O coração disparado, mãos tremendo tudo isso por causa de um garoto,ou melhor por causa de um abraço de um garoto.Chegamos perto deles...ele me olhou nos olhos,desviou.Ao longe um trovão ecoava...
-E então João? Porque nos chamou?-disse a môo cortando o silencio constrangedor que se seguia.
-éee... -ele hesitava em falar, na minha mente eu ficava “Fala logo, Fala logo”-Vamos marcar de ir tocar violão final de semana?
Meu Deus que decepção, meu sorriso estonteante se desfez num riso forçado, e uma raiva tomou conta do meu corpo “Porque este idiota estava fazendo isso comigo? Deixando-me com falsas esperanças...”
-Vamos sim,pode ser na minha casa minha mãe nem estará lá-disse a môo entusiasmada.Naquele momento eu não tinha coragem de olhar nos olhos daquele menino,sentia raiva,vontade de matá-lo ,me senti um trouxa a garotinha que espera na janela pelo príncipe que jamais voltaria.Naquele momento decidi que faria tudo pra esquecê-lo ,afinal se ele realmente quisesse alguma coisa comigo ele teria me chamado num canto sozinho ,mas não ...bom realmente eu era um trouxa,de coração partido.
Fiquei ali com minhas amigas e os dois esperando meu pai chegar pra me buscar ,fiquei mudo ,não ri do que eles falavam não me manifestei de maneira alguma.Nao demorou muito e meu pai chegou ,entrei no carro,nem me despedi de minhas amigas muito menos dos outros dois ,não fui educado e meu pai percebeu:
-Ué? Não vai oferecer carona pra eles?
-Não pai,ninguém é de açúcar ,e vamos embora logo que estou com dor de cabeça.Meu pai acelerou e buzinou pra eles,fiquei com a cabeça encostada no vidro do carro ,parecendo um clipe,mas graças a Deus não havia musica romântica ,se não com certeza eu acabaria chorando.
Cheguei em casa mais que arrasado,fui direto pro meu quarto,tranquei a porta e chorei,não sei exatamente porque eu chorei , ele não tinha culpa,a culpa era minha de acreditar em algo que nunca existiu e era isso que acabava comigo .
Adormeci rapidamente,não sonhei e acordei lá pelas oito da manha ,resolvi sair dar uma caminhada pelo parque ver se tirava aquele guri da minha cabeça.Haviam poucas pessoas caminhando ,afinal o dia estava nublado e ninguém queria ser pego de surpresa por uma chuva.Haviam dois patos no lago,parei para observá-los,sentei ali ,e nem percebi o tempo passar,só sai daquele transe quando senti que alguém tocou minhas costas.
Pela força da batida nas minhas costas pressupus que fossem mãos masculinas. Virei-me e para minha surpresa era Mauro, o conheci através da Estefânia, ele era amigo dos primos dela e estudava também na mesma escola técnica que eu, mas nunca havia notado como em como a cor de seus olhos era clara, alias nunca havia reparado em o quanto ele era bonito. Era pouco maior que eu, tinha dentes perfeitos, usava sempre boné, roupas estilosas e tinha um corpinho “no ponto” não era gordo, nem magro, era “na medida”. Mas eu não falava muito com ele por ele ser hetero, não tenho muito o que conversar com eles,prefiro conversar com gays e garotas.
-Ué?O que você esta fazendo perdido por aqui?-ele me perguntou com um sorriso maravilhoso.
- Ah! Vim esfriar a cabeça-disse lembrando da decepção de meu dia anterior.
-É ,não ta fácil mesmo-ele disse,eu meio que não entendi o que ele quis dizer ,mas nem liguei somente ri.
-Bom,já vou indo...qualquer coisa...
-Ok-eu disse de uma maneira meio áspera, mas eu queria realmente ficar sozinho-Nos vemos a noite,eu acho.
-É,acho que sim – dizendo isso ,ele já continuou sua caminhada,e eu fiquei ali por mais alguns minutos,ate que voltou a chover.Me levantei rapidamente coloquei o capuz da blusa e sai dali com passos ligeiros ,a chuva se intensificava então achei melhor correr.Enquanto corria,tudo vinha na minha cabeça : O Abraço...os desvios de olhar...A decepção...foi ai que me lembrei da parte principal a qual eu havia me esquecido : “Hoje,na saída;me ajuda a não perder o Rafa de vista”.Pronto.Aquilo foi suficiente para que um pingo de esperança surgisse dentro de mim.
