Ágata e eu ficamos constantemente durante o 3º ano. Porém não demorou muito para a bissexualidade dela transparecer, e eu me vi cada vez menos a vontade com os comentários repetidos sobre diferentes meninos. Quando ela me contou que havia ficado com um deles, foi a gota d’água. Continuamos com a nossa amizade, porém eu resisti firmemente a todas as investidas que vinham de sua parte. Não gostava de me sentir usada.
Não demorou muito e os vestibulares chegaram. Havia desistido de ir para o rio morar com minha irmã. Ela estava namorando e eu me conhecia o suficiente para saber que não ficaria a vontade estando lá. De qualquer forma prestei diversos vestibulares. Porém nos quais eu consegui nota satisfatória eu não tinha interesse. Decidi fazer cursinho.
Ainda no Ensino Médio conheci uma banda só de garotas cujas músicas me atraíam imensamente, a Banda Ruanitas. Os fãs haviam criado um MSN Group para que pudéssemos interagir com elas, e lá eu descobri que a maioria das fãs eram lésbicas. Foi assim que conheci Debby, no início de 2010. Foi lá que, mais tarde, contei sobre o que houve com minha irmã e onde fui entendida. Débora Freitas, a garota era a mais tarada que havia por ali. Falava besteiras a valer, mas era simpática e sempre tinha algo engraçado para dizer. Simpatizei imediatamente. Não me lembrava bem mas julgava saber que ela morava no Rio.
Depois de toda a correria para encontrar uma casa finalmente me instalei em Volta Redonda onde faria o curso pré-vestibular. Moraria com mais 3 garotas. Assim que a internet chegou entrei no MSN. Curiosamente a única pessoa online era Debby. Fazia muito tempo que não nos falávamos.
“E aíí, sumida!”
“Eu? Sua cara não queima não? Você quem sumiu!”
“Eu não Debby, não te vejo por aqui há um tempo.”
“É que eu tenho mais o que fazer.”
“Tipo?”
“... Tá, eu não tenho! Kkk”
“Eu me mudei, enfim!”
“Ahh, saiu do seio da família! Kkk’ Tá morando onde?”
“Volta Redonda!”
“Tá me zuando!???”
“Não! Por que?”
“Como assim por que? Eu moro há 1 hora daí de ônibus! Ou menos!”
“Você não mora no Rio?”
“Eu moro em Resende!!”
“Caraca!”
“Poxa, a gente tem que se ver!”
“Verdade! A gente marca!! Eu preciso sair. Aula amanhã cedo, anota meu cel aí...!”
“Anotado! Beijoo!”
Confesso que pensar em conhece-la me deixou com frio na barriga. Ela tinha 21 anos e eu não tinha experiência quase nenhuma, em comparação aos comentários que ela fazia. Não sabia se queria vê-la e com o tempo afastei a ideia e evitei as conversas via MSN. Até que recebi uma SMS.
“Acho que tem alguém aí me devendo um encontro! Ou desistiu?!”
Havia passado tanto tempo que demorei para perceber quem era a remetente. Trocamos algumas mensagens. E uma noite ela me ligou. Seu sotaque carioca e o jeito descontraído de falar me seduziram, o encontro foi marcado para o dia seguinte. Eu a buscaria na rodoviária.
As meninas com quem dividia a casa se animaram mais que eu. Começaram a me maquiar, me colocaram um shorts curto e uma camisa mais comprida que cobria o cinto. Uma rasteirinha preta, e eu estava pronta.
Saí ainda nervosa, quando começou a chuviscar. Andei sentindo o frescor da chuva na pele. Logo que cheguei a avistei subindo as escadas.
Debby era branquinha,mas não passava qualquer tipo de delicadeza ou receio. Com uma bermuda jeans, uma camiseta colada e All Stars, ela me olhou sorrindo e caminhou até mim para me abraçar e logo em seguida elogiar meu cheiro. Olhou a chuva lá fora e me perguntou como eu não havia derretido. Eu sorri, e confesso que pela primeira vez conversei com alguém que nunca havia visto antes como se já nos conhecêssemos há muito tempo.
_Vai me levar pra sua casa?
_Vou! Mas sexo só no 3º encontro. – Disse eu brincando.
_Já estou avisada! Mas não posso prometer não tentar.
