Gente obrigado pelos emails que eu recebe... pelas palavras de carinho e amizade. Vocês são os melhores... valeu por tudo galera... e curtam mais um capitulo novo!! Até mais ver....
- Onde eu estou?! Estou morta? – perguntou Priscila incrédula.
- Porque tudo para nós humanos é a morte? A morte não é o final de tudo sabia, mocinha? – falou o Paulo se aproximando.
- Paulo... eu estou morta? – ela perguntou novamente um pouco mais severa.
- Claro que não... você está dormindo. – ele disse.
- O que é isso em suas mãos?! – ela perguntou tentando se aproximar.
-É um barquinho com várias flores dentro... não está vendo? – ele disse rindo.
- E para quem é? Você ia colocar no riacho? – ela perguntou se aproximando mais.
- Não... você vai...
- Meu bebê morreu né? – ela perguntou com lágrimas nos olhos.
- Hum rum. – ele consistiu com a cabeça sem mostrar qualquer tipo de reação.
Paulo entrou para Priscila o lindo arranjo de flores e a guiou até uma ponta do riacho. Muito emocionada a jovem abaixou-se e repetia para si mesmo que tudo aquilo estava bem. O filho que ela não queria foi de uma forma acidental, mas apesar de ela não querer, sentia como se tivesse perdido alguma coisa. Ela ficou alguns minutos abaixada e ao se levantar correu para os braços do irmão mais velho.
- Eu me sinto horrível, eu sei que você não aprovaria o que eu estava pensando... eu sinto tanto a sua falta... de rir com você, de abraçar você. – ela disse soluçando.
- Eu sempre estou com vocês... eu nunca para de olhar... eu quero o melhor para vocês... agora você precisa voltar. – ele disse limpando o rosto dela.
- Mas eles... eles vão me julgar... eu não posso.
- Não eles são a tua família. Apenas volta e viva a sua vida. Você merece.
- Vou tentar... mas eu queria dizer que te amo. – ela falou dando um beijo na testa do seu irmão.
- Eu também te amo pequena... você sempre será a minha menina. – ele disse abraçando.
Quando dormimos os nossos maiores desejos acontecem, mas em forma de sonho. Para muitos despertar é o maior problema de todos. No leito intensivo Duarte dava sinais que estava acordando. Enfaixado e entubado o adolescente sentiu muito medo ao abrir os olhos, parecia que estava em um filme de terror, sem poder se mexer. Imediatamente o Mauricio entrou no quarto e realizou alguns exames de reflexo, sempre acalmando o jovem.
- Você foi agredido e está no hospital. Você está imóvel porque tivemos que fazer uma cirurgia muito delicada. Não se assuste e nem faça movimentos bruscos. Estamos cuidado de você garotão. – disse ele.
Nos olhos de Duarte podia-se ver dor e medo. Mauricio ao virar de costa fez força para não chorar, pois, não tratava-se de um paciente qualquer. Era alguém que fazia parte de sua vida e que como ele também era homossexual. Duarte tentou dizer algumas coisas, mas ainda não conseguia falar.
- Calma Duarte... eu sei que é difícil entender... eu sei, mas você precisa apenas descansar e esperar... sua recuperação está sendo lenta. – falou o Mauricio chamando uma enfermeira e orientando sobre os cuidados que o garoto deveria receber.
Pedro chegou ao hospital e foi procurar seus parentes. Abraçou a mãe e o pai que estavam super abalados com o acontecido. Mauricio chegou e avisou que o Duarte havia acordado e ligou para a mãe dele que demorou uns 15 minutos para chegar ao hospital. Priscila também acordou e ficou chorando por alguns minutos sozinha, sem fazer alarde algum. Enquanto o Mauricio explicava a situação.
- Meu Deus... isso é impossível... amor tem que haver outra saída. Estamos falando da minha irmã. – falou Pedro.
- Eu sei Pedro... eu sei, mas o que você quer que eu faça... essa é a única opção. – retrucou Mauricio.
- Calma... essa decisão cabe a Priscila. – disse seu Rodolfo.
