A primeira semana de janeiro passou rápido. Iriamos até a capital para conversar melhor com um médico responsável de realizar inseminação artificial em mulheres, no nosso caso uma barriga de aluguel. Pedimos ao Doutor Emanuel uma semana de folga para fazermos todos os exames e passar no psicólogo e finalmente escolher uma mulher para ser a mãe do nosso filho.
Chegamos a São Paulo e estávamos muito nervosos tivemos que ir ao hospital conversar com outra médica a Doutora Eliza Fiorentino, ela explicou tudo o que nós já sabíamos, que deveríamos ir ao Conselho Regional de Medicina, pois, não poderíamos usar alguém da nossa família, na verdade não queríamos nenhum tipo de relação com a nossa mãe de aluguel. Na verdade é um tramite muito do seu confuso, passamos quase dois dias indo e vindo.
Chegou o dia de conversar com o psicólogo, explicamos que já tínhamos um filho, e que ele era bem cuidado, recebia amor e atenção necessária e que quando tivesse mais velho levaríamos ao psicólogo para conversar sobre ter dois pais e afim. Entrei a carta de recomendação da Larissa e acho que obtivemos sinal verde, os nossos exames também todos em dia, tudo ok. O momento tão aguardado por mim e pelo Mauricio, iriamos ter que bater uma para colocar o esperma num tipo de tubo de ensaio.
Entramos cada um no seu ‘reservado’ e nos deram revista... tipo... hetero para a gente se masturbar. Eu tentava e tentava, mas o meu pênis não subia, bati na parede e perguntei se ele estava conseguindo. Ele gritou que não. Saí rapidamente do meu ‘reservado’ e entrei no dele.
- Acho que não tem problema um estimulo mais real né? – perguntei abrindo a calça dele.
- Pedro... e... se alguém entrar... – ele disse nervoso.
- Entrar enquanto tu bate punheta? Por favor né Mauricio! – falei começando a chupa-lo.
Ele mordia os lábios para não gemer alto, enquanto eu fazia um delicioso sexo oral no meu amor, foi realmente uma loucura o que fizemos confesso, mas se fosse para ter o nosso filho que pelo menos rolasse sexo. Eu coloquei ele contra a parede e comecei a meter devagar, ele gemia baixo e eu estava no êxtase do prazer, mas infelizmente tive que parar porque ia ejacular e peguei o potinho e consegui mirar dentro. Ele olhou para mim e riu, estávamos suados, ele me virou de costa e eu abaixei a minha cueca, ele começou a me penetrar, foi uma sensação maravilhosa, confesso que depois que eu gozo não gosto de ser penetrado, mas aquela ocasião era mais que especial.
- Eu to quase lá... – disse ele ofegante e aumentando os movimentos.
- Não... espera... o frasco... – falei saindo e pegando o pote dele.
- Foi por pouco. – ele disse dando um riso sem graça.
Nos arrumamos e demos para a enfermeira os dois frascos. Conversamos com o médico e pedimos para que se possível os dois espermas fossem misturados, seriamos os pais daquela criança, os dois. O médico foi simpático e nos explicou novamente tudo o que já sabíamos e que agora só era encontrar uma barriga de aluguel. Depois de duas semanas nos ligaram e informaram que já haviam encontrado uma doadora. Voltamos para a capital e encontramos a moça. Ela era simpática, e parecia ser humilde. Conversamos o três com o psicólogo e depois ele conversou conosco.
- Vocês sabem que geralmente essas moças fazem esse tipo de acordo exclusivamente por dinheiro? – ele perguntou sério.
- Sim, sabemos. – O Mauricio respondeu.
- Então vão ter que arcar com algumas despesas, isso não incômoda vocês? – ele perguntou.
- Nenhum pouco, estamos esperando por isso a tanto tempo. – disse o Mauricio segurando a minha mão.
- Tudo bem. O Doutor Casimiro vai fazer a transfusão do esperma hoje a tarde. Eu vou ficar responsável de fazer o acompanhamento com a dona Beatriz. Vocês tem alguma dúvida? – ele perguntou.
- Não Doutor... – o Mauricio respondeu.
