YKNP IX

Um conto erótico de killinghearts
Categoria: Homossexual
Contém 1886 palavras
Data: 12/02/2012 15:37:26
Assuntos: Gay, Homossexual

Há coisas que nos deixam às avessas; por um lado tinha Diogo (que era só o grande amor da minha vida) e por outro Neil, o cara por quem eu estava ficando cada vez mais fissurado. Não que eu pensasse deixar Diogo por isso, mas Neil cada vez mais ganhava espaço em minha mente.

Estávamos quase no fim do Outono. Neste Outono eu caí, eu levantei e parecia que ia cair mais uma vez. Não ia cair em desgraça, mas sei lá... a minha vida amorosa estava mais uma vez caótica! Sabe o que é você desejar muito dois doces e só poder escolher um? Saber que gosta mais de um mas que naquele exato momento lhe apetece comer o outro? É, era assim que eu estava (e não apliquem o 'comer' na linguagem sexual, seus tarados!). Ainda para mais o fantasma de me assumir para meus pais me atormentava mais uma vez. Conto, não conto, devo contar, não conte!, eles merecem saber - era isso que eu pensava toda a hora. Se por um lado os pais têm que amar seus filhos incondicionalmente e por isso minha família não deveria ser excepção, por outro a minha família podia ser isso mesmo - a excepção. Eu sei que meu pai era bastante mente aberta, e minha mãe também, mas é sempre mau saber que um filho não é o que, na mente da maior parte da cabeça das pessoas, seria normal. Eu tinha vontade de pegar a mão de Diogo na rua, de o beijar sem qualquer medo, de receber e dar carinho sem olhares estranhos. Mas o planeta que habitamos simplesmente não o suporta... E depois pedem paz! A paz passa pela aceitação, pela igualdade e por um montão de coisas. A vida poderia ser bem mais simples: se ama alguém, fala. Mas claro, pensamos demasiado. E eu não podia suportar mais o facto de ser algo que é super normal mas que a sociedade não aceita. Sei bem o que acarreta tudo isso; pessoas que eu pensava me amarem vão deixar de ser alguém especial, alguns familiares vão deixar de me falar... Tudo por causa de uma simples diferença! Sabia que o que define se somos gay, bi ou hétero é igual ao que define se você vai escrever com a mão direita ou esquerda? Não que seja o mesmo, mas... sei lá como explicar... É tão simples quanto isso, entende?

E eu estava afim de me assumir. Falei com Diogo acerca do assunto e ele a princípio foi meio relutante... mas acabou por aceitar. Era um enorme passo. Mas eu sentia que tinha que ser. Diogo falou com os seus pais e seu pai disse que não queria filho veado em casa. Sua mãe o aceitou e repreendeu o marido, o que levou a uma enorme discussão em casa. Diogo disse que durante uma semana chorou bastante. Mas no fim dessa semana seu pai lhe pediu desculpa e disse que o aceitava independentemente do que ele fosse. Sorte! Agora era minha vez.

Estávamos jantando. Minha mãe tinha o dom de fazer sempre comida excelente, e então eu comia imenso. Só que nessa noite eu não estava tão faminto como o normal, o que suscitou estranheza.

- Então, Bruno, não vai comer? - perguntou minha mãe.

- É... não estou com muita fome...

- Está doente? Olha que sem ganhar algum peso nenhuma garota o vai achar engraçado! - falou meu pai. E tocou bem no ponto!

Tomei coragem.

- É disso que eu quero falar. - falei, me levantando- Eu sei que vai ser uma desilusão para vocês, mas eu sou bi. Eu gosto de garotas, mas também gosto de garotos. Pode ser confuso, mas eu gosto dos dois. E estou namorando com um rapaz.

Eu não chorei, mas tinha um nó na garganta. Custa imenso, e não devia. Minha mãe sorriu para mim e disse que não tinha problema e que já sabia.

- Como é que já sabia? - perguntei surpreendido.

- Uma mãe sabe sempre.

