Uma vida de esperança - Parte 6

Um conto erótico de DeBemComAVida
Categoria: Homossexual
Contém 2372 palavras
Data: 23/04/2012 19:00:01
Última revisão: 23/04/2012 19:01:30
Assuntos: Homossexual, Gay, Amor, Romance

Lá fora podia ver um rapaz em pé vestindo apenas uma sunga branca, mas tinha uma pequena árvore que me impedia de o ver dos ombros para cima. Mas pelo que via só podia ser Afonso. Mais moreno que eu, praticamente da mesma altura que eu, com uma pernas gostosas e uma bunda bem gostosa.

Eu: Afonso? – chamei por ele. – Afonso?

Ele se virou para mim mas ainda assim a árvore me impedia de ver o rosto. Tentei me aproximar até que ouço Sílvia

Sílvia: Pedro, Afonso venham ter comigo, o mar está uma delícia!

Afonso se vira para o mar. Andei mais um pouco e consegui ver os seus cabelos. Os seus belos caracóis que ao sol pareciam dourados. Eram lindos.

Aproximo-me dele e o agarro ainda de costas. Fecho os olhos e consigo sentir os seus músculos do peito.

Eu: Oi meu amor. – digo cheirando os seus cabelos

Afonso: Oi minha vida. – diz ele se virando para mim.

Abro os olhos e está tudo escuro.

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Droga! Acordei! Logo agora que ia ver o seu rosto, mas que droga!

Afonso continuava deitado, virado para mim me abraçando.

Afonso: Tudo bem meu amor? – diz passando a mão no meu rosto.

Eu: Me abraça por favor – digo me aconchegando mais nos seus braços.

Ficamos assim uns minutos até que o despertador começa a tocar.

Eu: Que horas são?

Afonso: 8 horas. Às 9 tenho de estar no escritório.

Eu: Conseguiu descansar?

Afonso: Sim meu amor, dormi como um anjo, e você?

Eu: Eu voltei a sonhar com você…

Afonso: O que sonhou desta vez? – diz me abraçando ainda mais.

Eu: Sonhei que estávamos na casa de praia de meu avô. Eu, meus pais, Sílvia e você. Vi todo o mundo e quando encontrei você chamei e você olhou mas apenas conseguia vê-lo dos ombros para baixo. Então me aproximei mas Sílvia tinha chamado para irmos para o mar e você olhou para ela ficando de costas para mim – suspirei – apenas pude ver as suas costas e os seus lindos caracóis. Agora que penso bem apetecia-me saltar em cima daquela minha irmã e dizer que devia estar caladinha. Se ele não tivesse chamado por você, eu tinha visto o seu rosto. Que raiva!! – digo sentindo uma certa revolta.

Entretanto Afonso levanta-se depressa e senta-se a meu lado.

Afonso: Você ouviu bem o que disse? – diz ele, parecia entusiasmado.

Eu: Eu sei que é feio ter raiva da minha irmã.

Afonso: Não é isso, o que você falou antes – continuava entusiasmado.

Eu: Ah Afonso, não estou entendendo nada. Que a Sílvia estava no mar? – eu não estava mesmo entendendo onde ele queria chegar.

Afonso: O que é que você viu de mim?

Eu: Ai Afonso já lhe contei. Você estava de frente e eu vi o você só dos ombros para baixo, você se virou de costas e eu quando me aproximei vi você de costas, foi isso – eu continuava sem perceber nada.

Afonso: E quando me viu de costas só viu dos ombros para baixo?

Eu: Não, eu também vi os seus…. – espera aí, em todos os sonhos eu sempre via Afonso dos ombros para baixo, nunca vi mais que isso. Mas hoje eu vi mais um pouco - …. Eu vi os seus lindos caracóis perfeitos – digo com um grande sorriso no rosto.

Pode parecer bobo mas isto me deixou feliz da vida. Eu sei que são só os cabelos, mas eu nunca na vida os tinha visto.

Será que era um sinal? Eu sou daqueles que acredita que nada acontece por acaso. Será que era um sinal de que este tratamento ia dar certo?

Calma, respira fundo Pedro, é melhor manter os pés bem assentes na terra, senão a queda é maior.

Eu: Este foi o melhor sonho que já tive desde que conheci você! – digo, procurando o seu rosto com as minhas mãos.

Ele agarra nas minhas mãos e beija uma e depois outra. De seguida levo as minhas mãos para o seu cabelo a sinto os seus caracóis.

Afonso: Espero que seja o primeiro de muitos meu amor.

Eu: Afonso, e se o tratamento der certo? – digo serio.

Afonso: Meu amor, eu odeio ser o mau da fita, mas você sabe que as hipóteses de dar certo são quase nulas?

Eu: Sim, eu sei… Mas e se der certo.

Afonso: Uma coisa da cada vez…

Afonso às vezes me irritava. Às vezes era racional demais e não deixava que meus sonhos voassem alto. Mas também era isso que eu precisava neste momento. Não precisava de alguém que me dissesse “Você vai voltar a ver de certeza, vai ser muito feliz e vai viver muitos anos”, precisava de alguém que me ajudasse a ter os pés no chão e nisso ele era a pessoa certa. Era o fato de ele se preocupar tanto comigo que o fazia agir assim, sempre tao racional.

