é a terceira parte. Aos apressadinhos que esperam cenas picantes aguardem, o que está por vir é extraordinário. Aguardo comentários para avaliar meu trabalho e aceito sugestões. Grande beijos