Bem gente a cada dia eu fico mais feliz. Obrigado a todos os comentários e votos! Só tenho a agradecer. E desculpem por demorar a publicar, o carnaval atrasou tudo. Não vamos perder tempo....
No trabalho eu nunca estive tão ativo, estávamos dando duro na produção dos comerciais, havia contratado um estúdio para nos ajudar a fazer as produções. Emily, Ranald e eu estávamos formando uma equipe de campeões, o Dr. Emanuel havia gostado dos informativos que fizemos para uma campanha. A bruxa da Marcela eu procurava evitar de todas as formas, ainda via muito sangue e choro no hospital, mas estava estudando para me preparar caso acontecesse emergências medicas, e eu até queria para aprender e usar com o meu filho, não queria ser um pai despreparado.
O curso era bacana, mas era muita coisa para ser assimilada. Os meninos (Emilly e Ronald) que o digam, estavam mais confusos do que eu. Eu acho que não conseguiria ser um bom médico, mas se a tarefa exigia, eu e eles, teríamos que nos virar. Em casa, eu usava o Mauricio como “vitima”, sempre na hora do boca a boca era uma delicia. Eu lembro que uma vez tivemos que fazer salvamento de vitima na água, ou casos de afogamento. Foi muito difícil, cansativo e estressante, toda vez que eu tentava salvar o boneco o desgraçado morria, a Emilly foi de primeira e o Ronald nem se fala.
Eu estava ficando sobrecarregado, com os treinamentos que duravam quase o dia todo e as gravações dos comerciais, eu quase não tinha tempo para o meu filho e o meu marido. Em compensação, eu estava começando a ficar mais fortinho afinal eu tinha que acordar cedo e comecei a frequentar mais a academia. Sempre gostei de acordar cedo, no inicio porque sempre estudei de manhã, na escola e faculdade, então desenvolvi um tipo de mania para acordar cedo.
O comercial do hospital já estava pronto e iriamos filmar de tarde, gostaria de pegar o pôr-do-sol, tudo como planejado... menos que a viagem dos atores para gravar as cenas foi cancelada pro causa de uma paralisação em todos os aeroportos do Brasil. Fiquei desesperado, tudo estava pronto, quando eu tive uma ideia. Chamei o meu irmão, o Mauricio e a minha irmã e fizemos o comercial com eles. No inicio foi difícil e eu me estressei muito. Parecia que tudo daria errado.
Fui ao banheiro e comecei a chorar, quando o Mauricio entrou e perguntou se estava tudo bem, eu disse que não, tudo estava dando errado. Ele pediu para eu ter calma e que eu era um bom profissional e que ele faria de tudo para que aquilo desse certo. Limpei meu rosto e voltamos para as gravações, depois de alguns takes as coisas começaram a fluir e o comercial ficou incrível. Na história do comercial, um jovem (Phelip) se machucava enquanto jogava bola e era levado para o nosso hospital, ai entrava uma narração que falava das vantagens do nosso hospital, o comercial ficou muito fofo. E usamos uma linguagem de câmera rápida e dinâmica, mostrando alguns pontos chaves da nossa cidade. Eu amei o resultado e fomos comemorar num barzinho que havia perto do trabalho.
- Temos que agradecer a equipe do marketing, realizaram um ótimo trabalho – parabenizou o doutor Emanuel.
- Doutor o comercial ainda nem saiu... temos que ter esperar a edição. – falei bebendo a cerveja.
- Eu sei, mas até agora o comercial do hospital cresceu 40% e vocês estão trabalhando apenas há 3 meses. – ele falou.
- Obrigado, mas nós não conseguiríamos sem a ajuda do Mauricio e da Priscila. – disse a Emilly.
- Deve mesmo... eu nunca fique tão nervosa. Nem quando eu fiz minha primeira cirurgia. – ela disse dando um gole na cerveja.
- Olá Doutora Marcela, junte-se a nós! – gritou o Doutor Emanuel.
Todos ficaram em silêncio. Um momento constrangedor para todos. Ela chegou perto da mesa e sentou-se. Na verdade, todos tinham medo do Dr. Emanuel, o que ele falava virava tipo uma ordem. Mas realmente ele fez o convite na inocência, não sabia de toda confusão que nos ligava. Fingimos um dialogo bastante forçado, e eu comecei a pegar na mão do Mauricio por de baixo da mesa. Aquela mulher queria roubar de mim um dos meus bens mais preciosos. Depois de alguns minutos eu levante e pedi licença a todos na mesa e fomos embora para casa.