Eu: Me abraça – suspirei…

Ele imediatamente me abraçou.

Eu: Vá se preparar meu amor, o tempo não para.

Afonso: Quer que eu fique em casa? – diz segurando meu rosto. Provavelmente olhava-me nos olhos mas eu não conseguia ver…

Eu: Não meu amor, eu fico bem. Pode-me deixar em casa dos meus pais?

Afonso: Claro minha vida.

Eu: Vamos então nos vestir e tomar um bom pequeno-almoço.

Levantamos e vestimos e fomos comer qualquer coisa. Hoje foi mesmo qualquer coisa porque Afonso estava com pressa. Normalmente ele faz um ótimo pequeno-almoço, ele é um mestre na cozinha.

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Desde que fiquei cego passava muito mais tempo em casa dos meus pais para não ficar sozinho no apartamento. Ou Afonso me deixava lá ou os meus pais ou Sílvia me iam buscar. Eu ainda não tinha arriscado ir de transportes públicos. Às vezes ia de táxi, mas muito raramente.

Minha mãe ficava quase sempre por casa. Eu ficava horas ouvindo música, mas ultimamente meus pais arranjaram um professor para me ensinar a ler em Braille, tinha uma aula de 1h30 por dia. O facto de começar a ler sozinho era um passo enorme, mas infelizmente há pouquíssimas coisas escritas em Braille.

Várias vezes por semana o Afonso chegava cedo do trabalho e então íamos treinar um pouco, normalmente corríamos à beira mar. Depois voltávamos para casa de meus pais e jantávamos todos juntos, Sílvia também jantava quase sempre connosco.

Chegando em casa dos meus fomos recebidos por minha mãe. Meu pai e Sílvia já estavam trabalhando.

Meu pai era o presidente do escritório de advogados, cargo que antes foi de meu avô. Mas apesar de ser o presidente e ter toda a liberdade ele fazia questão de ser dos primeiros a chegar ao escritório e raramente faltava. Só faltava se eu, minha irmã ou minha mãe estivéssemos realmente a precisar dele. Ele às vezes mesmo estando doente ia na mesma trabalhar. Uma vez ou outra, para evitarmos que ele fosse trabalhar doente, fingíamos uma crise para ele ficar preocupado connosco e ficar em casa, mas como devem adivinhar ele nunca acreditava rsrs ele é um advogado bom demais e percebia facilmente que estávamos a mentir rsrs

Ele é o pilar da nossa casa. Sem ele eu não sei o que seria de nós. Não sei o que seria de mim. Ele é o meu ídolo, o meu super herói. Desde pequeno sonhava ser como ele. Queria muito ser um ótimo chefe de família e um advogado exemplar.

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Antes de perder a visão estava cursando direito. Não estava neste curso porque o meu pai era advogado, ele nunca me pressionou para seguir os mesmos passos que ele, sempre me deu total liberdade para escolher o que quisesse. Mas na verdade eu amava o curso, amava a profissão. Adorava ir ver alguns julgamentos e ficava fascinado com aquele mundo. Um juiz, dois advogados, apenas um ganharia. E meu pai ganhava grande parte dos casos. Claro que não ganhava sempre, ele não é um deus rsrs

Contudo, apesar de nunca ter sido pressionado por meu pai, eu sentia a pressão muito alta. Ele era um dos melhores advogados do país e eu devia ser o seu sucessor, por isso podem imaginar que a fasquia estava mais do que elevada. E isso comecei a sentir mal entrei na faculdade. Uns me levavam a sério de mais porque mal sabiam quem era o meu pai ficavam intimidados. Outros olhavam pra mim e pensavam "olha o filhinho do papai, esse nem precisa estudar...... de certeza que o pai já falou com os seu amiguinhos professores e ele nem precisa estudar. Se tivesse um pai assim com certeza que nem punha cá os pés e eles me davam o curso." Enfim havia de tudo, mas ainda assim consegui fazer grandes amigos.

Filipe, Ana, Catarina e Diogo. Foram estes que conheci primeiro e foram estes que se mantiveram mesmo depois de eu perder a visão. Eram grandes amigos.

Quando fiquei cego foi impossível continuar a estudar, mas meus amigos não perderam o contato comigo e marcavam frequentemente jantares. Eu adorava esses jantares e ficava fascinado com o que me contavam, coisas que se passavam nas aulas ou no tribunal. Eles estavam a terminar o curso e em breve seriam advogados. E eu torcia sinceramente para que tivessem o maior sucesso do mundo.

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Mas voltando ao dia de hoje. Minha mãe logo me recebeu e queria que comesse qualquer coisa. Quase que tive de me por de joelhos e jurar que já tinha tomado pequeno almoço e que não tinha fome rsrs

Fui para a sala e deitei um pouco no sofá. Lá fora chovia torrencialmente e eu adorava ficar deitado a ouvir a chuva.

