O conto a seguir não tem como finalidade ofender nenhuma crença.
Já faziam dois anos que o Maciel tinha ido fazer faculdade em uma cidade próxima. Comecei a conhecer umas pessoas novas, pois acabamos nos afastando pela distancia e mal nos falávamos por msn. Achei que tinha perdido um amigo. Não por briga, mas que a vida simplesmente tinha nos afastado. Mas algumas vezes me peguei lembrando de uma vez em que ele me carregou nas costas até em casa, quando bebi até desmaiar em uma festa. Ele realmente se importava comigo. Era um bom amigo. Apesar de ter ouvido uns comentários de que ele tinha saído do armário, lembrava dele com carinho.
A vida seguiu calma, mas as coisas mudaram quando conheci a Liza. Lizinha como ela gostava de ser chamada, era uma menina geniosa, do tipo que sabe que é gostosa e mexe com a macharada. Baixinha, com um bundinha redondinha e cintura fina, peitinhos empinados e pele clarinha. Conheci ela através de uma “amiga” que eu tava pegado. Achei ela um pouco descarada, me dando bola assim na frente da amiga, mas no fundo ela me chamou atenção. Não demorou muito pra gente ficar e as coisas na cama eram uma loucura. Fazia tempo que eu não ficava tão envolvido com uma menina. No começo ela me deu uma esnobada, mas à medida que o tempo foi passando, foi ficando mais grudenta e melosa. Eu não ligava, tava até empolgado com tudo, afinal é bem difícil me envolver, mas quando gosto largo a putaria e procuro ser fiel. Fazia três meses já que eu tava ficando só com ela e pra mim isso era bastante tempo.
Tava tudo indo bem, até que um dia, resumindo as coisas, eu descobri que ela namorava. Foi estranho, descobrir assim de repete que ela tinha outro cara e que na verdade o outro era eu. Me percebi morrendo de ciúmes e fui ter uma conversa com ela. Pedi pra ela largar o cara, que eu tava gostando dela, que queria algo sério, que ela era importante pra mim. Pra minha surpresa ela disse que nunca largaria o cara pra ficar comigo. Disse que só ficou comigo por que ouviu que eu era bom de cama e que só continuou esse tempo por que eu era mesmo.
--Eu nunca largaria ele pra ficar com você. Eu sei que você é o maior galinha, come todo mundo. Eu não vou ser mais uma, ficar sozinha depois ou ser corna.
-- Mas eu gosto de você, quero algo sério.
Ela não se convenceu e deixou claro que só me queria como “o outro”, na cama. Tentei me afastar dela, mas quando percebi lá tava eu de novo. Eu tentava pensar como sempre pensei, que a melhor coisa que poderia me acontecer era encontrar uma mina assim boa de cama, gostosa, e que não quisesse nada sério. Mas viver aquilo na prática era bem diferente, ainda mais eu gostando dela. Cada vez que ela ia embora eu ficava pensando nela com o outro, e sempre que acabávamos de transar me batia um sentimento estranho de que eu não era bom o bastante, que ser bom de cama era a única coisa boa em mim. Me sentia um merda.
Tive que fazer uma força tremenda pra me afastar. Mas o íncivel foi que em uma semana eu já me sentia bem, percebi que a Liza não tinha nada na personalidade que me atraia. Na verdade percebi que ela me irritava. O que uma buceta não faz com a cabeça de um cara. A paixão sumiu. Logo eu já tava saindo com algumas garotas.
Conheci a Carla, uma japonesinha meio doidinha. Era muito divertida, agente ria muito junto, o sexo era bom e ela me deu vários conselhos bons, inclusive sobre a Liza. Transamos só duas vezes, mas ficamos amigos mesmo.
As coisas entre eu a Liza seriam lindas se tivesse sido assim: cada pro seu lado. Mas umas duas semanas depois recebi uma ligação dela querendo marcara comigo de conversar. Como viu que não ia ter jeito falou por telefone mesmo. Havia terminado com o namorado, pois percebeu, segundo ela, que eu era de quem ela gostava. Que não aguentava ficar sem mim, que só eu conseguia dar prazer pra ela. Ela queria ficar comigo de novo, namoraria se eu quisesse. Confesso que me senti tentado a comer ela de novo e depois largar, pra me vingar. Mas deixei pra lá. Falei que não rolava, fui sincero e disse que tava saindo com outras garotas já, que tinha tudo passado.