Chegamos ao hotel nos beijando. Caímos sobre a cama e ficamos nos beijando por quase uma hora.
- Eu não me canso de você! – falei para ele.
- E nem deve... não sei o que eu faria se isso acontecesse. – ele disse fazendo carinho em mim.
Recebemos um documento do hospital, onde dizia o que a gente deveria fazer. Mandar mensalmente uma quantia em dinheiro para a conta da moça, e fica também monitorando o crescimento dos bebês.
- Nossa meu filho... isso é tão estranho. Uma pessoa que a gente não conhece... vai dar a luz ao nosso segundo neto. – disse a minha mãe.
- É a modernidade mulher... tanta coisa rolando nesse mundo a fora. – disse meu pai sentado no sofá.
- Eu não vejo a hora de ter esse bebe nos meus braços. – falei rindo.
Foi acordado no cartório que não teríamos contanto de nenhum tipo com a mãe de aluguel, a única coisa que eu sabia era o nome dela. Eu estava ansioso, parecia uma criança que receberia o melhor presente do pai. E na verdade eu ia Deus me daria o maior presente de toda a minha vida. Recebi uma ligação do hospital de São Paulo, e o médico disse que a fecundação havia sido realizada com sucesso e ela estava gravida. Eu não me aguentei de felicidade e gritei, abraçando a Emilly e o Ronald. Depois contei para o Mauricio e comemoramos juntos em um jantar muito romântico. As semanas iam passando tranquilamente e a rotina do hospital estava a mesma, dias agitados, dias tranquilos.
Certa tarde eu estava saindo do hospital e havia uma mulher chorando no corredor, mas era um choro de desespero e angustia. Eu como não sou de ferro fui até ela e perguntei se poderia ajudar. Ela falou que o marido estava em cirurgia e que ela não havia nenhum parente na cidade e que o filho dela ainda estava na escola. Eu pedi para ela ter calma e perguntei o endereço da escola, para a minha surpresa era a mesma aonde eu havia estudado. Falei para ela não se preocupar e expliquei que eu fazia parte da equipe do hospital e que eu iria pega-lo.
Pedi para ela ligar para a escola e avisar que eu ia passar para busca-lo. Cheguei depois de alguns minutos e cumprimentei o porteiro e o menino já estava me esperando. Entrou no carro e eu tentei socializar come ele.
- Eu estudei nessa escola sabia?
- Legal.
- Meus irmãos também. Em fevereiro agora vai ser a formatura do meu irmão mais velho.
- Hum... eu o conhecia? – ele perguntou.
- Phelip Soares. – eu falei olhando para o trânsito.
- O... o... Phelip... você é irmão dele? – ele perguntou assustado.
- Sim. Porque.. algum... algum problema? – questionei.
- Não... nada! E o meu pai... ele está melhor?
- Vai sim... ele está sendo operado pelo Doutor Carlos... ele é um grande cirurgião.
- Eu ia esquecendo... me chamo Duarte... eu sei... é um nome incomum para um jovem...
- Me chamo Pedro... e eu não pensei nada.
Chegamos no hospital e o pai dele já havia sido operado e ficaria em observação. A mãe dele me agradeceu e pediu para o menino ir para casa, pois, ela passaria a madrugada com o marido dela. Eu perguntei se teria algum problema se ele dormisse em casa, afinal era perigoso para um adolescente ficar sozinho em casa. Ela pensou um pouco e aceitou. Como já era tarde esperei um pouco o Mauricio e fomos juntos para casa. Fui até a casa da minha mãe e chamei o meu irmão para fazer companhia ao Duarte. Quando ele entrou em casa e reconheceu o amigo tomou um surto.
- Oi Phelip...
- Oi... oi cara... tudo bem? – ele disse sem graça.
- Bom meninos se quiserem ver um filme podem assistir, tem vídeo game também. Vou arrumar o quarto para você Duarte. – falei subindo as escadas.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou o meu irmão falando baixo.
- Meu pai... meu pai sofreu um acidente no trabalho e precisou ser operado. Eu vim descobrir que você era o irmão do Pedro a tarde apenas. – ele disse sentando no sofá. – Mas não se preocupa não contei nada para ele.
