Antes de você ir embora, você poderia me dizer seu – me virei pra falar com ele – nome...
Ele já tinha ido, sabe lá quando eu iria vê-lo novamente, talvez nunca, não sabia seu nome, endereço, telefone, não sabia nada, mas ele sabia onde eu trabalhava, será que ele iria me procurar?
Fui pra casa com aquele garoto na cabeça, no jeito de falar comigo mesmo eu tendo tratado ele mal, ele não fez o mesmo, eu realmente me arrependi disso, então as perguntas começaram a vir na minha mente, será que ele vai me procurar? “A gente se vê por aí” significa que ele quer me ver de novo? Me oferecer aquele bolo foi um tipo de cantada? Meu Deus, eu estava ficando louco, o cara só me deu um bolo porque achou que ninguém ia levar e só falou a gente se vê como um modo de dizer tchau – algo dentro de mim queria acreditar que rolaria alguma coisa – eu não estava agüentando todos aqueles pensamentos, então fui tomar um banho e depois fui dormir.
No dia seguinte tudo ocorreu normalmente, passou segunda, terça, quarta... É, ele não apareceu, eu realmente cheguei a acreditar que ele apareceria, mas eu me enganei, comecei a sentir uma tristeza dentro de mim, por achar que eu teria uma “chance”, mas a perdi antes mesmo de tê-la, então um pensamento começou a me invadir, “Leonardo, para com isso, você só o viu 2 vezes, pare de tirar conclusões e ter falsas expectativas”, me recompus e parei de me dar esperanças.
Quinta-feira, acordar cedo, trabalhar, a loja uma bagunça, tive que arrumar tudo, só aí gastei umas 2 horas, no meio do expediente percebo alguém entrando pela porta, era ele, ele veio, eu não podia acreditar que veio mesmo, sabe que só havia percebido o quanto ele era bonito agora – aparentava ter uns 20 anos, era mais alto que eu, acho que uns 1,83, corpo normal, mas tinha uns braços fortes, cabelo castanho claro, encaracolado. Parecendo um anjo, tinha sobrancelhas grossas, o que dava certo charme nele, tinha expressões fortes, fazendo seu rosto difícil de ser esquecido, lábios carnudos – nossa, que boca – e um sorriso encantador – o curto caminho entre a porta e o balcão me permitia apreciá-lo por inteiro, ver o seu caminhar perfeito, era algo incrível, como não consegui ver tudo isso antes? Ele veio em minha direção.
-Oi.
-Eh... – fiquei meio perdido nas palavras, o que eu deveria dizer mesmo? – ah, oi.
Ele deu um sorriso de canto.
-Vai querer alguma cosa?
-Humm, uma bala.
-Uma bala? – perguntei rindo do pedido – Aqui está, por minha conta.
-Obrigado.
-De nada.
Ele já estava indo embora – não acredito, ele comprou uma bala e já ia embora, mais nada, a felicidade que tinha sentido quando o vi chegar, estava indo com ele, mas o que eu queria também, que ele se declarasse? Que ele se ajoelhasse e fizesse uma serenata? Não tinha mesmo nada a dizer – mas no meio do caminho ele volta e fala:
-Sabe que nem sei seu nome...
Se fosse por mim eu já saberia a algum tempo, mas o apressado atrasou isso.
-É Leonardo – falei dando um sorriso, ele tinha voltado, aí corrigi – Leo.
-Legal, o meu é Matheus.
-Lindo – disse olhando para seu rosto com cara de bobo, mas seu olhar pra mim era tão profundo que não sabia o que significava, fiquei todo desajeitado – o nome, o nome é lindo... Quer dizer, maneiro.
-Haha, então a gente se vê de novo.
-Sim.
Ele então se foi e eu fiquei lá, tentando juntar aquele turbilhão de informações, seria mesmo verdade? Será que ele estava afim de mim ou era coisa da minha cabeça? Fiquei pensando nisso o tempo todo, pensando nele, naquele jeitinho de falar fazendo piada de tudo, naquele dia minha mãe me chamou atenção umas 3 vezes, pois estava com a cabeça nas nuvens, não ouvia o que ela falava, dava o troco errado, como alguém que mal conheço pode me deixar assim?
Já na hora de fechar, estávamos eu e minha mãe indo pra casa quando eu vejo o Matheus na esquina e acenando pra mim, mas o que ele queria? Tive que pensar rápido:
-Mãe, vou passar ali na pastelaria, vou fazer um lanche, depois eu vou pra casa.
-Tudo bem, está com dinheiro?
-Sim.
-Não demora...
Fui em direção ao Matheus, ele estava lá parado, parecia estar nervoso, ansioso.
-Fiquei esperando você sair da loja, você demorou...
-É, hoje eu saí um pouco tarde, mas o que foi?
-Eu queria falar uma coisa com você, mas sua mãe estava lá e eu não queria te atrapalhar no trabalho também.
-Falar uma coisa? – ai ai o que é agora? Será que ele sentiu que eu estava afim dele e ia me cortar de uma vez? – falar o que?
CONTINUA...