Primeiramente, galera, desculpa por não ter avisado que o parte 4 era meio pesada. Eu poderia não colocá-la, mas no fim tudo vai fazer sentido e vai dar pra entender porque tudo foi tão revolucionário na minha vida. Desculpa novamente, quando tiver mais coisa brava eu aviso antes, ok? #éaprimeiravezqueescrevo
Agradeço aos comentários e peço que comentem mais ainda rsrs, é bom saber a opinião das pessoas. Abraços...
Quando ela foi embora eu fiquei mais triste ainda olhando o porta-retrato.. Eu amava muito aquela mulher e ser forçado a trair ela me machucava demais. Eu ficava horas olhando o porta-retratos, as minhas duas lindas ali. De noite era o mesmo inferno, ele me chamava pra cama e eu ia, já não lutava contra, não tinha porquê, só seria surrado e estuprado novamente.
Uma semana se passou, meu advogado disse que estava tentando apressar o julgamento, mas todos insistiam em me deixar em prisão preventiva, o que era um absurdo. Ele poderia apelar ao supremo, mas demoraria demais, então estava tentando negociar por ali mesmo. O Henrique não tinha brincado em serviço, conseguiu me fuder, bem, não foi bem ele, mas estava fudido ali dentro, literalmente. Pelo menos, com todo o suplício que eu passava de madrugada, fui aliviado do suplício durante o dia. Ninguém me pedia nada, me xingavam muito pouco, só quando eu entrava no caminho deles, não apanhei mais. Com o dinheiro que minha mulher levava, eu comprava comida, refrigerantes, e tudo mais que precisava. Ela me levava livros e mais livros e logo já tinha uma pequena biblioteca debaixo da minha cama. Ia emprestando pra todos na cela, era um bom meio de ajudar aqueles homens.
Um dia, no banho de sol, estava lendo Orgulho e preconceito, de Jane Austen. A leitura estava tão boa que fui andando sem ver meu caminho e acabei trombando com um cara. Na mesma hora eu me desculpei:
- pow, foi mau cara, estava distraído.
Mas o cara me olhou com fúria, eu tinha feito ele derrubar seu copo de cachaça. Ele se levantou e me deu um soco. Ele era um negro alto, forte pra caramba, logo eu desmontei.
- Seu filho da puta! Você vai aprender a olhar por onde anda!
- não cara, calma ae. – ele ajoelhou e ia começar...
- Moisés! – gritou alguém e o cara parou procurando quem o tinha chamado.
- o que você quer Digão?
- Deixa o babaca! – ambos falava com altivez, como que medindo forças.
- Não se mete aqui não Digão, ele precisa aprender quem manda nessa porra!
- Parceiro, no pátio ninguém manda e você sabe disso, aqui é cada um na sua... e outra, ele é meu! – senti um frio na barriga... Olhei pra ele curioso, não tinha entendido o que ele quis dizer com isso, se o fato de estar na área dele, ou na cama dele.
- Oh Digão, tu sabe que não tem problema entre a gente, tem paz aqui a um maior tempão, desde que você assumiu teu bloco. Mas é questão de respeito, esse escroto tem que aprender.
- Moisés, não é nenhum dos meus chegados que tá te pedindo, sou eu.
- Tá ganhando dinheiro com ele?
- É, ele me ajuda a ganhar um qualquer.
- Tá certo – e disse pra mim – Vai embora seu filho da puta! E cuidado por onde anda, ou não vou levar em consideração quem te protege.
- Cara, tu é parceiro, vou mandar um agrado pra você, e não te preocupa, ele vai ser castigado como merece!
Eu fui andando para o outro canto do pátio, onde o pessoal da cela estava. Os dois bandidos apertaram as mãos e bateram os ombros, ou algo parecido. Quando nossas duas horas acabaram, fomos pra cela. Eu fui direto pra minha cama e continuei lendo. Logo o Digão entra na cela e vai direto pra onde eu estava deitado. Eu fechei o livro e fiquei esperando a surra.
- Semana que vem eu quero 500 reais na minha mão, ou vou entregar você pra eles. E eles não são carinhosos como nós, entendeu?
- sim.
- E se eu fosse você tomava mais cuidado, não sou babá de ninguém seu filho da puta. – e saiu andando, como esse povo gostava de ofender a mãe da gente.
- Digão! – ele virou.
- Obrigado. – mas ele não respondeu, só saiu andando.
É... Eu tinha noção que ele salvou minha vida e ainda nem me bateu, bem... estava em dívida, ou será que ele ter me espancado, estuprado e me humilhado não teria pago isso? Eu sentia que não. Na outra semana pedi pra minha mulher e ela prometeu trazer antes da próxima visita.
Com o passar do tempo, fui percebendo que o Digão estava mais silencioso, mas quieto, na dele. Antes, assim que eu cheguei, ele ria, brincava, contava piada, só vivia cercado pelos seus amigos e pareciam contentes o tempo todo. Mas com o passar do tempo, fui notando ele mais triste, mas pra baixo. Por fim ele parou de me procurar de noite. Eu, todos os dias, deitava no chão, perto da cama dele, mas nesse dia ele disse:
- vai pra sua cama!
