O imenso quarto na penumbra era iluminado apenas pela tela de um computador cuja luz refletia diretamente nos belos olhos azuis de uma garota. Nua, cabelos loiros soltos em torno do rosto, corpo esguio e digno de estampar a capa de um catálogo da Victoria’s Secret. Imersa em sua solidão, tinha os relatos eróticos como seus únicos companheiros e amantes nas noites em que seu marido viajava a negócios, o que no caso dela eram quase todas.
Helen era uma jovem atriz no alto dos seus 25 anos. Seus últimos filmes, apesar da boa bilheteria, tiveram quase todas as críticas recaídas sobre ela. Chamavam-na a maioria das vezes de “uma atriz inexpressiva, fria, tão incapaz de mostrar o que sentia quanto talvez, de fato, sentir”. Era casada com Richard: um rico produtor cinematográfico pouco mais velho que ela. Encarregado de escolher as locações de seus filmes pelo mundo afora, eram raras as vezes em que ambos, desde o casamento, conseguiam passar mais de três dias seguidos juntos.
De uma grande janela de vidro que dava para a varanda e para a piscina na mansão situada na Mulholland Drive, próxima ao letreiro de Hollywood, Helen podia ver os arranha-céus iluminados na fervente noite de Los Angeles. Mas nada que acontecia lá fora a interessava. Estava mais interessada nos contos que lia agora. Talvez realmente fosse fria como a chamavam. Gostava de estar sozinha.
Começou, há algum tempo, procurando por histórias românticas, talvez para sentir um pouco do romantismo que não recebia de seu marido. Depois de lê-los e relê-los, este romantismo não a excitava mais. Procurava por algo com mais “sal e pimenta”, depois, histórias mais selvagens. Percebeu que fantasias que antes nunca lhe passaram pela cabeça agora faziam o meio de suas coxas umedecer. Daí em diante, cair por acidente no mundo, apena teórico, é verdade, do sadomasoquismo e não mais conseguir sair de lá, foi apenas ato contínuo. Não via a hora de, na calada da noite, procurar por mais e mais; e quando esta hora se aproximava seu corpo sentia o calor lhe percorrer a espinha e chegar ao seu sexo. Suas mãos tremiam de tesão. A sensação era de que ela estava fazendo “algo errado”: sempre fora uma garota recatada, bem educada, vinda de uma família conservadora. Mas agora estava sendo uma moleca levada e precisava ser punida por isso, desejava ser punida por isso. Mas aparentemente ninguém ali o faria. Então ela apenas imaginava, e entre um cigarro e outro levava sua mão à vagina, com a ponta dos dedos massageava o clitóris, instigava o bico dos seios. Se retorcia na cadeira deixando a imaginação viajar. Dominada, amarrada, humilhada; apenas um pedaço de carne que boazinha e submissa tinha de servir aos prazeres mais cruéis de seu algoz, a mais devassa e perversa puta, assim como as personagens das histórias que lia. Explorava todas as noites os cantos mais recônditos de seu corpo e sua alma, até chegar ao orgasmo, ou, no caso desta noite, até que as batidas na porta a fizessem lembrar que não estava sozinha.
Levantou-se apressadamente com um pouco de raiva por ser interrompida, vestiu o primeiro Baby Doll que encontrou: tão curto que a obrigava a ficar numa posição totalmente ereta para não revelar nada de suas partes mais íntimas. Abriu a porta e por uma fresta viu Katja, sua governanta Húngara: a única pessoa com quem ela dividia a enorme mansão. Pelo tamanho da casa, as vezes até se esquecia que a empregada estava lá com ela.
- Madame Helen, estou indo dormir. Passei para saber se a senhora precisa de algo mais.
Esfregou os olhos com a mesma mão que a pouco repousava no meio de suas coxas, tentando fingir que já estava dormindo quando fora interrompida:
- Não Katja, obrigado. Eu estou bem.
- Ótimo. Boa noite.
Para Helen, definitivamente e sempre, havia algo de estranho no olhar de Katja. Não que ela tivesse medo da governanta, afinal as duas tinham quase a mesma idade, mas de alguma forma a empregada lhe parecia misteriosa. Tinha o jeito típico das garotas do leste europeu que vão para Los Angeles tornarem-se atrizes pornô. Enquanto Helen fazia mais o tipo mignon, de beleza vitoriana e tradicional, Katja, também loira e com penetrantes olhos verdes era um verdadeiro mulherão, do tipo que fazia os homens virarem a cabeça quando passava. Tinha seios fartos, bem maiores que os de Helen. Seus quadris e coxas também eram mais arredondados e volumosos. Até aí, nada que o já conhecido instinto feminino de competição não explicasse.
E assim a jovem atriz voltava para sua solidão e para as historias que a excitavam. Tocava-se, gozava quantas vezes fossem necessárias até se sentir suficientemente cansada e adormecer sozinha na enorme cama de casal. Foi numa destas noites em que os planos reservados para o destino de Helen começaram seu andamento.
Como de costume, dormia sozinha após se masturbar deliciosa e prolongadamente. Sonhava com a história que lera naquela noite: uma garota que, isolada numa casa em meio à neve das montanhas, era surpreendida por um invasor mascarado que a fazia de gato e sapato. Mesmo dormindo excitava-se, seus sucos escorriam pelas coxas manchando os brancos lençóis de linho. Conseguia escutar seus próprios gemidos, fortes e cada vez mais altos. Ofegava, sua respiração entrecortada por um soluço e outro. Gemidos, agora tão claros e reais como seu sonho a acordaram. Enquanto ainda não tinha certeza se estava acordada ou continuava a dormir, jurou que ainda podia escutá-los. Talvez a dose de adrenalina dessa vez tenha sido forte demais, a ponto de agitar seu corpo e tirá-la dos braços de Morfeu.
Esparramou-se na cama. Acordara com um tesão incontrolável. Levou a ponta do dedo médio ao clitóris. Foi quando, surpreendida por um gemido vindo de longe, teve certeza que não mais estava a sonhar. Pensou que talvez estivesse delirando, será que finalmente estava enlouquecendo com tudo aquilo que sua mente ociosa fabricava na solidão de seus aposentos? Ouviu então mais um gemido agudo, provindo de alguém a quem certamente era infligido muito sofrimento, e talvez, prazer. Pensou em Katja: a governanta dormia sozinha na casa de hóspedes que ficava atrás da piscina. Estremeceu quando pensou que podia ser algum invasor como no conto que lera, afinal duas mulheres sozinhas numa casa como aquela seria um prato cheio para qualquer assaltante. Vestiu sua camisola, saiu do quarto e caminhou pelos corredores acarpetados tentando fazer o máximo silencio possível. Se realmente fosse o que ela estava pensando e se já haviam pego Katja, ela seria a próxima. Abriu com cuidado a porta de vidro que saía para a piscina, e em seguida dava na casa de Katja. Viu alguma iluminação dentro dos aposentos da empregada, uma luz baixa, como que vinda de apenas uma luminária. Seu sangue gelava, as palmas de sua mão suavam; não tinha certeza se deveria de imediato ligar para a polícia. Talvez não fosse nada, apenas precisava ver se Katja estava bem e se certificar disso, para em seguida voltar para seu quarto e saciar a excitação com que acordara. Sua curiosidade falou mais alto. Parou em uma das janelas da casa da governanta. Espiou com o máximo de cuidado, não querendo de modo algum ser vista. Sua respiração travou e ela teve que levar a mão à boca e abafar um involuntário grito com a cena que viu.
Na parca iluminação de velas colocadas sobre uma mesa de centro, duas garotas: uma loira, outra morena, faziam-se sexo oral reciprocamente na posição meia-nove. Enquanto isso, Katja, altiva ao lado de ambas, vestia uma lyngerie preta, botas de couro que iam até os joelhos e luvas que chegavam aos cotovelos. Os longos cabelos loiros presos num rabo de cavalo saindo do topo da cabeça. Numa mão o chicote que desferia golpes nas coxas, costas e nádegas das garotas, incentivando-as a realizarem o ato da forma como Katja ordenava. Na outra uma das velas, que despejava cera sobre a pele das submissas meninas que apenas obedeciam aos comandos da governanta de Helen, ignorando a dor e submetendo-se ao prazer de sua agora dominatrix.
