Bruno rindo bastante: -Na boa primo se tu não me para ontem, hiii, sei não hein.
Eu completamente incrédulo: -Só para termos certeza que falamos da mesma coisa, do que você esta falando mesmo?
Bruno achando graça do que dizia: -Do pega que te dei quando tu tirou minha camisa ontem, que puxei tu pra cima de mim na cama e do linguão que meti na tua guela.
Eu: -Você lembra disso e acha graça?
Ja com a feição passando para séria/assustada, Bruno: -Eu lembro sim, eu não tenho dessas de esquecer das paradas quando bebo não, eu sempre lembro, mas tipo tu se ofendeu? Eu achei que tu tava curtindo, so achei....
O interfone toca interrompendo o que ele dizia. Eu fiquei parado olhando para ele, esperando a conclusão e o interfone voltou a tocar.
Bruno: -Não vai atender?
Outro toque do interfone, seja quem fosse estava com pressa em ser atendido. Assim fiz, era Justin. “-Mais que porra, duas semanas tentando contado e ele me aparece nessa hora”
Eu: -Péssimo timing, não posso falar com você agora. Depois passo na sua casa.
Justin: -Não, eu preciso falar com você agora e já vim ate aqui, deixa eu subir.
Eu: -Sinto muito mas agora não dá
Justin: -Seu vizinho esta saindo aqui, vou aproveitar o portão aberto para subir.
Não teve jeito, ele aproveitou a saída do vizinho e subiu. Bruno observava a nossa conversa:
Bruno: -O mané quer o que?
Eu: -Va tomar seu banho, vou me livrar dele e continuamos nossa conversa.
Bruno: -Nada disso, to precisando levar um lero com esse Zé ruela.
Eu a essa altura já esta nervoso. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. E para piorar a possibilidade de Bruno baixar o sarrafo em Justin sem eu nem sequer entender direito o motivo. Acho que a única palavra que encontro para descrever como eu estava seria agoniado.
Eu: -Bruno você quer me provocar uma dor de cabeça? É isso?
Bruno: -Não, só acho que preciso falar com ele.
Eu em tom de ordem: -Você não tem nada para falar com Justin, uma pessoa que você só viu duas ou três vezes na vida! Agora vá tomar seu banho enquanto falo com ele.
Bruno: -Calma, beleza, eu não tô aqui pra te estressar não.
Ao seguir do fechar da porta do banheiro a campainha toca. Abri a porta e Justin entrou sem nem esperar convite. Estava visivelmente alterado. Agitado, meio nervoso.
Justin: -Porque seu celular esta desligado e você não atende o telefone?
Eu: -Justin qual foi? Você some por duas semanas, não retorna minhas chamadas, em casa ou no trabalho nunca esta disponível para falar comigo e eu tenho que estar a sua disposição?
Ele me olhou e passou a mão, apressadamente e meio com raiva na cabeça e passou os olhos pelo que podia ver do apartamento.
Justin: -Cade o brutamontes?
Eu: -O Bruno esta no banho e eu estava tendo uma conversa com ele e você interrompeu.
Justin: -Conversa? E ele no banho? Era na cama? Estavam transado foi?
Eu em tom mais agressivo: -Embora isso não seja da sua conta, não, e se estivéssemos qual o problema?
Justin: -Isso seria nojento! Ele é seu primo!
Os americanos, diferentemente de nós brasileiros, não gostam muito da idéia de primos se relacionarem.
Eu: -Justin o que você quer?
Justin ainda muito agitado: -Eu errei ta bom, fiz besteira, eu estava satisfeito como as coisas estavam, mas ai apareceu esse gorila e fiquei inseguro
Eu começava a entender o que o Justin queria, e eu não precisava daquela conversa naquele momento. O assunto inacabado com Bruno martelava minha cabeça como único assunto que eu podia e queria tratar.
Eu: -Justin, realmente, precisamos conversar, mas não pode ser agora. (pensei rápido e soltei) Você interrompeu uma briga seria entre eu e o Bruno sobre umas coisas que soube sobre ele no Brasil. No fim da tarde te pego em casa e vamos conversar, é o tempo que você precisa para relaxar.
Ouvindo isso ele relmente relaxou.
Justin: -Ok, ta certo. Ok, ok.
