“O que me espera no México... eu sei que algo vai acontecer, mas o que?”
Olá, gente estou muito feliz, o final da primeira temporada está em segundo lugar no ranking da casa dos contos, antes estava atrás de "Apaixonado pelo Pit Boy" que eu recomendo muito, mas agora em primeiro tá uma de uma tia aí muito doida rsrsrsrs (nada contra). Mas enfim quero agradecer a todos vocês que me encorajaram a ir até o fim. Um super abraço a turma do MSN. Que são homens, mulheres, crianças rsrsrs.... e sempre me dão bons conselhos.... valeu galerinha. Vamos ao que interessa.
Nove horas de avião... como pode um ser humano passar nove horas de sua vida dentro de um avião? Eu pedi um copo de água da gentil aeromoça e tomei um comprimido para dormir (lembrei de você agora V) e segui o resto da viagem tranquilamente. Acordei e ainda faltavam três horas para chegarmos, fui ao banheiro do avião e dei uma bela mijada olhei para o espelho e vi a marca que o Mauricio havia deixado em mim também. “Filho da mãe”. Voltei para o meu acento e tentei dormir, a Luciana colocou a cabeça dela no meu ombro e eu peguei meu celular e comecei a ver as fotos para o tempo passar. Finalmente chegamos depois de horas sentado, a minha coluna estava um bagaço. O dia estava lindo na Cidade do México era realmente muito diferente de tudo o que eu já tinha visto.
No aeroporto não tivemos muitos problemas pegamos as malas e esperamos o carro da empresa na entrada do local. Não demorou alguns segundos e vimos um motorista com uma placa com os nossos nomes, falamos com o senhor e ele nos levou para o hotel. Fiquei impressionado com a cidade eu lembrei de Minas, mas só que com mais modernidade. Chegamos ao hotel e eu fui direto ligar para o Mauricio, ele disse que estava tudo bem e eu pedi para ele ficar tranquilo, pois, eu estava bem e com saudades dele. Conversamos alguns minutos e eu fui tomar meu banho. Eu e a Luciana fomos jantar num restaurante muito bonito e depois demos uma volta pela cidade. Passamos uma hora fazendo compras, gente é muito incrível o produto que eles vendem lá.
Acordei com uma forte dor de cabeça e pedi da Luciana para ela conseguir para mim algumas aspirinas. Fui me arrumar para a reunião iriamos visitar a tal fabrica, a Luciana estava muito animada, ela tinha alguns amigos e parentes no
México e a noite nós iriamos para uma boate. Ao chegarmos à empresa um senhor baixinho e muito simpático nos atendeu é claro que a Lu que conversou com ele. Eu ia olhando para a questão geral da empresa, queria captar a essência daquele lugar, era uma mistura do antigo com o novo. Iriamos conhecer o chefe da administração que graças a Deus era brasileiro, então a minha apresentação seria mais tranquila.
- caros, este es el gerente administrativo de la empresa... Fernando Moutinho. – disse o senhor simpático.
- Olá. Luciana Flanstein – falou a Luciana cumprimentando o homem.
- Olá. Pedro Soares... prazer. – falei dando a mão para ele.
- Bom dia como o Sr Damião já falou me chamo Fernando Moutinho. Sou chefe do departamento administrativo da empresa. – ele falou nos guiando até uma sala de reunião.
A minha apresentação ocorreu dentro do esperado eu vi no rosto do Fernando satisfação então acho que eu me saí bem. Fomos almoçar no refeitório da empresa e a Luciana pediu licença para ir ao banheiro. Começamos a conversar eu e o Fernando sobre o Brasil e de como ele tinha saudades. Ele olhou para o meu dedo e perguntou se eu era casado, respondi que sim e tinha um filho também.
- Nossa um filho... – ele falou com a voz embaraçada.
- Algum problema?! – perguntei.
- Você... desculpe, eu lembrei que tinha uma reunião. – falou ele se retirando.
- Onde está o Fernando? – perguntou a Luciana.
- Saiu... homem estranho. – falei enquanto comia.
- Pode ser mais é um verdadeiro gatinho. – ela disse rindo.
- Humm... deixa o Carlos ouvir isso. – falei rindo.