Helen pensou ainda estar sonhando. Precisou de longos instantes até se recompor e ter certeza de que tudo era bem real. Não tinha a menor idéia de como lidar com aquela cena. Pensou no mais óbvio: entrar lá e fazer valer sua autoridade de patroa, acabar com aquela cena, demitir Katja, quem sabe até chamar a polícia, e contar tudo para seu marido quando ele voltasse. Não o fez. E também não se enganou: realmente estava com medo do que acabara de ver; na verdade mal podia acreditar. Sempre tivera um certo receio da misteriosa Katja, a empregada sempre com um sorriso irônico no rosto, como se soubesse de algo que Helen não sabe, e se sentisse superior à patroa por esta sua “ignorância”. Ou talvez pelo olhar verde e penetrante, como se por ele conseguisse arrancar todos os segredos mais íntimos de Helen. A bela patroa estava aflita e desorientada. “Como isso é possível? Como tem coragem de trazer essas pessoas aqui e fazer isso em minha própria casa?” Helen não queria simplesmente virar as costas e ignorar aquilo, não conseguia: “droga, essa é a minha casa” – pensou. Mas realmente estava com medo, apavorada na verdade. Talvez uma de suas presunções sobre Katja finalmente fora revelada, e soma-se a isso o fato de que a empregada era maior e mais forte que ela. Ainda mais, as garotas eram três; ela, apenas uma. Imaginou o que aconteceria se tentasse algo, entrar naquela casa e tentar acabar com aquilo, sair correndo e chamar a polícia. Quando pensou no que poderia acontecer após isso, a primeira imagem que lhe veio à cabeça foi das duas garotas amarrando-a naquele quarto cheirando a perfume barato, sexo e velas. E ela indefesa, sem a mínima chance de reação, tendo que se submeter à bizarrices como as que olhava no momento, acabando humilhada por sua misteriosa e agora temível governanta.
Sua cabeça trabalhava à milhas por segundo, porém suas pernas estavam paralisadas como as de uma estátua: uma estátua que usava apenas a camisola que levantava com a brisa da noite, insistindo em fazê-la se sentir ainda mais nua e vulnerável. Ao imaginar a cena dela em meio às garotas e dominada por Katja, o tesão que sentira quando saiu da cama voltou, sorrateiro e não convidado, mas voltou. Isso era algo bem além do controle de Helen. A partir desta hora ela não pensou em mais nada. Apenas assistiu bem quietinha de seu “camarote” o espetáculo que se desenrolava. Não conseguiu afastar o pensamento de que de certa forma já havia sido dominada por Katja, omitindo-se de fazer qualquer coisa a respeito daquilo em sua própria casa. A raiva, porém, agora havia sido dominada pelo tesão, assim como ela também sonhava em ser dominada um dia.
Sentiu-se humilhada por não ter coragem de fazer algo. Sentiu mais raiva de seu marido por nunca estar lá, principalmente num momento como aquele. Foi então que seus devaneios foram interrompidos pela figura de um homem que surgiu das sombras dentro da casa juntando-se às garotas. Escondeu-se, fez o máximo para ter certeza que não seria vista, mas não resistiu. “Então tem mais uma pessoa lá?!” Olhou de novo: um homem alto, com músculo definidos e traçados na típica aparência rústica e grosseira dos homens, imigrantes assim como Katja, que trabalhavam no porto da cidade. Ele abriu o zíper da calça e a abaixou: Helen não conseguia tirar os olhos do pênis que lhe fora revelado, quase o dobro do tamanho do de seu marido. Colocou as garotas sobre um sofá, lado a lado com as bundas empinadas e barrigas sobre o encosto. Penetrou-as vigorosamente, uma de cada vez, arrancando gemidos e orgasmos à frente dos olhos incrédulos de Helen. A bela garota loira, quando deu por si, já estava com a mão direita melada entre as coxas, friccionando seu clitóris cada vez mais rápido. Viu quando ele abandonou as garotas deitadas sobre o sofá e avançou em Katja. Os dois corpos se chocaram numa colisão selvagem, beijando-se, arranhando-se, mordendo-se: a cena de sexo mais brutal que Helen já vira fora da internet. Quando o homem colocou Katja de joelhos e despejou seu sêmen na face da empregada, Helen também não mais conseguiu segurar seu orgasmo. Imaginava-se sendo possuída também por aquele homem, mas era pudica demais para isso: “humilhada, medrosa e agora com inveja. É o que você é, Helen” – pensou, enquanto gozava com os dedos entre as pernas e a mão sobre a boca tentando conter seus gemidos. Quando os longos segundos do delírio sexual de Helen terminaram, ela só pensava que tinha de sair de lá o mais rápido possível. Não tinha idéia de como aquela cena continuaria, pensou que talvez eles a vissem quando saíssem da casa e apenas correu. Ainda desnorteada, acabou caindo sobre alguns aparelhos de jardinagem que um dos empregados deixara durante o dia no jardim, causando um barulho de metais se chocando. Ficou apavorada, o que aconteceria se a ouvissem e a pegassem lá? Tentou levantar-se o mais depressa possível. Percebeu que uma das pontas da camisola ficara presa nas hélices de um cortador de grama. Puxou o mais forte que conseguia, mas pareceu que naquele momento o destino conspirava contra ela. Não conseguiu arrancar a peça de roupa de lá. Desesperada, não teve outra opção: tirou a camisola por sobre a cabeça e correu nua, o mais rápido que podia, até seu quarto. Chegando lá trancou a porta imediatamente. Deitou-se tentando digerir mentalmente tudo o que havia visto. Levou um bom tempo, mesmo exausta, até conseguir dormir de novo.
No dia seguinte, quando acordou, Helen relutou em sair de seu quarto. Não tinha a menor idéia de como agir ou o que falar com Katja agora. E apenas as duas continuavam na mansão. Seu mero receio agora se transformara num medo certo e concreto que tinha da governanta. Todas as fantasias que ela apenas sonhava em realizar, sua empregada punha em prática ali mesmo, bem debaixo de seu nariz, em sua casa. Tentou ligar para Richard, mesmo sem ter idéia do que ia dizer: o celular estava fora de área. Foi quando ouviu as batidas na porta. Batidas que soaram como explosões em seus ouvidos e fizeram seu coração acelerar. Trêmula, teve que fazer o possível para vencer o medo. Enrolou-se sem pensar no lençol que dormia e caminhou fatidicamente até a porta. Abriu-a. Era Katja; o mesmo sorriso, o mesmo olhar. Helen teve vontade de encolher-se, chorar, se render e contar tudo para a empregada. Não sabia se era forte o suficiente para guardar esse segredo. As palavras estavam em sua garganta prestes a explodirem pela mandíbula que tremia no belo rosto da atriz. Katja, com uma bandeja na mão, apenas disse:
- Madame, a senhora não desceu. Eu trouxe o café aqui.
Helen engoliu em seco, tentou manter a postura de patroa. Porém, nem de perto estava no comando de qualquer coisa lá:
- Obrigado Katja, estou sem fome hoje. Acho que vou ficar por aqui e...
- Nada disso! – interrompeu Katja.
Helen virou-se com um olhar amedrontado. Sua pressão caiu a ponto dela quase desmaiar. “Katja está impondo coisas agora dentro do meu quarto?” – pensou. Enquanto a empregada continuou:
- Nada disso!...não vou deixar uma bela atriz como a senhora não se alimentar direito. Vou deixar a bandeja sobre a cama. Se precisar de mais alguma coisa, estarei na cozinha.
Helen se acalmou um pouco ao ouvir o restante da frase. Tirou do rosto os cabelos bagunçados de quem acabara de acordar e sentou-se na cama. Katja, ao invés de virar as costas e sair, continuou olhando-a, causando espanto e mais medo em Helen quando a empregada caminhou até a patroa.
- A senhora parece um tanto transtornada. Não teve uma noite muito boa?
Helen se segurou para não dizer nada, mas pensou “claro que não tive uma noite tranqüila, maldita. Você e seus amigos estavam fazendo uma orgia na casa da minha piscina”. Mas conseguiu manter a pose de dama. Quando finalmente ia tentar falar algo sentiu ambas as mãos de Katja repousarem sobre seus ombros. As mesmas mãos sujas e devassas que na noite anterior açoitavam as meninas e manejavam o pênis do homem que transou com todas elas. Mãos que fizeram Helen se arrepiar com a onda de choque que percorreu todo seu corpo.