- E você, o que você acha? - perguntei, meio a medo, a meu pai.

- Você é meu filho e eu te amo em qualquer circunstância. E eu já sabia também.

Minha irmã me abraçou e disse que não tinha problema. Eu me perguntei diversas vezes o porquê de eles já saberem o que eu era; eu não era feminino, era um garoto normal... Mas foi bem melhor assim. É, eu tive sorte. Claro que não era fácil para eles ouvir isso, mas o facto de o aceitarem assim foi bem mais reconfortante. Voltamos a jantar e tudo voltou à normalidade. Claro que depois as pessoas da minha família iam saber, mas também não ia contar a toda a gente, até porque a tempo elas iriam saber.

Dias depois me encontrei com Diogo e falei tudo com ele. Nós estávamos tão felizes! Não andávamos de mãos dadas na rua, mas estávamos mais aliviados. Nesse dia fizemos amor sem pressas, tudo num relaxamento total. Ao vir para casa recebi uma mensagem de Neil: "Vem a minha casa. Preciso de falar com você.". Fui até sua casa e ele me recebeu com um sorriso enorme no rosto. Eu já não falava com Neil há semanas. Estávamos no final de Novembro e a última vez que tinha tido contacto com ele foi em meados de Outubro.

- Entra!

Entrei e sentei no sofá. Ele ligou a TV e estava dando um programa qualquer, sem interesse nenhum.

- O que você tem para me falar? - perguntei.

- Eu estou deixando a maconha e a coca também.

- Boa!

Num impulso o abracei. Depois percebi o que tinha feito e recuei um pouco. Fiquei tão vermelho!

- Me desculpa... - falei, olhando para as paredes, evitando olhar para ele.

- Não precisa de desculpar. - disse rindo.

Ele segurou meu queixo e virou minha cara para a sua.

- Eu estou deixando porque eu amo você.

E sim, me beijou. Eu estava desnorteado. Correspondi ao beijo - DROGA! Ele foi me beijando mais e metendo sua mão em minha cintura. Eu, inconscientemente, passava minha mão por seu cabelo e tirei sua camisola. Voltei a mim e o empurrei.

- É melhor parar. Eu amo Diogo. Desculpa Neil. - falei, pegando minha mochila e correndo para a porta.

- Ei, espera. - falou Neil, me agarrando a mão. - Não vai. Eu sei que você me ama também. Fica comigo, não me faz isso. - falou, com os olhos em lágrimas.

- Não.

Fui embora. Apesar de Neil ter mais quatro anos do que eu, eu me sentia super à vontade com ele. Mas não assim, eu não queria magoar Diogo. Nem o queria trocar. Mas eu tinha que falar para ele.

Diogo reagiu mal, claro. Mas ficou mais descansado quando eu lhe disse que não houve sexo e que parei. Ele disse que precisava de um tempo.

- Um tempo?

- Sim, um tempo. Eu preciso de espairecer. Eu amo você e você sabe disso, mas é tudo tão rápido. Num momento você estava entregue àquele mundo da droga e agora você está limpo. Nem tabaco. E eu acho que fui eu que o tirei disso. Eu dou muito por você, e você quase transa com esse cafageste. Não dá. Preciso mesmo de um tempo.

Escusado será dizer que contive o choro mas que quando cheguei em casa chorei baba e ranho. Como é que eu tinha estragado a minha relação com Diogo? Neil só atrasava minha vida, mas a culpa não era só dele.

Dezembro havia chegado e as férias de Natal também não tardavam em chegar. No último dia de aulas ia haver uma festa e eu queria ir, para desanuviar. Não estava com Diogo há semanas e estava muito cabisbaixo. Não voltei para a maconha e me fiz de duro, suportando isso como deve ser. Chegou o dia da festa e eu estava um pouco nervoso. Vesti umas skinny verde-escuras, uns sapatos castanhos, uma t-shirt castanha, uma camisa de ganga um sobretudo preto. Eu vestia assim normalmente, não era por ser uma festa que ia comprar roupa nova ou vestir algo quase de cerimônia. Fui para a festa com Irene, Carlota e Filipe. O pai de Filipe nos levou e nos fez prometer que pelas 4h estaríamos fora do recinto da festa para ir para casa.