A menina ficou louca. Começou a gitar no celular:
--Se não for pra me comer esse pau não vai subir! Você vai ficar broxa! Seu bosta! Filho da ...
Desliguei o telefone e deixei quieto.
Fui seguindo minha vida. Dois dias depois meu inferno começou. Saí pra beber com uns amigos e conheci uma menina, nem lembro o nome dela coitada. Rolou um xaveco e ficamos. Ela me convidou pra ir na casa dela, uma república só de meninas. Só não podia fazer muito barulho. Tudo tava normal, deitamos na cama e eu fui fazer sexo orla nela. Sempre adorei o gosto de uma menina, como elas ficavam molhadinhas me dava um puta tesão. Mas algo estava errado. Meu pau não subia de jeito nenhum. Continuei chupando ela e tentei bater uma, par ver se subia, mas nada. Fiquei tão desesperado que assustei quando ela falou que não tinha camisinha e perguntou se eu tinha. Aproveitei a deixa pra mentir que não, mas que queria fazer ela gozar na minha boca. Não queria que ela percebesse que eu havia broxado. Acho que consegui. Depois que ela capotou vesti minha camisa e fui embora desesperado.
Cheguei em casa fui direto pro PC, procurar um vídeo pra bater punheta, pra ver se aquilo já tinha passado. Pro meu horror meu pau não ficava duro de jeito nenhum. Por mais que eu mexesse, me concentrasse, nada. Ele continuava mole. Confesso que quase chorei de desepero.
Não tive coragem de ir ao médico. Viagra não fez efeito e já se passava uma semana. Aquilo não saia da minha cabeça nem uma hora do dia. Comecei a nem sair mais de casa. Chegava do trabalho e ficava por lá mesmo. Não atendia mais os colegas no celular. Eu tava triste, queria que aquilo acabasse.
Um dia tava em casa, deitado e deprimido e o interfone tocou. Era a Carla. Não tive coragem de mandar ela embora. Ela subiu e me deu uma barra de chocolate. Disse que é costume japonês levar presente quando vai visitar alguém.
Sentamos na cozinha e ficou um silêncio. Ela olhava pra mim e olhava pro lado. Várias veses. Eu tentava pensar em algum tema pra puxar um papo, mas nada. De repente, do nada ela falou:
--Preciso te falar uma coisa e espero que agente ainda possa ser amigos depois disso.
Aquilo parecia sério. Só olhei e não falei nada.
--Eu não sou louca, mas desde pequena eu escuto uma voz. Essa voz me diz coisas, me dá conselhos e explica coisas. As veses ela me diz coisas que não teria como eu saber.
Aquilo era muito estranho, pra não dizer bizarro. Comecei a imaginar pra onde aquela conversa ia. Ela continuou:
--Esses dias “ele” me falou que você tava precisando de ajuda. Ele falou do seu problema.
Aquilo foi um choque pra mim. Mas eu me fiz de desentendido e perguntei :
--Que problema Carla?
A Carla tava muito séria, mas não deixou de ser desbocada:
--No seu pau.
Fiquei morrendo de vergonha. Como ela sabia disso? Não importava, ela sabia. Eu queria sumir, me enfiar em um buraco, mas ela continuou:
--Mas eu vim aqui pra te ajudar. Primeiro saiba que isso não é nenhum problema de saúde. “Ele” me explicou um monte de coisas complicadas, mas resumindo, fizeram uma macumba pra você ficar brocha.
Na hora me lembrei do que a Liza havia falado no telefone. Não é possível que essas coisas aconteçam! Macumba funciona, e funcionou em mim! Sempre achei que era tudo uma grande bobeira.
-- Como que eu faço pra isso passar?
--Olha! Essa voz que eu escuto é meio carola. Vive falando de oração. Falou que se você tiver fé e orar tudo isso passa.
Comecei a me imaginar rezando: “Deus, faça com que meu pau...” Não. Pau pra falar Deus não é legal. “Deus faça com que meu PENIS volte a ficar duro”. Não adianta. Eu não rezaria. Se bem que eu não queria ficar broxa.
-- Quanto tempo eu tenho que rezar?