- Olhe como você está tensa, Helen. Me conte o que aconteceu. – dizia Katja enquanto com as pontas dos dedos massageava a nuca da patroa. Helen começava a sentir a mesma sensação ambígua que sentira na noite anterior: queria arrancar as mãos de Katja de seu corpo e esbravejar de um modo que nunca fizera, ensinando a empregada a ter-lhe algum respeito. Pensou: “ela disse ‘você’. Nem de senhora mais me chama”. A outra parte da indecisa atriz queria se entregar de vez e implorar para Katja possuí-la. Ajoelhar-se, beijar-lhe os pés e dali em diante ser uma das putas de Kátia como as duas meninas que vira no bizarro e noturno espetáculo.
- Olha, Katja; eu só quero dormir mais um pouco. Estou cansada e...
- Tudo bem. Vou deixá-la aqui. Se precisar de mim estarei na cozinha.
- Ok. Se precisar eu chamo. – disse Helen, de novo sendo interrompida:
- Madame, só mais uma coisa: - disse Katja tirando de um cesto de roupa a camisola que a patroa deixara no quintal durante a fuga. – encontrei isso no jardim hoje de manhã. Não sei como, mas a senhora deve ter esquecido lá.
O rosto de Helen enrubesceu. Ela queria apenas se afundar nos lençóis e não precisar mais olhar para Katja, de preferência nunca mais. Agradeceu quando a governanta entregou-lhe a camisola, fingindo que também não tinha idéia de como fora parar lá. Porém, naquele momento, seu lado submissa sempre latente e até então controlado a duras penas, começava a latejar na sua cabeça e no interior de suas virilhas como que dissesse: “vamos, siga em frente! Vamos ver até onde vai a toca do coelho”. Ela sempre conseguira manter seu lado de dama impondo-se sobre este. Agora, pela primeira vez, o lado puta começava a dar seu reverse e aflorar para a vida real.
Pela primeira vez as fantasias de Helen estavam na iminência de ultrapassarem a tela de um computador. E até o momento, ela estava disposta a lutar contra isso e reprimir esses impulsos, fosse da maneira que fosse. Tentava se concentrar no fato de que tinha uma vida perfeita. Era linda, tinha dinheiro de sobra, casara-se com um homem que era desejado por várias mulheres; não tinha porque arriscar tudo com essa estúpida fantasia que a inquietava. Pobre menina: mal sabia que impulsos naturais não se reprimem, não há como brigar com a natureza; apenas se tenta controlar os danos da melhor maneira possível. Se você não pode com um adversário, una-se a ele. Decidiu que naquela manhã, enquanto Katja estaria ocupada preparando o almoço, ela iria até a casa da piscina e veria de perto, bem de perto, como era lá dentro. Como a casa estaria após a “bagunça” e depois dos convidados de Katja irem embora. “Só por curiosidade” – pensou.
Vestiu seu biquíni e apanhou uma toalha no armário do closet. Seu disfarce seria um inocente banho de piscina naquela bela manhã de sol. Desceu as escadas cuidadosamente. Viu de relance a silhueta de Katja na cozinha. Teve certeza que no resto da manhã ela estaria ocupada demais para bisbilhotá-la. Saiu certa de não ter sido vista. Chegou à piscina, estendeu sua toalha, deitou-se de bruços verificando o terreno e não conseguindo tirar os olhos do cômodo onde havia acontecido a festa na noite anterior. Quando teve certeza que estava sozinha ali, levantou-se e adentrou a casa. Ficou abismada com o que viu.
Logo após a sala, que ainda continuava com uma aparência normal, estava o quarto onde dormia Katja; o exato oposto. Na parede, prateleiras com diversos tipos de consolos e vibradores, das mais diversas cores e tamanhos. Chicotes, tanto do tipo de cavalgada quanto com pontas de couro ramificadas. Dentro das gavetas, lyngeries, peças de látex, tubos de gel lubrificante, bolinhas tailandesas e plugs. E o mais assustador: no fundo do quarto, ao lado da TV, uma pequena jaula semelhante às usadas para se transportar animais em aviões. Seu tamanho era suficiente para no máximo uma pessoa, duas talvez, muito desconfortavelmente, e acima da portinhola um pequeno letreiro que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem. Dizia: "Helen"; como se em breve ela fosse se tornar a cadela que ocuparia aquela morada.
Estava em choque, boquiaberta com a sensação de estar dentro de um pesadelo. Queria sair dali o mais rápido possível. Até daquela casa. Ir para o mais longe possível de Katja. Deu dois passos para trás ensaiando o impulso de sua fuga. Sentiu seu corpo trombar com algo que a fez gritar. Virou-se amedrontada e viu a imponente Katja a olhando, desta vez sem o sorriso irônico e com um olhar mais sério do que de costume, que disse:
- Bom dia Helen. Vejo que arranjou ânimo para sair do quarto.
-Ka...Katja, o que significa tudo isto?
- Significa que seus sonhos estão prestes a se tornar realidade, Helen.
A resposta veio como um soco na boca do estômago da garota. Katja estava na frente dela bloqueando a porta caso Helen tentasse fugir, olhando-a de cima a baixo.
- Você é louca, me deixe sair daqui! – disse Helen tentando passar por Katja e sair dali, sem sucesso.
A empregada pegou um dos braços da patroa com as mãos firmes de quem está habituada ao trabalho doméstico. Sem grande esforço conseguiu colocá-la encostada na parede, prensando seu corpo e colocando uma das coxas entre as pernas de Helen, tornando-lhe difícil qualquer movimento.
- Acalme-se Helen. Esperei muito tempo por esse momento, e agora vou conversar com você, por bem ou por mal. – disse Katja, mantendo a mesma aparente serenidade.
- Me solte, ou eu vou gritar!
- Quem você acha que vai te ouvir? A casa mais próxima fica a quase uma milha daqui. E hoje é sábado, não há nenhum empregado a mais na casa. Ninguém, além de mim e de você.
Vendo que realmente teria poucas chances de sair dali a não ser implorando, Helen apelou a este ultimo recurso. Abaixou o tom de voz e disse:
- Tudo bem, Katja. Eu só quero sair daqui. Por favor, não me machuque. Você pode continuar a colecionar seus brinquedos, ou sei lá como se chama isso. Pode continuar a fazer suas festinhas como a de ontem quando estivermos só nós duas na casa. Eu prometo que não saio do meu quarto quando isso acontecer, e nem conto nada para o Richard, mas, por favor, não me machuque.
As súplicas da jovem e frágil moça apenas deixavam Katja mais excitada. Esta então tomou as rédeas da situação de uma vez por todas.
- Me escute com atenção, e nada demais vai acontecer com você. Pensa que eu não te vi ontem espiando a nossa festinha, Helen? Gostei do show que protagonizou sozinha lá fora, pela sua carinha tenho certeza que gozou. Você foi uma moleca levada, Helen, e uma das regras do nosso clube é: se olhou, tem que participar.
- Katja...por favor...não. O que mais você quer de mim?
Helen, pasma, já percebia que a história assumia cada vez mais o contorno dos contos que lia. Uma das coisas que pouco entravam em sua cabeça era como naqueles relatos as vitimas cediam ao algoz com tamanha facilidade. Ela sempre imaginou que, se em uma situação destas na vida real, lutaria com todas as forças para escapar. Porém, ali, na situação presente pintada em todas as suas cores vivas e nuances, viu como era um pouco mais complicado do que pensava. A presença imponente e ameaçadora de Katja, maior que ela, invadindo seu espaço pessoal e quebrando de vez a relação patroa/empregada, impunha-lhe uma sensação de estar dominada física e psicologicamente. Katja então olhou no fundo dos seus olhos, segurou-a pela nuca aproximando a boca da sua, e deu sua cartada final, com voz alta, firme e impositiva:
- Escute com atenção, Helen. Acha que eu não sei o que você faz todas as noites sozinha no seu quarto? Que eu não sei qual tipo de literatura é a sua preferida? Estou sondando você desde que cheguei nesta casa: sua voz trêmula, seu jeito de agir, sua respiração difícil quando está perto de mim. Ver sua reação se identificando com a imagem de uma garota submissa e entregue foi apenas o toque final, o suficiente para perceber como você seria uma presa fácil para a minha armadilha.
- O...O quê?
Katja gargalhou balançando sua cabeça para trás com a desajeitada resposta de Helen, e respondeu num tom de voz agora extremamente autoritário, de quem não admitiria questionamentos:
- Olhe bem nos meus olhos, menina. Talvez seja a última vez que eu deixe você fazer isso na sua vida. – Helen obedeceu sem pensar. Era um olhar que fazia sua alma gelar. – Estes são os olhos de quem enxerga todas as suas fantasias mais íntimas, e vai te obrigar a entregá-las todas para mim, independente do quão humilhante isso seja para você. A partir de agora eu domino seu corpo e sua alma, e somente eu digo o que você deve pensar, fazer e gostar. Tudo aquilo que até agora você chamava de “sua vida” a partir de hoje será dedicada a realizar meus prazeres, caprichos e vontades, como nas suas fantasias. Você é minha e eu sou sua dona, e exijo a partir de agora ser chamada de “senhora”. Será que eu fui suficientemente clara para você?