Notei que a expressão dele mudou quando me viu e depois que ele viu o anel no meu dedo. A visita na empresa ocorreu tudo como planejado. Nunca escrevi tanto na minha vida, depois de um tempo o Fernando voltou a aparecer. E nos convidou para dar uma volta pela cidade e conhecer alguns lugares legais. Quando chegamos ao hotel eu fui direto ligar para o Mauricio ele estava visivelmente preocupado comigo. Falei que estava tudo bem e que iriamos jantar fora, ele pediu para eu ter cuidado e não falar com estranhos. Também conversei com o meu príncipe e desejei uma boa noite para os dois. Tomei meu banho e peguei qualquer roupa estava realmente com preguiça e com muito sono.
Fernando estava acompanhado de dois funcionários que eu já havia conversado durante a visita na fabrica. Fomos para um bar muito aconchegante que ficava no centro da cidade. A música era legal e o ambiente também a noite mexicana era muito bonita, as luzes dos prédios realmente maravilhosos, bebi uma cerveja que eu nem sabia pronunciar o nome.
Logo chegaram uns amigos da Luciana e ela foi conversar com ele, pedi licença e fui para uma parte afastada do restaurante onde havia uma varanda e eu pude ter outra visão da cidade.
- Você não lembra mesmo de mim é?!
- Oi? – virei e era o Fernando.
- Você não se recorda de mim? – ele perguntou se aproximando.
- Desculpa, mas... – falei sem reação.
- Tá bom... hum... me dá 10 anos a menos, cabelos loiros e penteado Justin Beaber.
- Fer...Fernando?! – perguntei surpreso.
- Oi Pedro. – disse ele me abraçando.
Naquele momento fiquei sem reação foi como se uma máquina do tempo tivesse me puxado de voltaSão Paulo – 8 anos antesOi?!
- Oi? Tudo bom? Você é o aluno novato né?
- Sim... Fernando Eduardo Carvalho. – ele disse apertando a minha mão.
- Olá Fernando... bem vindo. Me chamo Pedro Soares.
- O povo daqui é meio nariz em pé né? – ele perguntou sentando ao meu lado.
- Você não deveria fazer isso. – falei lendo meu livro.
- Porque não?! Você foi o único de toda essa escola que me tratou bem.
- Eiii... eiii moleque o que você está fazendo aí?! Ele está te enchendo Pedro?!
- Calma... – falou Fernando se levantando.
- Fernando esse é meu irmão Paulo... Paulo esse é o Fernando ele é aluno novo. Tudo bem. – falei.
- To de olho em você. – disse Paulo voltando para o treino de futebol.
- Estressado seu irmão né?! – ele disse voltando a se sentar.
- Ele só quer me proteger. – falei.
- Proteger? De que? – ele perguntou coçando a cabeça.
- Bem... já que eu acho que vamos ser amigos e tudo mais é melhor que eu conte a você.
Comecei a contar toda a história da festa e do Márcio enchendo a minha vida. Falei que em casa minha mãe estava esquisita e o meu pai não falava comigo. Apenas meus irmãos me davam apoio. Ele disse que não se importava com o fato de eu ser gay e que a partir de agora ele tinha mais um protetor afinal ele era faixa preta de karatê. Por coincidência começamos a fazer algumas matérias juntos e sempre que dava saímos para ir ao cinema, teatro e até mesmo eu comecei a ir para os campeonatos que ele ia participar. No domingo ele me ligou e falou que ia ter um show muito bacana e nós teríamos que ir, me deitei na cama e peguei uma foto que nós tiramos juntos.
- Humm... tá apaixonado?! – perguntou o Paulo entrando no meu quarto com um enorme sanduiche.
- Você não tem educação não? Acho que vou comprar um cadeado para o meu quarto. – falei sem olhar para ele.
- E ai? Sou novo nessa história de romance gay... se eu quero a menina eu pego logo... você estão enrolando há meses. – ele disse sentando na cama e acabando o sanduiche em duas mordidas.
- Meu Deus... como você consegue? – perguntei abismado.
- Estou em fase de crescimento... preciso de muitos nutrientes para sustentar esses músculos. – ele disse forçando o braço.
- Vai crescer é para os lados... e não... eu e o Fernando não estamos namorando. Acho que ele nem é gay. É apenas uma pessoa legal igual a você. – falei .
- Vai por mim maninho ele te seca com os olhos. E eu já vi ele te defender várias vezes. Mas você tá horrível, já que vai conquistar o garoto tem que ao menos se vestir legal. Pera aí que eu vou te emprestar umas roupas. – ele falou saindo.
- Louco... minhas roupas são maneiras... – falei revirando meu guarda roupa todo.