- Escuta... aquilo... aquilo foi um erro.... eu não deveria ter feito aquilo. – ele disse.
- Tudo bem... eu não estou julgando você. Alguém está te julgando? – ele perguntou.
- Quer jogar vídeo game? – meu irmão perguntou.
- Vamos... mas espero que você não roube dessa vez! – ele disse rindo.
- Para de graça. – meu irmão falou se afastando.
Fiquei perplexo ao ouvir aquela conversa. Na verdade havia voltando para perguntar se o Duarte havia trago alguma roupa extra. Subi novamente e fui até o quarto com o Mauricio e contei para ele.
- E se ele for gay? – falei passando a mão no rosto. – E se a gente influenciou ele de alguma forma?
- Pedro... ser gay não é um problema, para de falar assim. E se o Phelip for... ele é livre para viver a vida dele. – o Mauricio falou me acalmando.
- Eu sei amor... mas eu me preocupo... depois que ele terminou com a Fernanda nunca mais eu o vi com outra menina. Agora eu estou juntando as peças.
- Pedro Soares.... não vai trocar os pés pelas mãos. Deixa para você resolver isso outro dia. – ele disse me abraçando.
- Tenho que ir lá em baixo... e se eles... e se eles estiverem... é melhor eu ficar. O que eu faço?
- Calma, deixa que eu vou lá e vejo os que os pombinhos estão fazendo.
- Mauricio!! – gritei.
Aquela conversa realmente não saia da minha cabeça. De manhã cedo fui levar o Duarte para a escola e voei para o hospital. Fui até o leito do pai dele e percebi que a mãe dele não estava mais lá. O Doutor Emanuel pediu para eu ir até a sala dele e encomendou uma reunião para a segunda-feira, para mostrar aos parceiros todo o progresso feito no hospital no ano anterior. Eu quase não tive tempo de respirar, foi uma semana agitada. Praticamente amanheci no hospital preparando tudo para o encontro. Quando chego na sala de reunião a Marcela já estava lá, sentada igual a uma múmia.
- Bom dia!
- Nossa! Marcela que susto... bom dia! – falei arrumando meu notebook no data show.
- Eu soube da novidade... parabéns!! Pena que vai durar pouco!!
- Sério... sério Marcela... são 08h... acho que não está na hora de você dar uma de ex-noiva histérica e vingativa... eu já estou com tantos problemas... você pode esperar até a noite... aí você fala de vingança e afins... – falei enquanto plugava o cabo.
- Você não me leva a sério mesmo né? Estou te avisando... o Mauricio vai se cansar... e o que vai sobrar... você e duas crianças.
Respirei fundo e pedi para ela se retirar da sala, pois, a reunião ia começar em poucos minutos. A reunião ocorreu como previsto e pra minha surpresa encontro o Duarte no corredor do hospital.
- E ai rapaz... fazendo o que aqui?
- Esperando a minha mãe, ela está dando banho no meu pai.
- Pois é, eu disse que ele ficaria bem. Quer lanchar alguma coisa no refeitório? – perguntei sorrindo.
- Claro. – ele disse.
Pegamos alguns salgadinhos e refrigerantes e sentamos na meda. Fiz acho que um milhão de perguntas ao menino. E conversamos sobre os mais variados tipos de assunto.
- E então de onde conhece o meu irmão Phelip? Tipo... eu sei que era da escola, mas vocês eram amigos?
- Mais ou menos... fizemos uma matéria juntos.
- Ahhh legal!! Você está em qual série?
- Estou no terceiro ano... mas já estou livre de algumas matérias!
- Que bom... olha a sua mãe está chamando... acho melhor você ir! Abraços camarada! Até a próxima e eu espero que não seja aqui nesse hospital.
Avisei a Emilly que iria almoçar fora e liguei para o meu irmão Phelip. O chamei para um almoço reservado.
- Estava com saudades dos nossos almoços. – ele disse.
- Phelip, eu não sei por onde começar... realmente... mas... eu escutei a conversa entre você e o Duarte naquele dia lá em casa.
Meu irmão ficou da cor de um abacate quando me ouviu falar aquelas coisas.
“Meu Deus... será... será que o meu irmão é gay?”
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