- Quando ela acordar o próprio Doutor Emanuel vai falar com ela. – o Mauricio falou.
- Eu posso vê-la? – perguntou Pedro.
Ao entrar no quarto Pedro se deu conta que sua irmã estava acordada e correu para abraça-la. Acho que ele nunca beijou tanto Priscila como naquele dia. Perguntou se ela estava bem ou precisava que ele chamasse alguém. Ela fez sinal de negativo com a cabeça e apenas chorava igual a uma criança. Pedro abraçou forte a sua irmã como se o mundo
estivesse acabando. Ela explicou sobre o sonho que terá com seu irmão mais velho deixando Pedro emocionado.
- Calma Priscila… você precisa descansar minha irmã.
- Eu… eu perdi o bebê né? – perguntou ela sem olhar para o irmão.
- Sim… infelizmente.
- Eu..eu sou uma mostra… eu não queria. – disse ela chorando.
- Calma… calma… tudo vai dar certo… eu preciso ir chamar o Doutor Emanuel… ele precisa conversar com você. – disse Pedro tentando não se emocionar e saindo do quarto.
No hospital Phelip ficou sabendo que o Duarte havia despertado, mas a infermeira na porta não deixou ele entrar dizendo que o jovem ainda estava se recuperando e eram ordens expressas do Mauricio, não deixar ele entrar. Chateado ele foi correndo até a sala do seu cunhado para saber o motivo de ele não poder entrar no quarto do namorado. Paciente Mauricio pediu para o rapaz sentar na cadeira.
- Phelip, o Duarte ainda está tentando entender, o que está acontecendo. Ele não pode falar e a visão dele ainda está muito prejudicada. Se ele ouvir você vai ficar agitado e pode se esforçar a toa. Dê tempo ao tempo… agora a sua família precisa de você também.
- Ok… me desculpa… eu… eu vou falar com os meus pais.
- Olá? – falou Pedro entrando na porta. – Interrompo alguma coisa? – perguntou.
- O Duarte acordou. – respondeu Phelip.
- Nossa uma boa notícia para variar… que bom. E quando ele recebe alta? – perguntou Pedro.
- Amor… ele ainda não consegue enxergar… então acho que ele vai ficar mais um pouco aqui. – respondeu Mauricio.
- A Priscila acordou também… ela já sabe que perdeu o bebê…
- Nossa… eu… vou ver como os pais estão. – falou Phelip saindo.
- Está tudo bem? – perguntou Pedro percebendo um desconforto em seu marido.
- Eu conheço a sua irmã há muito tempo… e eu a considero minha irmã também. E para mim ve-la nesse estado… eu… eu… é dificil. – disse ele se emocionando.
- Tudo bem amor… - falou Pedro sentando no colo dele. – Ela vai ficar bem… eu tenho certeza que vocês não vão encontrar nada demais. – ele disse beijando o marido.
- Eu espero. O Doutor Emanuel já foi conversar com ela?
- Sim… quem vai fazer a cirurgia é o Doutor Aroldo? – perguntou Pedro.
- Claro… o Doutor Emanuel não deixou eu ficar na sala de operação para acompanhar todo o procedimento.
- É melhor que a gente fique de fora amor. Ela… teve o sonho… - falou Pedro encostando a no ombro de Mauricio.
- Sonho?
- Sim. O mesmo sonho que eu tinha na praia com o Paulo, mas dessa vez foi num campo com um riacho… ele que disse para ela sobre a perca do bebê.
- O Paulo… eu tenho muita saudades dele. Era um cara inteligente, humilde, diferente de muitas pessoas como esses idiotas que bateram no Duarte.
- Mauricio… eu tenho muito medo. O que será que vai ser do futuro dos nossos filhos?
- Amor não adianta viver de medo… temos apenas que viver. Por isso que temos que ter discrição… eu sei que é dificil, mas é o único jeito.
- Tudo bem. Estou pensando em adiar a nossa viagem. – Pedro falou.
- Sem problemas, precisamos deixar a poeira baixar… o Carlos perguntou hoje o motivo de a nossa família ser tão… hum… frequente no hospital.