De repente saltei do sofá, tinha de fazer uma coisa que sempre tive vontade de fazer e nunca fiz porque não é uma coisa muito normal rsrs Abri a porta da sala e fui para o jardim, hoje ficaria debaixo da chuva sem correr, sem fugir para não ficar molhado. Simplesmente ficaria com o rosto virado para o céu sentindo cada gota. E foi o que fiz.

A chuva estava mesmo muito forte e podia ouvir a trovoada cada vez mais parte. Abri os olhos para o céu e senti todo o meu rosto escorrer de água. Comecei a sentir a camisa colada ao corpo. Era boa a sensação. Sentia-me livre, sem preocupações, era como se a chuva me lavasse a alma!

Sentia-me num mundo à parte...

Mãe: PEDRO?!?! O que é que você tá fazendo?!?! - ela estava mesmo brava rsrs

Eu: Eu?

Mãe: Quem mais poderia ser? Você quer apanhar uma gripe? Já para dentro!!! - dizia empurrando-me para a sala.

Eu: Calma mãe, eu estou bem!

Mãe: Você vai imediatamente tomar um banho quente!! Rápido, antes que esfrie!

Eu: Ei Mãe você se preocupa demais - digo sorrindo para ela - mas eu vou tomar um banho bem quente, não se preocupe rsrs

Mãe: Mas o que é que lhe deu? Já tem idade para ter juízo! - pelo tom de voz ela não tinha achado piada. - Aparecer em casa molhado porque apanhou uma chuvada e não tinha como se abrigar é uma coisa. Agora ir diretamente para a chuva é outra totalmente diferente.

Eu: Pronto vou tentar não voltar a repetir rsrs

Mãe: Acho bom mesmo. Você já é crescido mas se for preciso ainda lhe dou uns tapas! - agora já estava mais descontraída - Banho já!

Eu: Já vou, já vou. – disse rindo

Comecei a caminhar para o meu quarto e fui para o meu banheiro, ela tinha razão, já começava a sentir um friozinho rsrs

Tomei um banho rápido e vesti uma roupa desportiva que tinha lá em casa. Confesso que já sentia uma pequena dor de cabeça, tentei disfarçar para minha mãe não notar rsrs

E também não queria tomar mediação porque já tomei de mais e agora evitava tomar, só mesmo em último recurso.

Eu: Mãe, pode fazer um chã bem quente?

Mãe: Você nem pense em ficar doente! - ela percebeu que eu já estava sentido uma indisposição - Vá para o sofá que já já eu levo o cha. Pegue no cobertor que está no sofá pequeno e embrulhe-se nele.

Fiz o que ela disse. A dor de cabeça estava a piorar, como sempre minha mãe tinha razão rsrs Mas eu voltava a fazer tudo igual rsrs

Estava quase adormecendo quando minha apareceu com o cha e umas bolachas.

Mãe: Tome enquanto está quente e coma estas bolachas.

Levantei-me e já sentia a cabeça bem pesada e bem quente.

Mãe: Você já está ardendo em febre, eu vou buscar um comprimido pra você tomar, e nem diga que não quer tomar - diz ela pondo a mãe na minha testa e sentindo que estava bem quente.

Eu: É melhor mesmo.

Mãe: Ah meu filho, tem de ter mais cuidado, com a saúde não se brinca - ela diz com voz de mãe rsrs

Eu: Eu prometo que vou tentar ganhar juízo - digo sorrindo.

Mãe: Acho bom mesmo - diz ela se levantando e indo buscar o comprimido.

Tomei o comprimido e tentei descansar um pouco…

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Eu: Afonso? Afonso para onde vai?

Ele continuava a caminhar de costas voltadas para mim.

Eu: Afonso eu estou aqui, para onde está indo?

Eu sentia-me preso continuava a caminhar, estava cada vez mais distante.

Eu: AFONSO!! – comecei a gritar – AFONDO!!! Eu estou aqui, não me deixa sozinho! – comecei a chorar. – Afonso volta aqui, eu estou preso – o choro já começava a atrapalhar a fala – AFONSO!!!!

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Acordei completamente suado e com a respiração ofegante. Era um pesadelo. Que sofrimento! Sentei-me e levei as mãos ao cabelo, ainda me sentia desorientado. Respirei fundo e comecei a fica mais calmo…

Mãe: Meu filho está melhor? – diz ao entrar na sala – Mas o que se passa, você tá suando!

Eu: Foi só um pesadelo, já estou bem. – digo já bem mais calmo.

Mãe: Oh meu filho não gosto de o ver assim. Vá tomar outro banho porque está todo transpirado.

Eu: É melhor – disse me levantando.

Mãe: Tome um banho rápido então. O Afonso ligou e disse que hoje vem cá almoçar. Disse que queria falar com você.

Eu: Ele disse porquê? – pergunto admirado.

Mãe: Não, ele disse que depois falava. Vá tomar um banho rápido então.

Primeiro o sonho, agora Afonso a caminho de casa porque queria falar comigo. Não estava com um bom pressentimentoCONTINUA…

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Comentários

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kkkkkkkk lindo demais migo ta sensacional 10

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Obrigado pelos comentários :) muito obrigado do fundo do coração :)

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