- como é?
- vai logo porra! Tá surdo?
Eu fui e fiquei lá, olhando pra cama dele, eu estava preocupado. Não acreditava que estava preocupado com ele, mas estava, queria ir lá e perguntar o que houve, mas era melhor eu ficar na minha. Minha cabeça era um turbilhão e eu só pensava no porque daquilo tudo:
“Eu não entendo, porque eu estou tão intrigado por ele não querer transar comigo, era pra dar graças a Deus, não terei que me sujeitar a essa humilhação: a suas mãos nas minha bunda, seu corpo sobre o meu, me apertando, lambendo meu corpo... seu pau entrando em mim e me fazendo suspirar... não acredito que estou ficando duro por isso! Meu Deus, o que está acontecendo comigo?”
Eu não entendia mesmo, meu pênis ficou duro demais e eu queria muito me masturbar, mas não admitia fazer aquilo pensando nele, mas foi mais forte que eu. Comecei a me tocar pensando no corpo dele, sua pele achocolatada, sua tatuagem tribal no peito, seu abdômen sarado e por fim, sua boca carnuda. Gozei rapidamente, mas o tesão continuou, então logo em seguida bati outra. Só depois dessas duas gozadas que consegui dormir. Era surreal ter batido uma punheta pensando em um homem, me senti muito sujo, muito podre por estar curtindo a violência que ele praticava contra mim e pior, sentir falta quando, pelo que me pareceu, ele já tinha perdido o interesse.
Essa suspeita foi só se confirmando quando os dias foram passando e ele não me procurava. Todos os dias eu deitava no chão, perto da cama dele, mas ele mandava eu ir pra minha cama, e ao chegar na minha cama eu me masturbava imaginando o que teria acontecido se ele tivesse me chamado para a sua. Isso me matava! Nunca na minha vida eu senti desejo por homens, na verdade sentia até nojo dos meus amigos do quartel, nos clubes e tudo mais, ao vê-los nus pensava: “como homem pelado é um bicho feio!”. Mas meu algoz não, ele era bonito. Era isso que vinha na minha cabeça quando olhava pra ele “ele é bonito”.
Nós dois vivíamos praticamente reclusos em nossos cantos, eu 3 vezes mais que ele, pois ele tinha seus negócios. Com o passar do tempo eu me vi atraído por ele, pelo seu jeitão de bravo, seu corpo, sua boca (essa me tirava do sério, era uma boca perfeita). Mas pelo visto tinha perdido o interesse mesmo porque depois de quase uma semana ele não me procurava e eu me peguei um dia triste por isso, foi o cúmulo, não estava acreditando que eu queria transar com ele de novo, não acreditei nesse fato e achei que era viagem por estar muito tempo sem sexo de verdade. Mas isso logo ia mudar, porque no dia seguinte era dia de visita e teria minha esposa só pra mim em uma visitinha íntima.
Acordei naquela terça feliz pra caralho, tomei um banho caprichado, coloquei roupa limpa e fiquei esperando por ela. Quando a vi chegando a agarrei e nos beijamos ali mesmo como se não houvesse amanhã. Ficamos como dois adolescentes, eu encostado em uma parede e ela bem agarrada a mim, nos beijando. Ao término do beijo, nos abraçamos e eu olhei por cima dos ombros dela. Ele nos observava. Digão olhava pra gente com certo ódio no olhar e eu fiquei com muito medo, tanto que tremia levemente. Ele tinha contato com o pessoal de fora e poderia mandar fazer algo com minha família, mas isso eu não permitiria. Depois e mantermos contato visual por um tempo, ele foi embora, e sou despertado dos meus pensamentos com a Julia apertando meu volume.
- amor, vamos matar essa saudade, vamos?
- só se for agora minha gata! – puxei ela pela mão e um guarda já nos esperava.
Abriu a salinha e nós entramos. Fizemos de tudo um pouco ali por horas, transamos com uma intensidade que a muito não transavamos. No final de tudo eu deitei, exausto e ela veio e deitou sobre mim. #putaquepariu! Porque ela foi fazer isso?! Eu fiquei absolutamente excitado novamente e ao fechar os olhos me vi na cama do Digão com ele em cima de mim. Depois de um tempo ela fez menção de se levantar, mas eu implorei que ela continuasse ali, e me beijasse, mordesse, etc... Assim ela fez e eu fiquei mais excitado ainda... Mas minha felicidade durou pouquíssimo, porque eu percebi que estava usando minha mulher para pensar em um homem repugnante. Pedi pra ela levantar e comecei a chorar. Não foi um chorinho de nada, eu me agarrei nela e despejei toda a minha confusão e todo o desespero por estar a fim de outro cara, ainda mais um cara que me odiava e só queria ver meu sofrimento.
- amor, o que houve?
- eu não te mereço Juh... você é uma mulher maravilhosa e eu faço isso com você.
