Domingo de manhã. Eu praticamente não dormi. A cabeça doía, mas dessa vez era o corte na cabeça o responsável e não o álcool. Bruno dormia no quarto de hospedes, passei varias vezes por la para vê-lo dormindo, apenas com o calção, de bruços na cama. Que costas maravilhosas! Assistir ele dormir é lindo. Tive que ir para o meu quarto tocar uma punheta. Tomei banho e após o banho e ao me olhar no espelho vi o corte na cabeça e a parte do cabelo raspado. Decidi que precisava raspar o resto do cabelo. Ja eram 10hs da manhã. Deixei ele dormir e fui ao barbeiro. Raspei toda a cabeça, nunca tinha feito isso, fiquei com uma cara de malvado. Gostei do resultado. Ao chegar em casa Bruno ja tinha acordado e tomava café na sala.
Bruno: -Que que é isso!?
E caiu na gargalhada.
Eu: -Fiquei esquisito não foi?
Bruno: -Nem, nem, é so que não combinou com você.
Eu fiquei meio sem graça.
Bruno: -Você tem cara de nerd, a cabeça raspada te deixou com cara de pit bull, não combina com você.
Eu me sentei na mesa ao lado dele.
Eu: -A gente precisa conversar.
Bruno: -É né?
Eu: -Bem, vamos as coisas mais importantes primeiro. Bruno você fala inglês?
Essa foi a primeira vez que vi ele fazer uma cara de quem fez algo errado. E tomou um gole de café mas não me respondeu.
Eu: -Olhe bem, eu não tô aqui para te dar sermão, aliais pelo contrario, eu quero é te ajudar.
Bruno: -Primo eu tentei fazer um cursinho de inglês mas não consegui não ai desisti.
Eu: -Mas você não disse para ninguém que tinha abandonado o curso não é?
Mais uma vez uma cara de quem fez algo errado e dessa vez baixando o olhar para o chão.
Eu: -Deixa eu te dizer então o que vamos fazer. Hoje vamos a delegacia, aqui não é como o Brasil, se a gente não cuidar do que aconteceu podemos ser processados pelo bandido. Isso tem prioridade.
Bruno: -Você devia ter me deixado arrebentar aquele filha da puta
Eu: -Esse é outro assunto que tratamos depois. Amanhã pela manhã vamos juntos ao meu trabalho, vou aproveitar desse evento para pedir uma licença de uns dois dias. Em seguida nós vamos ao curso de mecânica para cancelar sua matricula.
Ele se encolheu como uma criança qual os pais retiram um presente.
Eu: -Afinal não adianta você freqüentar as aulas se não entende o que é dito? Você hoje vai ligar para seus pais e avisar...
Nesse momento ele me interrompeu, de maneira rude e se levantou da mesa batendo a xícara na mesa.
Bruno: -Ja saquei primo, pra avisar que to voltando, massa, valeu, pode deixar que tô ligando agora.
E seguiu andando para o quarto, a única coisa que pensei foi: Puta que pariu, olha como esse cara fica lindo irritado! eu sei que naquele momento esse pensamento era totalmente irracional. Mas não é sempre que controlamos o que pensamos.
Me levantei e fui ao quarto dele. Ele estava deitado na cama olhando para o teto.
Eu: -Bruno eu estava falando e você me interrompeu e me deu as costas.
Me sentei na beira da cama
Eu: -Não faça isso novamente, ok? Como eu dizia, você vai ligar para seus pais e dizer que o seu curso foi cancelado e não tem data para reinicio. Amanhã nós iremos a um curso de inglês para brasileiro que eu ouvi falar uma vez, vamos matricular você e aproveitamos para nos informar como chegar lá de transporte. Porque não poderei te levar todo dia.
Bruno desamarrou a cara e me olhou meio que surpreso.
Bruno: -Primo quanto custa esse curso, não sei se vou ter grana para isso
Eu: -Não importa quanto custe, é um presente meu para você. Afinal depois de ontem é o mínimo que posso fazer, se você não aparece para me salvar eu não sei como poderia ter terminado aquele assalto.
Bruno: -Que é isso primo! Você é meu brother, do peito, não aceito que ninguém machuque um brother meu. Não precisa me agradecer por isso.
