Acordei de súbito. Olhei o céu pela janela e percebi que ainda estava escuro, para meu alívio; poderia dormir mais algumas horas antes de ir à escola. Afundei minha cabeça no travesseiro, tentando a todo custo adormecer novamente, mas era em vão.
Contentei-me a ficar a encarar o teto, imaginando centenas de coisas que poderiam acontecer. Quem nunca fez isso, não? Mas o péssimo era que, eu apenas conseguia pensar nele o tempo inteiro. Phillip – sussurrei para mim mesmo.
Eu não entendia; não tinha como entender! Como eu pude ficar tão ligado a uma pessoa que eu mal conheço. Isso não faz sentido algum, é ilógico.
Mas tudo bem, eu tenho plena noção do que fazer agora. Eu preciso apenas esquecê-lo, tirá-lo de meus pensamentos. Sei muito bem o que acontece quando você acaba se apaixonando por uma pessoa que não nutri do mesmo sentimento. Não que já tenha ocorrido comigo alguma vez, mas eu entendo perfeitamente.
Enquanto eu discutia comigo mesmo, o sono vinha chegando sem que eu percebera. Então de repente, adormeci.
Acordei no outro dia, com meu despertador tocando. Me levantei, e fui à cozinha tomar café. Minha mãe já estava por lá, apenas me esperando.
- Bom dia, Henrique!
- Bom dia, mãe – falei sonolento.
- Anda, tome logo seu café, senão você chega atrasado à escola.
Quando terminei de tomar meu café, me arrumei e então já estava pronto para ir. Por sorte, o colégio era bem perto da minha casa, me possibilitando ir a pé mesmo. Minha mãe apenas me levava de carro quando eu estava muito atrasado.
Cheguei ao local e somente fiquei a andar um pouco pelo pátio da escola, na esperança de encontrar alguém antes de começarem as aulas. Felizmente, avistei um velho amigo meu, também um dos meus melhores, Matheus.
- E aí rapaz, beleza? – me cumprimentou.
- Tudo certo. E você, como vai?
- To levando, né – disse, dando um sorriso sarcástico - Poxa, quanto tempo que a gente não se fala, hein?
- Pois é. Não tenho te visto muito pela escola, o que houve?
- Ah, nem comento. Meus pais quiseram que eu fosse passar um tempo com meus avós em outra cidade. Fiquei lá por uns meses, mas agora voltei.
- Que bom! A gente pode marcar de sair algumas vezes então.
- Nossa, seria ótimo. Ah, e por falar nisso, como no domingo já é meu aniversário, eu vou fazer um festa lá em casa hoje à noite. Nada de mais, só o pessoal mesmo da turma, e mais alguns colegas. Queria que você fosse.
- Sério!? Claro que vou, vai ser bom – respondi, animado.
- Combinado então. Espero que você ainda se lembre aonde eu moro.
- Óbvio que sim, seu tonto. Ou você acha que eu sou tão burro a ponto disso? – perguntei, brincando.
- Ah, sei lá, né – disse, gargalhando – mas tá certo então. Oh, vou indo, senão chego atrasado.
E assim ele se foi. Nossa, nem acredito. Brinquei tanto com esse garoto quando criança, e agora estamos aqui, terminando o ensino médio. Poxa, agora me dei conta de como estou ficando velho. Daqui a pouco vou ter cabelo branco!
Encerrei meus devaneios, e segui para sala de aula. Entrei e logo me sentei atrás de Gabriela, que como sempre, estava de mau humor pela parte da manhã. Felizmente, já sou muito capaz de lidar com esse tipo de personalidade.
- Então você vai a festa do Matheus? –perguntou-me, ao contá-la sobre meu encontro com ele mais cedo.
- Vou sim. Se você quiser, eu te levo sem problemas.
- Eu dispenso. Tenho que ao menos tentar estudar um pouco pra física nesse final de semana.
- Bem, você quem sabe.
O resto das aulas fluiu como de costume; da mesma maneira irritante como sempre. Quem odeia o ensino médio aí levanta as mãos! (Sou o primeiro a levantar.) Quando o sinal tocou, avisando aos meus ouvidos que finalmente o fim de semana havia chegado, eu quase ouvi um coro de anjos cantando. Gente, tinha de ser ao contrário, estudar dois dias e descansar cinco!
Cheguei a casa, eu fui logo tomar uma ducha bem gelada. O calor na cidade estava insuportável naquele dia. Quando terminei, apenas me joguei na cama, e fiquei um pouco em silêncio com meus pensamentos. Mal percebendo, acabei por cair no sono.
Acordei um pouco assustado, pensando em ter perdido a hora da festa do Matheus. Mas felizmente, ainda faltava um pouco. Reparei que minha mãe ainda não estava casa; mas não me preocupei. Por ser médica, ela sempre se atrasava daquele jeito. Sem falar quando tinha que dar plantão.
Me arrumei da maneira mais rápida que pude, e logo estava pronto. Chamei, obviamente, um táxi pra vir me apanhar. A casa do Matheus era um pouco afastada da minha; e ainda por cima já estava anoitecendo, deixando as ruas nada seguras para pessoas andarem sozinhas.
Cheguei à porta da casa e toquei o interfone. Não demorando muito, Matheus veio me atender. Estava realmente muito bonito naquele dia; não só naquele dia, mas sim em todos. Entretanto, sempre vira Matheus apenas como um amigo, e nada mais. Além de ser também um ilustre heterossexual.
Dei-lhe um forte abraço, e um presente que havia comprado mais cedo. Entrei, cumprimentei o pessoal da turma dele, que por sorte, eu me dava muito bem. A princípio até me senti bem com as presenças no local, mas algo ainda me incomodava seriamente. Quase como um mal pressentimento.
- Então, você por aqui, Henrique? – ouvi aquela voz doce, me assustando. Olhei para trás e me deparei com aquele par de olhos que eu tanto amava.
- Phillip – perplexo, sussurrei seu nome pela segunda vez naquele dia.
(x-x-x)
Bom pessoas, mais um capítulos pra vocês. Espero que gostem.
Ah, obrigado a todos pelos comentários. Fico muito feliz mesmo.
E não se esqueçam de deixar mais, ok.