Na academia, eu descontava todas a minha raiva pela Marcela nos exercícios, e queria ficar gostoso também para o meu amor. As coisas estavam tão agitadas que eu estava esquecendo o aniversário do Mauricio, mas graças a mãe dele eu lembrei. Eu sabia que o meu amor odiava surpresa e perguntei o que ele queria de aniversário, ele falou que um almoço ou jantar já estava de bom tamanho. Mas eu gostava de agradar o meu amor, como sempre o fiz, e farei até estivermos velhos.
Liguei para uma amiga que tem um negócio de mensagens ao vivo e marquei para ela ir no churrasco que íamos fazer para comemorar o aniversário dele. Convidei apenas alguns amigos bem próximos e claro familiares. O inicio do almoço aconteceu tranquilo, comemos e nos divertimos bastante tocando os parabéns. Dei o sinal de positivo, e um homem vestido de carteiro bateu na nossa porta procurando o Mauricio. Ele se aproximou sem entender muito e o homem entregou o cartão e dentro havia uma mensagem.
“Se quiser ouvir a mensagem... aperte o botão”
O amor curioso apertou o botão e uma chuva de rosas caiu sobre nós, e uma música começou a entoar no ar. Era a “Only You” a música do nosso casamento. Saímos para a rua e havia um carro de som bem em frente a nossa casa. Uma mulher da voz grave começou a ler a mensagem que eu escrevi para o meu amor.
“Mauricio Elias Soares... Três anos de união... três anos conhecendo você como jamais eu conheci outra pessoa na minha vida. Temos uma família incrível, somos pais excelentes, e eu tenho muito orgulho de poder dizer que você é meu marido.
Sabe, eu não tenho palavras para expressar como é grande o meu amor por você (essa frase eu roubei do Roberto Carlos). Eu sei que brigamos as vezes, mas a melhor parte é saber que nunca vamos nos deixar, nosso amor é puro, é honesto.
Eu me achei no dia em que achei você, eramos duas almas que se encontraram no tempo, o nosso dia foi traçado desde o primeiro dia. Tudo o que vivemos e todas as nossas escolhas nos levaram naquele dia a estar no mesmo lugar. Eu te amo mais que a própria vida.
Você é a verdadeira explicação de superação, estudou em escola pública, trabalhou desde cedo para conseguir dinheiro e morar na capital, ralou, chorou e batalhou para se manter na faculdade, o que não foi fácil.
Lutou contra as suas próprias vontades, nossa Mauricio eu não sei se teria forças para segurar a barra que você se viu obrigado a segurar. Eu oro a Deus todos os dias para que o Paulo seja o homem que você é... honesto, gentil, doce, uma pessoa que honra com a palavra.
Eu só tenho a agradecer você... São palavras singelas, mas que expressam todo o amor que cada um que está hoje aqui sente por você.
Essa é uma singela homenagem de todos, seus pais, a minha família, o nosso filho lindo, e claro a minha também. Te amamos.”
O Mauricio estava chorado abraçado com os pais. Eu peguei o microfone e meio sem jeito abri meu coração para ele.
- Eu passei por tanta coisa durante esses últimos anos. Uma vez eu sonhei que havia te perdido e havia perdido a nossa família. – falei segurando o choro. – Mas em nenhum momento eu me desesperei, eu sabia que apesar de você não me reconhecer, você sentia que me amava. Eu te amo Mauricio Elias... você é melhor pai, melhor marido, melhor amente... e o principal, você é o melhor amigo que eu poderia ter para enfrentar essa jornada que chamamos de vida. – falei dando o microfone para a dona Antônia a mãe dele e indo beijar o meu bebezinho sob o aplauso de todos.
- Nós... sempre.... nós sempre procuramos indicar o caminho certo para o Mauricio. Ele sempre ajudou muito a gente, inclusive quando a irmã dele foi embora de casa. – ela disse chorando. – Meu filho nunca foi de ir para festa, nunca foi de andar com más companhias, sempre estudou e se dedicou a nos ajudar... mesmo ele sendo gay... como poderíamos não amor um ser humano que saiu de dentro de mim... que eu cuidei e que por ser humilde nunca me rejeitou ou se afastou. Como dizem, as coisas boas chegam para as pessoas boas... Parabéns meu filho eu te amo. – ela disse passando o microfone para o pai dele.
- Eu só quero parabenizar você filho... e saiba que eu nunca deixei de te amar... nunca... lembro que você tinha 14 anos e seus amigos sempre iam na porta de casa para falar com você e mostravam brinquedos novos... cê não tem ideia de como me doía, não poder dar a você e sua irmã o que vocês mereciam. E hoje, olha só você... deu tudo para mim, o que eu não pude te dar... – ele disse caindo no choro.