Cheguei em casa encharcado mas feliz ,fui pro meu quarto trocar de roupa e achar algo pra fazer ate que chegasse a hora de eu ir para o curso,achei o que fazer : Dormir.Dormi o resto do dia e ate esqueci de almoçar ,acordei quase na hora de ir pra escola,mas acordei explodindo de felicidade e esperança,afinal não havia motivo pra estar triste ,o João apenas não falou comigo porque minhas amigas estavam juntas e eu sofri feito um bobo a toa.Bom,era isso que eu pensava...
Já estava na escola aguardando minhas amigas chegarem ,eu sempre chegava primeiro assim eu tinha que ficar La na frente do portão principal esperando elas.O tempo foi passando,a noite foi chegando e nada das duas.Resolvi ligar:
-Oi môo onde vocês estão ?
-Estamos aqui perto da quadra,venha aqui
-Ué?mas nem vi vocês entrarem –eu disse ,pois realmente eu não havia visto elas passarem pelo portão principal.
-É que nos chegamos mais cedo ,mais cedo que você até -ela riu ao dizer isso,não sei porque ,pois eu não havia achado o mínimo de graça.
-Tá bem,espera eu ai que to indo - desliguei e fui em direção a quadra.
O caminho ate a quadra era longo,tive de passar pelo local que eu mais odiava pelo estacionamento,quase sempre eu era “quase atropelado”.Passando pelo estacionamento ouvi um assovio,me virei e era Mauro.
-Onde você esta indo gurizão?
-To indo La na quadra-respondi meio bobo ,fiquei estonteado com o quão bonito ele estava hoje:uma blusa fina bem colada ao corpo ,um jeans justo e um tênis estilo escalada,o cabelo meio bagunçado e aquele sorriso perfeito.
-Mas e ai?Tá melhor?-ele praticamente gritava pois eu estava num extremo do estacionamento e ele em outro.
-to sim, obrigado por perguntar - gritei de volta. Ele deu jóia e se virou pro outro lado,já que a conversa já havia acabado continuei minha ida a quadra.Por alguns segundos havia esquecido o João pensando na beleza de Mauro,mas não era assim tão fácil logo tudo voltou e meu coração voltou a disparar só de imaginar que eu o veria no intervalo ou mesmo na saída da escola.Corri o Maximo que pude pra chegar na quadra ,já estava próximo quando vi a môo próxima ao portão da quadra ,ela andava de um lado para o outro parecia meio desconcertada ,fui pela parte mais escura pra tentar assustá-la ,foi quando eu vi de relance na outra ponta da quadra na parte mais escura um casal se amassando ,reconheci pelas pontas louras do cabelo que era Estefânia . “Ah! Então por isso a môo tava desconcertada! Estava de vela!” pensei em zuar muito ela ,mas tudo foi por água abaixo quando o garoto se virou dando a Mao pra Estefânia vindo em direção a luz.Era o João .
Meu mundo parecia que ia desabar outra vez,minha amiga estava ficando com o garoto que eu praticamente amava.tive vontade de ir La e bater nos dois,mas não tinha porque, afinal eu não tinha nada com ele ,e a Estefânia não tinha culpa disso.Lagrimas escorriam involuntariamente de meu rosto ,caindo no chão ,marcando o chão empoeirado.Eu não podia continuar vendo aquela cena,sai correndo pela escuridão ,trombei em alguém esse alguém me abraçou .
-O que houve amigão?-me perguntou,a voz era familiar
-Sou idiota-soluçava enquanto chorava.Soltei os braços que estavam envolta daquela pessoa e dei um passo atrás.Consegui enxergar seu rosto .O sorriso era reconhecível.Mauro
-A partir de hoje não quero mais te ver chorar-ele disse olhando dentro dos meus olhos,segurou em minha cintura,me puxando pra próximo de seu corpo.Seus lábios tocaram os meus.Desejo,Raiva,Tristeza e Lagrimas se misturaram gerando algo único...inexplicável.Fechei meus olhos e aproveitei a viagem daquele beijo...
CONTINUA...