- Você falando assim… a nossa família… me faz relembrar o motivo que eu me apaixonei por você.
- É a nossa família Pedro. Minha e sua.
- Eu também me pergunto o motivo disso. Eu te amosabia… obrigado por me manter minha sanidade nesses momentos.
O barulho do ar condicionado era a única coisa que se podia ouvir no quarto de Priscila. A jovem estava pensativa… tristeza e alivio passavam pela cabeça dela. Até que toda quietude foi quebrada com a entrada do Doutor Emanuel. Ele abraçou e a beijou e sem rodeios explicou os motivos que o levaram até ali. Priscila entendeu tudo o que o chefe do hospital falou e com lágrimas nos olhos sabia que se houvesse algo de errado a decisão de tirar seu útero seria totalmente perigosa para um futuro próximo em sua vida.
- Temos que torcer pelo melhor. Você como médica sabe que o corpo humano é uma máquina confusa e pode apresentar altos e baixos, mas temos que manter a nossa fé. – ele disse pegando nas mãos dela.
- Eu sei disso… eu sei… e eu estou pronta Doutor… o Senhor pode trazer o protocolo, eu confio no senhor. – ela disse enxugando as lágrimas.
- Quer que eu mande os seus familiares entrarem? – perguntou o Dr. Antes de sair.
- Claro… pode chamar.
Todos entraram em fila e não escoderam a tristeza. Principalmente a mãe da Priscila. Mas todos também demostraram força e coragem para a jovem. Phelip se deitou na cama da irmã t ficou acariciando o rosto dela. Depois de alguns minutos entraram o Mauricio e Pedro. A conversa fluiu e a Priscila pediu perdão a todos sobre o seu comportamento e pediu ao irmão que ele chamesse seu ex namorado.
- Você tem certeza minha filha? – perguntou o Rodolfo.
- Gente, ele ao menos sabe que eu estou no hospital?
- Não. – Pedro respondeu por todos que ficaram calado.
- Então preciso contar pessoalmente para ele o que aconteceu. – afirmou a jovem.
- Tudo bem… eu vou. – disse Mauricio.
- Eu vou amor… você está cansado. Precisa descansar ok. – falou o Pedro.
- É melhor mesmo Mauricio, você está a 24horas sem dormir. – falou Rodolfo.
- Vamos eu te levo para casa. A sua mãe ficou com as crianças, eu precisodeixar ela descansar também… está na hora de contratarmos pelo menos uma babá para ajudar. – falou Pedro.
- Você tem razão. E amanhã eu tenho uma cirurgia complicada.
- Precisamos deixar você descansar um pouco Priscila. – disse Paula passando a mão na cabeça da filha.
- É verdade. – disse seu Rodolfo se despedindo e saindo do quarto.
- Ele nunca vai me perdoar. – ela disse com uma voz triste.
- Não se preocupa Priscila. – disse sua mãe.
Depois que todos foram embora o silêncio voltou a reinar no quarto de Priscila. Não muito longe dali, a enfermeira que cuidava de Duarte adormeceu e Phelip ao ver a cena aproveitou para se despedir do seu namorado. Ao entrar no quarto ele tomou todo o cuidado necessario e quando ia dar o beijo de despedida em Duarte, ele desperta. Ficam os dois al,i olho no olho. Quando Phelip deu conta que o seu namorado estava consciente foi tomado pelo velho sentimento de culpa e lágrimas desceram dos seus olhos. Na cabeça de Duarte um filme passou desde o momento da discussão até a briga… e ele sabia que a culpa de tudo aquilo era de seu namorado. Ele tentou dizer algumas palavras, mas o tubo não deixava quando seus batimentos começaram a acelerar e a máquina cardiaca disparou. A enfermeira entrou correndo na sala com outras pessoas e tiraram o Phelip do quarto.
Sim. Duas pessoas queridas por todos estavam em uma situação de dor e sofrimento. A vida é assim… oferece, mas tira. E para os dois a dor está apenas começando.
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