O tempo passou, e como passou, seis meses desde a chegada de Bruno, passamos do fim do inverno para fim do verão. Nenhum evento que merecesse atenção aconteceu nesse período por isso irei apenas resumir os acontecimentos.
Bruno terminou o curso de inglês mas ainda não falava nenhum grande inglês, mas já era capaz de entender e de se fazer entender. Ele manteve contato com os amigos do curso de inglês e botou na cabeça que queria ir com eles para Santa Cruz passar um fim de semana, precisava ir a praia, não agüentava mais o clima frio de São Francisco e precisava de um banho de mar “-Porra baiano sem banho de mar é foda primo!, eu não podia ir, mas dei o dinheiro para que ele fosse com os amigos, depois disso ele passou a me encher constantemente para irmos ate lá. Ele começou a malhar em uma academia perto de casa. Como ele não decidia o que faria da vida, consegui com uma colega de trabalho matricula-lo no curso noturno do nível médio, uma espécie de supletivo, pelo menos ele poderia estudar e tentar uma faculdade comunitária ou municipal, e ele estava freqüentando as aulas. O marginal que ele quase socou ate a morte saiu do coma e ele foi inocentado do crime de tentativa de homicídio, mas foi condenado a serviços comunitários por uso de força excessiva, menos pior. Todos os pequenos concertos, coisas que tinha para instalar e ajustes que precisavam ser feitos em minha casa e ele precisava de um emprego foi quando tive a idéia dele se tornar faz-tudo. Muito comuns aqui nos EUA e da para tirar uma grana boa.
Eu e Justin continuávamos nos encontrando, por diversas noites nos dormíamos juntos na casa nova, ele dizia a Jane que viajaria a trabalho e ficávamos dois as vezes três dias juntos. Quando Bruno foi a Santa Cruz também viajamos e fomos a Vermond. Nem Jane e nem Bruno sabiam de nós. Aliais, ninguém sabia.
Enquanto a mim, ainda vivia tendo fantasias com Bruno, por diversas vezes quando eu e Justin transávamos e eu fechava os olhos e pensava fortemente em Bruno. Engraçado se eu só conseguia fazer isso quando eu estava como passivo. Quando eu comia Justin não conseguia ter esse tipo de pensamento. Não consigo me ver comendo Bruno. Fui promovido e meu salário quase dobrou, motivo para muita festa no Brasil.
E então chegávamos no período citado a cima. A idéia do Faz-Tudo agradava Bruno, ele queria se sentir útil, ele não era preguiçoso, muito pelo contrario ele queria trabalhar , produzir, mas para isso ele precisava de uma licença, e para ter uma licença ele precisava de um número de seguro social, trabalhar como Faz-Tudo sem licença seria impossível, nenhuma americano o aceitaria dentro de casa. Mas o visto dele era de turista, não conseguiria trabalhar com aquele visto. Porém Justin poderia ser a saída:
Justin: -Você tá louco? Eu jamais ajudaria aquele rinoceronte irracional.
Eu: -Velho vocês não se vêem a uns dois meses.
Dois meses antes tínhamos ido ao estádio assistir um jogo dos Dodgers, e Bruno foi com a gente, mais alguns parágrafos abaixo desenvolvo melhor sobre isso.
Justin: -Aquilo só serve como soldado no Iraque, vai lá, o exercito tá recrutando.
Eu: -Cara ele é meu primo, ajuda ai vai, vamos dar a ele a independência financeira dele. Você mesmo vive me dizendo que não concorda em eu ter que sustentar ele.
Justin: -E continuo não achando isso certo, mas ele pode ir fazer outro serviço qualquer. Que não precise de numero de número de seguro social.
Eu: -Tudo bem, e por mim? Você ajudaria a ele por mim?
Justin: -Você saber que faço qualquer coisa por você. Eu te amo.
Eu ainda não havia dito a ele que o amava mas ele vivia me dizendo isso. Sempre que ele dizia, eu apenas sorria.
Eu: -Obrigado, eu realmente preciso dar um trabalho a ele.
Justin: -Manda ele no meu escritório amanha de manhã que apresento ele a quem pode ajudar.
Justin tinha alguns conhecidos que podiam conseguir um número de seguro social, era tudo que eu precisava.
Bruno: -Porra primo fala serio, ter que pedir ajuda pro mariquinha? Porra prefiro ficar sem trabalhar.
Eu: -Pô Bruno? Eu não importo de te ajudar, mas você não quer ter dinheiro para ir para Santa Cruz sozinho? Sem ter que me pedir?
Bruno: -Caraca tô pesando ne primo?
Eu: -Não é isso, eu não me importo em te ajudar no que você precisar, mas pensei que você gostaria de ter seu próprio dinheiro.