- Olha essas aqui. São demais... aproveita que eu estou sendo legal com você. Lembra quando você era criança e tinha inveja de mim... fazia a mamãe comprar tudo de dois... você usava as mesmas roupas e os mesmos brinquedos que eu. – ele falou rindo.
- Ai... não torra... era uma fase ok!!! Hoje eu não fico pegando safadas na escola. – falei irritado.
- É a melhor parte de ser o capitão do time oras... escolhe logo uma. E vai embora. – ele falou se deitando na cama.
Chegamos cedo ao local do show e fomos lanchar no shopping eu pedi um Mc Lanche Feliz e o Fernando pediu um Big Mac. Ele riu de mim, mas naquela época eu colecionava os brinquedos que vinham junto com o pacote. Fernando disse que estava feliz que o pai dele viajava muito e ele não gostava de fazer amigos, mas em relação a mim foi diferente. Agradeci a ele também uma vez que os meninos maiores não mexiam comigo lá na escola. O show que nos fomos era horrível, uma banda nova de roqueiros. Ficamos numa parte afastada e eu disse para ele que queria ir embora.
- Vamos... o show tá chato, não tem ninguém aqui. Tá ficando perigoso.
- Calma... antes... eu... preciso fazer uma coisa. – disse ele me beijando.
Foi a primeira vez que eu beijava alguém e era o meu melhor amigo, até então hetero para mim. Começamos a namorar, mas o pai dele foi transferido novamente na época as coisas não eram como hoje que até um sem teto tem facebook (fato verídico). Mas mantínhamos contanto por cartas, eram duas na semana e caíram para uma até que não recebi nunca mais um telegrama dele. Lembro que chorei muito e foi traumatizante para mim, depois segui a vida normalmente. De repente ouvi uma voz que me chamava e fui voltando a mim.
- Pedro... Pedro... você está bem? – perguntou o Fernando preocupado.
- Tô... eu... eu preciso de ar... – falei me segurando na borda da varanda.
- Já estamos fora do restaurante. – ele disse rindo.
Sentamos-nos e começamos a conversar, ele falou que a mãe dele pegou as cartas que nós trocávamos e queimou todas.
Ele disse que o resto da vida dele foi um verdadeiro inferno, os pais sempre regulando e controlando cada passo, cada amizade. Quando ele se formou na faculdade viu uma oportunidade de vir trabalhar no México e não hesitou. Fernando disse que agora ele era o dono do próprio destino.
- Você está diferente... – falei.
- Na faculdade me meti com algumas pessoas erradas e acabei pintando meu cabelo de preto. Gostei tanto do resultado que acabei mantendo. – ele disse passando a mão nos cabelos.
- Mas está legal.
- Soube do teu irmão... consegui teu numero há alguns meses atrás, mas não consegui te ligar. Sinto muito.
- Tudo bem...
- Então você está casado hein?! Ela deve ser uma mulher de sorte.
- Na verdade é ele... e nós temos um filho.
- Ele... ele... de homem... acho que nunca teria essa tua coragem. – ele disse rindo.
Passamos o resto da madrugada conversando. Ele disse que havia me procurado em todas as redes sociais e eu contei que nunca havia gostado dessas coisas preferia uma vida sem exposição. Contei do Phelip e contei como foi meu casamento, eu percebi que em alguns momentos ele ficou meio constrangido. Ele me levou para o hotel e eu corri para o quarto da Luciana e contei tudo para ela. O que eu gosto na Lu é que ela sempre sabe o que dizer. Fui para o meu quarto e deitei na cama... o sono não vinha.
Após uma noite mal dormida a Luciana foi ao meu quarto e avisou que nós iriamos fazer uma visita ao Hogar del niño feliz... pelo menos foi assim que eu entendi. Era uma obra de caridade que a empresa fazia com as crianças órfãs de uma comunidade mexicana. Levamos duas horas de carro para chegar ao lugar, eu aproveitei para dormir um pouco quando a Luciana me acorda para olhar para o lado, quando eu vejo o Fernando numa moto, eu ri e balancei a cabeça. “Exibido”.
A estrutura do orfanato era bacana, não havia muito luxo mas a diretoria parecia ser competente ao máximo. O Fernando era um cara popular entre as crianças era “Tío”. O sotaque espanhol é uma graça. Os pequenos fizeram pequenas apresentações de música e dança para a gente, achei muito fofo. Ia ter também um campeonato de futebol e fomos convidados para ficar e assistir ao torneio.