Naquele momento a cabeça de Helen entrava em ebulição. Seu lado dama orgulhosa, pudica e recatada lutava com as últimas forças contra seu outro lado que desejava a submissão. Pela maneira como encarava suas fantasias sabia que esta seria uma decisão sem volta, talvez a última vez em que decidiria alguma coisa, algo que representaria o fim de todos os seus orgulhos, preconceitos, luxos, vaidades e frescuras. Conseguindo ver apenas um caminho após o claro e disciplinador discurso de Katja, respondeu balbuciante e com olhar assustado:
- Sim...senhora.
A vitória de Katja foi selada naquele momento, e também a partir dali seu domínio total e absoluto sobre a bela e indefesa Helen. A ex-empregada, agora dona de sua ex-patroa abriu então um sorriso como Helen nunca vira antes. Para a algoz, tomar posse da frágil garota não era sequer uma conquista; era apenas a ordem natural. Aos poucos cada coisa vai tomando seu devido lugar. Prensou mais uma vez seus fartos seios sobre os de Helen e carinhosamente beijou-lhe a boca.
- Tire esse biquíni, fique de joelhos e entregue-o em minhas mãos. A partir de hoje esse será o seu quarto quando o Richard não estiver aqui. Quando ele chegar, veremos o que acontece. Você só poderá usar os acessórios que estão aqui, e que sempre serão escolhidos por mim. Eu estou de mudança para o seu quarto. A partir de agora todas as suas roupas, sapatos e jóias são meus, para eu usar como e onde bem quiser, entendeu?
- Sim senhora – respondeu a nova escrava de cabeça baixa, já se pondo de joelhos e desamarrando os cordões do biquíni. Pela primeira vez ficara completamente nua na frente de Katja.
- Está vendo aquelas sandálias ao lado de cama? Vá pegá-las. Rastejando, como uma cadela, e me traga-as em sua boca. Vou começar te disciplinando por você ter sido tão enxerida ontem à noite.
Helen não fazia objeção a mais nada. Obedeceu sua nova dona automaticamente após a ordem e entregou-lhe as sandálias.
- Boa menina! Agora, deite-se de bruços na cama!
Katja sentou-se ao lado de Helen. Colocou um travesseiro sob os quadris da escrava deixando as nádegas bem empinadas. Apalpou-lhe o traseiro, primeiro com leves carícias, depois apertando com força cada um dos glúteos e deixando a marca de seus dedos na pele branca. Em seguida começou o castigo. Trinta golpes bem dados, intercalados por gemidos e, ao fim, por lagrimas correndo no rosto de Helen, tanto pela dor quanto pela humilhação. Ela, porém, começava a excitar-se com a figura imponente e poderosa de Katja segurando o calçado levantado. Após a surra, a vermelhidão na pele da bunda e das coxas agravou-se. Provas irrefutáveis de um castigo bem dado. Katja então ordenou que Helen fosse até seu quarto e trouxesse o frasco de um de seus finos e caros cremes hidratantes. A garota foi o mais rápido que pode. Chegando lá olhou-se de costas no espelho que ficava ao lado da porta e tomava toda a parede. Só então se deu conta do estrago que sua nova dona fizera em sua pele. Porém não podia se deter ali: aceitou o castigo como uma obediente criança consciente de que havia cometido uma arte e correu de volta para a casa da piscina. Se demorasse mais, provavelmente apanharia mais.
Lá chegando entregou o frasco para Katja. Esta deitou Helen em seu colo, de novo com as nádegas para o alto, e surpreendentemente carinhosa, derramou e espalhou o creme refrescante sobre as carnes de sua presa, em seguida massageando-a com uma habilidade que deixou Helen molhada. A cruel governanta, percebendo isso, não parou por aí: com a ponta dos dedos estendia a massagem ao redor da vagina e do ânus de Helen, fazendo uma certa pressão mas sem penetrá-la. Viu a respiração de Helen acelerar e ela morder seus lábios. O tesão agora estava estampado em seu rosto. Não demorou até que gozasse nos hábeis dedos de sua proprietária. O castigo pelo orgasmo sem autorização veio de imediato. Helen teve que chupar e lamber cada dedo de Katja até que a última gota dos seus sucos fosse sugada.
- Você está se saindo bem, Helen. Aprendeu bem a teoria na internet, agora está vivendo a prática. Imagina se seu marido soubesse destas suas fantasias. E se soubesse do que começamos hoje aqui? – a mera chance de isso acontecer deixava Helen apavorada. Mas não respondeu. Manteve a cabeça baixa, confiando que Katja saberia o que era melhor para ela e guardaria segredo. E esta continuou:
- Agora vá preparar o almoço! Quero você cozinhando nua para mim, como está agora. Estarei na piscina e não quero ser incomodada até que a comida esteja pronta.
Katja então vestiu o biquíni que até a pouco pertencia a Helen, enquanto esta rumou à cozinha para realizar os deveres que sua dona lhe passara. Sentia-se estranha, como se tivesse ultrapassado uma barreira onde poucos têm coragem de ir. Algo que de certa forma a comprometeria para o resto da vida. E não conseguia deixar de se excitar com isso. Cozinhar sem roupa nenhuma era uma de suas fantasias que ela nunca colocara em prática. Fez o melhor que pôde ao preparar o almoço de Katja, ansiosa por agradar sua dona e por saber se o seu melhor seria suficiente para ela.
- Senhora, o almoço está servido.
Katja foi almoçar mais concentrada em procurar motivos para punir Helen. Mandou-a pegar uma garrafa de vinho na adega. O Château Mouton-Rothschild que ela havia trazido da França. Inspecionou cada detalhe na cozinha enquanto isso. Quando viu dois pratos colocados à mesa, arranjou seu pretexto:
- Diga, Helen: você conhece alguma cadela que coma na mesma mesa junto com sua dona?
- Me perdoe, senhora. É que...
- Cale-se. Você sabe que esse seu atrevimento vai ter conseqüências, certo?
- Sim, senhora. – respondeu a escrava cabisbaixa.
- Agora ajoelhe-se de frente para a parede, com os braços cruzados nas costas. Depois do almoço eu decido o que fazer com você.
Helen obedeceu, e não saiu de sua posição até que Katja a permitisse. Quando terminou de comer, permitiu que a submissa também se alimentasse. Porém, apenas com os restos do que a dona deixara. No mesmo prato e com os mesmos talheres que ela havia acabado de usar. Não permitiu que Helen bebesse o vinho. Apenas água, de torneira.
- Esta talvez seja a última vez que te deixo comer na mesa. Se você não começar a fazer por merecer este privilégio, na próxima coloco sua comida num pote para os cães, no chão e sem talheres. Vou levar a garrafa de vinho até meu novo quarto e estarei te esperando lá, assim que você terminar de lavar toda a louça e arrumar a cozinha.
Helen fez seus deveres com a mesma devoção com a qual preparara o almoço. Ao longo da tarde, parecia que uma eternidade se passara desde que aceitara se submeter aos mandos e desmandos de Katja. Seu corpo parecia estar moído pelo cansaço. Mesmo já tendo feito rígidos treinamentos para os papéis em filmes de ação e tendo um corpo moldado nas aulas de ioga, só queria agora esparramar-se em sua grande cama e recuperar as forças, por a cabeça no lugar para pensar em tudo o que havia acontecido. Mas a cama não era mais sua: nesse momento Katja devia estar deitada lá, bebendo seu vinho, assistindo sua TV, e quem sabe acessando o histórico de seu computador e vendo os contos lidos por Helen para em breve nela aplicar os mesmos suplícios. Mas ela não tinha idéia do que aconteceria assim que acabasse suas tarefas. Ela não possuía mais vontades. Tudo dependeria da criatividade de Katja. Que muito provavelmente não seria piedosa.
Assim que terminou Helen subiu ao quarto, apreensiva por não saber o que a esperava. Encontrou sua dona nua, deitada na cama que antes era sua, ainda bebendo o vinho. Katja mandou que ela se deitasse. Pensou que finalmente teria alguns momentos de descanso. Ledo engano. A algoz ajoelhou-se sobre o rosto da escrava colocando a vagina próxima a ele, de uma distância que ela podia sentir o aroma da excitação de Katja. Helen estava mais tensa do que nunca. Jamais havia transado com outra mulher, exceto em suas fantasias, e até um dia atrás sequer cogitava realizar isso.