-- Ele falou que depende mais da sua fé do que do tempo, mas que se ele puder estimar, com a fé que ele vê em você hoje ele acha que seria um ano mais ou menos.
Um ano rezando é muito tempo. Uma ano broxa é uma eternidade.
--Tem alguma outra coisa.
Ela virou a cabeça pro lado, como se escutasse alguém falando alí ao lado dela e “ouviu” por um tempo razoável. Virou novamente par mim e falou:
--Tem. Mas primeiro eu tenho que te explicar duas coisas. Eu vou tentar resumir oque ele falou. Primeiro: ele falou que esses feitiços nem sempre funcionam, mas que funcionou com você pela energia que você atraiu pra você mesmo e pela energia que você libera. A energia que você atraiu para você mesmo foi por você ter ficado com tantas garotas sem nunca se importar se de alguma forma isso poderia machucar elas. A energia negativa desse egoísmo até atraiu a mesma situação pra você, em que você sentiu-se objeto.
Na hora lembrei de como me senti com a Liza, e que se essas coisas de energia existem, eu poderia realmente ter merecido aquilo, pois realmente nunca liguei muito se ficar com uma menina poderia fazer ela sofrer depois.
-- A energia que você libera é o maior problema. Dentro de você, você se orgulha. Cada vez que você fica com uma garota você se sente conquistando mais um troféu. Pior seria se exibisse isso, coisa que você nunca fez, mas você sentia. Esse sentimento é nocivo apenas para você, mas é o que torna a “macumba” tão forte. É como se ela usasse seu orgulho ferido como combustível, e cada vez que você tentar fazer “aquilo” e não conseguir, as coisas ficam piores, pois seu orgulho se fere mais.
Ouvir tudo isso era meio chocante, ao mesmo tempo em que tudo parecia fazer sentido, eu me sentia exposto e envergonhado. Era estranho. Mas só fiquei quieto e ouvi sua conclusão:
--Segundo: tem duas coisas que você pode fazer, mas que ele não recomenda nenhuma das duas. Ele não usou essas palavras, mas ele falou que você pode ir numa macumbeira pra ela desfazer a macumba. Ele ressaltou muito que não recomenda, disse que isso não vai resolver as coisas de uma forma correta e você pode se envolver com coisas que trariam consequências até piore pra você. Outra coisa que você pode fazer é você mesmo se livrar desse sentimento de orgulho que você tem sobre ficar com as meninas.
Me livrar desse orgulho. Pareceu melhor que rezar.
--E como eu faço isso. Me livro do orgulho.
Ela deu um longo suspiro.
--Ai Gu. Se você for seguir o conselho dele, você vai ter que refletir muito sobre seus atos e entender que as meninas que você comeu também sentem, alias como todo mundo e que quando você entender os sentimentos dos outros pode ser que você vença seu orgulho. Mas pra não ficar no pode ser, eu tive uma idéia.
Eu tava topando qualquer ideia. Não bastasse estar broxa, ainda estava me sentido o insensível, que não leva os sentimentos dos outros em consideração. Pelo menos que eu pudesse deixar de ficar broxa né?
--Fala ae Carla. Que ideia é essa?
--Então.—Ela usou aquele tom de quem vai fazer rodeios. –Você não tem que se livrar do seu orgulho? Dae eu pensei que você poderia fazer algo em que realmente não pudesse ter orgulho nenhum de fazer. Inclusive se fizer vai ter vergonha.
--Como assim?
--Tipo...transar com um cara.
Aquilo pareceu ecoar na minha cabeça. Foi a gota d’agua. Não queria ouvir mais nada. Como assim, uma voz na cabeça de uma menina vem sugerir que eu transe com um cara?
--A sugestão é minha, não dele só pra constar. Não, eu não escuto oque você pensa. Mas ele escuta. Pediu pra esclarecer que ele não sugeriu isso.
Ela se calou por um tempo. Eu estava ainda em choque por pensar que nem nos meus pensamentos eu estaria seguro quando ela falou:
--Ele não sugeriu, mas disse que talvez funcione.
Depois que a Carla foi embora, fiquei pensando em tudo que ela falou. Muita coisa fazia sentido.
Pra resumir, eu fui em uma macumbeira e não tinha mil e oitocentos pilas, mais o custo do bode pra fazer a tal desamarração. Acho que teria feito se tivesse.