- São Paulo 8 anos atrás –
- Eu não vou conseguir... eu vou atrasar vocês. – falei enquanto colocava o uniforme do time.
- Pedro não viaja... dois jogadores nossos estão doente, não podemos jogar sem o time completo. – falou o Fernando.
- Calma mano e faz aquilo que a gente ensaiou.... vamos conseguir né?! – falou o meu irmão Paulo olhando para o Fernando.
- Claro... vamos sim...
- Vamos detornar.... – gritou o Paulo.
- Detonar!!!! – respondeu o resto do time e todos saíram correndo.
- Vamos... – tentei gritar sem sucesso, enquanto íamos saindo o Fernando me parou e me deu um beijo, olhei para a porta e o meu irmão estava “vigiando”.
- Eu vou fazer todos os meus gols para você. – ele disse me dando outro beijo mais demorado.
Por coincidência o time que iriamos enfrentar era a do Márcio, eu sempre tive medo dos amigos dele que eram uns verdadeiros armários. E era esse medo que eu teria que enfrentar naquele dia. Minha irmã estava torcendo com as amiguinhas delas, inclusive a Larissa estava também. O Paulo tirou na moeda contra o Márcio e começamos com a posse da bola. Confesso que o inicio do jogo foi tranquilo e para a minha surpresa depois de uma jogada azarada eu fiz o primeiro gol do time. Fui abraçado por quase todo o time, quando o Fernando me abraçou eu disse: “Esse foi para você”. Ele piscou para mim limpou o suor e correu para o outro lado.
Esse foi o meu dia de sorte marquei o segundo gol do meu time, eu sei que os outros jogadores marcavam mais o meu irmão, o Cleo outro bom jogador do nosso time e o Fernando, e acabam esquecendo de mim. No intervalo, todos foram me cumprimentar e sem querer eu olhei para onde estava o time do Márcio e ele apontou para mim. Meu coração disparou. Falei para o Paulo que não queria mais jogar e ele perguntou o motivo e eu contei. Ele reuniu o time e falou que todos deveria ficar perto de mim para evitar qualquer tipo de acidente. O time concordou e nós voltamos.
Eu nunca fui tão empurrado e derrubado como nesse jogo. Eu parecia um imã de brutamontes, todos do meu time ficavam gritando que era falta ou cartão, mas o juiz era outro cego. Quando estava no final eu estava com a bola e saí cruzando no meio do campo, consegui desviar de alguns graças ao Paulo e ao Fernando, me aproximei do Márcio e ele falou – “Essa bola não é tua viado”. Colocou um braço na frente, me bateu com o outro e eu passei por cima do braço dele e praticamente dei um mortal e caí no chão com a boca sangrando.
- Viado de merda!! – ele falou cuspindo no meu rosto.
Meu irmão partiu para cima do Márcio que foi defendido pelo amigo dele. Quando dei por mim era uma confusão dentro da quadra. Eu olhei para o Fernando e ele estava dando uma surra no Márcio, quando olho para frente havia um amigo do Márcio que fez menção de me chutar.
- Ei... ei gigantão. – gritou a minha irmã.
- Saí fora garotinha!!!!
- Você não deveria ter falado isso. – falei protegendo meu rosto.
As amiguinhas da minha irmã começaram a tacar bolas no garoto, ela pegou um estilingue e colocou uma bola de borracha e tacou na cabeça dele, duas correram com uma corda de pular e derrubaram o garoto no chão.
- Você está bem?! – perguntou a Larissa.
- Sim... me ajuda a levantar. – falei.
A briga só parou quando a diretora praticamente berrou no microfone que iria chamar a policia. A galera toda na diretoria, eu não tinha reparado até então que ela era pequena. Todos foram advertidos e na próxima confusão seria expulsão. Meus pais decidiram que eu iria mudar de escola, mas graças a Deus o Márcio já iria se formar e meus problemas terminariam ali. Chegamos em casa cansados e sujos, mas conseguimos a vitória naquele dia, graças a mim. Namorei pouco naquela noite porque eu estava todo quebrado.
- Pedro!!! – gritou a Luciana.
- Oi?
- Vem vamos jogar bola com as crianças! – gritou o Fernando.
Eu corri e ficamos brincando atrás da bola. Eu vendo o Fernando interagir com as crianças me trouxe de volta velhos sentimentos, mas eu não podia me permitir a pensar uma coisa dessas.
“Meu Deus... que sentimento é sse... eu amo o meu esposo... eu amo o Mauricio”