- Perdoe-me, senhora. Eu...eu, não sou lésbica.
Seu atrevimento fora imediatamente repreendido com um tapa no rosto.
- Então será um prazer ser a sua primeira e te iniciar, Helen. Uma escrava não tem opção sexual. Você tem que saber dar prazer para homens, mulheres e para quem eu bem entender. Você vai aprender agora que a cada vez que você hesitar a cumprir uma ordem minha um novo castigo será adicionado. Após uma boa sessão me chupando tenho certeza que não só você aprenderá a se sentir feliz com o meu prazer, como sua língua trabalhará bem melhor.
Após a repreensão, Katja pegou um pequeno plug que havia trazido de seu quarto. Untou-o com sua saliva, levantou as pernas de Helen e vagarosamente introduziu-o no ânus da garota. Quando ela conseguiu acomodá-lo inteiro, deu-lhe dois tapas no traseiro e completou:
- Pronto, está bem preso. E nem pense em tirá-lo daí.
Ordenou que Helen colocasse a língua para fora e de inicio encostasse a ponta no seu clitóris. Em seguida montou no rosto da submissa e segurando-a pelo cabelo esfregava a vagina ao longo de toda a extensão da língua. Pela primeira vez Helen sentia o sabor de uma vagina. Tentou levar as mãos ao seu sexo e masturbar-se, mas foi impedida por Katja, que segurou seus braços: “nada de prazer para você essa tarde, minha puta”. Mas isso era o de menos. Katja rebolava em sua face, se contorcia de um modo que Helen mal podia respirar. Teve orgasmo atrás de orgasmo sem dar absolutamente nada em troca, como se Helen fosse apenas uma máquina de chupar. Quando levantou-se, a aparência da escrava não era das melhores. O rosto “amassado” e lambuzado pelo sucos íntimos de Katja. O espírito destruído. Katja realmente sabia como quebrar uma mulher antes segura e orgulhosa. Colocou Helen de quatro sobre a cama e retirou o plug do ânus, apenas para colocar no mesmo lugar um vibrador bem maior, penetrando com dois dedos a vagina de Helen e humilhando-a mais.
- Olha como entra fácil! Que delícia saber que a madame pudica e recatada já é bem rodada na porta de trás! Esse seu buraquinho nunca mais será o mesmo depois de experimentar meu maior consolo.
Ao fim da tarde Katja levou Helen para dar lhe um banho. Era uma exceção deixá-la agora usar o chuveiro da suíte. Ou como ela própria dizia: “-Cadelas tomam banho no quintal’. Embaixo da água quente possuiu Helen de todas as formas. Abraçava-a, apertava e beijava seu corpo todo, cravando-lhe as unhas e os dentes em várias partes daquela pele alva. Mesmo assim a escrava considerou o banho revigorante. Logo mais a noite teria um coquetel com seu empresário e alguns produtores em um badalado restaurante da cidade. Não imaginou que Katja a proibiria de sair e a deixaria confinada na casa. Não na casa grande, mas na pequena casa da piscina onde tudo começara. Não apenas trancada lá, mas também proibida de ver e receber qualquer pessoa que não fosse previamente autorizada por Katja. Helen implorou: disse que era um compromisso profissional importante. Não conseguiu sensibilizar Katja mesmo fazendo sua interpretação com olhar de cachorrinha abandonada. Helen foi quem acabou dobrada. “-você terá outras noites para fazer isso. Nesta, você fica aqui”. Resignada, Helen aceitou.
Ao sair do banho Helen teve de secar com uma toalha o corpo de Katja, do pescoço aos pés, os quais teve de se abaixar e esfregar dedo após dedo. Foram para o closet. Ambas nuas, em frente ao espelho, enquanto Katja tirava dos suportes cada vestido de Helen e colocava-os a frente do seu corpo, em seguida atirando-os na cama com ar de desinteressada. Até que achou um que a agradou. Chanel, preto com alças nos ombros e um decote generoso. O comprimento caía pouco acima do joelho. Era o vestido preferido de Helen. “-Vai ser esse mesmo!” – exclamou Katja quando o viu. Escolheu uma das lyngeries de marca de Helen e pegou um sapato entre as centenas que havia naquele cômodo. Helen ajudou a vesti-la e maquiá-la, enciumada mas calada, vendo seus pertences tão pessoais caírem perfeitamente no corpo de outra mulher. Imaginou que tudo aquilo seria apenas uma curiosidade de Katja, que jamais teria chance de provar acessórios tão caros como aqueles. Amarrou as tiras do sapato nos pés da nova patroa da casa, com os saltos ela ficava ainda mais alta, parecendo um monumento. Por fim, Katja escolheu uma gargantilha de ouro adornada com esmeraldas em uma das caixas e vestiu-a no pescoço.
- Então, como estou?
- Está linda, senhora. – respondeu Helen, transbordada de emulação mas também de sinceridade.
- Ótimo! Vou te trancar na casa da piscina até eu voltar. Não me espere acordada!
- Como assim? Desculpe senhora...mas...a senhora vai sair? Com as minhas coisas?
Katja olhou para Helen com o olhar raivoso de quem não suporta a ousadia daquele questionamento.
- Sim! Vamos ter problemas com isso, pequena Helen?
- É que...digo..não! não senhora. É que quando a senhora disse que eu teria de ficar em casa eu pensei que...
- Não pense! Apenas obedeça! E sim, você vai ficar em casa! Vai me esperar quietinha até eu voltar. Se eu voltar acompanhada e quiser te usar, te chamo. Entendeu?
- sim, senhora. – respondeu Helen humilhada e indignada, mas ciente de que não teria como mudar isso.
- Pelo seu atrevimento, o castigo será exemplar. Para você aprender de vez a não mais discutir as minhas ordens. Sua única diversão todas as noites é se masturbar lendo suas historinhas, certo? Pois nessa noite você vai me esperar usando isto.
Pegou uma peça metálica, também trazida de seu antigo quarto. Uma armação de aço que envolveria a vagina de Helen não permitindo qualquer contato. Era como um tapa-sexo, exceto pelas duas alças laterais, também metálicas, que passariam em volta da cintura prendendo firmemente o aparelho ao corpo de Helen. A garota nunca havia visto um daqueles. Seus olhos brilharam assustados. Por que Katja seria tão cruel a ponto de lhe tirar o único prazer que ela tinha ultimamente? Mas não havia tempo nem paciência para perguntas. Enquanto Katja recebera uma gargantilha de ouro de Helen, esta recebeu em troca o frio objeto metálico que impedia qualquer acesso ao seu sexo. Toda sua libido e demais sensações também pertenciam a Katja agora. Era desesperador saber que ela estaria sozinha, presa na pequena casa da piscina a noite toda sem sequer poder saciar seu tesão.
- Tente se tocar agora, escravinha!
Helen tentou. Não havia como. A sensação de agonia era intensa. Entre a pele e o metal não ficava nenhum espaço sequer para ela tentar em meio ao desespero. “- A partir de agora o único prazer de sua vida será o meu Helen. Você não precisa ser forte, mas o cinto com certeza é” – foram as palavras de Katja antes de trancar Helen na pequena casa, sem computador, telefone e roupas. Pegou a chave do Lexus IS200 da ex-patroa e saiu para a noite que começava. De seu novo quarto Helen imaginava a abusada Katja indo para as bizarras festas nos clubes underground da cidade, lugares freqüentados por atrizes pornô e astros do rock, onde com seu carro e suas roupas ela dançaria, beberia, se esfregaria com homens e mulheres e quem sabe chegasse até a transar ali mesmo. Enquanto a jovem atriz estaria lá; trancada, cativa, sem sequer poder se masturbar. Seu tesão aumentou pensando nisso, tentou colocar a mão dentro do cinto desesperadamente, até machucar as pontas dos dedos. Frustrou-se. Contorcia-se de tesão, quase subia pelas paredes. Quando aceitou que não haveria escapatória, se deitou na pequena cama de solteiro e chorou sozinha.
