Continuando...
No outro dia após toda aquela loucura, eu acordei com Sandy se mexendo dormindo (ela sempre se mexe enquanto dorme), meu peito toda babado por ela, naquela hora eu lembrava e não sabia o que sentir, se devia sentir nojo quando foi a melhor noite da minha vida, se devia odiar ela por ter feito isso comigo, se eu deveria sair de casa, milhares de pensamentos passavam na minha cabeça, inclusive se a nossa mãe teria ouvido, naquele momento senti uma angústia imensa e as lágrimas simplesmente desciam dos meus olhos, abracei a minha Sandy que acordou.
Ela olhou nos meu olhos e fechou seus olhos com pesar, fechando com força e abriu, naquela hora ela pensou que havia ido ó um sonho e que quando abrisse os olhos veria algo completamente diferente (ela me contou depois), ela abriu os olhos e começou a chorar controladamente, mas parecia que ela tentava consolar abraçada comigo chorando pouco.
E estavamos ali, unidos pelo destino e pelos nos instintos, calados caídos na cruel realidade, mas unidos do que nunca. Não havia prazer naquele momento, apenas desespero contido derramado em lágrimas, corpos nus colados dos amantes já não importavam tanto quanto a desgraça compartilhada. Um misto de sensação de culpa com inconformidade, não se era possível ver o futuro, mas essa tragédia mais nos unia.
Criei forças e fui para o banheiro tomar um banho, me levantei me livrando daqueles sedutores e tão aconchegantes braços quentes, ela ia dizer algo mas se conteve, e ficou ali desolada.
No banheiro coloquei a temperatura no máximo, queria me livrar daquela culpa, odiava meu corpo, passei um bom tempo, até ouvir a porta do banheiro ser aberta, ela abriu o box, olhei para ela, o rosto mais triste que já vi na minha vida, ela entrou e ficou abraçada comigo, ela começou a chorar descontroladamente sussurando pedidos de desculpas, dizendo que ela era culpada, que ela era uma louca por sempre ter querido fazer aquilo, por ter me seduzido e por me amar. Eu não sei de onde tirei forças e disse: - Eu também de amo, não se preocupe, de alguma maneira vamos seguir em frente... Ela me abraçou apertado, e disse: - É por isso que te amo, você é tão fraco e ainda consegue me levantar. E ela me beijou, eu não retribui, e ela se afastou me pedindo desculpas e chorando feito muito de novo. Não aguentei ver ela naquele estado, sai e encontrei ela de cócoras chorando muito, eu simplesmente abracei ela e disse: - Não importa o que você fez ou o que você vai fazer, mas você sempre será a pessoa mais importante para mim, por favor nunca esqueça disso.
Me vesti e saí, não queria nem ver a nossa mãe. Fui para uma praça que gosto de ficar deitado pensando, vendo o movimento das nuvens, eram tantas cenas que não saiam da minha cabeça, eu apenas tentei não pensar em nada e ali adormeci. Quando já era de tarde, fui acordado por um beijo, pensei imediatamente em Sandy, abri os olhos, era Júlia, com aquele seu grande sorriso dizendo que a minha mãe estava preocupada comigo e com Sandy, achava que estavamos juntos, pois saimos antes dela acordar.
Eu logo perguntei se ela (Julia) tinha ido no meu quarto, ela estranhou um pouco a pergunta mas me contou que sim, que foram ver se haviamos levados alguma coisa (nós gostavamos de camping), e no fim ela perguntou: - Vi uma mordida na sua cama, queria que você me explicasse. Na hora eu disse: - Me desculpe, te traí, me sinto horrível por isso. Ela olhou nos meus olhos e perguntou: E a Sandy, ela deixou você me trair? Eu respondi: - Sim, na verdade ela ajudou, sem ela não teria te traído. A Julia pegou um bunhado de grama e terra e jogou em mim, disse que nunca mais queria ver nenhum de nós dois, que não acreditava que até a melhor amiga dela tinha me ajudado a transar com uma qualquer.
Só então eu pensei que poderia ter feito a maior burrice da minha vida, mas Sandy poderia fazer pior. Fui correndo para o shopping (quando ela fica muito triste, ela vai para o shopping e fica assistindo filmes seguidos, ela fica pensando que a vida dela é um filme que de repente tudo vai mudar, eu acho isso tão meigo), eu acertei, ela estava lá, sem maquiagem e com cara de alguém que havia chorado muito, eu não soube o que dizer, apenas peguei a mão dela e sai puxando ela para casa.
No caminho, eu acariciei o rosto dela, e ela olhou triste nos meus olhos segurando forte minha mão, então ela engoliu aquela tristeza, limpou o rosto e fomos direto para casa. Chegando em casa falei para a nossa mãe que eu havia traído Julia, e que Sandy tinha me ajudado, e como eu havia dito que ia contar para ela, Sandy havia ficado com raiva e saído sozinha. Sandy ao chegar foi direto para o quarto, a nossa mãe deu uma leve reclamação em mim, e mandou eu levar a janta para Sandy, ela estava sentada na cama, eu entrei e falei da comida, ela apenas disse: - Não quero nada. Eu me sentei do lado dela, e com o garfo comecei a dizer para ela olhar o aviãozinho, eu ficou séria e eu continuei, até ela dar um risinho e abrir a boca, ainda fiz mais dois aviõezinhos com o garfo até ela tomar o garfo e começar a comer sozinha.