Acabei convencendo ele. Era verdade eu não me importava em bancar ele e nem era por tesão ou paixão, eu não andava mais com aquele tesão desenfreado por ele. Lógico que eu tinha um tesão torto nele, até porque ele estava no auge da sua forma física, ele tava mais gostoso que nunca, depois que ele voltou a malhar o corpo dele estava mais impressionante. Mas eu conseguia me controlar bem, a minha paixão por ele tinha dado uma acalmada e querendo ou não eu e o Justin íamos bem. Posso dizer que tudo ia como devia ser.
No dia seguinte encontrei com Justin em nossa casa na praia a noite, não tinha visto Bruno desde então e quem me deu noticias foi Justin:
Justin: -Ta tudo acertado, ele ate ja tem Seguro Social.
Fiquei mais tranqüilo, a vida de Bruno começava a se ajeitar. Afinal era para isso que ele estava aqui. Eu geralmente não o via sair para o trabalho, pois quando ele o fazia eu já havia saído para o meu, assim como não o via chegar, já que ele ia para a academia e em seguida para a escola chegando em casa sempre muito tarde. Passamos a praticamente só nos vermos aos fins de semana enquanto ao longo da semana apenas torpedos e chamadas no celular a fim de acertar alguns detalhes da casa ou do dia-a-dia.
Justin havia ficado muito satisfeito com essa solução, ele oficialmente não gostava de Bruno. Ainda mais depois da minha última tentativa de mostrar a ambos que aquela birra deles era bobagem. Esse foi o evento que disse acima que discorreria melhor: Tive a idéia de irmos ao estádio assistirmos ao jogo dos Dodgers. Tudo corria bem e ate que estávamos nos divertindo, mas na saída do jogo Bruno precisava se estranhar com dois caras e acabar terminando em briga. Justin com o inicio da briga me puxou pra longe bravejando:
Justin extremamente irritado: -Marginal! Bandido! Vagabundo!
Eu: -Calma Justin, a gente não sabe exatamente o que aconteceu.
Justin: -Eu sei exatamente o que aconteceu. Ele é marginal. Não precisa de mais nada.
Sei que me livrei do puxão de Justin e voltei para o encontro de Bruno chegando a tempo de ver os dois caras saírem correndo enquanto ele gritava coisas do tipo: “-Covardes!, frescos!”, etc, etc, etc. Embora a briga dele tenha resultado em um hematoma nas costelas e outro no olho direito no fim os caras que precisaram fugir para n apanharem mais. O que foi melhor, tudo que não precisávamos era de outro processo na justiça.
Depois disso tudo o Justin odiava o Bruno e não havia argumentativa que mudasse isso. E fiz um pedido a Bruno:
Bruno: -Não brigar? Com quem?
Eu: -Com ninguém cara.
Bruno: -Como assim?
Eu: -Bruno você ja entendeu o que eu estou dizendo, para de se fazer de bobo,.
Bruno: -Mas se o cara vim tirar onda com minha cara.
Eu: -Bruno não sei, sei que eu tenho 28 anos e nunca briguei na vida, acho que você consegue se realmente quiser. Não quero mais dor de cabeça com Justiça velho, da para você fazer isso pro mim?
Bruno: -Puta que pariu primo, beleza, vou tentar no máximo, juro mermo, só se não tiver outro jeito. Pode ser assim?
Eu: -Beleza, se não tiver outro jeito ja serve, mas promete que vai tentar de tudo antes de partir para briga, certo?
Bruno: -Ok, tá prometido.
Mais dois meses se passaram e se aproximava a data do meu aniversário. Finalmente teria a mesma idade de Bruno por pelo menos alguns meses.
Decidi que iria ter festa e fiz. Aluguei um espaço e convidei 50 pessoas entre amigos e colegas de trabalho. Festa grande, gastei uma baba para ter do bom e do melhor. Mas não foi perfeita. Bruno simplesmente sumiu o dia inteiro e não apareceu na festa. As pessoas notaram minha tristeza e Justin ficou enfurecido. Ate Jane estranhou de tanta raiva dele. Claro que ele sentiu que a ausência do Bruno era a razão de minha tristeza.
Eu me consolei pensando que talvez ele tenha ficado com vergonha de estar naquela festa. So teria pessoas de um nível econômico que ele não tinha. Era apenas um Faz-Tudo, estudando a noite e que mal falava inglês. Entendi que ele se incomodasse com isso. Aproveitei para tomar um porre como a muito tempo não tomava.
Ao fim de tudo Justin e Jane me deixaram em casa, entrei pela porta e fui beber agua para depois procurar Bruno. Foi quando me assustei. Havia sangue no chão da cozinha. Pensei primeiramente ser outra coisa, sei lá, algum condimento ou molho, mas não. Era sangue. Ao me dar conta disso ate o efeito da bebedeira passou. E me dei conta, não era meu então so podia ser de uma pessoa: Bruno.
CONTINUA...