E foi caminhando ate a porta, chegando lá ele pôs a mão no meu ombro.
Justin: -Você vai não é?
Eu: - Claro!
Justin: -Vou estar te esperando.
Assim ele saiu pela porta. Me apressei para voltar a falar com Bruno. Uma centelha de esperança se acendeu no meu coração:
“ -Se ele lembra do beijo e acha graça disse é porque ele gostou”
Eu estava apaixonado por ele, fora o tesão que eu tinha nele que parecia que me faria explodir. Se havia alguma possibilidade de algo real rolar, pelo próprio querer dele e não por uma bebedeira eu queria, e como queria, que rolasse. E sem ser hipócrita. Que Justin se explodisse.
Bruno ainda estava no banheiro, aguardei no corredor o que pareceu ser horas e não um banho de alguns minutos. Aliais do aceio dele ninguém nunca poderia reclamar. Nunca conheci alguém que tomasse tantos banhos por dia! Após aguns minutos finalmente o chuveiro desligou. Algum tempo depois disso a porta abriu e ele saiu com a toalha enrolada na cintura.
Bruno: -Opa!
Eu: -Vamos terminar nossa conversa.
Bruno: -Cadê o manezão?
Eu: -Já foi, Bruno sobre ontem...
Bruno me interrompeu: -Relaxa meu bom, ta tudo tranqüilo.
Riu um pouco e continuou
Bruno: -E tu é esperto, porque que veio com o papinho manso de ter que conquistar e não sei o que, porque dai eu bebasso e pelo respeito que tenho a tu deixei tu se sair, senão ou ia te convencer que tinha que me deixar te dar o pega ou ia te pegar na raça.
Eu com um sorriso no rosto que deixava claro que eu gostara do que ouvi: -Então você lembra que eu não te provoquei e nem te forcei a nada?
Bruno ainda rindo: -Claro que tenho certeza primo! Aliais eu lembro bem que foi o contrario.
Eu ainda meio incrédulo: -E você esta tranqüilo em relação a isso?
Bruno: -Claro!
Em seguida saiu andando para o quarto, fui atras dele radiante de felicidade.
Eu: -Você então sente alguma atração por mim.
Bruno voltando a rir e de costas para mim: -Coé primo não cansa de me zuar não? Atração por macho? Fala sério.
Eu confuso e deixando claro que estava confuso: -Como assim? E o que aconteceu ontem?
Bruno: Ah primo ontem o que rolou foi que eu só percebi algo que eu já sabia, na moral, mas não tinha me dado conta. Cara olha o que tu faz por mim! Você fez por mim em 3 semanas coisas que ninguém fez cara!! e não me pediu nada em troca velho.
Eu continuei atento, não entendi de primeira aonde esse papo ia.
Bruno: -E porra depois do que tu me falou ontem, caraaaalho tu entendeu na manha o que aconteceu entre eu e Licia, e pior! Tu viu meu lado sem eu nem precisar pedir. Caraca!! Tu é muito brother cara!!!
Eu so balançava a cabeça como quem diz: Tô entendendo.
Bruno: -E na moral tu anda num tesão virado ae por mim a dias.
Eu em uma tentativa ridícula de negar: -Que historia é essa Bruno?
Bruno: -A primo vamo la, tu pensa que não vejo as vezes que tu ficou de pau duro quando te aplico um abraço? Ou as vezes quando chego da malha? Coé primo, eu sou meio devagar mas num sou babaca né?
Nesse momento eu fiquei envergonhado, mas durou pouco, porque em alguns segundos eu serei puro ódio.
Bruno: -Então, aê, ontem eu no maior seca sem dar uma a mais de mês, você nesse tesão do caralho, porra aviadar eu não iria, num vou da cú pra macho, mas comia você na boa, ae aliviava meu tesão e o teu e ainda era um jeito de agradecer você pela moral que tu tem me dado.
Eu extremamente serio: -Então você so ia transar comigo por...
Bruno: -Bem transar, transar não né primo? Blz eu larguei a língua na tua garganta, na boa, não me leve a mal, mas o beijo só rolou porque tava meio que totalmente embreagado.
Eu ainda serio: -Continuando o que eu estava dizendo antes de você me interromper, você então só me beijou porque estava bêbado e queria “me comer” por pena?