Entramos na festa pelas 23.30h e vimos logo um montão de gente. Música eletrônica da boa (por incrível que pareça, nada de house merdoso!), muito álcool. Já se viam alguns muleques menos responsáveis gregando e garotas se entregando ao álcool e aos rapazes que as rodeavam. Carlota bebia bastante, mas aguentava. Ela não era garota de ficar bêbeda rapidamente nem de se entregar aos rapazes assim do nada. Filipe e Irene já estavam animados e os rumores que há uns meses eu tinha se confirmaram; eles se beijavam e se entregavam totalmente um ao outro. E eu? Bem... eu também já estava um pouco bebum. Dançava até não poder mais. Carlota já estava ficando com um garoto e eu estava ficando sozinho. Puta de vida! Fui à casa de banho. Entrei e ouvi gemidos vindos de um dos privados. E adivinha? Duas vozes masculinas. De tão animado que estava comecei rindo alto. Mas mesmo alto, tão alto que eles se devem ter apercebido. Ouvi uns barulhos e deduzi que seriam eles se vestido apressadamente. Eu continuava encostado à parede me rindo. A porta abriu e vi de costas um rapaz loiro, magro se despedindo e um outro que não consegui ver logo quem era. Pelo que me pareceu eles se estavam despedindo e quando o tal loiro me viu ficou vermelho para caramba e desatou a correr. Depois saiu o outro, ainda ajeitando sua camisa dentro das calças. E meu copo caiu. Era Diogo.

- Você estava...? - falei, chorando e rindo.

- Bruno... Você não podia ter visto isso... - falou Diogo, desamparado e desesperado.

- Era para isso que você queria um tempo? Vá-se foder!

Dei um tapa em sua cara e ele me agarrou. Eu tentei fugir e ele não deixou, e me beijou. Dei uma joelhada em suas partes íntimas e fugi. Corri para beira de meus amigos e já eram 03.30h.

- Eu quero ir embora, eu quero ir embora... - falei, chorando.

- Que aconteceu? - perguntou Irene, preocupada.

- Eu quero ir embora, me leva Irene, me leva.

Eles pareceram concordar e me levaram em casa.

No outro dia acordei com uma enorme dor de cabeça. Fui ver o meu celular e o visor indicava 12 chamadas perdidas de Diogo. Esbarrei o telemóvel na parede e passei o dia na cama, chorando.

O que é que eu havia feito para tudo isso? Será que não conseguia passar algum tempo sem coisas más acontecendo? Desde que Diogo entrou na minha vida tudo tem sido caótico. Traí, fui traído, consumi o que nunca tinha consumido. Ele era o amor da minha vida mas também estava transformando tudo numa merda. Eu sei que ele não tinha a culpa... Mas eu não queria sofrer mais.

Cansei dele.

O inverno chegaria em poucos dias. Cada vez mais frio. Meu coração também estava frio, gelado... mais uma vez!

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gente, esse é o 9º capítulo. espero que tenham gostado. só lamento o facto de não serem muitas pessoas a votarem... é que isso não motiva muito. se o outro conto tivesse mais votos certamente essa semana teriam saído 2 capítulos... mas só saiu um porque nem tinha vontade para escrever. abraços!

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Comentários

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Tá cada dia melhor e minha torcido pelo Neil tem aumentado de forma gradativa nos últimos contos. Continua logo, nota 10

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acompanhando desde sempre e aguardando a continuação haha

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acompanhando desde sempre e aguardando a continuação haha

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Cara não liga muito para essa coisa de voto não, "seu conto é ótimo"sei que para que escreve isso serve como incentivo mais tem contos tão bons de escritores maravilhosos que não recebem tanto voto assim mas continua a escrever e cada vez melhor ex.:escritor_contista e Youngdad que são escritores simplesmente maravilhosos.

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