O Mauricio correu e abraçou o pai dele o mais forte que ele pode. Todos estavam emocionados com a mensagem. Até curiosos que passavam na rua e alguns vizinhos estavam chorando com as declarações. Eu dei um abraço no seu Francisco e passei o microfone para a minha irmã.
- Bem, o que falar do Mauricio, o Pedro já falou tudo... tenho em você um irmão. Desde que o Paulo morreu, eu fiquei meio sem caminho, e você sempre me incentivou a não largar a faculdade a persistir nos meus sonhos. Acho que sem você a minha vida e a de todos seria vazia. Eu te amo cunhado! – ela disse passando o microfone para os meus pais e correu para abraçar ele.
- Nossa está tão emocionante. – disse a minha mãe. – Mauricio acho que não precisamos te falar o quanto temos orgulho em ter você e sua família fazendo parte da nossa. Eu peço a Deus que sempre ilumine a todos vocês. E te agradeço por tudo o que você fez por nós.
- Hum... você é como um filho para mim. – disse o meu pai segurando as lágrimas. – Nos apoiou em tempo de trevas na nossa família. – disse ele dando uma longa pausa. – Sabe, quando o Pedro falou que era gay, eu fiquei com muita raiva, chorei, amaldiçoei Deus, me martirizei, fui um homem estupido e preconceituoso. Mas vendo o que você já fez por essa família... eu não tenho palavras para explicar. – ele falou abraçando e levantando o Mauricio.
- Eu nunca tive uma família antes... quando eu cheguei aqui todos me receberam de braços abertos. E alguns ficaram preocupados com a minha reação pelo fato de você Mauricio ser o namorado do Pedro. Confesso que no inicio foi estranho... foi como se tudo o que eu tivesse aprendido que era certo... na verdade não era. Mas sabe o que não era certo... a forma como eu pensava... eu nunca vi tanto amor e tanta união na minha vida. E assim como a Priscila falou eu confesso que tenho em você Mauricio um irmão e um amigo. Você me ensinou muitas coisas... a flertar com as garotas. – ele disse rindo. – E principalmente você me ensinou a lutar pelas coisas que eu acredito. Parabéns. – ele disse indo abraçar o Mauricio.
- Bem... eu acho que vou encerrar essas homenagens... – disse a Luciana. – Mauricio eu e a minha família temos um divida eterna contigo... você me salvou... literalmente. Eu poderia ter parado na mão de qualquer médico dessa cidade, mas foi para as suas que Deus me enviou. Eu só te desejo felicidades, amor e muita prosperidade. E agora... e agora... é um... é dois... é três. – ela disse iniciando os parabéns. Enquanto a mãe dele vinha com o bolo.
Todos cantaram alegremente... a rua estava todo de olho... alguns arriscaram a bater palmas e cantar. Sei que outros não concordavam com o nosso estilo de vida, mas naquele momento nada poderia atrapalhar a nossa união. O primeiro pedaço do bolo dele foi dedicado aos pais, e o segundo para mim com direito a beijinho claro. O bolo estava muito gostoso, de resto apenas comemoramos, conversamos e dançamos muito.
No fim da noite estávamos dançando apenas nós dois abraçados. Ele parou e ficou olhando para mim. E me deu um beijo que durou alguns minutos. Eu deitei a minha cabeça no ombro dele e ficamos dançando.
- Sabe o que seria bom?! – ele falou enquanto dançávamos.
- O que? – perguntei sem tirar a cabeça do ombro dele.
- Dar um irmãozinho para o Paulinho. – ele falou acariciando a minha cabeça.
- Adotar outra criança? – falei na mesma posição.
- Não ter um filho... meu... e seu. – ele falou fazendo eu levantar a cabeça.
- Um bebezinho... nosso?! - fale rindo. – Você está brincando? – perguntei.
- Sim... sangue do nosso sangue... prova do nosso amor... não que o Paulinho não seja... ele é tudo na nossa vida... mas quero dar a ele o que eu não tive... uma infância feliz! Quero dar a ele o que você tinha. – ele falou chorando.
- E como faríamos?
- Vou falar com uma amiga minha especialista em fertilização... para saber as nossas opções.
“Mais um filho... realmente com o Mauricio eu não tinha medo de arriscar... sabia que com ele passaria por qualquer tormenta... éramos o que éramos para ser e nada poderia mudar isso... ou poderia?”
*Se vocês curtiram, por favor comentem e votem no meu conto e ajudem a divulgar também para amigos e colegas. Agradeço vocês e boa leitura.
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