Foi aí que eu decidi, meio indeciso ainda: Vou transar com um homem.
Entre decidir transar com um cara e partir pros finalmente, tem um longo percurso e eu não fazia ideia de como percorrer esse percurso. Depois de um tempo mesmo decidido, e já não estranhando tanto a ideia, comecei a desanimar, pois não sabia como fazer para as coisas acontecerem. Pensei em ir a uma boate gay. Mas só de imaginar já fiquei com medo. E ir sozinho, assim, não seria fácil. Pensei em falar com a Carla, mas de pensar já fiquei com vergonha. Se ao menos eu tivesse algum amigo gay, poderia me dar algumas dicas. Quando pensei isso me deu um estalo e tive uma ideia. Poderia falar com o Maciel. Eu não sabia realmente se ele era gay, mas se fosse, seria muito mais fácil falar com ele. Além do mais eu não precisava dizer que queria transar com um cara. Só especular como as coisas funcionam.
Comecei a entrar mais no msn e voltei a conversar com ele. Isso não foi difícil, foi até bem legal voltar a ter contato com ele. Depois de alguns dias de reaproximação, durante um bate papo por Messenger, fui direto
GU diz: Maciel ,vou ser direto
GU diz: ouvi dizer que vc virou gay
GU diz: é verdade cara?
Depois de um tempão de “silêncio”, veio a resposta:
Maciel***:P diz: Não
A resposta me desapontou um pouco eu em senti constrangido e sem saber como continuar a conversa. Não havia me ocorrido que ele poderia não ser gay. Afinal era fofoca.
Maciel***:P diz: não virei gay gu.
Maciel***:P diz: sempre fui...Só não tou mais fazendo questão de esconder.
Maciel***:P diz: pq? Te incomoda?
GU diz: não cara
GU diz: imgina. Inclusive queria te perguntar umas coisas . é que eu sou bem curioso sacas. Vc se importa de falar sobre isso?
Maciel***:P diz: ah cara...não gosto de conversar com qualquer pessoa sobre isso...mas não ligo de falar com vc naum...apesar de termos nos afastado um pouco sempre te considerei um amigão...pode perguntar oq vc quiser.
Conversar com o Maciel sobre o mundo dos caras se pegando, fez aquilo tudo parecer o mais natural que poderia parecer pra mim, isso é, não muito. Mas seria muito pior se fosse qualquer outro cara explicando.
Descobri que muitos caras marcavam encontros pela internet, alguns iam em boates específicas, mas que era fácil identificar a paquera pelo olhar. Fiz o teste um dia no shopping. Comecei a reparar mais nos caras. Era uma pouco difícil ficar procurando algum cara que ficasse me encarando, como o Maciel havia sugerido. No começo vi alguns, mas achei eu era coisa da minha cabeça. No fim do dia já tinha certeza de como era esse tal olhar de paquera, inclusive um sujeito veio puxar papo comigo. Eu tentei ser o mais simpático possível ao inventar um motivo pra fugir.
As consultas por msn continuavam, e nosso papo tava cada vez mais natural, ao ponto de entrarmos no assunto sexo. Ativo, passivo, flex, Ky, era um mundo de coisas que eu via bem diferente. Eu achava que caras afetados eram passivos e nem imaginava o conceito de flex.
GU diz: e vc cara. É oq?
Maciel***:P diz: Flex...
Maciel***:P diz: gu...desculpa perguntar...espero eu vc naum leve a mal
GU diz: pode falar
Maciel***:P diz: pq vc tem perguntado tanta coisa sobre isso ultimamente
GU diz: ah cara, digamos apenas que preciso fazer uma pesquisa, mas se tudo der certo depois te conto os detalhes
Maciel***:P diz: ok. Eim...sabe que eu vou par aí nas férias né...tá chegando
Dezembro estava próxima e eu não havia notado. Fiquei feliz em saber que ele viria, mas ao mesmo tempo fiquei meio preocupado se conseguiria agir com naturalidade. Conversar por msn é bem diferente de uma conversa “ao vivo”.
