Oi gente, obrigado pelos comentários, fico até sem graça com os elogios, obrigado mesmo, vocês são ótimos.
-Enfermeira? Alguém? – ele gritou pelo corredor do hospital.
-O que foi? – disse uma mulher, provavelmente a enfermeira.
-Ele acordou.
Então entra o Matheus e a mulher, ela então começa a me fazer muitas perguntas, eu não estava conseguindo pensar direito, não estava acompanhando o que estava se passando – acho que não cheguei a responder metade das perguntas.
-Vou chamar o Dr. Fernando – falou a enfermeira saindo do quarto e nos deixando a sós.
Ficamos nos olhando durante alguns segundos que pareceram ser um infinito, ele se aproximando de mim, colocou sua mão sobre a minha, se aproximou do meu rosto e beijou minha testa.
-Eu pensei que você não voltaria pra mim – ele falou de cabeça baixa, com tristeza no olhar.
-Eu também achei que não fosse voltar.
-Acho que se você… - ele relutou em usar a palavra – morresse, eu não conseguiria viver sozinho.
-Nem pense nisso – falei lembrando a visão que tive no cemitério, eu não gostava nem de pensar na ideia, mas só de saber que ele morreria por não me ter perto, era maravilhoso, ele me amava com toda as forças.
Ele deu um sorriso de lado.
-Amor, faz quanto tempo que estou inconsciente?
-Mais ou menos uns, 5 dias.
-5 dias? E os meus pais? A faculdade…
-Seus pais foram pra casa dormir um pouco, eles ficaram aqui hoje o dia todo, queria ter ficado, mas seria suspeito… E quanto a faculdade, meu amor você teve um experiência de quase morte, não se preocupe com faculdade agora…
-Tudo bem – dei uma risadinha que fez doer minha garganta.
-Eu te amo. – ele falou no momento em que o Dr. Fernando entrou no quarto.
Ele era novo pra ser um médico, creio que uns 25 anos, loiro, olhos castanhos claros, físico normal, lábios avermelhados, pele muito branca e bochechas um pouco rosadas – típico de pessoas muito brancas.
-Bom dia – ele disse depois de dar um pigarro – eu sinto muito, mas já passou do horário de visitas, o Leonardo precisa descansar.
-Eu não estou cansado, ele não pode ficar mais?
-Pode deixar Leo, eu volto amanhã. – disse o Matheus se levantando, ele saiu pela porta e acenou pra mim, queria poder ter dado um beijo de despedida, mas não dava, então ele foi embora e o Médico voltou a falar comigo.
-Como está meu paciente?
-Acredito que bem melhor do que quando cheguei...
-Verdade… Você está bem melhor agora, uma de suas artérias foi cortada, ainda bem que seu… Amigo – espera, porque essa pausa? Será que ele percebeu? Droga, será que ele ouviu quando o Matheus disse que me amava? - te trouxe logo depois do ocorrido, mais alguns minutos e talvez essa história teria um final diferente.
-É, ainda bem que ele estava lá pra me ajudar.
-Leonardo, você vai ter que ficar aqui por mais alguns dias em observação, talvez 1 semana, se sua recuperação for mais rápida, talvez fique menos dias.
-Mas Dr. Fernando, eu não posso ficar aqui uma semana, tenho a faculdade e 1 semana é muito tempo…
-Acho que depois disso tudo a faculdade não é muita preocupação.
-Mas… - poderia ter pensado em mil argumentos, mas ele era médico, sabia o que estava fazendo - Tem razão.
-Aquele garoto… - ele ficou meu sem graça e não quis continuar a frase.
-Matheus… - corrigi a palavra garoto, afinal ele estava mais para cara, homem, rapaz ou algo do tipo, era mais apropriado.
-Desculpa, o Matheus é seu amigo?
-É… Ami… Amigo – isso não era hora pra gaguejar, eu era péssimo em mentiras – só amigo.
-Ah tudo bem, é que eu já passei muitas vezes aqui enquanto você estava desacordado e ele sempre estava aqui, parecia muito preocupado, estava péssimo.
-Somos muito próximos, tipo melhores amigos – acho que estou melhorando na mentira, sem agarrar nas palavras…
-Então você está sozinho?
Balancei a cabeça afirmando positivamente – legal, mais uma pessoa na minha vida pra quem eu teria de mentir.
