YKNP VII

Um conto erótico de killinghearts
Categoria: Homossexual
Contém 1556 palavras
Data: 01/02/2012 16:49:01
Assuntos: Homossexual, Gay

Arruinado. Arruinado no amor, na vontade de existir. Me sentia sempre sujo, suado, dependente. Neil tinha virado uma dependência. Antes do sexo (que fazíamos umas duas vezes por semana porque eu também não queria mais), Neil sempre 'snifava' uma dose mais ou menos pequena de coca. Era incrível, eu com maconha e ele com coca.

Mas como é que eu me fui tornar dependente dele, da maconha, do cigarro...? Sempre fui contra os vícios. Apesar de compreender o vício pelo tabaco (uma vez que meu pai fumava), nunca compreendi o vício da maconha, da coca... E meus amigos que fumavam maconha em minha frente sempre recebiam uma ou outra crítica minha. Agora era eu o dependente disso. Apesar de não ser uma droga pesada, é um vício. Alguém já se deve ter questionado de como é que eu arranjava dinheiro para esse tipo de coisas. Minha mãe sempre me dava uma certa quantia de dinheiro por semana, e então parte dele era para isso... até que me envolvi com Neil. Ele me oferecia a maconha que eu quisesse.

Diogo não dava notícias. Resolvi procurar por ele. Eu não queria saber mais da traição, foi passado. Queria saber dele, e por ele eu largaria tudo. Resolvi então apanhar um ônibus que me levasse em sua cidade. Como sabia onde era sua casa, seria fácil me orientar.

Dia frio. Resolvi então que esse era o dia em que iria procurar o amor de Diogo. De tarde não tinha aulas, e sabia que DIogo também não... portanto minha vida só ficou facilitada. Liguei para minha mãe dizendo que iria sair e que precisava de dinheiro.

- E já gastou tudo o que eu dei no início da semana? É quinta-feira e você já gastou tudo?

Eu sabia que tinha algum dinheiro, mas eu precisava de dinheiro para o ônibus... e quem sabe para algo mais.

- Preciso de pouco mesmo. É só para o ônibus.

- Ok, vai lá no meu quarto, você sabe onde.

Pronto, assunto resolvido. Em trinta minutos estaria na cidade de Diogo. Nos meus bolsos o mp3 recheado das minhas músicas favoritas, umas moedas, o maço de tabaco e... um preservativo. Mas que raios está fazendo aqui este preservativo? Me senti mal... Me fez lembrar o sexo com Neil. Com DIogo não precisava de preservativo, eu confiava nele... já com Neil...

Uns vinte minutos passaram e eu já estava no meu destino. Cheguei na cidade de Diogo e o céu estava muito mais nublado do que na minha cidade... rezava para que não chovesse. Uns minutos a pé e mais um cigarro e já estava à porta de casa de Diogo. Claro que eu não tinha 100% de certeza que ele me iria aceitar de novo, mas a esperança permanecia... Toquei à campainha e logo a porta se abriu; melhor, Diogo abriu a porta.

- O que você quer? - falou ele, friamente.

- Falar com você. - falei, cabisbaixo. Meu arrependimento era tanto que quase que chorava.

- Entra...

Entrei na casa de Diogo e tudo me veio a memória. Apesar de nossa primeira vez ter sido em minha casa, muitas das nossas transas tinham sido ali.

- Você está sozinho? - perguntei.

- Sim, está vendo mais alguém? Sobe. Vamos para o meu quarto.

O desprezo com que Diogo me tratava era muito ruim. Não suportava aquilo. Mas por outro lado, se ele não sentisse nada não me deixaria entrar em sua casa. Chegamos ao seu quarto... e mais uma vez as memórias.

- E de pensar o que a gente passou... - falou.

- É... eu quero muito você, Diogo. - falei, com um enorme nó na garganta.

- Eu sei que fiz merda. Merda pesada... Mas você não é o mesmo. - falou, desviando seu olhar para a janela.

- Eu sou a mesma pessoa. Mas deixo aquilo a que você se refere por você.

- Vai ter que provar.

- Como?

- Não sei... Carlota me tem dito que você anda fumando muita maconha e que a coisa não está boa. Quero que ela me diga que você não tem fumado disso.

- Eu deixo. - afirmei firmemente, sabendo que não iria ser tão fácil assim.

- Ok, quer comer alguma coisa?

Diogo tinha esse dom de desviar o assunto quando a conversa não era a mais agradável.

- Só quero uma coisa. - falei, ainda sem conseguir encarar direito ele.

- Fala.

Fui em sua direção e o beijei. Matei todas as minhas saudades, ganhei cor, senti outra vez as borboletas na barriga. Era lindo. Ele correspondia ao beijo. Eu pensava que ele me iria afastar, mas não. Me beijava, com as suas mãos na minha cintura. Meus braços envolviam seu pescoço e cada vez mais tinha a certeza de que era ele quem eu queria. Fomos parando o beijo e encostamos nossas caras.