Depois disso eramos sempre duas pessoas tristonhas, sempre que os nossos olhares se cruzavam era como se soubessemos exatamente o que o outro pensava, mas com o tempo as coisas foram ficando normais, já falavamos assuntos triviais e tudo, até que num dia ela sentou na minha cama e me acordou no meio da noite beijando o meu pescoço e me fazendo carinhos, fazia mais ou menos um mês desde que transamos a primeira vez, e acabamos transando a noite inteira. No outro dia tomamos banho juntos, mas ao lugar de choros e abraços foi mais sexo.
Nisso nos tornamos amantes, sempre dormiamo abraçados, sempre tomavamos banho juntos, e falavamos sobre tudo um com o outro, este foi o período mai feliz da minha vida. Depois de algum tempo as pessoas falavam que nós não queriamos ficar nem namorar ninguem, foi então que Sandy sugeriu que devíamos nos trair, que não faltava muito para suspeitarem, pois por exemplo a nossa mãe sabia que Sandy tomava anticoncepcionais e ela preciava aparentar que transava com qualquer um como era antigamente (sim, ela é uma menina muito safada), eu não tive escolha, aceitei, mas mesmo assim eramos um do outro toda noite. Assim vivemos até ela ir morar fora, um ano depois, era perto e sempre nos víamos, todo fim de semana ou eu ia para o apartamento dela ou ela vinha. Isso foi em 2007.
Mais tempo se passou, em 2009, nisso as colegas de apartamento (ela passou a dividir o ap naquele ano, ela ainda não morava com nenhum colega por minha causa) dela achavam que eu era um caso dela, pois ela estava com uma namoro sério, segundo elas, eu não sabia de nada, mas havia percebido ela mais distante nas conversas, apesar que o sexo ainda era incrível. Mais tempo se passou, ano passado eu passei no vestibular do meio do ano (mesmo curso que ela até) e fui com o intuito de eu morar com ela, apenas nós dois, agora sim como namorados, num lugar onde ninguém sabia que eramos irmãos. Eu não havia contado para ela os meus planos, queria fazer uma surpresa, e quando fui para o que seria apenas mais um fim de semana, eu contei que havia passado no vestibular e ia morar com ela, que podíamos ser namorados, podíamos viver como marido e mulher sem preocupações (a nossa mãe nunca viajava, para a nossa sorte). Sandy olhou nos meus olhos e disse: Eu quero me casar com o Eduardo (nome fícticio do namorado dela)... Eu não acreditava naquilo, e ela falava tão tranquila, na semana anterior quando eu perguntava se sempre ela seria minha ela ainda me falava: - Para sempre. Eu gritei, chorei, fiz o maior escândalo, e ela friamente me disse: - Se você quiser vir morar no apartamento pode ficar, mas eu vou morar com o Eduardo. Eu não sabia o que fazer, saí de lá louco, que até fui de taxi para casa (outra cidade). A nossa mãe teve que me ajudar a pagar, e em seguida ela disse: - Sandy me ligou e me contou tudo, você fique tranquilo que você pode morar em outro apartamento se não quiser o dela, e eu sei que ela é sua irmã, mas é normal que ela se case com alguém, ela me disse que praticamente já mora com ele. Eu gritei com a minha mãe mandando ela calar a boa e fui para o quarto.
Depois disso já tentei encontrar ela, falar com ela, mas ela deve ter trocado de celular além de ter trocado de endereço, talvez de cidade, e quando eu peço a nossa mãe ela diz que eu estou louco do jeito que a Sandy havia dito para ela.
Desde então não faço nada, estou em tratamento (com antidepressivo e antipsicótico, para diminuir a vontade de suicídio) e só três pessoas sabem a causa disto, eu, o psicólogo e ela, a minha amada desgraçada.
Agora eu não sei como não percebi que ela era tão má, e o chato é que eu ainda amo ela, como eu queria que ela me acordasse beijando atrás da minha orelha outra vez, toda manhã fico deitado até tarde esperando por isso, mas sei que ela nunca mais vai entrar pela porta do meu quarto outra vez, e até a minha mãe eu estou machucando, ela está triste pelo meu estado, ela fica dizendo direto que não entende o que aconteceu, como eu enlouqueci.
Tudo que sei é que a Sandy sabe do estado como eu estou, e ela não é capaz nem de me mandar uma carta, quando ela se sentia um lixo eu levantei ela, porque agora ela me deixa assim, acho que para ela deve ser melhor que eu morra, mas eu queria ao menos dar adeus para ela. Desgraçada, me faz querer morrer por ela e ao mesmo tempo viver para ver aquele rosto mais uma vez...