Cada segundo durou uma eternidade naquela noite. Não negava para si mesma que sentia prazer sendo submissa para Katja; uma mulher sem os mesmos modos, o mesmo refinamento e a mesma classe que ela. Porém, esse fora o castigo mais severo que sua dona lhe aplicara, que ela sequer imaginava que aconteceria. Tentava a todo custo não pensar em sexo. Onde estaria agora seu marido Richard? Será que ele apareceria de surpresa e a livraria desse suplício? Quanta ingenuidade. Ele sequer sabia o que ela havia passado nas últimas horas. Tentou dormir. Quando pegava num sono leve acordava assustada, como se seu coração fosse sair pela boca, ainda sem ter se acostumado ao pequeno quarto, tão diferente do seu antigo na casa grande. Teve muito tempo para pensar. Não havia mais nada a fazer ali, pensou ela. Exceto quando olhou para os armários fechados no cômodo, ainda dos tempos em que quem o ocupava era Katja. Resolveu explorá-los sem se preocupar com os castigos que poderiam vir como conseqüência disso. Afinal, nada poderia ser pior do que o que ela estava passando agora. Encontrou perfumes baratos, lyngeries sem nenhuma grife tipicamente usadas por mulheres vulgares para provocar. Olhou então para os sapatos. Velhos, surrados. Quantas vezes aqueles saltos já não teriam pisado e esmagado corpo e alma de garotas como ela que caíram nas garras de Katja. Imaginou que o corpo de sua dona já estivera recheando todas aquelas roupas. Excitou-se com isso, mas agora a excitação só a trazia dor. Respirou, tentou manter seu auto-controle. Não resistiu. Do mesmo modo que Katja havia tomado posse das suas roupas, Helen inverteria os papéis, sem o conhecimento da dona, claro, e experimentaria as dela. Graças ao cinto, não havia como vestir uma calcinha ou qualquer peça mais justa. Escolheu então uma saia de látex, apertada, e com uma certa dificuldade conseguiu colocá-la. Calçou um dos velhos sapatos de salto. Ficaram apertados demais em seu pé, mas ela não se importou. Sobre os seios um minúsculo top roxo, extremamente fora de moda, o que a deixava mais ainda com a aparência de prostituta barata. Maquiou-se com os produtos de baixa qualidade que Katja tinha. Passou um forte batom vermelho e sombra escura ao redor dos olhos. Viu-se no pequeno espelho do banheiro: pasma, notou que estava a prostituta mais devassa e deplorável que já tinha visto. Uma garota que pelo cais do porto faria qualquer coisa por dez dólares. A saia mal cobria sua bunda, chegando a levantar a cada movimento dela. Dançou sem nenhuma música, rebolou, imaginou Richard e todas as pessoas que ela conhecia, e que a consideravam uma garota respeitável, vendo-a daquele jeito. A cada movimento de quadris o metal frio tocava sua vagina. Pegou outra das sandálias de salto de Katja, tipicamente usada por strippers. Por um irresistível impulso levou sua língua à ponta da frente do calçado e passou-a por toda a extensão. Em seguida chupou os saltos, engoliu-os, imaginando que ainda estavam no pé de sua dona Katja. Beliscou o bico de seus seios, única parte sensível de seu corpo que ela conseguia tocar. Assim passou o restante da noite, numa experiência surreal, beirando a loucura, como se o universo a mandasse o recado de que ela própria não mais se pertencia, mas sim a Katja. Até que finalmente conseguiu pegar no sono.
Logo às sete da manhã Helen sentiu a ponta das unhas de Katja arranharem levemente seu rosto. A nova patroa acabara de chegar de sua balada. Acordou num pulo. Não teve tempo de dizer nada. Apenas ouviu de sua dona:
- Eu ia jogar um copo de água gelada no seu rosto, mas não quis estragar a maquiagem da putinha.
Envergonhada, tentou se explicar:
- Senhora, me desculpe...eu...eu..
- Silêncio! – no exato momento Helen calou-se, foi colocada em pé por Katja, que andava ao redor de seu corpo, a maquiagem borrada após o sono a deixava com uma aparência ainda mais lamentável. – Você está ótima assim. Parece um urso panda que resolveu virar puta! Acho que finalmente está descobrindo quem realmente é. Vista agora um espartilho e um avental, será o uniforme de empregada perfeito para você. E ah, já ia me esquecendo – emendou Katja despindo-se do vestido, dos sapatos e da lyngerie – Vá lavar estas roupas! Foram muito bem aproveitadas, e a noite foi bem intensa.
- Sim senhora.
- Na pia! Nada de usar máquina de lavar, entendeu?!
- Como a senhora quiser.
No pequeno tanque, Helen sentia o cheiro de sexo, cigarro e bebidas se desprenderem de seu vestido caro. Notou algumas manchas brancas na parte de baixo, próxima às coxas. A calcinha também estava impregnada com as mesmas manchas e o mesmo odor. Pensou que talvez fosse o esperma do mesmo homem que ela vira transar com Katja na noite que espiou a orgia em sua casa. Isso aguçou seu tesão. Tocou os pontos brancos na roupa, levou os dedos à boca. Não resistiu, com a própria língua tentava tirar as manchas do vestido. Chegava o ofegar de excitação fazendo isso. Imaginou que sua vagina devia estar ensopada dentro da fria prisão de metal. Colocou dentro de sua boca a calcinha que Katja usara, fechou os olhos como se degustasse uma iguaria após um longo período de jejum. Sua saliva de escrava agora tinha a honra de misturar-se aos odores de Katja e às manchas deixadas pelo homem desconhecido.
Enquanto Katja dormia para se recuperar da noite, Helen estava sobrecarregada pelas tarefas domésticas. As ordens foram bem claras: “ –Não faça nenhuma burrada enquanto eu estiver dormindo, ou vai se arrepender”. Ela entendeu o recado. Após preparar o almoço assim que a nova dona da casa acordou, Helen passou a tarde entre castigos, humilhações, açoites, e fazendo sexo oral em Katja inúmeras vezes.
Ao fim da tarde do segundo dia Katja finalmente retirou o cinto que aprisionava a atormentava Helen. Levou-a para mais um banho e disse em tom imponente:
- Essa noite você vai sair comigo! Vou preparar você da maneira que eu quero.
A notícia caiu como uma bomba para Helen: O que poderia vir depois de tudo o que ela passara na noite anterior? Será que Katja iria prostituí-la? Transformar-se em sua cafetina ganhando dinheiro com o corpo dela? Quantos homens não pagariam a quantia que fosse para transar com uma atriz famosa como ela? Seria um escândalo imenso, a ruína de sua vida e de tudo pelo qual ela duramente trabalhara. As hipóteses que passavam pela cabeça de Helen a deixavam cada vez mais inquieta.
Para surpresa da escrava, a dona começou a produzi-la de uma maneira até elegante, exceto pelo fato de proibi-la de usar calcinha naquela noite, como desculpa para não marcar o vestido. Um vestido refinado, dos que antes pertenciam à Helen; comportado, mas que permitia um vislumbre de suas formas e de sua beleza. Maquiagem discreta, apenas retocando o já belo rosto. Para completar, um fino sapato de salto alto e cabelos soltos. Katja também estava deslumbrante, outra vez com as roupas e jóias de Helen.
O caminho foi indicado por Katja enquanto Helen dirigia. Tentava se manter calma, apesar de saber que para as surpresas que sua dona lhe preparava os limites eram bastante incertos. Pegaram a auto-estrada até sair da cidade e estarem na área rural após os subúrbios. Chegaram a uma grande casa de fazenda, já tendo que tomar para isso uma estrada de terra. Helen viu o belo jardim de eucaliptos e os pilares em estilo grego que adornavam a entrada da mansão. Pararam logo em frente à escada que dava para a grande porta principal. Ao lado de seu carro Helen pode ver apenas uma limusine preta com os vidros escuros estacionada. Katja a conduz até a porta. Toca a campainha e segura Helen pela cintura em frente à entrada, por trás de seu corpo, como se fosse uma vendedora querendo mostrar a mercadoria imediatamente assim que o dono da casa aparecesse.
Helen teve que puxar fundo o ar para seus pulmões quando a porta se abriu e ela reconheceu o homem que vira em sua casa naquela noite, transando com as garotas e com Katja. Ele, usando terno risca de giz com os dois primeiros botões da camisa abertos, apenas sorriu para as duas e disse:
- De perto ela é ainda mais bonita, Katja. – Pegou Helen delicadamente pelas mãos e completou: - Entre! Hoje você não precisa ficar espiando pela janela.
As bochechas de Helen coraram ao ouvir isso: “ele também sabe” – pensou.