-Ahh, então eu já vou indo - ele saiu um pouco apressado, sem delongas e nem despedida.
Fiquei no quarto descansando e passei o dia inteiro sozinho, assistindo TV, era tão ruim ficar naquele lugar, tinha cheiro de solidão, de morte – será que muitas pessoas morriam ali? – passar um dia inteiro naquele lugar seria como viver no gelo, sozinho, esquecido, passar uma semana então…
Era de madrugada, não conseguia dormir, me mexia para um lado, para o outro, estava muito inquieto, então fiquei apenas deitado, olhando para a porta, esperando algum milagre – o amor da minha vida, vindo pra passar a noite comigo – estava tão escuro e sombrio, então a porta se abriu, rapidamente eu fechei meus olhos, fingindo estar dormindo.
A porta não tinha sido fechada ainda, não ouvia passos e nenhuma voz – provavelmente a pessoa estava parada na porta – aproveitei que o quarto estava escuro e olhei com os olhos entreabertos para descobrir quem era o misterioso ser, então vi que era o Dr. Fernando, eu então abri os olhos e falei com ele.
-Ei, o que faz aqui essa hora? – falei baixo para não assustá-lo.
Ele fez uma cara de espanto, que percebi na hora que meu esforço não valeu de nada, ele ficou me olhando e parecia não saber o que dizer.
-Eu vim checar pra ver se estava tudo bem.
-Eu estou bem, só estou com alguma dificuldade pra dormir.
-É, aqui é um pouco desagradável… - ele fez uma breve pausa e continuou falando – vou deixar você sozinho, pra tentar dormir.
-Espera… - eu queria contar a ele a verdade, ele foi muito legal comigo, estava acompanhando minha recuperação e parecia ser bem gentil – queria falar com você sobre uma coisa.
-Pode falar – ele se sentou na poltrona a minha frente.
-Sabe quando você perguntou sobre o Matheus… Então – era uma droga contar isso, meu estômago se revirando e meu coração querendo sair pela boca – ele é bem mais que um amigo, se é que você me entende…
-Eh – ele deu uma risadinha – eu acho que já sabia disso.
-Como?
-O jeito que você olha pra ele, o jeito que ele olha pra você, vocês parecem estar bem apaixonados.
-É, estou, eu amo muito ele, sabe, ele ficou do meu lado em muitas situações e eu quero estar minha vida inteiro ao lado dele.
-Queria me apaixonar desse jeito…
-Você vai encontrar alguém bem legal, eu prometo.
-Espero que sim.
-Eu fico feliz que você não tenha reagido mal ao que te contei, da última vez que contei isso a alguém, eu fui sequestrado, amarrado e tive a garganta cortada – dei uma risada com a piada.
-Não faria isso jamais, eu não tenho problemas com isso.
-Obrigado.
-Então eu vou indo, você precisa descans foi embora.
Ele foi embora e eu fui dormir, a semana passou rapidinho e até que cegou o dia em que eu teria alta, o Matheus estava comigo e me levaria pra casa, já que meus pais não poderia ir me buscar por causa do trabalho.
-Bom dia, acho que alguém vai pra casa hoje… - disso o Dr. Fernando entrando na sala.
-É, ainda bem, não estava mais aguentando ficar deitado, por incrível que pareça, fazer nada cansa.
-Verdade, agora você já vai estar liberado pra voltar a qualquer atividade que você fazia normalmente.
Eu já estava de pé, estava me dirigindo a porta para ir embora quando o Dr. me chamou.
-Leonardo, eu preciso te deixar alguns papéis…
-Tudo bem – me virei para o Matheus e falei – me espera ali fora, só vou ver esses papéis e já vamos.
-Beleza – ele foi saindo e quando já estava fora da sala ele falou pra mim apenas mexendo os lábios, sem sair som – Eu te amo.
-Eu também te amo – fiz o mesmo.
-Então, você só tem que assinar nessas duas linhas aqui – ele apontou com o dedo e meu deu uma caneta.
-Muito obrigado Dr. Fernando por ter me acompanhado nessa loucura, você foi um ótimo médico e se saiu bem como amigo.
-De nada e pode me chamar de Fernando, Dr. é muito formal.
-Obrigado mesmo Fernando.
-De nada Leo – eu já estava saindo pela porta quando ele falou alto – Leo? Posso te ligar um dia desses, pra gente sair?
CONTINUA...