Bruno parecendo não entender que eu estava estourando de ódio ainda em tom de brincadeira: -Ih primo na boa, pena não, agredecimento pô! E olha so, ainda te como, só vou precisar tomar um trago ali pra garantir que o pau vai se armar sem dificuldade, mas também não muito pra eu não sair tascando minha língua na tua garganta de novo né? A gente não quer isso.
Quando ele se virou rindo que me viu serio sentiu que algo estava errado e a graça sumiu.
Bruno: -O que foi primo?
Eu: -Você ta pensando o que rapaz? Que eu sou alguma rameira de esquina ou de beira de estrada que você ta acostumado a pegar?
Bruno: -Calma primo, acho que tu não entendeu...
Eu interrompendo ele e apontando o dedo na cara dele tão perto que quase acerto o olho dele: -Você me respeite seu moleque, eu não sou um viadinho como estes que devem ficar se derretendo pra você enquanto você tira onda de gostosão.
Bruno: -Primo, perae...
Eu: -Cara cala a boca que eu não tô mais com paciência para você não.
Dito isso entrei no quarto e bati a porta.
Uma explicação aqui: Ok, ok, eu sei. Idiota. Eu não tinha nada que fazer aquilo. O mais correto seria ir tomar um “trago” com ele, relaxar e curtir uma boa transa ou foda, sei la, com ele, a depender do trago ate com uns beijos, sim porque quem faz uma vez faz duas, do que ter essa crise que tive.
Hoje eu entendo que aquela reação só veio a mim por causa da decepção que senti com as palavras dele. Poxa vida, eu estava completamente apaixonado pelo cara, de quatro literalmente, e cheio de esperanças que algo real podia acontecer naquele momento quando vem esse banho de água fria. Ele no fundo não tinha culpa, ele só tentou agir de forma a me agradar. Hoje entendo isso, mas na hora foi difícil.
Mas voltando: Eu não tranquei a porta, mas ele ficou do lado de fora sem tentar abrir apenas falando através dela.
Bruno: -Primo, abre, por favor, deixa eu falar direito com você, eu pensei que a gente tava de zueira.
Eu calado estava, calado fiquei, estava tomado pela raiva.
Bruno: -Por favor primo deixa eu me desculpar, por favor vai.
A voz dele pela porta era de partir o coração. Um homem daquele tamanho quase que chorando pedindo por atenção, mas eu estava tão irritado que ignorei.
Já passava de 3hs da tarde e eu estava faminto. Não tinha nada no frigobar do quarto e eu precisava encontrar o Justin. Eu so pensava como estava mal servido emocionalmente, Bruno que mexia comigo mesmo sem querer e Justin que já era uma historia que eu dava como morta que do nada ele quer renascer.
Tomei um banho, troquei de roupa, e abri a porta do quarto. Para minha surpresa ao abrir a porta ele estava sentado no chão, encostado na parede do corredor, ainda so de toalha. Ao ver a porta aberta se levantou como um raio:
Bruno com uma cara seria como nunca tinha visto e falando como numa velocidade quase incompreensivel: -Primo por favor, eu não sei o mas sei que fiz alguma merda, na boa não entendi bem o que foi, mas sei que fiz mas por favor me desculpa, desculpa mesmo, não fica com raiva de mim, eu faço qualquer coisa mas me desculpa.
Eu respirei fundo e interrompi ele: -Quando eu voltar a gente conversa novamente.
E passei por ele indo em direção a porta. Ele me segurou pelo braço e disse: -Por favor primo conversa agora.
Eu olhei seriamente para ele, direto nos olhos e falei pausadamente: -Me solte agora.
Ele não hesitou e me soltou
Eu ainda serio: -Nunca mais me segure dessa forma novamente. Entendido?
Bruno: -Desculpa, não faço de novo, agora vamo conversar, por favor.
Eu: -Ja disse, quando eu voltar.
Ele fez uma cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança e uma voz que era quase um lamento: -Por favor primo, não faz assim comigo.
Embora que com essa ele tenha quebrado meu ódio e amolecido o meu coração, me virei, abri a porta e sai deixando ele em pé no meio da minha sala.
CONTINUA...