Entraram em uma grande sala com várias poltronas, quadros e outras obras de arte ao redor, e longas cortinas escuras ao fundo. Parecia o cenário de um filme de mafiosos dos anos 30, pensou Helen. O nome do homem era Klauss, “senhor Klauss”, como ela foi ordenada a chamá-lo. Serviu algumas bebidas para as garotas depois que estas se acomodaram em uma poltrona. Katja mandou Helen levantar-se e ceder o lugar que ocupava para Klauss. Ela obedeceu prontamente, e quando ia sentar-se em outra poltrona foi duramente repreendida por Katja:
- Sente-se no colo dele!
Helen acatou a ordem. Mesmo desconcertada sentou-se no colo daquele semi-desconhecido que ela já vira fazer barbaridades em sua própria casa. Sentiu o volume por baixo das calças crescer e acomodar-se entre suas nádegas, como um visitante folgado que abusava da hospitalidade de seu frágil corpo. Apenas o tecido do vestido separava sua bunda nua daquele membro que ela já observara ha alguns dias. Ele fazia perguntas para Katja sobre a intimidade de Helen sem se importar com a constrangida garota em seu colo, e a amiga revelava tudo com detalhes que deixavam a submissa com vontade de levantar e correr dali. Mas claro que ela não teria brios para fazer o que sua vontade mandava. Alias, ela sequer poderia ter vontades lá.
Katja ordenou que Helen também bebesse. Enchiam seu copo de vinho cada vez que ele começava a esvaziar, cada vez mais rápido, enquanto ela aos poucos ia se sentindo cada vez mais solta. Em certo momento Klauss pegou-a pela cintura, afagou-lhe os cabelos e disse:
- Levante-se e dance para mim! – em seguida apertando um botão no controle remoto e no aparelho de som no fundo da sala começar a tocar Careless Whisper.
Helen tremeu quando o solo de saxofone começou. Começava a se sentir magoada agora. Por uma triste coincidência aquela era a música que dançara com Richard no dia de seu casamento, dois anos atrás. Será que desde aqueles tempos ela estava sendo sondada por Katja? Se isso fosse verdade, Katja deveria ser uma psicopata, obcecada por ela como aqueles fãs que volta e meia acabam assassinando seus ídolos tamanho fascínio e influência estes acabam exercendo na vida deles. E agora ela estava ali, provavelmente seria forçada a trair Richard nesta noite. Viu como sua aventura que ela levara para a vida real havia ido longe demais.
Mas não era hora para divagações. Levantou-se e começou a mexer seus quadris timidamente enquanto a música rolava. De gole em gole foi ficando mais a vontade e pegando o jeito. Entrou no ritmo. Requebrava seus quadris quase os tocando no chão, as mãos percorriam o pescoço, a nuca, os seios. Sem nenhuma peça intima por baixo do vestido, o doce mel feminino já começava a escorrer pelas coxas. Sentiu-se zonza, talvez pelo vinho misturado com a tensão, somada ao fato de tão repentinamente ter se levantado o começado a mexer seu corpo frenéticamente tendo a obrigação de excitar aquelas pessoas cujas intenções para com ela eram demais misteriosas. Ignorou a sensação, pensando não ser nada. Continuou dançando até a música acabar. Nesta hora sentiu a sala rodopiar sobre sua cabeça e o chão flutuar. Desabou sobre o tapete de pele de carneiro da sala. Só conseguiu ver as duas meninas que também estavam em sua casa no outro dia aparecerem antes de apagar.
Acordou nua, exceto pela pesada coleira de metal em seu pescoço; o vestido e os saltos lhe foram tirados e ela estava amarrada por uma corda que descia do teto, deixando-a com os braços esticados e formigados, tocando o chão apenas com a ponta dos pés. Ao redor dela dois tripés com câmeras acopladas transmitiam sua imagem naquela situação ao vivo para uma enorme tela projetada na parede branca. Tinha que fazer um esforço enorme para que seus braços não doessem, tão esticados que estavam. Lembrava das aulas de balé que fizera ainda criança e tentava a todo custo apoiar a ponta do dedão de cada pé sustentando seu corpo até o chão. Quando ia cair em prantos viu as duas garotas de novo surgirem, a loira e a morena, e se ajoelharem frente a ela sem nada fazer, apenas olhando. Em seguida apareceu Katja, a mesma lyngerie preta, as mesmas luvas e o mesmo chicote em mãos. Por último, Klauss, agora acompanhado também de outro homem, loiro, ainda mais alto e mais forte que Klauss. Ambos encostaram seus corpos no dela, Klauss na frente e o novo “amigo” por trás, prensando-a como se fizessem um sanduíche com Helen no recheio. Desamarram-na e a seguraram. Seu corpo ainda estava mole. Se não fossem pelos dois ela despencaria no solo. Ela mal conseguia balbuciar algumas desconexas palavras, estava fraca demais para expressar sua apreensão sobre o que viria em seguida. Mal teve tempo de tentar qualquer reação. Seus braços foram atados nas costas por fortes grilhões metálicos, fazendo com que o desconforto sentido neles continuasse. Ela não iria impedi-los de nada: só queria implorar para que não a machucassem. Foi colocada em uma das poltronas. Suas pernas afastadas pelos dois homens e seguradas no alto, deixando-a completamente exposta. Ato contínuo, as duas garotas vão em sua direção e começam a banhar o corpo de Helen com suas línguas, como duas gatas famintas. A loira lhe fazia um magistral sexo oral enquanto a morena lambia seu rosto, boca, pescoço, seios e barriga. Katja apenas assistia a tudo com o chicote preparado.
Quando a excitação voltou a tomar conta do corpo de Helen, as duas garotas foram afastadas e deram lugar aos dois homens. Sem rodeios Klauss penetrou-lhe pela frente enquanto o “gigante loiro”, apelido que Helen inventara agora e guardara em sua mente, e que confirmou a alcunha de gigante quando este abaixou as calças; passava o pênis pulsante na boca da garota. Ela não hesitou e abocanhou o enorme membro de carne e veias. Era tão grande que seu maxilar chegava a doer acomodando-o todo. Pela primeira vez ela estava transando com dois homens ao mesmo tempo, mais uma de suas fantasias que ela nunca tivera coragem de levar para a realidade. Sentia-se possuída, dominada, como de fato sempre quisera se sentir. Não era mais a atriz famosa, a dama. Era oficialmente uma puta agora, e sua missão era entregar-se a todos os tipos de prazer que aqueles homens a determinassem. Era agarrada, lambida, mordiscada, os dois homens a levantavam como uma boneca e colocavam-na na posição que bem entendessem.
O loiro sentou-se no sofá e ela foi ajeitada em cima dele, cavalgando e deixando o pênis escorregar para dentro do seu corpo. Pela primeira vez ela podia controlar alguma coisa, no caso, a intensidade dos movimentos da penetração que recebia. Se bem que pelo tamanho daquele homem, se não lhe permitissem essa pequena regalia ela acabaria machucada e desmaiada nas mãos dele. Com as nádegas expostas para todos naquela sala, não tardou até que alguém tomasse a iniciativa. Sentiu um liquido gelado lhe escorrer do cóccix até o ânus e os dedos de Katja começarem a explorar delicadamente sua entrada de trás. Primeiro um, depois dois, e por fim três, finalmente deixando o pequeno buraquinho pronto para receber o pênis de Klauss. Ele penetrou-a vagarosamente, submetendo-a a uma longa e prazerosa sessão de sexo anal. Sofria uma dupla penetração agora, um turbilhão de sensações e calafrios corriam por seu corpo e mente. Completando a bela cena, Katja sentou-se no encosto do sofá e ofereceu mais uma vez a vagina para a boca de Helen. Esta, já acostumada após os últimos dois dias, recebeu-a de bom grado. A dominatrix satisfez-se com seu bom trabalho adestrando Helen quando em pouco tempo conseguiu seu primeiro orgasmo com a língua feminina que passeava e serpenteava por seu sexo. Em seguida foi a vez da escrava, centro das atenções, gozar com dois pênis preenchendo seu corpo. O primeiro orgasmo de muitos. Em várias intensidades e posições, até que Klauss e o outro homem colocaram-na de joelhos e ejacularam simultaneamente em seu rosto, forçando Helen a limpar as ultimas gotas de seus membros com a boca. Com a face banhada em sêmen, Helen mais uma vez foi alvo das duas garotas, que devotadamente às ordens de Katja a limparam com as línguas.