Peguei de leve na perna dele e disse:
Eu: -Eu sei disso. Mas eu quero fazer isso por você. Você esta certo, tem anos que não nos víamos, mas eu sempre gostei de você quando éramos pequenos e continuo gostando. Eu quero que você se dê bem aqui. O primeiro é dominar a língua, depois disso vamos ao seu curso, aproveite o tempo para pensar. Esse é realmente esse curso que você quer fazer? Se não for trataremos de encontrar o que você realmente quer, qual vai ser o seu caminho. Quanto a questão financeira, enquanto você estiver aqui em casa eu vou te ajudar. E se for preciso a gente arruma um emprego para você, mas so se não interferir em seus estudos.
Bruno é um ano mais velho que eu, tem 29 anos, mas nossas vidas eram bem diferentes. Enquanto eu ja tinha estabilidade financeira e era capaz de sustentar meus pais. Ele mal terminou o segundo grau e nunca teve um emprego de verdade, aliais foi por isso que veio para os EUA para voltar e ter alguma forma de se sustentar.
Ao terminar de falar ele veio com aquele sorriso lindo dele e se levantou e me deu um abraço.
Bruno: -Porra primão! Você é o cara.
Aquele abraço foi demais. Senti o corpo dele, o peito dele encostado em mim eu viajei naquele abraço. Claro que depois dele a punheta foi certa.
Por volta das 2 da tarde ja tínhamos saído da delegacia e prestado os devidos esclarecimentos. O bandido ja tinha ficha e estava foragido, mas Bruno teria que responder a justiça pois o que eu temia aconteceu, o cara estava hospitalizado em coma devido a surra que Bruno aplicou nele. Ainda essa, teria que providenciar um advogado. Estávamos almoçando em um restaurante tailandes, Bruno disse nunca ter experimentado comida tailandesa, quando meu telefone tocou:
Eu: -E ae Justin.
Justin: -Tudo bom?
Eu: -Cara se eu te contar o que aconteceu...e narrei os eventos dos últimos dias.
Justin: -Matheus, eu preciso conversar com você. Da um pulo aqui em casa mais tarde.
Eu: -Ta tudo bem, passo ai com o Bruno.
Justin: -Você pode trazer o Bruno mas preciso conversar so com você.
Terminamos o almoço e seguimos para a casa dele. Chegando la a esposa dele as filhas nos receberam muito bem. Algumas piadas com o novo corte de cabelo, eu tinha que ja começar a me acostumar com isso, na volta para o trabalho não seria facil. Falei a elas que o Bruno não falava inglês. Pedi que ele me aguardasse e fui ate a garagem encontrar Justin para conversamos.
Justin: -Matheus não estou gostando disso.
Eu: -Como é?
Justin: -Esse seu primo é problema.
Eu: -Justin, o cara me salvou ontem
Justin: -Sim, e aonde ele estava antes disso? Se ele estivesse em casa você não teria saído atras dele.
Eu: -Você não tem como saber disso.
Justin: -Claro que tenho. Quantas vezes antes disso você foi assaltado?
Eu: -Cara você esta irracional
Justin: -Não, você que ta num tesão por ele e ta se metendo em roubada porque ta pensando com a cabeça errada.
Eu: -Ta falando besteira cara.
Justin: -Você ta com tesão nele e não adianta negar, eu te conheço cara, vai negar?
Após alguns segundos de silencio, eu: -Justin, ate você tem tesão por ele.
Justin: -Não, por ele não.
Eu: -Como é cara?
Do nada, após 2 anos sem que nada rolasse entre eu e o Justin, ele me beija. Foi tão repentino e inesperado que minha reação foi afasta-lo de mim:
Eu: -Ta maluco? E se alguém pega a gente aqui cara?
Confuso e sem saber como reagir, Justin: -Eu sei la cara, Matheus se livra desse cara ele é encrenca.
Ao terminar de falar isso, a esposa dele, Jane, entra na garagem e me pergunta como aconteceu o assalto e a conversa com Justin se decipou. Peguei Bruno e voltamos para casa:
Bruno: -Eu sei que sou novo aqui mas vou falar, não gosto desse cara.
Claro que ele tinha que dizer isso. Afinal eu não estava confuso o suficiente.
CONTINUA...