- amor, mas você não fez nada, foi o maldito do Henrique... fica calmo, na alegria e na tristeza, lembra? – coitada, ela achou que era o fato de eu estar preso, mas não, era o fato de desejar loucamente o contato físico de um homem.
- me perdoa, por favor, me perdoa, você não merece nada disso.
- não há do que pedir perdão amor, você é meu marido, estou aqui pra você sempre.
Ficamos abraçados por mais um tempo e eu fui me acalmando. No final da “visita” ela me deu o dinheiro, a comida, livros, um pacote de cigarros Black de menta, roupas, etc. Sai dali com tudo e entrei na cela. Ele estava sentado na cama de outro cara lá, jogando baralho e ao me ver, ficou me olhando com a mesma cara de raiva.
- o que foi play boy? Nunca me viu? – falou ele.
- quero falar com você... – falei com firmeza na voz.
- ah, vai tomar no cu!
- estou com o dinheiro, pela briga com o Moisés.
- Valeu, vamos entregar agora!
- vamos? Eu também vou?
- tá com porra no ouvido? Fui eu quem tropecei no cara? E outra, te prepara porque você vai tomar umas porradas lá.
- novidade! – ele ficou me encarando e foi logo levantando.
- bora!
Saímos da cela e fomos até o pátio. Os guardas viam ele passando e ele só acenava com a cabeça que os portões se abriam, deu pra perceber que o conceito dele não é somente na nossa cela e nem somente com os presos. Atravessamos o pátio e ele foi barrado na entrada do outro bloco, era como se saísse de um país e entrasse em outro, tinha que ter “passaporte”. Ele pediu pra avisar pro Moisés que ele queria ter um particular com ele. Não demorou 10 minutos e o cara apareceu com mais dois candangos.
- Parceiro, se lembra desse verme aqui?
- Claro, tá me devendo uma cachaça.
- Ele veio pagar a dívida da minha parte com a sua. – e pra mim, me dando um pescoção – entrega logo porra!
- Me desculpa, eu não vi o senhor mesmo – e entreguei o dinheiro. Ele olhou pra mim e contou o dinheiro.
- Tá certo. Aceito suas desculpas em consideração ao meu parceiro Digão.
- Quer dar o corretivo nele ou eu dou?
-Tu que sabe Digão, o cara é seu! Por mim já está perdoada a dívida.
- Então tá certo, ae parceiro, valeu pela consideração. – eles se cumprimentaram e voltamos pra cela.
Ele foi andando do meu lado e olhando pro chão, as vezes me encarava. Mas eu não resisti e tive que perguntar:
- Digão, você está bem? – ele parou e me olhou. Mas ele me ignorou. – é sério cara, tá sei que você não tá legal, quer conversar?
- e isso te incomoda porque viado?
- sei lá pow, você anda todo caladão, não brinca mais com seus amigos, pensei que estivesse com algum problema. Nem me maltrata mais rs.
- tá com saudade das porradas? Quer que eu volte a te tratar daquele jeito?
- não, claro que não. – ele parou de andar, meio puto e me segurou pela camisa.
- O que tu quer então? – ele me olhava nos olhos, como se quisesse me dizer algo, mas eu teria que adivinhar, só que sempre fui péssimo adivinho.
- eu... eu... – a boca, os olhos dele me desconsertavam.
Ele me puxou pela camisa, abriu uma porta, era um depósito e me empurrou lá dentro. Lá ele me virou e me empurrou contra a parede. Eu sem nem raciocinar, inclinei e separei as pernas. Ele abaixou minha bermuda e lubrificou como pôde, mas não teve jeito, não entrava. Ele teve uma ideia, segurou meu ombro e me forçou a ajoelhar e colocou o pau dele na minha boca.
- baba ele todo Will. – “Ele me chamou pelo meu nome? Não acredito que ele falou meu nome.”.
Com um sorriso nos lábios comecei a tentar chupar ele, mas não sabia como. Ele segurou minha cabeça e foi forçando mais um pouco, mas eu me engasgava muito. Vendo que eu não tinha jeito pra isso, me colocou na posição anterior e pôs a camisinha e voltou a forçar, agora, com mais cuidado, a cabeça grande dele entrou, me trazendo muita dor, mas ela ao pouco foi passando. Ele, como sempre fazia, me beijava, alisava a nuca, lambia minha orelha, mordia minhas costas, aquilo me excitava demais. Era a primeira transa onde senti prazer por completo pois eu queria também e tinha assumido pra mim que queria transar com ele e gemia por isso.
- ué... você nunca geme, tá gostando tá?
- cala a boca! – queria gritar que estava adorando, mas meu orgulho não deixava.
Ele socava com carinho, isso mudou tudo, era calmo e queria sentir tudo, cada movimento, cada apertão meu, cada toque nosso. Ele do nada me virou de frente, segurou uma perna minha e voltou a meter, agora olhando nos meus olhos. Eu via desejo nele e um sorrisinho safado na sua boca... sua boca... Ele previu meus desejos, ou também estava tão louco quanto eu, mas ele puxou minha cabeça e me beijou.
Tinha alguma igreja ali perto do presídio, se tinha começou a tocar os sinos bem nessa hora...