Exausta, dolorida e com os braços atados Helen foi deixada lá sozinha. Tinha muito no que pensar agora. Mas a seqüencia de eventos que cada vez mais enchia sua cabeça de novas informações não pararia por aí. Todas as luzes se apagaram de repente, deixando-a no mais completo breu. Apenas a máquina que projetava o filme na parede foi religada. Assustou-se com a explosão de um som que começou a tocar 1812 Overture, de Tchaikovsky, acompanhando cada cena do filme que iria começar. A primeira coisa que pode ver foi um título na tela, que dizia: “OS DESEJOS SECRETOS E INSANOS DE HELEN”. Não entendia o que estava acontecendo, até que a primeira cena mostrou-a em seu quarto, deitada na cama de casal, a se masturbar sozinha. A sua tensão que já estava à flor da pele agora começava a atingir um nível de pânico. Ela fora filmada dentro do próprio quarto. Em um de seus momentos mais íntimos. Quem poderia fazer isso? Como? Eram apenas algumas das perguntas que vagavam em sua mente.
Em seguida pode ver a cena em que acordava de madrugada, andava sozinha pelo quintal e se tocava assistindo a orgia daquela fatídica noite. A cena em que caía, fazendo-a parecer patética. Tudo o que acontecera depois; como ela caiu na teia de Katja, todas as humilhações que passou, quando foi enclausurada em um cinto de castidade e produziu-se como uma prostituta, por vontade própria. Lambendo as manchas de sêmen enquanto lavava o vestido que Katja tomara posse. Tudo, com detalhes, expondo-a da mais humilhante maneira, e a intensidade da música aumentando a cada cena. Perplexa, ela desabou do sofá ficando sobre seus joelhos, paralisada com os olhos na tela enquanto deles as lágrimas rolavam.
Até que chega o momento do clímax, a música no ápice atinge seu acorde mais alto. Ela, acariciada e preparada pelas duas garotas. Depois, fazendo sexo com dois homens ao mesmo tempo. As imagens cortavam umas para as outras cada vez mais rápido, em todos os ângulos, todas as caras e bocas que Helen fazia. Seu rosto como uma máscara de prazer enquanto era humilhada, penetrada, submetida. A jovem atriz agora chorava copiosamente vendo seu último “trabalho” estrear naquela sala onde ela fora deixada sozinha. Pensava em como isso seria usado contra ela. Quem mais poderia ver? E quem já teria visto?
Nesse momento as luzes se acendem e as cortinas se abrem. Helen ouve a salva de aplausos enquanto tenta recuperar sua vista da escuridão em que fora mantida até agora. Vê todas as pessoas que ao lado dela coadjuvaram naquele sinistro teatro, desta vez sem cordas e amarras, olhando-a sorridentes e a ovacionando. As duas garotas, Klauss e o homem loiro, Katja, e por último, alguém que não estava na lista. Ela sente seu chão desaparecer quando o vê. Esse é seu tiro de misericórdia: Richard, seu marido. Ele a olha com um sorriso no canto da boca:
- Parabéns, amor. Você definitivamente não é uma atriz inexpressiva!
- Richard!...o que...o que é isso?
Ele não responde, apenas caminha até ela e solta seus braços dos grilhões. Abraça-a. Ela, ainda assustada, tenta afastá-lo e repete:
- O que significa isso? Me fale, por favor! – grita, exaltada
- Significa que você passou no último teste, linda!
- Foi você quem planejou isso tudo?
- Eu prefiro pensar que, graças a minha iniciativa, você finalmente viveu tudo o que nunca teria coragem de realizar.
Katja então caminha até os dois. Solta a coleira de Helen e a entrega junto com as chaves para Richard.
- Está feito! Ela reagiu melhor do que eu esperava, desde o começo. Minha função era fazer a parte difícil do trabalho. Agora que ela está entregue, é toda sua.
Helen começa a entender, mas ainda tem inúmeras perguntas:
- Richard! Você estava por trás disso o tempo todo?
- Sim, amor. Te observando, a uma distância segura para você não saber, mas para continuar te protegendo. Ontem, quando Katja saiu, eu e ela tivemos nossa última noite definindo os detalhes finais sobre você. As manchas no seu vestido; eram minhas. Quando a Katja me contou tudo o que havia feito com você, não resisti.
- Desde quando planejou isso tudo?
- Vamos nos concentrar nas perguntas certas agora, amor. As que realmente importam! Há muito tempo sei das suas fantasias. Você gostou? Gostou de finalmente viver isso? Tudo o que passou com a Katja, foi apenas seu treinamento. Agora teremos uma vida toda para você repetir o mesmo papel, mas desta vez só para mim. Ninguém além de nós nesta sala saberá disso. O filme ficará com a gente, só para apimentar nossa relação de vez em quando.
Helen não tem idéia do que responder, mas todos a olham esperando. Richard continua:
- E então? Valeu a pena? Está disposta a repetir o mesmo papel para mim, de novo e para sempre, em todos os momentos do resto da nossa vida, juntos?
Helen respira fundo. Olha bem nos olhos do marido e responde:
-Sim...Sim...senhor!
A coleira então se fechou novamente no pescoço de Helen, desta vez pelas mãos de Richard.
EPÍLOGO
Tempos atrás o casamento de Richard e Helen Foxley não ia nada bem. As constantes viagens, compromissos e desencontros eram uma barreira entre o casal, barreira que depois de certo tempo se tornou um abismo, e depois do abismo se tornou um grande e imenso golfo. Ela reclamava que ele nunca estava lá, ele se queixava da frieza da esposa. Bem dizem que casamento de gente famosa não dura muito.
Após uma de suas viagens, assim que voltou para a cidade, Richard resolveu passar em um dos famosos prostíbulos de luxo da Hollywood boulevard. Não estava afim de chegar em casa e ver de novo sua esposa em frente àquele computador. Certa vez ela esquecera uma das páginas abertas e Richard leu o tipo de história pela qual ela se interessava. Talvez ela estivesse apenas fazendo alguma pesquisa para um de seus papéis. Talvez estivesse curiosa. Mas o que mexia com Richard é que ele adoraria realizar esta fantasia de dominar sua esposa, e não tinha a menor idéia de como começar com ela um relacionamento daquele tipo. Amava-a sim, de verdade, mas também a considerava uma garota recatada demais para aplicar isso na vida real. Tinha receio de que se ele tentasse, ela talvez acharia que ele estava enlouquecendo.
Ali conheceu duas garotas, uma loira e outra morena. Enquanto estavam com ele na cama, juntas, notaram que ele não tirara a aliança, como a maioria dos clientes casados fazia. Com elas Richard descontava todas as fantasias que não punha em prática com a esposa. Após um certo tempo, as duas acharam que já tinham uma certa intimidade para perguntar sobre sua vida pessoal.
Fizeram o papel de psicólogas. Ouviram tudo o que ele tinha a dizer. Pensaram que aquele era um caso perfeito para que ele conhecesse Katja, dominatrix que sabia como ninguém quebrar o espírito das novas garotas que entravam no ramo.
A partir daí a cadeia de eventos se sucedeu de vento em popa. A história foi contada, a proposta foi feita. Richard correu o risco. Se Katja realmente fosse boa como dizia que era, seria questão de tempo até tudo dar certo. Contratou-a como sua governanta, o disfarce perfeito. Ele teve o privilégio de observar tudo, sem Helen desconfiar de nada. Durante aqueles dias não só comprovou como ficou impressionado com a eficiência da dominatrix húngara. Após dois dias tinha sua esposa completamente em suas mãos, do jeito que sempre haviam fantasiado, cada um à sua maneira, mas ao mesmo tempo.
Katja foi muito bem recompensada. Concluiu sua missão melhor do que Richard poderia prever. Na verdade, sempre finalizara seus trabalhos melhor do que qualquer de seus clientes pode prever. Ela e seus comparsas têm esse peculiar ofício: ao redor do mundo, onde forem contratados, sempre entregam suas “vítimas” submissas e obedientes aos seus clientes. Estes sim podem dizer que “trazem a pessoa amada em até três dias, nem que seja de coleira e debaixo de chicotadas”. Mas não se consideram cruéis, apenas sabem dobrar as pessoas que têm determinadas fantasias, que se excitam com certos fetiches, mas que não têm coragem de exteriorizar isso. Qualquer pessoa, que tenha uma fantasia secreta em sua solidão, mas que seja hipócrita aos olhos da sociedade, pode ser sua próxima vítima.
Simplesmente sumiram após a missão com Richard e Helen. Podem estar em qualquer lugar agora, já espreitando e sondando sua próxima vítima, portadora deste tesão reprimido.
Quem sabe para você, enquanto lê isso, alguém já não tenha preparado certos planos.