A vinda dele começou me fazer ter ideais. Planejei convida-lo para ir em uma boate gay, pois assim teria alguém para ir comigo. Logo que ele chegou começamos a nos ver. O convívio tomou a naturalidade do msn rapidamente. Um dia propus a boate com a maior tranquilidade, tanto que ele nem estranhou. Fiquei planejando oque fazer no dia, e cogitei a possibilidade de tentar beijar um cara. Fazia um tempo já que eu pensava nisso, pra quem sabe me acostumar e conseguir talvez chegar a transar. Seria como um aquecimento. Decidi também que não abordaria ninguém, se algum cara me xavecasse, até poderia ser.
Chegou sábado e lá fomos nós. Não consegui conversar muito e o Maciel percebeu meu nervosismo, mas me ajudou conversando bastante e puxando papo sempre que eu ficava mudo. Ele falava sobre um monte e coisas que eu até esquecia do nervosismo as vezes. Na fila da entrada não adiantou, minhas respostas viraram “uhum” e “hum-hum” e só oque me passava na cabeça é oque alguém que me conhece pensaria se me visse ali.
Finalmente entramos e lá dentro, apesar de ficar mais tranquilo com a neura de alguém me ver, estar lá dentro finalmente, me deixou muito tenso. Fui direto pro bar pegar uma cerveja e logo sentei em uma poltrona. Ali dentro os caras paqueravam mesmo, eu nunca teria notado os olhares se não tivesse praticado no shopping. O Maciel sentado do meu lado as vezes puxava papo, mas eu não conseguia me concentrar muito tempo, queria absorver o máximo possível de coisas. Fui novamente ao bar pegar uma cerva. Encostado no balcão, onde a música era mais baixa, esperava ser atendido quando um cara encostou do meu lado. Ele logo puxou papo. Era um cara boa pinta, um pouco menor que eu, cabelo espetado, com uma regata branca e uma tatoo maneira fechando o braço. Veio com o papo básico, se eu tava gostando da música, quantos anos eu tinha, se eu tava sozinho. Nessa hora do nada o Maciel surgiu e falou:
--Ele tá comigo.
O cara aproveitou a deixa da sua bebida ter chegado, pegou, falou tchau e saiu.
Maciel foi logo dizendo pra eu ficar esperto se não algum cara ia querer me beijar:
--Cara bonito e com cara de macho igual você, os caras caem matando.
Aquiilo me deixou um pouco envaidecido. Mas quando voltamos para a poltrona virei pro Maciel e falei:
--Se algum cara chegar em mim pode deixar. Eu decidi que vou beijar um cara par ver como é.
Maciel me olhou com uma cara e espanto mas depois fez que tudo bem. Um tempo depois Ele levantou-se e disse que ia ao banheiro. Eu fiquei esperando e segui ele com o olhar até ele entar. Um tempo depois a hora que ele tava voltando vi o cara que havia me abordado no bar parar ele e falar algumas coisas. O Maciel respondeu e eles ficaram ali uns cinco minutos conversando. De repente o Maciel apontou pra mim, e o cara apertou mão dele e veio em minha direção. Chegou e sentou do meu lado. Nem perguntou se podia.
--Encontrei seu amigo. Ele me explicou o mal entendido. Eu não pude deixar de vir aqui falar com você.
--Pode falar.
--Na verdade não é bem falar oque eu quero.
Eu conhecia esse ritmo de conversa e sabia onde o xaveco ia chegar. Mas estava decido seguir em frente .
--E o que você quer?
--Eu quero beijar sua boca.
Acho que eu demorei muito para esboçar alguma reação positiva pois ele pareceu meio desapontado. Tomando força falei:
--Beija.
Ele sorriu e aproximou seu rosto do meu. Acho que eu tava duro na hora, minhas mãos suavam pacas. Quando a boca dele encostou na minha foi muito estranho. Senti um pouco a barba dele, que estava curta, mas era bem diferente de beijar uma garota. Os lábios eram mais duros os movimentos mais bruscos, quando vi a mão dele já estava na minha nuca. Minhas mãos continuavam nos meus joelhos. Provavelmente se eu pudesse ver a cena de longe diria que foi patético. Torci pra acabar logo. Ele se afastou, sorriu e falou.
--Cê tá tenso cara. Relacha. -- e veio para outro beijo.
Mesmo me esforçando para aquilo parecer natural, não posso dizer que gostei. Depois de uns quinze minutos, eu já estava mais relaxado. Mas não era bom.
--Vou beber. Tchau.
Levantei dei um selinho e saí, tentando parecer natural. Transar com um cara não ia ser fácil.