- Eu te amo, sabe? Nunca mais me quero separar de você. - falei, dando outro selinho nele.

- Eu também. E quero ficar assim para sempre. Eu te perdoo se você me perdoar. Me perdoa? - falou, rindo.

- Perdoo. E obrigado por me perdoar. Te amo.

- Vem comigo na cozinha. Tem sorvete lá.

Caímos na risada. Da 1ª vez que nos beijamos, tínhamos comido sorvete antes. Fomos na cozinha e tinha sorvete no congelador. Era de chocolate e doce como ele. Sabe, até dá vontade de escrever 'Ele', porque Diogo era o meu Deus. Comemos o sorvete entre risadas e ele colocou com o dedo um pouco de sorvete em meus lábios. Lambeu todo o sorvete e eu fiquei super excitado. Não precisava da maconha, nem da coca. Nem de Neil. Precisava dele, de Diogo. Nossas roupas foram desaparecendo e sem que eu desse por isso já sentia Diogo dentro de mim. Foi óptimo, e foi tão íntimo. Parecíamos um só. No fim Diogo me beijou mais uma vez. Olhei para o relógio e vi que tinha que ir para casa. Me despedi de Diogo em mil beijos e corri para o ônibus. Tinha sido dos dias mais felizes da minha vida. Como saí do ônibus um pouco mais longe de casa do que o habitual, deu para refletir pelo caminho. Peguei no maço de tabaco e o deitei fora. Tinha que mudar, e começei pelo maço...

Cheguei em casa e vi Neil me esperando no portão.

- Oi. - falou ele.

- Oi Neil, tudo bom? - cumprimentei ele.

- Sim, está tudo bom... Hoje você nem foi lá em casa.

- É, eu saí...

- Mas você costuma ir às quintas-feiras...

- Mas hoje não deu, Neil. Me desculpa.

- Posso entrar em sua casa para falar algo?

- Pode...

Entramos em casa e subimos no meu quarto.

- Então, fala lá o que tem para falar... - disse meio relutante, uma vez que eu tinha estado com Diogo e não queria o trair ou ceder logo à maconha logo no primeiro dia em que eu queria me ver livre disso.

- Eu... Bem, nem sei como falar. Nós temos transado e passado imensos momentos mágicos juntos... E eu desenvolvi uma paixão por você. Eu te amo.

Oh não... sério que isso me estava acontecendo? Merda de vida.

- Pois... Mas tem uma coisa que eu quero contar para você.

E falei de minha relação com Diogo, falei que queria deixar a maconha e que queria o deixar, principalmente. É certo que Neil despertava um 'eu' mais selvagem, mas eu queria me ver livre disso. Queria ser selvagem de uma maneira mais saudável... parece contradição, mas quando você tem que usar droga para isso... Eu vi as lágrimas escorrerem na face de Neil. Juro que nunca tinha pensado que ele nutrisse de algum sentimento por mim. Pensava que era só sexo.

- Então acabou tudo entre nós? - falou, meio desamparado.

- Nunca existiu um nós, Neil.

- Existiu sim.

Ele saiu porta fora e foi embora. Eu me sentia a pior pessoa na terra, mas não podia fazer nada. Resolvi reunir com Carlota, Irene e Filipe. Meus melhores amigos. Daniel namorava com Renata. Os dois ficavam bem, mas Daniel tinha ficado distante. Já não o considerava meu melhor amigo. Reuni com eles para falar sobre o que se estava passando. Eles reagiram normalmente, riam comigo e me julgavam quando tinha que ser. É, melhores amigos é isso mesmo. Bebemos café e fomos para a praia. Morávamos perto da praia, e por isso passávamos lá grande parte do nosso tempo. Fui notando uma cumplicidade entre Irene e Filipe maior do que o normal. Carlota olhou para mim com cara de 'Será?'. Rimos. Eu estava mais contente. Estava frio, mas em minha cabeça tudo era um lindo dia de Verão. Tinha o amor, os verdadeiros amigos... Tinha tudo. Faltava-me resolver as coisas com Neil. Não que eu tivesse pena dele, porque isso é o pior sentimento que se pode nutrir por alguém; apenas pensava que tinha desenvolvido outro tipo de sentimento por ele (apesar de não lhe ter dito) e que queria lutar contra isso. Claro que o que eu sentia por Diogo era transcendental, mas Neil mexia comigo também. Mas eu não queria!

Cheguei em casa e Diogo me ligou. Fiquei horas falando com ele, até ter sono.

Meu coração não tinha sono, Diogo o despertou.

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mais um capítulo... espero que tenham gostado, e que mais uma vez não deixem de comentar nem de votar. é importante saber o que vocês acham. no outro conto falei que os episódios seguintes iam ser um pouco cinzentos... bem, este já não foi tão assim! é, esperem o inesperado com este conto. abraços!

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Comentários

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Incrível! Tô esperando a próxima parte pra comentar e continuar dando nota 10... Parabéns

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