_Eu resistirei!
Chegamos em casa e as meninas não estavam, conforme combinado. Colocamos o sofá mais perto do computador onde assistiríamos ao filme que eu havia alugado. Quando o filme começou pedi que ela se sentasse mais perto. Ela fingiu que não iria mas logo encostou a cabeça no meu ombro. Adorei a sensação que me causava. Não era tesão. Era maior que isso. No meio do filme ela se encostou novamente no sofá e eu fiquei encarando-a.
_Será que eu ganho um beijo antes de as meninas chegarem?
_Achei que nunca fosse pedir.
Tudo de bom que eu havia vivido até então não se comparava ao sentimento que a língua daquela garota na minha me proporcionava. Fiquei molhada só de sentir sua língua percorrer minha boca. No final do 1º beijo ela mordeu meu lábio inferior enquanto me olhava. Eu sorri, ela soltou meu lábio, me deu um selinho, se encostou em mim novamente e disse:
_Você tem covinhas.
Eu nunca havia reparado nisso em mim. E na hora não me foquei nesse comentário. Eu queria mais! Puxei sua cabeça pra cima. Me sentei em seu colo olhando-a de frente, joguei para o lado o meu cabelo, entrelacei meus dedos no dela e a beijei outra vez. A sensação foi a mesma, e o tesão imediato, coloquei minhas mãos entre suas pernas, e senti o jeans molhado. Era bom saber que eu causava essa reação nela. Ela como que por reflexo desabotoou meu cinto.
Eu parei sorrindo, me sentei ao seu lado contemplando a decepção em seu rosto e disse:
_Vamos voltar o filme. Já perdemos demais.
_Tá! Já entendi. Sem sexo! Mas a gente não precisa ver o filme também.
Debby me beijou outra vez, dessa vez me deitando no sofá e ficando por cima de mim. Colocou suas pernas entre as minhas, e pressionou seu joelho contra meu sexo.
_Filha da mãe!
_Sabe que eu posso acabar com essa aflição né?
Eu sorri, e me coloquei por cima dela.
_Eu é que vou te causar aflição.
Fiz os mesmos movimentos que ela e ela gemeu baixinho. Levei minhas mãos entre suas pernas outra vez e passei a fazer movimentos rápidos pressionando seu clitóris por cima da calça. Débora começou a rebolar e eu passei a morder o lóbulo de sua orelha e lamber seu pescoço alternadamente. Foi a primeira vez que fiz uma mulher gozar sem precisar tirar sua roupa, e eu adorei. Ainda ficamos um tempo deitadas no sofá. Quando as meninas chegaram conduzi-a para fora e fui leva-la ao ponto de ônibus.
Saindo pelo portão ela me encostou na parede e colocou a mão no meu sexo, ainda por cima do shorts.
_Não vai ficar assim.
_Espero que não.
Andando em direção ao ponto ela colocou seu braço sob meu ombro e me beijou. As pessoas ficaram olhando.
_Tô fudida!
_Aff’ para de falar palavrão! Por que isso?
_Eu não sou de ficar nesse lenga-lenga com as garotas não! Ficou, fui embora, acabou. Mas você tem alguma coisa que me prende. Devem ser as covinhas. To FUDIDAÇA.
_Depende...
_Do que?
_Se eu sentir o mesmo que você não vai ser ruim, vai?
_E você sente.
_Te conto da próxima vez.
Ela sorriu. Me beijou antes de entrar no ônibus, e sussurrou:
_Nem ligo se você fica sem graça.
Virei as costas para voltar para casa quando o celular tocou.
“Alô?”
“Essas covinhas vão ser minhas.”
“Ah é?
“Semana que vêm. Quarta mesmo, tá bom pra você?”
“Combinado!”
“Ok. Até lá então. Ou hoje no MSN. Ou facebook. Ou eu te ligo mais tarde. Sei lá. Só até!”
“Até! Beijo”
“Onde?!”
“O que?”
“O beijo”
“Quarta eu te mostro.”
“Ai Meu Deus. Eu espero.”
“Tchau, menina!”
“Tchau”
E desligou, deixando o som de seu sorriso ecoar por minha mente.
Foi aí que me lembrei que o que nos uniu foi Ruanitas "E nada pode mudar, pode me trazer de volta a solidão que me matava antes de você chegar."